Economia

Com nova variante, Bolsa cai 3,39%; dólar sobe a R$ 5,596





Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira fechou o dia com um tombo de 3,39%, a 102.224,26 pontos, interrompendo uma sequência de três altas. Foi a maior queda diária em mais de dois meses, desde 8 de setembro (-3,78%). De todas as ações que compõem o índice, só duas subiram. Ao longo do dia, o Ibovespa chegou a operar com recuo de mais de 4%. Com o resultado de hoje, a Bolsa acumulou perdas de 0,79% na semana, emendando a segunda desvalorização semanal. O dólar comercial encerrou o dia com avanço de 0,55%, cotado a R$ 5,596 na venda, após dois dias consecutivos de queda. Mesmo assim, terminou a semana com queda acumulada de 0,23%.

O mercado brasileiro hoje acompanhou o pessimismo nos mercados no mundo todo, em meio ao temor de investidores com a descoberta de uma nova variante do coronavírus na África do Sul, possivelmente resistente a vacinas.

As empresas mais afetadas na Bolsa brasileira foram as ligadas a turismo e viagens, que despencaram. A Azul caiu 14,18%, a Gol, 11,81%, e a CVC, 11,06%.

Só subiram as ações da Suzano (0,15%) e da Taesa (0,11%). Mesmo assim, foram leves altas. 

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Bolsas tombaram no mundo todo

As Bolsas de todo o mundo registram perdas hoje. Na Europa, o índice FTSEurofirst 300 caiu 3,71%, a 1.796 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 3,67%, a 464 pontos, em sua pior sessão em 17 meses, desde junho de 2020. As Bolsas dos Estados Unidos, também operam em forte queda, e as da Ásia fecharam o dia em queda.

Nova variante na África do Sul

A Organização Mundial da Saúde (OMS) designou nesta sexta-feira a nova variante da Covid-19, detectada na África do Sul com um amplo número de mutações, como de "preocupação", a quinta variante a receber essa designação.

Pouco se sabe sobre a variante, detectada primeiramente na África do Sul, e depois no Botsuana e em Hong Kong. Mas cientistas dizem que ela tem uma combinação atípica de mutações, e pode ser mais transmissível e capaz de evitar respostas imunológicas.

Segundo a Agência de Segurança Sanitária britânica, a variante — chamada de B.1.1.529 — tem uma proteína spike que difere drasticamente das do coronavírus original, no qual foram baseadas as vacinas.

O enviado especial da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o combate à covid-19, David Nabarro, disse que é apropriado estar preocupado com a disseminação da nova variante.

A União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos já anunciaram restrições de viagem a países do sul da África, como Botsuana, Eswatini (ex-Suazilândia), Lesoto, Moçambique, Namíbia, África do Sul e Zimbábue.

As notícias sobre a mutação vêm em meio a um quadro sanitário já em deterioração na Europa, que levou à imposição de lockdowns em alguns lugares.

Otimismo com vacinação brasileira

Economistas do Citi disseram em nota a clientes nesta sexta-feira que a incerteza sobre a nova variante "veio para ficar pelas próximas semanas", afirmando que isso é negativo para o desempenho de moedas de países emergentes.

Mas, no Brasil, "nossa vacinação está bem melhor do que vários países; alguns têm porcentagem bem grande da população que se recusa a tomar a vacina", disse à Reuters Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank. Isso ajuda a explicar o motivo pelo qual o real teve desempenho comparativamente melhor ao de alguns de seus pares emergentes nesta sessão, afirmou o especialista.

O Brasil já ultrapassou países como os EUA na parcela da população completamente vacinada contra a Covid-19, e, recentemente, a cidade mais populosa do país, São Paulo, afirmou que 100% de sua população adulta já concluiu a imunização.

Anvisa recomenda restrição de viajantes

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou uma nota técnica, hoje, recomendando que o governo adote medidas de restrição para viajantes e voos vindos de seis países da África, em razão da identificação da nova variante.

Os países citados pela agência são África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

Por não haver voos diretos desses países para o Brasil, a Anvisa recomenda a restrição de entrada de viajantes dessas áreas também por qualquer outro meio de entrada.

Fonte: UOL com Reuters