Cotidiano

Impactos físicos e mentais da Covid-19 podem durar um ano e afetar empregos





Estudo realizado em não vacinados apontou que sintomas como fadiga, névoa cerebral, dor de cabeça, distúrbios do sono e tontura foram sentidos até 12 meses depois da infecção

Pacientes com síndrome pós-Covid (também conhecida como “Covid longa”) podem ter sintomas por pelo menos 12 meses após a infecção inicial por Covid-19, impactando significativa e negativamente sua cognição, capacidade de trabalho, participação em atividades físicas, interação com outras pessoas, e sua qualidade de vida, de acordo com um estudo da Escola de Medicina Mount Sinai, nos Estados Unidos.

estudo, publicado na edição desta segunda-feira (25) do American Journal of Physical and Rehabilitation Medicine, é um dos primeiros a medir o prejuízo real e o impacto da Covid longa nos pacientes, e detalha os fatores que podem exacerbar seus sintomas.

O objetivo do estudo é ajudar a orientar legisladores e agências de saúde nacionais e internacionais no desenvolvimento de estratégias e políticas para apoiar esses pacientes durante sua longa recuperação, segundo os pesquisadores.

Segunda emergência de saúde pública

Para o autor sênior do estudo David Putrino, PhD, diretor de Reabilitação e Inovação para o Sistema de Saúde do Mount Sinai, a síndrome pós-Covid surge como “uma segunda emergência de saúde pública de longo prazo”.

Por isso, segundo ele, é imperativo compreender o peso desta nova condição e desenvolver intervenções direcionadas para ajudar os pacientes a participarem das atividades diárias, bem como políticas que os ajudem com sua deficiência e situação profissional.

“Este estudo é um lembrete preocupante de como os sintomas da Covid longa são gravemente debilitantes, o tributo que eles cobram da saúde e do bem-estar e do fato de que, sem tratamento ativo, esses sintomas parecem persistir indefinidamente”, completou.

A equipe de pesquisadores fez um estudo retrospectivo observacional de 156 pacientes tratados no Mount Sinai’s Center for Post-Covid Care entre março de 2020 e março de 2021. Os pacientes já haviam se infectado pela Covid-19 e ainda não haviam sido vacinados no momento do estudo.

Os pacientes preencheram questionários de pesquisa sobre sintomas persistentes e desencadeadores de exacerbação de sintomas em uma média de 351 dias a partir do primeiro dia de infecção – os pacientes receberam a pesquisa após agendar sua primeira consulta e marcaram o tempo após o envio.

Foram feitas perguntas detalhadas sobre fadiga, falta de ar, capacidade de realizar atividades físicas de intensidade moderada e vigorosa, função cognitiva, qualidade de vida relacionada à saúde, ansiedadedepressão, deficiência e seu status de emprego pré e pós-Covid-19.

Sintomas recorrentes

Os sintomas mais comuns relatados foram fadiga (82% dos pacientes), seguida por névoa cerebral (67%), dor de cabeça (60%), distúrbios do sono (59%) e tontura (54%).

Os pesquisadores realizaram uma avaliação mais detalhada da gravidade do comprometimento cognitivo autorrelatado e descobriram que mais de 60% dos pacientes com Covid longa tinham algum nível de comprometimento cognitivo (leve, moderado ou grave), com sintomas incluindo memória de curto prazo diminuída, dificuldade de lembrar nomes e problemas com a tomada de decisões e planejamento diário.

No total, 135 pacientes responderam a perguntas sobre seu emprego antes e depois da terem contraído a Covid-19, e o número de pacientes com trabalho em tempo integral (102) caiu para 55.

O estudo observou também fatores que os pacientes disseram ter sentido piora após a infecção por Covid-19. O maior gatilho foi o esforço físico (relatado por 86%dos pacientes), seguido por estresse (69%), desidratação (49%) e mudanças climáticas (37%).

Segundo Putrino, o resultado da pesquisa mostra que a Covid longa “é um problema que não está desaparecendo” e que, segundo ele, exigirão políticas públicas agressivas para apoiar e proteger os infectados pela Covid no longo prazo.

“Pesquisas futuras devem se concentrar em um monitoramento mais detalhado dos sintomas da Covid longa – compreender melhor como e porque eles estão acontecendo será crucial no desenvolvimento de tratamentos direcionados”, disse Putrino.

- Fiocruz: IFA nacional passará por 14 testes nos Estados Unidos

Entre os testes, o mais longo tem duração de 56 dias

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) enviou para os Estados Unidos dois lotes de pré-validação do ingrediente farmacêutico ativo produzidos no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos). Os lotes da matéria-prima para a produção da vacina AstraZeneca contra covid-19 foram aprovados em testes internos de controle de qualidade e agora passarão por mais 14 testes para garantir que possuem os mesmos parâmetros de qualidade do IFA importado.

A Fiocruz divulgou essa informação na última sexta-feira (22) e explicou que o processo de produção do IFA passa por um rigoroso controle, que inclui um total de 81 testes. Entre os 14 que serão realizados nos Estados Unidos, o mais longo tem duração de 56 dias.

Bio-Manguinhos começou a produzir o IFA nacional em 21 de julho, depois de ter recebido no início de junho bancos de células e vírus previstos no acordo de transferência de tecnologia assinado com a farmacêutica anglo-sueca. Além dos lotes de pré-validação que estão prontos, o instituto já iniciou a produção de mais quatro outros lotes, incluindo três de qualificação. "Até o final de 2021, Bio-Manguinhos/Fiocruz prevê dispor, dentre lotes de IFA produzidos e em processo, o equivalente a mais de 30 milhões de doses", informa a Fiocruz.

Além dos testes de qualidade, Bio-Manguinhos dará início no mês que vem ao processo de alteração do registro da vacina AstraZeneca na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Atualmente, o registro da vacina prevê que o IFA das doses é produzido no laboratório chinês WuXi Biologics, e, com a alteração, a Anvisa vai incluir Bio-Manguinhos como local de fabricação. A mudança é necessária para que a Fiocruz continue a fornecer a vacina ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Desde março, a fundação já entregou 113,8 milhões de doses da vacina, produzidas com IFA importado. Mais 16,7 milhões de doses já estão prontas e se encontram em diferentes estágios do processo de controle de qualidade. Dessas, cerca de 15 milhões poderão ser liberadas a partir da próxima semana.

- EUA: Vacinados contra Covid-19 têm menos probabilidade de morrer de outras doenças

Pesquisadores compararam pessoas imunizadas com vacinas da Pfizer, Moderna e Janssen a outras que receberam vacinas contra a gripe, mas que não foram vacinadas contra o coronavírus.

Pessoas que tomaram as vacinas contra Covid-19 não só têm menos probabilidade de morrer do vírus, mas também estão menos propensas a morrer de qualquer causa nos meses seguintes, relataram pesquisadores.

A equipe de pesquisa tentava demonstrar que as três vacinas contra Covid-19autorizadas para uso nos Estados Unidos – da Pfizer, da Moderna e da Janssen– são seguras e eles dizem que suas descobertas mostram isso claramente.

“Os imunizados com as vacinas Pfizer/BioNTech, Moderna ou Janssen tiveram menor risco de mortalidade por outras causas que não Covid-19 do que os grupos de comparação não vacinados”, escreveram os pesquisadores no relatório semanal do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

“As vacinas contra Covid-19 autorizadas nos Estados Unidos têm se mostrado continuamente seguras. Este estudo também confirma sua segurança”, afirmou à CNN Stanley Xu, pesquisador do Departamento de Pesquisa e Avaliação do Kaiser Permanente Southern California, que liderou a equipe do estudo.

“Na verdade, isso mostra que as pessoas vacinadas contra Covid-19 tiveram taxas de mortalidade mais baixas do que aquelas que não foram vacinadas, mesmo quando as mortes por Covid foram excluídas. Isso se soma às evidências de outros estudos que mostram que as vacinas são eficazes contra infecções por Covid-19.”

A equipe estudou 6,4 milhões de pessoas vacinadas contra a Covid-19 e as comparou a 4,6 milhões de pessoas que receberam vacinas contra a gripe nos últimos anos, mas que não foram vacinadas contra o coronavírus. Eles filtraram todos os que morreram de Covid-19 ou após um teste recente positivo para o coronavírus.

“Durante o período de dezembro de 2020 a julho de 2021, os receptores das vacinas contra Covid-19 tiveram taxas mais baixas de mortalidade de outras doenças do que as pessoas não vacinadas após o ajuste para idade, sexo, raça e etnia e local do estudo”, escreveram.

Pessoas que receberam duas doses de vacinas da Pfizer tiveram 34% de probabilidade de morrer de causas não relacionadas ao coronavírus nos meses seguintes em comparação com pessoas não vacinadas, descobriu o estudo.

As que receberam duas doses da vacina Moderna tiveram 31% de probabilidade de morrerem em relação às não vacinadas; e aquelas que receberam a vacina de dose única da Janssen (da Johnson & Johnson) tiveram 54% de probabilidade de morrer, disse Xu

Parte disso é provavelmente porque as pessoas que são vacinadas tendem a ser mais saudáveis do que as que não o fazem, observaram os pesquisadores.

“O menor risco de mortalidade após a vacinação com vacinas contra Covid-19 sugere efeitos substanciais (ou seja, pessoas vacinadas tendem a ser mais saudáveis do que pessoas não vacinadas), que serão explorados em análises futuras”, escreveram os pesquisadores.

“Esta descoberta reforça o perfil de segurança das vacinas contra Covid-19 atualmente aprovadas nos Estados Unidos. Todas as pessoas com 12 anos ou mais devem receber uma vacina contra Covid-19”, concluíram.

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil