Cotidiano

ONU: adaptação climática pode custar US$ 300 bilhões por ano até 2030





A adaptação às alterações climáticas custará aos países em desenvolvimento US$ 300 bilhões por ano até 2030, informou hoje (28) a Organização das Nações Unidas (ONU).

Se as metas de mitigação não forem atingidas, o valor aumentará para US$ 500 bilhões até 2050, advertiu.

O financiamento atual é apenas um quarto dos US$ 300 bilhões previstos para 2030, adverte relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), divulgado antes da Conferência sobre Alterações Climáticas que começa nesta sexta-feira (29) em Glasgow, na Escócia.

"Cumprir as promessas de US$ 100 bilhões por ano para o Fundo Climático Verde é uma obrigação em Glasgow", disse a secretária-geral da Unctad, Rebecca Grynspan, acrescentando que também são necessários outros compromissos.

"São necessários esforços em nível multilateral para assegurar o financiamento de que os países em desenvolvimento precisam para se adaptar ao agravamento dos impactos das alterações climáticas", acrescentou.

A organização pediu uma reforma do sistema financeiro, que incluiria aumento da ajuda estatal para o desenvolvimento.

"Se os países do G7 tivessem atingido o objetivo de 0,7% da ajuda ao desenvolvimento até 2020, estariam disponíveis US$ 155 bilhões adicionais", destaca o relatório da ONU.

O documento recomenda a reestruturação e o perdão da dívida dos países mais vulneráveis às alterações climáticas, mais empréstimos por parte dos bancos multilaterais de desenvolvimento e maior alcance dos mercados de obrigações verdes, que são atualmente severamente restringidos por várias políticas reguladoras.

A Unctad advertiu ainda que as pressões para liberalizar o mercado de produtos e serviços relacionados com a proteção ambiental beneficiariam principalmente os exportadores dos países desenvolvidos, reduzindo a capacidade fiscal das economias em desenvolvimento.

O relatório prevê que as economias em desenvolvimento poderão perder anualmente US$ 15 bilhões em receitas tarifárias se essa liberalização for alcançada.

Ao mesmo tempo, a agência da ONU destacou que as tecnologias verdes devem ser classificadas como bens públicos e, portanto, deve ser acessível a todas as economias.

Confira outras notícias:

- Sudão: ONGs pedem sessão de emergência do Conselho da ONU

 

Elas pedem ações para proteger transição após golpe de Estado

 

Um total de 36 organizações não governamentais (ONGs), a maioria africanas, pediram hoje (28), em carta às Nações Unidas, que o Conselho de Direitos Humanos realize sessão de emergência sobre o Sudão, depois do golpe de Estado de segunda-feira (25).

 

Na carta conjunta, as ONGs destacam que "é necessária ação decisiva para proteger a transição, a ordem constitucional e os direitos humanos do povo sudanês" e que o Conselho de Direitos Humanos tem "a responsabilidade de agir urgentemente".

 

Os signatários da carta, citada pela agência Efe, pedem ainda a adoção, na sessão, de medida que estabeleça uma comissão de inquérito sobre a situação das liberdades fundamentais no Sudão onde, de acordo com o documento, só aumentou com o golpe de Estado.

 

No dia do golpe militar, a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou o golpe e pediu aos militares para "respeitarem a ordem constitucional e saírem das ruas".

 

A ex-presidente chilena afirmou que o golpe de Estado ameaçou o Acordo de Paz de Juba, firmado em 2020 para pôr fim a décadas de conflito no Sudão.

 

O general Abdel Fattah al-Burhan, chefe das Forças Armadas sudanesas, anunciou na segunda-feira, na televisão estatal do país, a dissolução do governo e do Conselho Soberano - o mais alto órgão executivo do país -, a suspensão de vários pontos da carta constitucional aprovada em agosto de 2019, que estabelece um roteiro para a realização de eleições, e a instauração do estado de emergência.

 

A tomada de poder pelos militares foi amplamente condenada pela comunidade internacional. A ação seguiu-se a semanas de crescente tensão política no país, intensificadas como uma tentativa de golpe de Estado em 21 de setembro último.

 

Esforços de membros civis do governo para reformar o setor de segurança no país geraram forte reação dos militares, inclusive de Al-Burhan.

 

Eles deixaram de participar de reuniões com membros civis, o que atrasou, por exemplo, a aprovação, por parte do Conselho de Ministros, da entrega do antigo ditador Omar al-Bashir e mais dois representantes do regime deposto, em abril de 2019, ao Tribunal Penal Internacional.

 

Nas primeiras horas de 25 de outubro, os militares prenderam pelo menos cinco ministros, bem como outros funcionários e líderes políticos, incluindo o primeiro-ministro Abdalla Hamdok, levando-os para local não revelado.

 

Ao meio-dia de segunda-feira, o general Abdel Fattah al-Burhan, presidente do Conselho Soberano - órgão do governo composto por civis e militares - anunciou que dissolvia o governo, o próprio Conselho Soberano e decretava  estado de emergência no país.

 

- Pandemia fez fluxos migratórios caírem a nível mais baixo desde 2003

 

Boa Vista - Refugiados venezuelanos se preparam para deixar Roraima com destino a São Paulo e Cuiabá (Antônio Cruz/Agência Brasil)

 

Os fluxos migratórios permanentes para os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) diminuíram em 2020, ano de crise pandêmica, mais de 30%, para cerca de 3,7 milhões de pessoas. Foi o nível mais baixo desde 2003, informou hoje (28) a organização internacional.

 

Os indicadores constam na edição de 2021 do relatório International Migration Outlook, elaborado pela OCDE, que avalia o desenvolvimento recentes dos movimentos e políticas migratórias em 40 países, incluindo os 38 Estados (grande parte membros da União Europeia) que integram essa instituição fundada na década de 60.

 

A OCDE mostra que as alterações verificadas no campo das migrações foram impulsionadas principalmente pela pandemia de covid-19. O documento lembra que de 2020 para 2021 a maioria dos países-membros impôs restrições de viagens ou reduziu os serviços de imigração para conter a propagação do novo coronavírus.

 

A organização admite que "o real impacto" da pandemia de covid-19 sobre as entradas da chamada migração permanente no espaço OCDE poderá representar queda superior a 40%. Acrescenta que todas as categorias de migração permanente recuaram em 2020, com destaque para a migração familiar, que registrou declínio de mais de 35%.

 

"A migração laboral temporária também diminuiu drasticamente em 2020: a quantidade de trabalhadores sazonais no setor turístico caiu, em média, 58%, e as transferências entre empresas, 53%, enquanto o fluxo desses trabalhadores na agricultura diminuiu apenas 9%", de acordo com o relatório.

 

Sobre a União Europeia (UE), a OCDE afirma, citando dados preliminares, que os movimentos migratórios dentro do espaço comunitário foram ligeiramente menos afetados, com diminuição de 17%.

 

Em relação ao número de novos pedidos de asilo apresentados a países da OCDE em 2020, o relatório revela diminuição de 31%, "a queda mais acentuada desde o fim da crise dos Balcãs no início dos anos 90".

 

Pelo segundo ano consecutivo, a Venezuela foi o principal país de origem dos pedidos de asilo, seguido pelo Afeganistão e pela Síria.

 

O documento destaca ainda o "impacto muito forte" da crise pandêmica nos programas de recolocação e reinstalação de refugiados que, de 2010 para 2019, permitiram que mais de 1 milhão de pessoas que precisavam de proteção internacional fossem transferidas para um dos 38 países da OCDE.

 

"Apenas 34,4 mil refugiados foram reinstalados em 2020, dois terços a menos do que em 2019, o número mais baixo já registrado", diz o relatório.

- Estado Islâmico reivindica ataque no noroeste de Bagdá

O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do atentado terrorista contra uma localidade no noroeste de Bagdá, no Iraque, no qual pelo menos 12 pessoas morreram e 20 ficaram feridas.

O ataque de terça-feira (26) contra a vila de Al-Rachad, na província de Diyala, começou com o sequestro de seis "renegados", como o EI denomina os muçulmanos xiitas que, "após serem interrogados, foram mortos com metralhadoras". A informação está em nota divulgada pela organização extremista, nos seus canais de propaganda no Telegram,

A nota acrescenta que os agressores esperaram por reforços das "milícias renegadas", como chamam a Multidão Popular, uma fação majoritariamente xiita integrada às Forças Armadas, e realizaram uma emboscada.

Os habitantes da aldeia são principalmente da tribo Bani Tamim, à qual pertence o governador da província, segundo afirmaram duas fontes, após o atentado.

Nessa quarta-feira (27), as autoridades iraquianas informaram que pelo menos 12 pessoas foram mortas no ataque e 20 ficaram feridas durante outra ofensiva semelhante na cidade vizinha Nahr al Imam.

Após ascensão rápida em 2014 no Iraque e na vizinha Síria, com a conquista de vastos territórios, o EI viu o seu "califado" vacilar sob o impacto de sucessivos ataques nesses dois países.

O Iraque anunciou a derrota dos jihadistas no final de 2017, e a Síria declarou em 2019 vitória sobre o Estado Islâmico, que, no entanto, continua a ser uma ameaça e a realizar ataques em ambos os países.

No início de setembro, 13 membros da Polícia Federal iraquiana foram mortos em ataque do EI ao seu posto de controle perto de Kirkuk (norte).

Segundo relatório da ONU publicado no início de 2021, a organização jihadista mantém 10 mil combatentes ativos no Iraque e Síria.

O último grande ataque reivindicado pelo Estado Islâmico no Iraque, em julho passado, teve como alvo um mercado no distrito xiita de Sadr City, em Bagdá, que matou cerca de 30 pessoas.

 

Fonte: Agência Brasil