Política

Pacheco adia sessão do Congresso sobre emendas de relator depois de pressão





O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), adiou a sessão do Congresso Nacional marcada para 6ª feira (26.nov.2021) que votaria um projeto de resolução visando dar mais transparências às chamadas emendas de relator ao Orçamento. A sessão foi remarcada para a próxima 2ª feira (29.nov), às 14h.

O relator do projeto de resolução, Marcelo Castro (MDB-PI), disse ao Poder360que vai usar o tempo extra para debater mudanças no texto.

A ideia já certa de constar no parecer é a criação de um limitador para a quantidade de emendas de relator possíveis a cada peça orçamentária.

A medida original determina que os nomes de congressistas que indicarem ações no Orçamento usando as chamadas emendas de relator sejam publicados em site da CMO (Comissão Mista de Orçamento).

A mudança, entretanto, só dá essa transparência para os Orçamentos futuros e não para os que já passaram, como determinou o STF (Supremo Tribunal Federal). Eis a íntegra do projeto (160 KB).

Segundo Castro, é impossível conseguir todos os nomes de quem indicou as emendas de relator nos anos anteriores porque não era exigido dos congressistas a formalização desses pedidos.

As mesas da Câmara e do Senado, entretanto, fizeram um levantamento de quantas foram destinadas a prefeituras e governos por partidos, de acordo com o senador.

Com essa conta, as Casas esperam conseguir provar que houve a “equidade” determinada por Rosa Weber mesmo sem revelar os nomes dos responsáveis pelas indicações.

As emendas são uma parte do Orçamento que o relator da LOA (Lei Orçamentária Anual) define a destinação, mas não há a devida transparência sobre onde os recursos são empregados e quem pede por eles.

Esse tipo de emenda tem sido negociada entre os deputados e senadores para viabilizar a aprovação de projetos de interesse do governo, como a PEC dos Precatórios.

A decisão de suspender a execução das emendas partiu inicialmente da ministra Rosa Weber e depois foi referendada pelo plenário da Corte.

A ministra também ordenou que a indicação de emendas pelos congressistas tenha ampla publicidade, com a publicação de documentos que embasaram a distribuição de recursos dos orçamentos de 2020 e 2021. As demandas também terão de ser registradas em plataforma eletrônica.

De acordo com a proposta, as emendas de relator que sejam indicações ou pedidos de outros congressistas deverão ter seus autores divulgados em site da CMO (Comissão Mista de Orçamento).

A nova regra valeria, entretanto, só para os próximos Orçamentos. A decisão da ministra Rosa Weber exigia a transparência também para os Orçamentos de 2020 e 2021.

Marcada na tarde desta 5ª feira (25.nov), a sessão do Congresso foi criticada por senadores. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pediu desculpas por marcar o encontro em cima da hora, mas não aceitou sugestões para adiar a análise do projeto de resolução.

 

-  Congresso vai descumprir ordem do STF sobre emendas de relator

Ato conjunto da Câmara e Senado informa que não serão divulgados os nomes dos parlamentares que indicaram verbas através do 'orçamento secreto' em 2020 e 2021

O Congresso Nacional redigiu um ato conjunto em que Câmara e Senado deixam claro que vão descumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que ordenou o Legislativo a conferir transparência às emendas de relator dos anos de 2020 e 2021. Segundo o texto, os nomes dos deputados e senadores que indicaram verbas através dessas emendas até o momento não serão divulgados. Dessa forma, serão tornadas públicas apenas as solicitações feitas daqui em diante.

Há três semanas, a ministra Rosa Weber, do STF, suspendeu a execução das emendas de relator e determinou ao Executivo e Legislativo dessem ampla publicidade sobre a distribuição dessas verbas. No despacho, a magistrada afirma que a falta de transparência em relação a essas emendas dificulta a fiscalização dos recursos públicos. O despacho de Rosa foi confirmado pelo plenário da Corte por 8 votos a 2, no último dia 10.

No ato conjunto do Congresso, que deve ser publicado nesta sexta-feira (26/11), as duas Casas argumentam que há "impossibilidade fática de se estabelecer retroativamente um procedimento para registro das demandas recebidas pelo relator-geral com sugestão de alocação de recursos por parte de parlamentares, prefeitos, governadores, Ministros de Estado, associações, cidadãos, formuladas no dia a dia do exercício dinâmico do mandato".

 

- Congresso pede ao STF revogação de decisão sobre emendas de relator

Ministra Rosa Weber, do STF, havia determinado a suspensão da execução das emendas de relator

O Congresso Nacional protocolou na noite desta quinta-feira (25) uma petição informando o Supremo Tribunal Federal (STF) o cumprimento da decisão que suspendeu a execução das emendas de relator e pedindo que os ministros revoguem a decisão.

O documento de 16 páginas a que a CNN teve acesso apresenta anexo o ato da Câmara e do Senado que dará publicidade às emendas, mas informa também que o que já foi indicado não pode ser possível a identificação dos padrinhos das emendas. A petição, contudo, informa que a partir de agora todos os pedidos feitos ao relator deverão ser identificados.

O Congresso apresenta as seguintes medidas tomadas como justificativa para o pedido:

1) disponibilização de relatório atualizado periodicamente com a execução por emenda do relator-geral, contendo a identificação do beneficiário, do instrumento jurídico, dos valores empenhados, liquidados e pagos (Anexo II do Ato Conjunto);

(2) disponibilização de relatório atualizado periodicamente com a execução por emenda do Relator-Geral, contendo a identificação do beneficiário, do instrumento jurídico, do objeto e das respectivas notas de empenho (Anexo III do Ato Conjunto);

(3) disponibilização de relatório atualizado periodicamente com a identificação dos partidos políticos dos chefes do Poder Executivo em exercício dos estados, Distrito Federal e municípios beneficiários do indicador de Resultado Primário n° 09 da Lei Orçamentária Anual de 2021 (Anexo IV do Ato Conjunto);

(4) identificação do link de acesso à consulta personalizada na Plataforma Mais Brasil, instrumento já disponível para publicidade, fiscalização e controle das instituições e da sociedade civil, e que permite o acompanhamento da execução e emendas do Relator-Geral e demais recursos decorrentes de transferências voluntárias da União, por meio de diversos filtros, tais como: ano da proposta, Unidade a Federação, Município, Órgão Superior e situação do convênio ou da proposta

(5) publicação, em sítio eletrônico da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, das solicitações que fundamentam as indicações do Relator-Geral encaminhadas ao Poder Executivo, a partir da vigência do Ato Conjunto.

Ante o exposto, requer-se:

a) a juntada aos autos do Ato Conjunto editado pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e seus Anexos;

b) o reconhecimento do cumprimento dos itens “a” e “b” pelas Casas do Congresso Nacional, em face da implementação de medidas que ampliam a publicidade e a transparência da execução orçamentária do indicador de Resultado Primário n° 09 (despesa discricionária decorrente de emenda de
Relator-Geral) da Lei Orçamentária Anual de 2020 e de 2021 em relação a todas as emendas do Relator-Geral, seja quanto à rastreabilidade, fiscalização e controle dos recursos, seja quanto à razoabilidade da distribuição entre os estados, o Distrito Federal e os municípios, cujos chefes dos Executivos integram parcela expressiva dos partidos políticos com representação no Congresso Nacional;

c) o reconhecimento do cumprimento dos itens “a” e “b” pelas Casas do Congresso Nacional quanto à publicação, em sítio eletrônico da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, das solicitações que fundamentam as indicações do Relator-Geral encaminhadas ao Poder Executivo, a partir da vigência do Ato Conjunto;

d) o reconhecimento da impossibilidade fática e jurídica de cumprimento dos itens “a” e “b” da medida cautelar retroativamente, ou seja, quanto “aos documentos encaminhados aos órgãos e entidades federais que embasaram as demandas e/ou resultaram na distribuição de recursos das emendas de Relator-Geral (RP-9)” já indicados ao Poder Executivo;

e) em razão dos aludidos fatos supervenientes, a revogação do item “c” da medida cautelar, por decisão monocrática da Ministra Relatora ou por decisão do Colegiado, considerando a urgência dessa providência em face da iminência do advento do dia 3 de dezembro de 2021, de modo a restabelecer a execução orçamentária do indicador RP 9 (emendas do Relator-Geral), evitando-se prejuízos irreparáveis à execução de políticas públicas importantes para a sociedade brasileira, além da judicialização em massa de relações jurídicas já constituídas e elevada probabilidade de
responsabilidade civil da União em decorrência do descumprimento de tais obrigações.

A ministra do STF Rosa Weber é a relatora das ações e foi responsável pela medida cautelar que determinou a suspensão da execução das emendas de relator, bem como a adoção de medidas de transparência para os pagamentos.

À petição, foram anexados 7 outros documentos, um deles uma nota técnica elaborada pelos consultores da Câmara e do Senado indicando os motivos pelos quais políticas públicas estão sendo prejudicadas com a decisão de suspensão da execução.

Também foi anexado o ato com as novas regras para o Congresso Nacional, que já foi publicado no Diário do Congresso Nacional.

O Congresso também protocolou detalhes da execução das emendas de relator, sem, porém, indicar os “padrinhos” políticos delas.

 

- Proposta do Congresso para “orçamento secreto” não prevê identificação do parlamentar

Proposta prevê que os pedidos de parlamentares sejam publicados em um site, mas abre espaço para evitar divulgação de nomes 

A proposta do Congresso Nacional para alterar as chamadas “emendas de relator” prevê que os pedidos de parlamentares sejam publicados em um site, mas abre espaço para que não haja a discriminação do nome de cada congressista contemplado com o direito de indicar a destinação desses recursos.

Versão do projeto de resolução para modificar as regras desse tipo de emenda, ao qual a CNN teve acesso, prevê que o relator do Orçamento“ poderá realizar indicações para execução das programações” e que “as indicações e as solicitações” desses recursos “serão publicadas em sítio eletrônico pela CMO (Comissão Mista de Orçamento) e encaminhadas ao Poder Executivo”.

Além disso, o texto estabelece que “indicações somente poderão ser feitas quando compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias” e elas devem estar “de acordo com a política pública a ser atendida.”

O projeto de resolução ainda pode sofrer alterações até ser publicado nesta sexta-feira (26), quando está prevista sessão do Congresso Nacional para apreciar a matéria. Emendas ao texto também podem ser admitidas. O senador Marcelo Castro (MDB-PI) foi designado relator da matéria.

O texto foi formulado para “ampliar a transparência da sistemática de apresentação, aprovação e execução das emendas de relator-geral”. O Congresso Nacional teve de agir depois que o Supremo Tribunal Federal determinou o cancelamento da execução das emendas de relator, introduzidas no orçamento a partir de 2020. O STF também deu prazo de 30 dias para que fosse feita a publicidade dos documentos que fundamentaram os pedidos dos parlamentares e levaram à distribuição de recursos.

Além da votação do projeto de resolução, será publicado um ato conjunto das mesas diretoras do Senado e da Câmara sobre a execução das emendas de relator também nesta sexta-feira. O texto também vem recebendo críticas nos bastidores. Isso porque num dos artigos ele cita medidas de transparência somente a partir de 2022.

Aliados de Pacheco dizem que identificar os parlamentares beneficiários em 2020 e em 2021 seria inexequível, já que a legislação não exigia esse controle e os relatores não teriam como atender à determinação.

A maior crítica ao instrumento é que ele se tornou uma “caixa-preta”. Sem a identificação de quem fez o pedido para o desembolso dos recursos, como eles foram executados e sob quais critérios.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi criticado por senadores por chamar a sessão do Congresso Nacional para sexta-feira (25). A convocação foi classificada como “casuística”. Pacheco reagiu, dizendo que há necessidade de se cumprir a decisão do STF, além de prazo para se formular o próximo orçamento.

“Há também uma circunstância que acaba por nos impor agilidade no Congresso Nacional, que é o fato do Orçamento precisar ser executado no decorrer do ano de 2021. Portanto, há prazos que nos impõe essa agilidade. Foi a única forma possível, uma vez que na próxima semana estamos realizando o esforço concentrado de apreciação de autoridades e sabatinas]. Por isso o único dia que conseguimos foi nesta sexta-feira”, afirmou Pacheco durante sessão desta quinta-feira.

 

Fonte: Poder360 - Correio Braziliense - CNN Brasil