Francesca Sabatinelli/Mariangela Jaguraba – Vatican News
Diante da revolução que afeta "os nós essenciais da existência humana", é necessário fazer um "esforço criativo" e "repensar a presença do ser humano no mundo". Na mensagem de vídeo para a Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Cultura, divulgada nesta terça-feira (23/11), dedicada ao humanismo necessário, o Papa indica a necessidade de responder às muitas questões colocadas pela pandemia, primeiramente aquelas "fundamentais da existência: a questão de Deus e do ser humano":
De fato, neste momento da história, precisamos não apenas de novos programas econômicos ou novas receitas contra o vírus, mas sobretudo de uma nova perspectiva humanista, baseada na Revelação bíblica, enriquecida pela herança da tradição clássica, assim como pelas reflexões sobre a pessoa humana presentes em diferentes culturas.
Francisco cita Paulo VI. Era o final de 1965 e do Concílio Vaticano II, quando o Papa Montini convidou a humanidade, que com o seu humanismo secular profano desafiou a visão cristã e permaneceu fechada à transcendência, "a reconhecer o nosso novo humanismo". Desde então, passaram-se cerca de 60 anos, e daquele humanismo secular permaneceu a lembrança:
Em nossa época marcada pelo fim das ideologias, ele parece ter sido esquecido, parece ter sido enterrado diante das novas mudanças trazidas pela revolução informática e o incrível desenvolvimento das ciências, que nos obrigam a repensar o que é o ser humano. A questão do humanismo decorre desta pergunta: o que é o homem, o ser humano?
Este momento, que Francisco define como "líquido ou gasoso" e animado pela "fluidez da visão cultural contemporânea", a referência continua sendo a Constituição Conciliar 'Gaudium et spes', que indica quanto ainda a Igreja tem a dar ao mundo e que "impõe reconhecer e avaliar, com confiança e coragem, as conquistas intelectuais, espirituais e materiais que surgiram desde então em vários setores do conhecimento humano":
Hoje, está em andamento uma revolução - sim, uma revolução - que toca os nós essenciais da existência humana e requer um esforço criativo de pensamento e ação. Ambos. Há uma mudança estrutural na forma de entender o gerar, o nascer e o morrer. A especificidade do ser humano em toda a criação, sua singularidade em relação aos outros animais, e até mesmo sua relação com as máquinas, estão sendo postas em questão.
Sem ceder à crítica e à negação, ressalta ainda Francisco, é hora de pensar "na presença do ser humano no mundo à luz da tradição humanista: como servidor da vida e não como seu patrão, como construtor do bem comum com os valores da solidariedade e da compaixão". Portanto, além da questão sobre Deus, há outra questão hoje, que diz respeito ao ser humano e sua identidade:
A Sagrada Escritura nos oferece as coordenadas essenciais para traçar uma antropologia do ser humano em sua relação com Deus, na complexidade das relações entre homem e mulher e na ligação com o tempo e o espaço em que vive.
A fusão "entre a sabedoria antiga e a bíblica continua sendo um paradigma ainda fecundo". Entretanto, o humanismo bíblico e clássico, hoje, deve abrir-se ao que outras culturas e outras tradições humanistas podem dar. Tudo isso, conclui o Papa, torna-se "o melhor instrumento para abordar as inquietantes questões sobre o futuro da humanidade", já que o mundo, hoje mais do que nunca, "precisa redescobrir o significado e o valor do humano em relação aos desafios que devem ser enfrentados".
- A oração de Francisco pelo massacre em Wisconsin
Gabriella Ceraso – Vatican News
O Papa Francisco enviou um telegrama de pesar, nesta terça-feira (23/11), ao arcebispo de Milwaukee, dom Jerome E.Listecki, pela tragédia do último domingo (21/11), durante o desfile de Natal na cidade de Waukesha, em Wisconsin, Estados Unidos. Um homem em seu carro foi contra a multidão causando 5 mortos e 40 feridos durante as celebrações dos 125 anos da cidade de Waukesha.
O responsável pela ação, o rapper Darrell Brooks Jr, de 39 anos, com precedentes penais, foi detido pela Polícia. Estava provavelmente fugindo do local de um esfaqueamento. Já preso e acusado de homicídio, foi libertado poucos dias atrás. Através do telegrama, assinado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, Francisco transmite sua proximidade aos que foram atingidos por este "acontecimento trágico", confiando "à misericórdia amorosa de Deus" as almas daqueles que morreram e implorando em sua oração os dons que só Deus pode dar de "cura e consolo" para aqueles que estão feridos e de luto. O Papa se une à oração daqueles que pedem ao Senhor a "força espiritual que triunfa sobre a violência e vence o mal com o bem".
- O Papa Francisco encontrará jovens da Comunidade Scholas de 41 países
Silvonei José - Vatican News
A Sala de Imprensa vaticana informou nesta terça-feira que na próxima quinta-feira, 25 de novembro, às 16h locais, o Papa Francisco encontrará no Pontifício Colégio Internacional Maria Mater Ecclesiae, em Roma, 71 jovens de 41 países dos 5 continentes. Serão representados: Alemanha, Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Dinamarca, Canadá, Espanha, Equador, Haiti, Indonésia, Itália, Iraque, Libéria, Índia, Guatemala, Egito, Japão, Irlanda, Israel, México, Moçambique, Panamá, Paraguai, Portugal, Polônia, Reino Unido, Estados Unidos, República Dominicana, África do Sul, Nigéria, Uruguai, Ruanda, Austrália, Emirados Árabes Unidos, Venezuela, Vietname, Quênia e Zimbabué.
Participarão jovens com idades compreendidas entre os 16 e 27 anos, de diferentes contextos socioeconômicos, refugiados, estudantes de universidades de prestígio e jovens excluídos do sistema educativo.
Os participantes pertencem a diferentes culturas e credos religiosos: judeus, muçulmanos, cristãos, hindus, budistas, agnósticos e outros. De terça-feira, 23 até 28 de novembro, compartilharão de modo presencial as diferentes experiências vividas até agora durante a pandemia e as lições aprendidas nas suas distintas comunidades.
O Santo Padre terá um encontro com os jovens sobre o mundo que eles imaginam e como converterão a sua perspectiva em ações concretas a serem implementadas quando do seu regresso aos seus países.
Cinquenta destes jovens iniciarão um ano de formação humana e política inspirada na encíclica "Fratelli tutti" com o objetivo de criar uma resposta que esteja em sintonia com os tempos e inclua as periferias geográficas e sociais.
Estarão presentes especialistas sobre os novos desafios da política digital, da democracia direta, das novas economias, do impacto das moedas “cripto” e da importância da conexão entre o mundo virtual e o mundo real.
As conclusões destes dias de trabalho serão partilhadas com o Ministro italiano da Educação, Patrizio Bianchi, e com os Diretores Mundiais de Scholas, José María del Corral e Enrique Palmeyro, tendo em vista a sua publicação no futuro.
Fonte: Vatican News