Cotidiano

Por que devemos usar a água benta?





Como posso usar a água benta?

A água benta talvez seja um dos sacramentais mais conhecidos da Igreja (cf. o tema “sacramentais”). É usada nos batizados, nas portas das igrejas, para aspergir pessoas, objetos, casas, carros, animais, objetos de devoção (imagens da Virgem Maria e de santos, medalhas, escapulários, crucifixos, estampas etc.). Também pode ser utilizada para a proteção contra o mal.

A água benta, como todo sacramental, leva-nos a invocar, nas diversas circunstâncias da vida, a ajuda do Divino Espírito Santo, para o bem de nossa alma e de nosso corpo. Portanto, “segundo um costume muito antigo, a água é um dos símbolos que a Igreja usa com frequência para abençoar os fiéis. A água ritualmente benzida evoca nos fiéis o mistério de Cristo, que é para nós a plenitude da bênção divina. Ele próprio se apresentou como Água Viva e instituiu para nós o batismo, sacramento da água, como sinal de bênção salvadora” (Ritual Romano. Celebração das bênçãos, no1085).

Diversas são as formas de usar a água benta, porém, a mais comum é persignar-se com ela. Persignar-se, termo que vem do latim e se refere ao ato de, com o polegar direito, fazer o sinal da cruz na testa, outro na boca e outro no peito, enquanto se pronuncia: “Pelo sinal da santa cruz, livrai-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos”. Outro modo é aspergi-la sobre si mesmo, sobre outras pessoas, lugares ou objetos. Santo Tomás de Aquino escreve destacando a força da água benta contra o demônio: “a água benta é dada contra os assaltos dos demônios que vêm do exterior”.1

O que precisa para a água ser benta?

Quem conhece a vida dos santos sabe que muitos deles acreditavam na água benta como um instrumento verdadeiramente eficaz para enfrentar a força do mal. A água benta é um sacramental, e como todos os sacramentais, foi instituído pela Igreja. Para ser verdadeiramente água benta, tem que ser abençoada pelo ministro ordenado (diácono, padre ou bispo). Ao ser abençoada, a água, conforme prescreve a Santa Igreja Católica, torna-se um sacramental, que possui grande eficácia para as pessoas nas diversas realidades da vida.

A água benta não se trata, portanto, de uma superstição, mas de um instrumento extremamente forte e piedoso para quem quer crescer na graça de Deus e se santificar por meio da oração da Igreja. O Catecismo da Igreja Católica (no 2111) lembra que “atribuir só à materialidade das orações ou aos sinais sacramentais a respectiva eficácia, independentemente das disposições interiores que exigem, é cair na superstição”.

Por isso, ao benzer-se com a água benta, deve-se sempre professar o ato de fé, de confiança no Senhor e manifestar o desejo de crescer na devoção e amor a Deus. Como afirma Santo Tomás, Oportet nos per aliquasensibilia signa in spiritualiadevenire (“Convém que por sinais sensíveis cheguemos às realidades espirituais”).2

Em muitas Igrejas, encontramos na entrada a água benta. Esta é colocada ali para nos persignarmos (fazer o sinal da cruz) ao entrarmos na Igreja e sermos abençoados por Deus. Assim, entregamos todo o nosso ser e sentidos ao Senhor. Quando entramos na Igreja, devemos pedir ao Espírito Santo que ilumine os nossos corações, nossas mentes, infundindo em nós as graças de que necessitamos. Além disso, costuma ficar na entrada das igrejas, em substituição a uma antiga cerimônia judia em que, antes de entrarem para a oração, os judeus se lavavam e pediam a Deus a sua purificação.

Alguns textos bíblicos que falam sobre a água

Eclo 15,1-6: “Ao que teme o Senhor, ele o saciará com a água da Sabedoria”.
Is 12,1-6: “Com alegria tirareis água das fontes da salvação”.
Is 55,1-11: “Todos que tendes sede, vinde à água”.
Jo 7,37-39: “Se alguém tiver sede, venha a mim”.
Jo 13,3-15: “Vós também estais puros”.
Jo 19, 34: “De seu lado aberto pela lança fez jorrar, com a água e o sangue”.
1Jo 5,1-6: “Ele veio pela água e pelo sangue”.
Ap 7,13-17: “O cordeiro os apascentará, conduzindo-os até as fontes de água da vida”.
Ap 22,1-5: “O rio de água da vida saía do trono de Deus e do cordeiro”.
Sl 41(42),2-3: “Assim como a corça suspira pelas águas correntes, suspira igualmente minha alma por vós, ó Meu
Deus. Minha alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus?”.