Política

No G20, Bolsonaro diz a Merkel que não é tão mau como dizem





O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou de jantar em que esteve a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, no sábado (30.out.2021), em Roma, na Itália. Segundo a agência norte-americana Bloomberg, a alemã aproximou-se do presidente do Brasil, e os 2 tiveram “uma conversa excepcionalmente aberta que se transformou em um bate-papo amigável”.

De acordo com a agência, que disse ter escutado duas autoridades que participaram do encontro, Bolsonaro disse à chanceler que ele não era tão mau quanto a mídia, na análise dele, o retrata. Merkel, então, teria perguntado qual é atualmente o maior impasse enfrentado por ele à frente do governo.

O presidente respondeu que a alta dos preços dos combustíveis. A reportagem afirma ainda que Merkel, ao contrário de outros líderes do G20, defende manter abertas as linhas de contato com Bolsonaro. Pesaria nessa defesa a forte parceria comercial Brasil-Alemanha.

Bolsonaro está na Itália para a realização da cúpula do G20. Depois do encontro de líderes, na 2ª feira (1º.nov), o presidente receberá o título de cidadão honorário do município de Anguillara Veneta, na província de Pádua. A cidade é a região de origem de familiares do presidente.

- Brasil e Bolsonaro estão isolados mundialmente, diz professor da USP

Para Lehmann, a imagem da crise interna que o Brasil atravessa reflete nas relações entre os líderes mundiais que participam do G20

Em entrevista à CNN realizada neste domingo (30), o professor do Instituto de Relações Internacionais da USP Kai Enno Lehmann afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – que participa da cúpula do G20 – está isolado mundialmente.

Para Lehmann, a imagem da crise interna que o Brasil atravessa reflete nas relações entre os líderes mundiais que participam do G20.

“É uma imagem de um país não sério, de um presidente que não vive na realidade. Todos sabem que o Brasil não vai bem, que a pobreza e o desemprego cresceram muito”, afirmou. 

O professor da USP, que é de origem alemã, disse ainda que a imagem de Bolsonaro está deteriorada e que as eleições de 2022 ditarão como serão as conversas entre os países europeus e o Brasil. 

“O Brasil e, principalmente, o presidente, estão isolados mundialmente. Seria desastroso para o presidente alemão, por exemplo, ser visto com Bolsonaro. No momento todos esperam as eleições [brasileiras] e ignoram o presidente”. 

Já em outro momento, ao analisar o trabalho da cúpula do G20, que se reúne na Itália, Lehmann afirmou que a organização deve sofrer mudança de liderança com as eleições alemãs e francesas. 

“[O novo governo alemão] vai chegar com muito menos experiência do que Angela Merkel tinha. Acredito que a França vai tentar aproveitar o momento para tomar uma postura mais forte dentro da União Europeia”, afirmou. 

- Bolsonaro associa Lula a narcotráfico em entrevista à TV italiana

O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (31.out.2021) que o ex-presidente Lula o chama de genocida porque é “oportunista”. Também disse que a carreira política do petista começou com associação ao narcotráfico na América do Sul.

“Lula me acusa de genocídio porque é oportunista. Vou falar sobre o último caso que veio à tona: o chefe do serviço de inteligência venezuelano, preso há pouco, disse que recebeu recursos e que todas as autoridades de esquerda receberam recursos do narcotráfico, fundos também enviados para a Espanha.”

Em entrevista ao canal de notícias Sky tg24, Bolsonaro disse que Lula foi condenado por corrupção e deixou uma “marca muito forte no Brasil”. Também associou o petista às Farc colombianas.

Lula quase levou à falência nossa maior empresa de petróleo, a Petrobras. É uma longa história, sua liderança política começou quando ele teve contato com as Farc colombianas e a partir desse momento começou essa relação com o narcotráfico. Um milagre salvou o Brasil: nossa chegada em 2018 ”.

Não há comprovação, entretanto, dessa relação feita por Bolsonaro entre Lula e o narcotráfico. A prisão do ex-presidente foi motivada por uma condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP).

O presidente disse que seu governo fez o possível para ajudar Estados e municípios a enfrentar a pandemia de covid-19 e seguiu as determinações do STF. A Corte decidiu que os governadores e prefeitos tinham autonomia para determinar suas próprias regras de isolamento ou fechamento de comércio por conta da pandemia.

“Meu governo forneceu todos os meios para governadores e prefeitos lutarem contra a pandemia. Seguindo a orientação do Supremo Tribunal Federal, gastamos cerca de 100 bilhões de dólares. Demos fundos, meios e até profissionais para combater a pandemia, além de medicamentos.”

Sobrou também crítica para a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, que encerrou seus trabalhos na última 3ª feira ao aprovar um relatório pedindo o indiciamento de Bolsonaro e outros.

Durante a entrevista, Bolsonaro defendeu o cuidado de seu governo com o meio ambiente e lembrou que foi um dos únicos governantes mundiais ao não defender lockdown como medida de proteção contra a covid. Criticou os efeitos econômicos da medida, mas declarou que ainda assim o Brasil está crescendo no pós-pandemia.

Bolsonaro na Itália

Bolsonaro está na Itália para a realização da cúpula do G20. Depois do encontro de líderes, na 2ª feira (1º.nov), o presidente receberá o título de cidadão honorário do município de Anguillara Veneta, na província de Pádua. A cidade é a região de origem de familiares do presidente.

A prefeita de Anguillara Veneta, Alessandra Buoso, é ligada ao partido de Salvini. Na 6ª feira (28.out), ativistas jogaram esterco e tinta em frente à prefeitura da cidade em protesto contra o presidente brasileiro.

Já na 3ª feira (2.nov), Bolsonaro participará de cerimônia em homenagem aos militares brasileiros no Monumento Votivo Brasileiro, em Pistoia, onde deve ser realizado o encontro com Salvini.

- Ato com Bolsonaro em Roma acaba em violência contra jornalistas brasileiros

Brasileiros durante passagem de Bolsonaro em Roma

Matheus Magenta/ BBC News Brasil

Jornalistas brasileiros são atacados durante passagem do presidente em Roma

Uma manifestação pró-Bolsonaro com brasileiros que vivem na Itália acabou em violência e intimidação contra jornalistas que cobriam o evento na região da embaixada do Brasil em Roma neste domingo (31/10). Agentes de segurança italianos e brasileiros empurraram, deram socos, arrancaram celular de um repórter que filmava o ato, seguraram, gritaram e impediram repórteres de chegar perto do presidente para entrevistá-lo.

Enquanto isso, eles permitia que apoiadores se aproximassem de Bolsonaro para tirar selfies. 

Agentes de segurança ao lado de Jair Bolsonaro

Matheus Magenta/ BBC News Brasil

Agentes de segurança italianos e brasileiros empurraram, deram socos, arrancaram celular de um repórter que filmava o ato

O ato começou pacificamente por volta das 15h (horário local) e reuniu dezenas de pessoas no lado dos fundos da representação brasileira. Vestidos de verde e amarelo, Eles cantavam o hino brasileiro e gritavam palavras de ordem a favor do presidente enquanto aguardavam o presidente. Cerca de uma hora depois, Bolsonaro acenou da sacada e em seguida desceu para discursar para apoiadores reunidos numa praça do centro da capital italiana. 

Bolsonaro se defendeu das críticas e acusações à sua gestão da pandemia e fez críticas à imprensa e à CPI da Covid, entre outros assuntos. Enquanto isso, ele era filmado das janelas da embaixada por integrantes de sua comitiva.

Depois de sua fala, ouvida em silêncio por todos, ele decidiu caminhar pelas ruas do centro de Roma. Foi quando que o tumulto começou.

Jornalistas de diversos veículos brasileiros, entre eles a BBC News Brasil, credenciados para a cobertura da reunião do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), tentaram se aproximar do presidente para entrevistá-lo. Bolsonaro foi questionado sobre os motivos de sua ausência na COP26 (Cúpula do Clima na Escócia) e sobre a greve dos caminheiros prevista para esta segunda-feira (1º/11) no Brasil, entre outros temas.

Mas ele não respondeu a nenhuma das perguntas durante sua caminhada de menos de dez minutos, registrada por câmeras de jornalistas, assessores e apoiadores. 

Jair Bolsonaro é cercado por agentes e comitiva durante passagem em Roma

Matheus Magenta/ BBC News Brasil

Bolsonaro não respondeu a nenhuma das perguntas durante sua caminhada de menos de dez minutos

Enquanto isso, os agentes de segurança do Brasil e da Itália que o cercavam só deixavam apoiadores com as cores verde e amarela e membros da comunicação do governo se aproximarem do presidente para tirarem fotos e se abraçarem enquanto intimidavam e agrediam jornalistas no entorno do mandatário. Parte dos apoiadores xingou e intimidou repórteres. 

O jornalista Jamil Chade, que cobria o ato para o portal UOL, teve o celular arrancado de suas mãos, enquanto filmava a manifestação, por um agente de segurança italiano que não quis se identificar. Em seguida, o aparelho foi jogado no chão pelo policial durante a manifestação pró-Bolsonaro e recuperado pelo jornalista instantes depois.

Ao fim do evento, diversos jornalistas brasileiros questionaram os agentes de segurança italianos à paisana sobre as agressões que eles cometeram durante o ato. Em resposta, eles diziam "podem registrar queixa" e não se identificaram. Parte dos profissionais de mídia do Brasil que cobriram o ato iria sim formalizar as agressões com a polícia italiana. 

Procurada pela BBC News Brasil para comentar a violência contra os jornalistas, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República não respondeu aos questionamentos da reportagem até o momento da publicação deste texto.

- Renan diz que Bolsonaro acabou com Bolsa Família por “pura inveja”

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste domingo (31.out.2021). Para o congressista, o presidente “acabou” com o Bolsa Família por “pura inveja” e “sanha destrutiva”. 

Na 6ª feira (29.out.2021), os beneficiários do Bolsa Família sacaram a última parcela do benefício. Depois de 18 anos, o programa será substituído pelo Auxílio Brasil.

A expectativa do governo Bolsonaro é iniciar o pagamento do Auxílio Brasil em novembro. O valor mínimo de R$400 prometido só será pago, porém, a partir de dezembro.

Em publicação em seu perfil no Twitter, Renan lembrou que, em 2003, foi relator do Bolsa Família. “Pela primeira vez colocamos os pobres no Orçamento. Agora, por pura inveja e sanha destrutiva, Bolsonaro joga milhões de famílias na incerteza”.

Fonte: CNN Brasil - Poder360 - BBC News Brasil