Cultura

Papa Francisco e Biden: conversa sobre clima, Covid, migrantes e liberdade de consciência





O líder dos EUA, acompanhado por sua esposa Jill, pela primeira vez no Vaticano como presidente. Longo diálogo a portas fechadas na Biblioteca Apostólica: reiterado o compromisso comum no combate à pandemia e proteção do Planeta, com atenção especial aos eventos internacionais atuais à luz do G20.

Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (29/10), no Vaticano, o presidente dos EUA, Joe Biden. Às 11h59, o carro presidencial estadunidense parou na entrada da Residência Apostólica, no Pátio de São Dâmaso, onde tinha sido hasteada a bandeira estadunidense. O presidente Joe Biden, que chegou à Itália durante a noite para participar do G20 em Roma, foi ao Vaticano para uma audiência com Francisco. É o primeiro encontro no cargo de presidente. No passado, Biden havia saudado o Papa três vezes.

Segundo um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, depois do encontro com o Papa, Biden encontrou-se sucessivamente com o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, e com o secretário das Relações com os Estados, dom Paul Richard Gallagher.

Durante as conversações cordiais, foi debatido sobre o compromisso comum com a proteção e o cuidado do planeta, a situação da saúde e a luta contra a pandemia da Covid-19, a situação dos refugiados e da assistência aos migrantes. Também foi feita referência à proteção dos direitos humanos, incluindo o direito à liberdade religiosa e de consciência.

As conversações permitiram uma troca de opiniões sobre algumas questões internacionais atuais, inclusive no contexto da próxima cúpula do G20 em Roma, e sobre a promoção da paz no mundo através de negociações políticas.

- O Papa: a cúpula climática deve oferecer respostas efetivas e esperanças concretas

Em vista da Cop26, Francisco enviou uma mensagem de áudio e vídeo para a BBC. O Santo Pede uma renovada solidariedade global para cumprir "escolhas radicais" que nos permitam sair das crises transversais e interconectadas que a humanidade enfrenta. O caminho a ser percorrido: uma conversão que não seja apenas espiritual.

Isabella Piro – Vatican News

Uma "tempestade perfeita" está destruindo o mundo, uma tempestade causada pelas mudanças climáticas e pela pandemia da Covid-19, uma tempestade que rompe os laços da sociedade, provocando uma crise multifacetada: saúde, meio ambiente, alimentação, econômica, social, humanitária e ética. Esta é a imagem dramática que o Papa Francisco escolheu para abrir a mensagem de áudio e vídeo transmitida no programa radiofônico "Pensamento do Dia" da BBC, antes da 26ª Conferência do Clima (Cop26) das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC). O encontro se realizará, em Glasgow, na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro.

Nova solidariedade baseada na justiça e na partilha

"As nossas seguranças caíram, o nosso apetite pelo poder e a nossa sede de controle estão desmoronando", afirma o Papa, pedindo "visão, capacidade de planejamento e rapidez de execução" para repensar "o futuro de nossa Casa comum". Portanto, não a "atitudes de isolamento, protecionismo e exploração"; e sim à capacidade de aproveitar "uma oportunidade real de transformação, um verdadeiro ponto de conversão, não apenas no sentido espiritual":

Este último caminho é o único que leva a um horizonte "luminoso" e só pode ser percorrido através de uma corresponsabilidade mundial renovada, uma nova solidariedade baseada na justiça, na partilha de um destino comum e na consciência da unidade da família humana, plano de Deus para o mundo.

Colocar a dignidade humana no centro

Este é o verdadeiro desafio que a humanidade enfrenta hoje:

É um desafio da civilização em favor do bem comum e de uma mudança de perspectiva, na mente e no olhar, que deve colocar a dignidade de todos os seres humanos de hoje e de amanhã no centro de todas as nossas ações.

Não sairemos da crise sozinhos, devemos construir juntos

O Papa convida a "construir juntos", porque "não se pode sair de uma crise sozinho", e não existem "fronteiras, barreiras, muros políticos dentro dos quais se esconder". Francisco lembra o Apelo conjunto, assinado em 4 de outubro com os líderes religiosos e cientistas, pedindo "ações mais responsáveis e coerentes" no campo climático, porque "não podemos permitir" que as gerações futuras tenham que viver "num mundo inabitável".

No Apelo conjunto recordamos a necessidade de trabalhar responsavelmente em favor da "cultura do cuidado" da nossa Casa comum e também de nós mesmos, procurando arrancar as "sementes dos conflitos: ganância, indiferença, ignorância, medo, injustiça, insegurança e violência".

É necessário o compromisso de todos

Segundo Francisco, "uma mudança tão urgente de rumo", requer "o compromisso de cada um", um compromisso que "deve ser alimentado também pela própria fé e espiritualidade", porque se é verdade que os políticos que participarão da Cop26 "são urgentemente chamados a oferecer respostas eficazes à crise ecológica em que vivemos" e "esperança concreta para as gerações futuras", é igualmente verdade que a responsabilidade é global:

Todos nós - é preciso repetir, quem quer que seja e onde quer que estejamos - podemos desempenhar um papel na mudança de nossa resposta coletiva contra a ameaça sem precedentes das mudanças climáticas e da degradação de nossa Casa comum.

O que a Cop26 prevê

Inicialmente prevista para novembro de 2020, a Cop26 foi adiada por um ano devido à pandemia. Os países participantes apresentarão seus planos atualizados para reduzir suas emissões. Em 2015, no final da Cop21 em Paris, foi estabelecido limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus. As nações também se comprometeram a se adaptar aos impactos das mudanças climáticas e a mobilizar os fundos necessários para atingir esses objetivos, criando um plano nacional mostrando a extensão da redução de suas emissões, conhecido como a Contribuição Determinada Nacionalmente (Ndc). Este plano deve ser atualizado a cada cinco anos e é isso que acontecerá durante a Cop26. O secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, conduzirá a delegação vaticana no encontro na Escócia.

-  O Papa recebe o presidente sul-coreano, no diálogo a esperança da reconciliação na Coreia

Com um comunicado a Sala de Imprensa do Vaticano informou que o Papa recebeu em audiência nesta manhã (29) o senhor Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul e sua comitiva

Vatican News

Na manhã desta sexta-feira (29) o Papa Francisco recebeu em audiência o senhor Moon Jae-in Presidente da Coreia do Sul acompanhado por sua esposa e comitiva.

Na ocasião, foi estabelecido um diálogo cordial e expressa a satisfação pelas boas relações bilaterais e pela contribuição positiva que a Igreja Católica oferece à sociedade, observando uma particular assiduidade na promoção do diálogo e da reconciliação entre os coreanos. Neste sentido, é compartilhada a esperança de que o compromisso comum e a boa vontade favoreçam a paz e o desenvolvimento na Península Coreana, sustentados pela solidariedade e pela fraternidade.

O encontro também foi considerado uma oportunidade para trocar pontos de vista sobre uma série de questões relacionadas a assuntos atuais regionais e emergências humanitárias.

Em seguida, o Sr. Moon Jae-in se reuniu com Sua Eminência o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, acompanhado por Sua Excelência Dom Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados.

A troca de presentes

No momento da troca de presentes, Francisco presenteou o Presidente com uma medalha de bronze retratando o projeto original de Bernini para a Praça de São Pedro, assim como uma cópia da Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2021, o Documento sobre a Fraternidade Humana assinado em Abu Dhabi, e o livro publicado pela editora Lev sobre a Statio Orbis de 27 de março de 2020. O Presidente retribuiu com uma cruz feita de arame farpado da zona desmilitarizada na fronteira com a Coreia do Norte. Um "símbolo de paz", lê a descrição, que afirma que foram feitas 136 cruzes idênticas, "levando em conta que são 68 anos de divisão territorial de cada lado".

Fonte: Vatican News