Esporte

Hamilton é desclassificado e largará em último neste sábado





O sonho de Hamilton em Interlagos levou um golpe. Comissários da FIA puniram o inglês com a eliminação da sessão classificatória. Ele vai largar em último na corrida de classificação deste sábado, às 16h30.

Verstappen, que também foi alvo de investigação, recebeu uma pena mais leve: multa de 50 mil euros, o equivalente a R$ 312 mil.

Como o holandês foi segundo colocado na sessão classificatória, herda a primeira posição no grid para a corrida de classificação. Bottas, companheiro de Hamilton na Mercedes, estará ao seu lado.

Foi o fim de um longo e arrastado imbróglio que começou no fim da tarde de sexta, na vistoria técnica após a classificação. 

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Comunicado da FIA anuncia punição a Lewis Hamilton
Imagem: Reprodução

Na pista, Hamilton fora o mais rápido, com 0s438 sobre Verstappen, segundo.

O inglês vibrou muito, falou com esperanças sobre a possibilidade de um bom resultado em São Paulo, disse ter sentido a emoção de um piloto iniciante. Às 18h33, porém, veio a notícia de uma possível irregularidade no sistema de asa móvel do seu carro. 

"Foram checadas as posições dos elementos ajustáveis no carro 44, em observância ao artigo 3.6.3 do Regulamento Técnico da F-1. A exigência de distância mínima foi cumprida. No entanto, a exigência de distância máxima, quando o DRS é acionado e testado, não foi verificada", informou comunicado da FIA assinado por Jo Bauer, delegado técnico da F-1.

Este item do regulamento estipula que o espaço entre as chapas da asa traseira deve ser de, no máximo, 85mm. Distância maior significaria uma vantagem competitiva, já que o carro teria menor arrasto aerodinâmico que seus concorrentes nas longas retas do circuito.

Cerca de quatro horas depois, a FIA soltou outro comunicado, informando que Verstappen também seria ouvido no caso. O motivo: um vídeo que circulou na internet que mostra o holandês tocando o carro de Hamilton após a classificação. Neste sábado, outro vídeo feito por torcedor mostra Verstappen dando dois toques no conjunto de asas da Mercedes.

"É inacreditável, mas a Mercedes está alegando que Max alterou a asa traseira do Lewis com seus dedos", disse Marko, consultor da Red Bull, no paddock paulistano.

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Max Verstappen, no escritório da Red Bull em Interlagos, após ser ouvido pelos comissários da FIA
Imagem: Fabio Seixas/UOL

Não, ele não alterou nada, isso seria impossível. Asas traseiras são estruturas que seguram um carro na reta a mais de 320 km/h. Ninguém consegue, com um toque, aumentar aquela distância. 

Mas a Mercedes encontrou ali uma brecha para perturbar a Red Bull, argumentando que Verstappen "contaminou" o parque fechado e que também precisaria ser punido. 

O artigo 2.5.1 do Código Esportivo Internacional do automobilismo estipula que, em regime de parque fechado, o que sempre acontece após uma classificação, os carros não podem ser tocados por ninguém sem o aval da FIA. A natureza da regra é garantir que os carros passem pela vistoria técnica nas exatas mesmas condições em que estavam na pista.

Neste sábado pela manhã, os comissários da FIA ouviram o holandês. Foi uma audiência rápida, de menos de 15 minutos. Na sequência, representantes da Mercedes foram chamados para dar novas explicações. A conversa foi bem mais demorada: 50 minutos.

A multa a Verstappen foi anunciada 27 minutos antes da punição a Hamilton.

O comunicado da FIA explicando a desclassificação do inglês é longo: são três páginas repletas de detalhes. Compreensível, já que o veredicto tem implicações diretas na disputa pelo título mundial.

Os primeiros parágrafos explicam o artigo 3.6.3 do Regulamento Técnico da F-1 e informam que foram feitos quatro testes, com dois gabaritos diferentes, para medir o vão entre as lâminas dos aerofólios. 

A Mercedes, segundo a FIA, argumentou que os componentes foram construídos e montados dentro do regulamento, e que os aerofólios já passaram por outras vistorias ao longo da temporada.

"Ficou claro para os comissários que o espaço extra ocorreu por uma falha do braço de ativação do DRS ou por falha dos pontos de fixação ou mesmo por uma combinação de ambas as situações. Os comissários entendem que foi uma falha de mecanismo ou de montagem", conclui o texto.

Pouco depois das 15h30, a Mercedes anunciou que não vai recorrer da punição.

Hamilton ainda não se pronunciou. Mas, largando em último, com Verstappen na pole, não é difícil imaginar seu estado de espírito.

 

- Alonso lidera treino ofuscado por polêmica em Interlagos

O cronômetro foi um detalhe. O segundo treino livre para o GP de São Paulo foi uma sessão estranha, ofuscada pelo mistério em torno das investigações sobre Hamilton e Verstappen. 

Todos estavam com um olho na pista de Interlagos, outro nos homens da FIA.

Como se não bastasse, ninguém estava muito preocupado em buscar tempo com voltas lançadas. Para quê? A classificação já foi. Os pilotos se ocuparam de simular as condições que encontrarão nas duas corridas que têm pela frente: 24 voltas hoje, 71 amanhã. 

Alonso foi o mais rápido, com 1min11s238. Verstappen ficou em segundo, a 0s864, seguido por Bottas e Ocon. Hamilton terminou em quinto.

Alonso em primeiro? Pois é, esqueçam o cronômetro.

Há algo mais importante para acontecer, mais decisivo para o fim de semana e com possíveis implicações no campeonato: faltando menos de três horas para a corrida de classificação, ninguém sabe as posições de largada de Hamilton e Verstappen. 

Os duelistas pelo título estão sendo investigados pela FIA, e a demora em divulgar os veredictos tornou-se o grande assunto das conversas pelo paddock.

O treino livre deste sábado começou com temperaturas mais elevadas do que na sexta-feira, 19°C no ar, 47° no asfalto, situação que favorece a aerodinâmica dos carros da Red Bull.

Como esperado, logo o holandês passou a comandar os trabalhos. Na sua primeira volta lançada, com 17 minutos de sessão, estabeleceu 1min12s102 com pneus macios e passou para primeiro. 

Hamilton só deixou os boxes três minutos depois, mas dedicou-se inicialmente a simulações de corrida. Após a primeira série de voltas, era o 15º colocado.

Faltando 18 minutos para o fim da sessão, Alonso surpreendeu todo mundo e cravou o melhor tempo: 1min11s238, 0s864 melhor do que o holandês. 

E assim ficou. Ninguém superou o espanhol. O treino terminou como se não tivesse acontecido. A notícia que todos procuram em Interlagos ainda não veio.

 

Fonte: UOL