Política

Mourão: se vamos preservar 80% da Amazônia brasileira, temos que receber por isso





Na contramão dos dados de desmatamento que marcaram os primeiros anos do governo dele e de Jair Bolsonaro, Mourão alegou que o país vem tentando reverter uma tendência de aumento da destruição da floresta

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta sexta-feira, 5, que o Brasil precisa investir em "crescimento verde" na Amazônia para gerar emprego e renda na região. Isso seria, segundo ele, uma contrapartida para a preservação de 80% da floresta. "Se vamos preservar 80% da Amazônia, temos que receber por isso", disse. "O Brasil não é nem nunca será um vilão ambiental. Quem viaja este País sabe a quantidade de vegetação original que aqui está preservada. Nossa legislação é extremamente pesada, única no mundo."

Mourão esteve no Rio para participar da terceira edição da Conferência de Comércio Internacional e Serviços do Mercosul, sediada na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Um dos assuntos do evento é o acordo entre Mercosul e União Europeia, ainda em fases de negociação - uma das prioridades europeias é a garantia da preservação ambiental.

Na contramão dos dados de desmatamento que marcaram os primeiros anos do governo dele e de Jair Bolsonaro, Mourão alegou que o País vem tentando reverter uma tendência de aumento da destruição da floresta. Segundo o Inpe, no entanto, a devastação cresceu 43% entre abril de 2020 e o mesmo mês deste ano.

O presidente e o vice não compareceram presencialmente à COP-26, que acontece em Glasgow, na Escócia. Mourão, contudo, afirmou que o Brasil vem cumprindo seu papel no âmbito dos compromissos assumidos. O general preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal.

O acordo entre Mercosul e União Europeia prevê, no comércio de bens, que 92% das importações feitas pelos europeus de produtos do bloco sul-americano fiquem livres de tarifas por dez anos. Em discurso de abertura, o presidente da CNC, José Roberto Tabros, alegou que a colonização da América do Sul transformou os povos daqui em "europeus". E pregou a união entre os blocos.

De acordo com Mourão, o foco do Brasil é trabalhar pela modernização do Mercosul. "Temos que prepará-lo para um futuro de crescente competição global entre blocos", disse.

Confira outras notícias:

-  Petrobras diz que governo não tem estudos sobre a privatização da empresa

Empresa pediu posicionamentos ao Ministério da Economia e Ministério de Minas e Energia

Petrobras divulgou um comunicado ao mercado nesta sexta-feira (5) informando que recebeu retornos do governo federal acerca de possíveis movimentos envolvendo sua privatização.

Segundo a empresa, não há nenhum estudo feito até o momento neste sentido. A CNN procurou o Ministério da Economia para comentários, mas ainda não recebeu retorno.

A Petrobras foi instigada a realizar o questionamento devido a comentários, feitos nas últimas semanas, do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a possibilidade de dar seguimento a uma possível privatização da empresa.

O assunto também foi comentado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

“O Ministério das Minas e Energia (MME) respondeu à consulta afirmando não ter conhecimento da existência de qualquer decisão, ato ou fato relevante da União Federal que deva ser comunicado à Petrobras para subsequente divulgação ao mercado”, diz trecho da nota.

“Já na data de ontem, o Ministério da Economia (ME) encaminhou comunicação formal informando não haver fato relevante a ser comunicado ao mercado pela União neste momento ou recomendação de inclusão da desestatização da Petrobras no Programa de Parcerias de Investimentos e que não há estudos ou avaliações em curso que tratem do tema no âmbito da Secretária Especial do Programa de Parcerias de Investimentos do ME”, complementou o informe.

Relembre menções à privatização da Petrobras

“Eu já tenho vontade de privatizar a Petrobras, vou ver com a equipe econômica o que a gente pode fazer”, declarou Jair Bolsonaro em uma entrevista no dia 14 de outubro.

Na ocasião, o presidente havia reclamado de ter sido apontado como “culpado” pelos aumentos subsequentes no preço dos combustíveis. Os comentários também vieram depois da aprovação, na Câmara dos Deputados, de uma proposta de mudanças no cálculo do ICMS.

“Há uma política que tem que ser revista, porque hoje ela não é pública nem é privada completamente. Só escolhe os melhores caminhos para performar recursos e distribuir dividendos. Então não seria o caso de privatizar a Petrobras? É hora de discutir qual é a função da Petrobras no país? É distribuir dividendos?”, comentou o deputado Arthur Lira, presidente da Câmara, à CNN.

Na mesma semana, Paulo Guedes havia defendido que o governo pudesse vender ações da petroleira estatal em momento de valorização dos papéis. Segundo o ministro, seria possível distribuir parte dos ganhos à população mais vulnerável.

Dias depois, Bolsonaro voltou a comentar sobre o tema em nova entrevista. “Posso interferir na Petrobras? Vou responder a processo. O presidente da Petrobras vai acabar sendo preso. É uma estatal que, com todo respeito, só me dá dor de cabeça. (…) Quem sabe até botar no radar da privatização”, disse ele à Jovem Pan News.

O presidente minimizou os índices de produtividade da estatal durante o ano. “Um assessor chegou para mim: ‘Olha, a Petrobras acabou de bater recorde na produção de barril por dia, 3 milhões e poucos barris’. Daí eu falei: ‘E qual a consequência?’ (…) É uma empresa que hoje em dia está prestando serviço para acionistas, e mais ninguém”, avaliou.

 

- Leonardo Rolim deixa INSS e assume Secretaria de Previdência

O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Leonardo Rolim, foi nomeado para assumir a Secretaria de Previdência do Ministério do Trabalho e Previdência. O atual secretário, Narlon Gutierre Nogueira, foi exonerado do cargo.

Rolim já foi secretário de Previdência quando a pasta ainda estava no Ministério da Economia. Ele deixou a função em janeiro de 2020 para comandar o INSS, em meio à busca de solução para as filas e acúmulos de pedidos.

Para o lugar de Rolim à frente do instituto, o governo nomeou José Carlos Oliveira, que era superintendente da Regional Sudeste do INSS. As mudanças foram publicadas hoje (5) no Diário Oficial da União, em portaria assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

Fonte: Correio Braziliense - CNN Brasil - Agência Brasil