Política

Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava Jato, deixa o MPF





O procurador Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba, renunciou ao Ministério Público Federal. A saída foi informada à ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) nesta 5ª feira (4.nov.2021).

Deltan divulgou um vídeo durante à tarde informando sobre seu desligamento. Em tom de candidato, o procurador diz que sair do Ministério foi uma “decisão difícil” e que tem orgulho da Procuradoria, mas que irá buscar “transformar o Brasil” fora do MPF. 

Nossos instrumentos vem sendo enfraquecidos, destruídos e estamos sendo impedidos de até comunicar a sociedade nesse debate por meio da opinião e da crítica”, disse Deltan.  “Às vezes é necessário dar um passo de fé na direção dos nossos sonhos”, disse.

O procurador elogiou o trabalho da Lava Jato, afirmando que “bilhões foram recuperados” graças à força-tarefa e que a operação deu “esperança” aos brasileiros.

“Contudo, nos últimos anos, passamos a sofrer muitos retrocessos no combate à corrupção. Nós vemos notícias cada vez piores de processos anulados, leis desfiguradas e corruptos alcançando a impunidade. A sensação é que o que fizemos está sendo desfeito e a impunidade dá uma carta branca para quem nos rouba continue roubando. Isso precisa parar”, disse.

O procurador diz que o “momento difícil” abre um desafio para “fazer tudo que está em nosso alcance” para desfazer os retrocessos no combate à corrupção. “Precisamos manter a esperança viva”.

Internamente, a postura de Deltan ainda provoca divisões no MPF. Uma parcela de procuradores, menor do que já foi no auge da Lava Jato, considera que o ex-coordenador da Lava Jato poderá “contribuir mais” na política do que dentro da Procuradoria. Outros procuradores comemoraram o desligamento do colega, afirmando que o MPF poderá “reconstruir” a imagem que ficou desgastada com as ações de Deltan na força-tarefa de Curitiba.

Lava Jato

Deltan já havia deixado a coordenação da Lava Jato em setembro do ano passado “para se dedicar a questões de saúde em sua família”, mas continuava atuando como procurador. Na época, ele enfrentava pressões em razão das mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil, no episódio conhecido como Vaza Jato.

O ex-coordenador da força-tarefa também era alvo de processos disciplinares no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Ele foi punido pelo colegiado à pena de censura no mesmo mês em que deixou a Lava Jato por publicações feitas no Twitter sobre a eleição do Senado em 2019.

O colegiado considerou que os textos feitos por Deltan contra o então candidato à presidência do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), violava o decoro da carreira ao tentar interferir no pleito. Deltan recorreu ao STF para rever a punição, mas a 2ª Turma manteve a censura aplicada ao procurador.

Se tratou da 2ª sanção mais grave em uma escala de 1 a 5. Na prática, a censura dificulta a promoção do procurador na carreira e se torna uma “mancha” no currículo. Caso Deltan fosse julgado no CNMP novamente, a pena aplicada seria mais dura.

No caso do powerpoint da denúncia da Lava Jato contra o ex-presidente Lula, o episódio mais emblemático de Deltan, o CNMP arquivou uma representação do petista por prescrição. A análise do processo foi adiado mais de 40 vezes pelo colegiado.

Deltan estava à frente da força-tarefa de Curitiba há 6 anos e ocupava o cargo de titular do 15º ofício do MPF no Paraná.

Em vídeo publicado no Twitter logo após deixar a Lava Jato, Deltan Dallagnol disse que a decisão era “difícil”, mas que agora precisará se dedicar à sua família. O procurador da República disse que tomou a decisão porque ele e sua mulher identificaram sinais de “regressão” no desenvolvimento de sua filha.

Confira outras notícias:

- “Achamos muito drástico demitir porque não quis vacinar”, diz Queiroga

O governo publicou na 2ª feira (1º.nov) uma portaria proibindo a demissão de trabalhadores que decidirem não se imunizar contra a covid-19. Eis a íntegra (1 MB) da medida.

Queremos criar empregos. Essa portaria é no sentido de dissuadir demissões. A vacina as pessoas devem buscar livremente”, disse Queiroga.

O ministro disse que, como médico, sempre conseguiu que seus pacientes aderissem aos tratamentos “na base do convencimento”. Próximo de Queiroga, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não se vacinou e já deu declarações contra imunizantes.

Queiroga também afirmou que não planeja tomar a 3ª dose da vacina. Ele disse que prefere esperar. Justificou que está atuando em um cargo político e não mais como médico, como quando tomou as duas doses do imunizante.

Ao ser questionado sobre indícios de irregularidades identificados pela Polícia Federal no contrato da Precisa Medicamentos com o Ministério da Saúde por vacinas, Queiroga afirmou que se houver alguma impropriedade “os responsáveis devem ser presos”.

O ministro da Saúde encontrou nesta 5ª feira o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux. A reunião foi solicitada pelo Ministério da Saúde. Durou menos de uma hora. O advogado-geral da União, Bruno Bianco, também participou.

O objetivo de Queiroga era apresentar o posicionamento da pasta em uma ação que tramita na Corte com repercussão geral sobre remédios de alto custo para doenças raras.

São medicamentos de altíssimo custo, é uma pauta sensível, nós nos sensibilizamos com essas crianças, com seus familiares, mas temos que ter certeza de estar oferecendo uma política pública que traga resultados”, disse o ministro. O caso em análise é o STP (suspensão de tutela provisória) 803, que pede o fornecimento do remédio Zolgensma a uma criança com AME (amiotrofia muscular espinhal tipo 2).

Fonte: Poder360