Política

Bolsonaro sente o golpe da candidatura de Rodrigo Pacheco





O presidente Jair Bolsonaro deu mostras do quanto está preocupado com uma candidatura forte de terceira via, mais precisamente a do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que foi convocado pelo PSD para disputar a Presidência da República em 2022.

Contudo, para não passar recibo de que sentiu o golpe, Bolsonaro escalou o ministro da Economia, Paulo Guedes, para atacar o senador, que é visto como conciliador a capaz de aglutinar forças de centro e de direita que hoje rejeitam o governo.

Especialistas, inclusive, dizem que um candidato forte da terceira via pode tirar Bolsonaro do segundo turno das eleições, sendo o adversário do ex-presidente Lula, do PT, que lidera, com folga, todas as intenções de votos até agora.

Guedes, no seu papel de office boy, disse, neste domingo (24/10), que Pacheco não pode fazer “militância” no Senado, agora que se sabe que ele estará na disputa pela Presidência da República. Para o ministro, o senador precisa ajudar o governo a aprovar reformas, como a administrativa, além do projeto de lei que altera o Imposto de Renda, medida com a qual o governo conta para custear o Auxílio Brasil.

Reformas e militância

A declaração de Guedes ocorreu ao lado de Bolsonaro na saída de uma feira de pássaros no Parque de Exposições da Granja do Torto, em Brasília. O ministro assumiu de vez que deixou o tecnicismo de lado e vestiu o uniforme da política.

“Nós esperamos que o presidente do Senado avance com as reformas. Se ele se lança presidente da República agora, se ele não avançar com as reformas, como é que ele vai defender a própria candidatura dele?”, questionou o ministro a Economia.

Para Guedes, Pacheco “precisa avançar com as reformas. Ele precisa nos ajudar a fazer as reformas. Ele não pode fazer militância, e eu tenho certeza de que não vai fazer. Nós conversamos na semana passada. Ele falou: “Olha, nós temos que acelerar o precatório, aprovação. Nós temos que avançar com as reformas. O presidente do Senado sabe que nós estamos no caminho certo”, alegou.

Na avaliação do ministro, “Se ele (Pacheco) quiser, inclusive, se viabilizar politicamente como uma alternativa séria, tem que ajudar o nosso governo a fazer as reformas, porque o presidente quer avançar. Nós queremos avançar, o presidente da Câmara, (Arthur) Lira, quer avançar. Então, estamos esperando o Senado também nos ajudar a avançar. Todo mundo quer ajudar o Brasil a dar certo”, destacou.

- Facebook e Instagram derrubam live em que Bolsonaro associou Aids a vacina da Covid

Pela primeira vez empresa remove live semanal do presidente

O Facebook derrubou a live semanal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) transmitida na última quinta-feira (21).

O vídeo não está mais disponível nem no Facebook nem no Instagram.

De acordo com porta-voz da companhia, o motivo para a exclusão foram as políticas da empresa relacionadas à vacina da Covid-19. "Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de Covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas."

Em sua live semanal, Bolsonaro leu uma suposta notícia que alertava que "vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]".

Médicos, no entanto, afirmam que a associação entre o imunizante contra o coronavírus e a transmissão do HIV, o vírus da Aids, é falsa e inexistente.

Esta é a primeira vez que a empresa remove uma live semanal do presidente. Até hoje o Facebook só tinha derrubado um post de Bolsonaro relacionado à pandemia: um vídeo de março de 2020 em que ele citava o uso de cloroquina para o tratamento da doença e defendia o fim do isolamento social.

Apesar de o presidente reiteradamente espalhar desinformação em suas lives, as demais não foram excluídas pelo Facebook. Segundo a Folha apurou, a exclusão desta vez ocorreu porque a fala do presidente foi considerada taxativa pela empresa.

Em março, reportagem da Folha mostrou que Bolsonaro violou a política do Facebook sobre Covid-19 ao menos 29 vezes até então, apenas em 2021. Em 22 dos casos, isso ocorreu em suas lives às quintas-feiras.

Fonte: Correio Braziliense - Folha