Cotidiano

Gasolina sobe 3,1% nos postos e preço chega a R$ 7,889





Também reajustado esta semana, preço médio do diesel subiu 4,5%, diz ANP

O preço médio da gasolina subiu 3,1% nas bombas esta semana e já há postos vendendo o produto por R$ 7,889 em Bagé (RS), segundo a pesquisa semanal de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).

De acordo com a agência, o preço médio do combustível no país chegou a R$ 6,562 por litro, reflexo de repasses do último reajuste promovido pela Petrobras, de 7%, na terça-feira (26). O valor é um novo recorde desde que a ANP começou a compilar os preços semanais, em 2002.

Também reajustado na segunda, em 9,1%, o preço do diesel subiu 4,5% nos postos brasileiros esta semana, chegando a uma média de R$ 5,211 por litro. A pesquisa da ANP detectou o maior valor em Cruzeiro do Sul (AC), onde o produto foi encontrado a R$ 6,420 por litro.

Com a escalada dos preços do diesel, sindicatos ligados a caminhoneiros autônomos prometem uma paralisação nacional nesta segunda (1º). Nas últimas semanas, o tema levou a paralisações de caminhoneiros no Pará e de transportadores de combustíveis em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

A pesquisa da ANP detectou também aumentos nos preços do etanol hidratado, que subiu 3,9% na semana, para R$ 5,066; Já o preço do botijão de gás se manteve praticamente estável, fechando a semana em R$ 102,04.

Criticados pelo governo pelos ganhos com o aumento dos combustíveis, os estados decidiram congelar por três meses o preço de referência usado para o cálculo do ICMS, conhecido como PMPF (preço médio ponderado ao consumidor final).

A medida deve reduzir a pressão sobre os preços mas não impede novos aumentos caso a Petrobras decida reajustar novamente os valores de venda dos produtos por suas refinarias.

Com os preços em alta, a estatal anunciou nesta quinta (28) lucro de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre de 2021, levando o lucro acumulado no ano a R$ 75,1 bilhões. Com o desempenho, a empresa já anunciou a distribuição de R$ 61,3 bilhões em dividendos a seus acionistas.

Criticada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelos elevados ganhos, a companhia defendeu nesta sexta (29) que seu lucro retorna à sociedade sob a forma de impostos, investimentos e dividendos para a União, seu maior acionista, que tem direito a R$ 23,3 bilhões do total anunciado.

Seguindo a recuperação das cotações internacionais do petróleo e a desvalorização do real frente ao dólar, a Petrobras já promoveu 13 reajustes no preço da gasolina em 2021, com alta acumulada de 74%. O preço do diesel na refinarias subiu 65% no ano.

Segundo o Observatório Social da Petrobras, o preço de bomba da gasolina bateu recorde no país na semana passada, superando os R$ 6,25 por litro vigentes em fevereiro de 2003, em valor corrigido pela inflação. Os preços do diesel e do botijão de gás já haviam batido recordes durante o ano.

- Presidente da Petrobras diz que sofre para informar alta de preços

"O petróleo tem seu preço determinado pelo mercado global", disse Luna

 O Diretor-Geral da Itaipu Binacional, Joaquim Silva e Luna, participa de audiência pública na comissão de minas e energia da Câmara dos Deputados.

O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse que ele e sua equipe sofrem quando precisam informar alta de preços de derivados do petróleo. Segundo ele, a estatal busca atuar dentro das leis que a orientam e os ajustes são impactados pela pandemia de covid-19 em todo o mundo e, no Brasil, há também influência da crise hídrica. 

"Sofremos quando temos que informar a situação de ter que aumentar o preço de um combustível ou outro. E só fazemos isso no limite da necessidade para evitar desabastecimentos", afirmou. De janeiro a setembro deste ano, os preços de revenda dos combustíveis no país registraram aumentos de 28% no diesel, 32% na gasolina e 27% no GLP (gás de cozinha), segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

"O petróleo tem seu preço determinado pelo mercado global. A Petrobras não controla esse preço", disse Luna. Segundo o presidente da estatal, existe grande desconhecimento da sociedade sobre o que a Petrobras pode e não pode fazer. "Lógico que somos sensíveis a tudo, particularmente com relação às famílias mais carentes. Recentemente, como exemplo, criamos um programa no valor de R$300 milhões para doação de botijão de gás para atender famílias em condição de vulnerabilidade social, o que demonstra que não estamos insensíveis".

As variações nos preços dos combustíveis afetam valores de produtos e serviços em geral. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) fechou o mês de outubro com alta de 1,2%, puxado principalmente pelo custo da energia elétrica e dos combustíveis. No acumulado do ano, a inflação registra alta 8,30% e deve chegar a dois dígitos até dezembro.

As declarações de Luna ocorrem um dia após o presidente da República, Jair Bolsonaro, criticar a política de preços adotada. "Eu não aumento. A Petrobras é obrigada a aumentar o preço, porque ela tem que seguir a legislação. E nós estamos tentando aqui buscar maneiras de mudar a lei nesse sentido. Porque não é justo você viver num país que paga tudo em real, é um país praticamente autossuficiente em petróleo e tem o preço do seu combustível aqui atrelado ao dólar", afirmou Bolsonaro durante sua live semanal realizada ontem (28).

Desde 2016, a Petrobras adota a chamada Política de Preços de Paridade de Importação (PPI), que vincula o preço do petróleo ao mercado internacional tendo como referência o preço do barril tipo brent, que é calculado em dólar. O diretor de comercialização e logística da estatal, Cláudio Mastella, afirma ser preciso acompanhar o patamar dos preços internacionais para não gerar risco de afetar o fornecimento de produtos no mercado. Ainda assim, ele revelou que o ritmo dos ajustes é modulado pela estatal.

"Nós escolhemos diminuir a passagem dessa volatilidade de preços para o mercado interno, tentando passar o mínimo possível de flutuações que entendemos serem devidas a fatores conjunturais e não estruturais. Chegamos a ficar 56 dias sem ajustar gasolina, 85 dias em ajustar diesel e 93 dias sem ajustar o GLP. Não repassamos flutuações que estavam acontecendo e que acontecem minuto a minuto no mercado internacional".

Lucro

As declarações de Luna e Mastella se deram durante coletiva de imprensa sobre os resultados financeiros da estatal referente ao terceiro trimestre de 2021.O balanço apontou lucro líquido de R$ 31,1 bilhões O patamar das cifras também gerou críticas de Bolsonaro. "Tem que ser uma empresa que não dê um lucro muito alto, como tem dado. Porque, além de lucro alto para acionistas, a Petrobras está pagando dívidas bilionárias de assaltos que aconteceram há pouco tempo".

O diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Rodrigo Araújo Alves, também participou da coletiva e justificou o lucro da empresa. "Em um cenário de preços mais altos, nossos ativos tem gerado um resultado financeiro e operacional bastante importante. Mas a Petrobras não gera resultado para fazer retenção desses resultados. Pelo contrário. Estamos distribuindo e distribuiremos cada vez os nossos resultados na forma de dividendos. Temos uma política de dividendos que prevê o pagamento de 60% do fluxo de caixa livre", disse. Ele afirmou ainda que a estatal é uma das uma das maiores contribuintes em tributos do país.

Para o presidente da Petrobras, as maiores contribuições que a estatal pode dar à sociedade são por meio de pagamento de tributos e de dividendos. "Isso tem sido feito. Devolvemos o lucro da empresa à sociedade por meio de dividendos. O acionista majoritário [a União] recebe a sua parte e decide como bem empregar esse recurso em proveito de políticas públicas", disse Luna.

Fonte: Folha - Agência Brasil