Por ocasião da data que marca o Dia Nacional de Combate ao Câncer, 27 de novembro, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) lança campanha alertando a sociedade para os riscos da doença quando atinge o intestino.
A iniciativa, com o tema Câncer de Intestino: O Que Você Precisa Saber?”, será trabalhada pelo Inca no fim deste ano e ao longo do próximo, com material de esclarecimento, peças publicitárias e eventos.
A campanha foi lançada nesta quinta-feira (25) com um seminário transmitido pelo canal do Inca no YouTube. As palestras foram gravadas e estão disponíveis para quem deseja saber mais sobre o tema.
Segundo o instituto, 30% de novos casos de câncer de intestino podem ser associados à má alimentação, ao excesso de peso, à inatividade física e ao excesso de bebida alcóolicas. Por isso, a prevenção tem papel importante diante do crescimento do sobrepeso e obesidade no país.
Entre 2003 e 2019, o número de obesos com 20 anos ou mais passou de 12,2% para 26,8%, mais que dobrou em menos de 20 anos. A obesidade atinge uma em cada quatro pessoas com mais de 18 anos. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019.
O Instituto Nacional do Câncer destaca que a doença é tratável. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para que o tratamento do câncer de intestino seja eficaz. Um dos desafios é fazer com que a população tenha mais conhecimento da doença, identificando sintomas e aspectos desse tipo de câncer.
No seminário virtual, a chefe da Divisão de Vigilância e Análise de Situação da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Inca, Marianna Cancela, apresentou a situação do câncer de intestino, a terceira neoplasia mais comum entre os brasileiros.
A estimativa de mortalidade de pessoas com mais de 15 anos dela doença é de 160 mil entre 2026 e 2030, sendo 82,4 mil entre mulheres e 79,4 mil entre homens.
Na comparação com o início dos anos 2000 (2001 a 2005), os números projetados para o fim desta década podem significar um aumento de três vezes, no caso dos homens, e de 2,6 vezes, no das mulheres. “Aproximadamente 6 milhões de anos de vida serão perdidos entre 2021 e 2030”, lamentou Masrianna Cancela.
Atualmente, entre os homens, o câncer de manifestação mais comum é o de próstata, com 29,2% dos casos. Entre as mulheres, o tipo mais frequente de câncer é o de mama, com 29,7% dos registros.
Os principais sintomas do câncer do intestino são sangue nas fezes, diarreia, prisão de ventre, dor de barriga, fraqueza, anemia, perda de peso sem um motivo aparente, fezes finas e compridas e tumoração no abdômen.
- Governo já investiu R$ 126 milhões em equipamentos para tratamento de câncer em hospitais universitários federais
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), já investiu R$ 126 milhões na reestruturação e modernização tecnológica dos 40 Hospitais Universitários Federais (HUF) da Rede entre 2019 e 2021. Ao todo, foram disponibilizados 32 novos equipamentos médico-hospitalares de grande porte.
Além do diagnóstico mais rápido e preciso, com os novos equipamentos também é possível ampliar os serviços de tratamento do câncer com os novos aceleradores lineares.
A instalação dos equipamentos apresenta avanços no diagnóstico de patologias das várias áreas da medicina com análise pulmonar, broncoscopia virtual, detecção automática de nódulos, volumetria de nódulos, quantificação de enfisema, scoring cardíaco, quantificação de estenose, supressão automática de ossos, renderização de volume, endoscopia virtual, 3d roadmap, guia de agulha para ablação por radiofrequência e crioablação, entre outras tecnologias.
“Buscamos sempre cumprir de forma exitosa cada etapa que envolve o que foi planejado e a entrega dos equipamentos. Sabemos que ações como essas impactam diretamente na vida do paciente, do professor e do aluno da Rede Ebserh, assim como gera maior eficiência no gasto público”, explica o Diretor de Administração e Infraestrutura, Erlon Dengo.
Para atuar de forma mais planejada e buscar maior eficiência no processo, a Ebserh, por meio da Diretoria de Administração e Infraestrutura, desmembrou o projeto em quatro frentes:
Modalidade de contratação que integra projetos, obras e equipamentos, com a disponibilização de 8 tomógrafos e 9 equipamentos de angiografia, totalizando um investimento aproximado de R$ 60 milhões de reais. A solução também incluiu treinamentos técnicos avançados para os engenheiros clínicos da Rede Ebserh, de modo a acelerar os atendimentos em caso de parada, proporcionando maior disponibilidade dos equipamentos aos usuários.
Equipamentos que aguardavam finalização da infraestrutura física, resultando na operacionalização de 4 ressonâncias magnéticas, 3 angiógrafos e 4 aparelhos de raios-x telecomandados, com aproximadamente R$ 40 milhões de reais investidos.
A terceira atuação foi junto ao Ministério da Saúde (MS) no contexto da Covid-19, na qual foram recebidos e instalados 2 tomógrafos no valor estimado de R$ 6 milhões.
Por fim, a Ebserh também atuou no acompanhamento das construções dos bunkers para instalação de 2 aceleradores lineares do Plano de Expansão da Radioterapia no Sistema Único de Saúde (PERSUS), com valor estimado de R$ 20 milhões.
- Pesquisa comprova maior eficácia de teste HPV para detecção de câncer
A aplicação do teste de HPV baseado em DNA para rastreamento do câncer de colo de útero é mais eficaz na detecção da doença. Pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) comprovou a eficácia do teste no Brasil. O comparativo é com o exame de Papanicolau, que identifica células já doentes. A detecção do câncer nas mulheres que fizeram o teste de DNA-HPV foi antecipada em dez anos, ainda em estágios iniciais.
O estudo foi feito em parceria com a Prefeitura Municipal de Indaiatuba (SP) de outubro de 2017 a março de 2020, com cobertura de mais de 80% da população-alvo. A cidade tinha o maior índice de informatização de saúde e de cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) da região de Campinas. Os primeiros resultados foram publicados em novembro na revista científica The Lancet Regional Health - Americas.
Júlio Cesar Teixeira, pesquisador principal do estudo e diretor de Oncologia do Hospital da Mulher (Caism) da Unicamp, diz que o Papanicolau alcançava apenas 30% das mulheres-alvo. “Passamos da cobertura, que era 30%, para mais de 90% e utilizamos um teste mais sensível e eficiente. O que aconteceu? Em dois anos e meio, detectamos 21 casos de câncer na população, sendo que 14 eram microscópicos”, acrescentou. A idade média era de 39 anos.
No comparativo com o programa anterior, que utilizava o Papanicolau como exame preventivo, foram 12 cânceres detectados e apenas um era microscópico, os demais eram avançados. A idade média desses casos era 49 anos. “Com o novo teste, detectamos os cânceres que iriam surgir nos próximos dez anos na cidade. Nós já detectamos em fases iniciais, com chances de cura próximas de 100%”, explica Teixeira.
No âmbito do programa, 86,8% dos testes tiveram resultado negativo e 6,3% tiveram indicação de colposcopia. “Você faz uma triagem dessas pessoas. Quem tem o vírus, eu vou olhar para o segundo teste, que pode ser a citologia [Papanicolau] ou já olhar diretamente o colo, com uma colposcopia, que é um exame como uma lente de aumento para ver se ela já tem alguma lesão pré-câncer. Você acaba detectando antes de virar uma lesão em muitas mulheres”, diz o pesquisador.
Teixeira explica que a vacina do HPV, que começou a ser aplicada no Brasil em 2014 e tem como público-alvo crianças e adolescentes de 9 a 15 anos, deve diminuir a circulação do vírus, dificultando o rastreamento pela citologia. “Pela vacina, elas vão ter muito menos alterações, porque vão ter muito menos HPV. Então, o Papanicolau não vai conseguir detectar nada nessa população futura, vai ter que ser um teste de HPV”.
O estudo desenvolvido pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp conseguiu comprovar o custo efetivo da substituição do teste. Apesar do custo inicial maior, Teixeira explica que alguns fatores fazem com que o custo total seja menor. Os exames de citologia, por exemplo, precisam ser feitos de três em três anos, e o teste de HPV é feito de cinco em cinco anos. “Um teste de HPV negativo garante cinco anos de risco zero para ter alguma doença importante, então você espaça mais.”
Além disso, há os custos com tratamento, quando o diagnóstico é feito tardiamente. “Se você detectar uma lesão pré-câncer, a mulher vive a vida dela inteira. Se detectar um câncer, ela tem um risco de morrer e encurtar a vida, dependendo do estágio”, exemplifica. O médico acrescenta que o custo do tratamento de um câncer avançado e um microscópico é pelo menos 20% maior.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer do colo do útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano - HPV. “Praticamente de cada dez pessoas durante a vida, oito têm contato nos genitais com o HPV. São vários tipos, e 14 são relacionados a câncer”, explica o pesquisador.
Tirando o câncer de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina. E é a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Em 2020, foram 16,7 mil novos casos. Em 2019, foram 6,5 mil mortes, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer.
Teixeira reforça que este é um câncer que pode ser erradicado, tendo em vista que se conhece o agente causador, o vírus HPV.
Fonte: Agência Brasil - Gov.br