Política

Bolsonaro diz que não vai interferir em preço de combusítiveis





Ao lado de Paulo Guedes, ministro da Economia, o presidente Jair Bolsonaro(sem partido) se defendeu das críticas por causa da inflação e do preço dos combustíveis. Ele afirmou que a Petrobras "fica amarrada" à política de preços atual e que não haverá interferência do governo para conter a alta.

"Não vamos interferir no preço de nada porque isso já foi feito no passado e não deu certo", afirmou Bolsonaro.

O discurso de Bolsonaro contradiz o que o próprio presidente defendeu em maio, quando mudou o comando da Petrobras. O presidente nomeou o general Joaquim Silva e Luna para o comando da empresa após demonstrar insatisfação com os constantes aumentos de combustíveis —os caminhoneiros são uma importante base eleitoral bolsonarista.

"Da nossa parte eu troquei o comando da Petrobras. No começo foi um escândalo. É para interferir mesmo, eu sou o presidente. Ou eu assumo e tenho que manter todo mundo empregado?", disse Bolsonaro em encontro com apoiadores.

Em meio à crise política criada com a decisão do governo de furar o teto de gastos para viabilizar o programa Auxílio Brasil —que substituirá o Bolsa Família—, Bolsonaro foi com Paulo Guedes a uma feira no parque de exposições da Granja do Torto, em Brasília.

Na última semana, a permanência de Guedes no cargo foi questionada, e o ministro viu sua posição junto ao mercado enfraquecida após uma onda de demissões na equipe econômica.

Bolsonaro voltou a abordar a possibilidade de privatizar a Petrobras.

"Não tenho poder de interferir sobre a Petrobras. Estou conversando com o Paulo Guedes sobre o que fazer com ela no futuro", afirmou.

Incomodado com as críticas, Guedes tentou sustentar a tese de que continua defendendo as bandeiras liberais e da austeridade fiscal. Ele disse em diversos momentos que segue apoiando o teto de gastos.

"Todos sabem que eu defendo o teto. O teto é uma bandeira nossa de austeridade", insistiu. "Eu sou defensor do teto, eu vou continuar defendendo o teto. Vou continuar defendendo as privatizações. Mas o presidente tem que tomar uma decisão muito difícil. Se ele respeitar o teto deixa 17 milhões passando fome."

Guedes ataca Lula e Pacheco

Em um gesto à base bolsonarista, Guedes fez críticas à esquerda e atacou adversários de Bolsonaro na disputa eleitoral de 2022. Citou nominalmente o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e fez menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas presidenciais para 2022, sem citá-lo nominalmente.

"A história de que o Brasil não vai crescer é narrativa política. Já está crescendo este ano e vai crescer mais no ano que vem. O presidente sempre apoiou as reformas. É um político popular, mas está deixando a economia ser reformista. Ele não é populista. Tem muito populista aí, inclusive candidato à Presidência, falando em R$ 600, R$ 700, R$ 800. Eles quebraram o Brasil e não taxaram os super-ricos. Quebraram o Brasil e não fizeram nada sobre essa roubalheira", disse Guedes, em referência ao valor defendido por Lula para o auxílio aos mais pobres na última semana.

Ele também tentou atribuir a Pacheco a responsabilidade por reformas propostas pelo governo, com a administrativa, não avançarem.

"[Pacheco] Se lança [candidato a] presidente da República agora. Como vai defender a própria candidatura dele se não avançar com as reformas? Não pode fazer militância também, e tenho certeza que não vai fazer", pressionou Guedes. "Se ele [Pacheco] quiser inclusive se viabilizar politicamente como uma alternativa séria precisa nos ajudar com as reformas. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), quer avançar, e precisamos que o Senado ajude também."

O presidente também respondeu as críticas de que o Auxílio Brasil, que tem validade até o fim de 2022, tem como único objetivo tentar viabilizar sua reeleição. Sobre a corrida eleitoral, Bolsonaro emendou: "Não estou pensando em eleição agora, tanto é que nem partido eu tenho".

Bolsonaro elogia Guedes

Depois de receber pressões para demitir o seu "Posto Ipiranga", Bolsonaro elogiou Guedes em diversos momentos.

"Paulo Guedes eu conheci praticamente um ano antes da eleição. Deposito total confiança nele. Trabalho excepcional em 2019 e principalmente em 2020", elogiou

O presidente ainda procurou defender o ministro das críticas que vem recebendo da oposição, intensificadas depois da revelação de que Guedes mantém o controle de empresas offshore em um paraíso fiscal enquanto comanda a economia brasileira. A informação foi publicada pela revista "piauí", com base na investigação transnacional Pandora Papers. O patrimônio de Guedes nessas empresas teve um aumento milionário com a alta do dólar frente ao real.

"Aqueles que acham que derrubar o governo é o suficiente, apresentem a solução. Se a solução for boa o Paulo Guedes acolhe agora", disse Bolsonaro.

- Guedes diz que reforma administrativa vai pagar Auxílio Brasil

Ministro citou economia pretendida de R$ 300 bilhões com a mudanças no funcionalismo ao longo da próxima década como "compensação" para mudanças no teto de gastos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou neste domingo (24) que a reforma administrativa poderia compensar parte da conta de R$ 30 bilhões que o governo precisou articular para acomodar o Auxílio Brasil no valor de R$ 400 até o fim de 2022.

Segundo Guedes, com uma economia de R$ 300 bilhões prevista no acumulado da próxima década a partir da aprovação da reforma, “não teria problema” em conceder o auxílio para os vulneráveis neste momento.

O ministro disse ainda que precisa “calibrar” a ala política e econômica do governo e que, mesmo assim, continua um “defensor do teto”: “Eu sou defensor e vou continuar defendendo teto, agora, o presidente tem que tomar decisão política muito difícil. Eu tenho que calibrar essa ajuda”, afirmou.

Guedes concedeu a entrevista no fim da manhã ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que reafirmou que a reforma administrativa não impactaria os atuais servidores. O ministro atribuiu o cálculo da economia a critérios de “meritocracia” e “disciplinamento” nas futuras contratações de órgãos públicos.

“São R$ 300 bilhões, pelo menos, que economizamos para o futuro sem atingir nenhum dos funcionários atuais, simplesmente pelo disciplinamento e meritocracia nas contratações futuras”, afirmou.

“O presidente precisava de R$ 30 bilhões a mais, e o Senado não avançou com a reforma do Imposto de Renda, que daria essa fonte”, disse. “A reformulação [do teto] é tecnicamente correta, as despesas e o teto estão casados”, declarou.

Na última semana, o texto aprovado da PEC dos Precatórios na comissão especial da Câmara dos Deputados adia o pagamento de parte das dívidas judiciais da União e altera a regra de correção do teto de gastos.

Antes corrigido pela inflação registrada em 12 meses até junho do ano anterior ao ano de exercício, a intenção é fazer com que o limite das despesas públicas seja atualizado com base no valor realizado até junho do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor-Amplo) relativo ao ano de encaminhamento do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) e o valor estimado até dezembro deste mesmo ano.

A PEC, no entanto, ainda precisa ser aprovada pelo plenário da Câmara dos Deputados.

Críticas

Na entrevista, Paulo Guedes também citou críticos e afirmou que dizer que o “Brasil não vai crescer” no próximo ano é uma “narrativa política”. “Naturalmente, precisamos seguir com as reformas”, acrescentou.

Além de criticar economistas que rejeitaram a proposta de mudança no teto de gastos, como Maílson da Nóbrega, Affonso Pastore e Henrique Meirelles, Guedes também citou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o pressionou para dar seguimento nas agendas de reforma na casa.

Guedes ainda citou a possibilidade de Pacheco concorrer à presidência da República nas eleições de 2022, algo pretendido pelo seu novo partido, o PSD, conforme afirmado pelo presidente da sigla, Gilberto Kassab.

“Se ele [Rodrigo Pacheco] não avançar com reformas, como vai defender a própria candidatura? Não pode fazer militância também. Temos que acelerar [a aprovação da] PEC dos Precatórios, ele sabe que estamos no caminho certo”, disse.

- Guedes diz que Bolsonaro é popular e comprometido com reformas

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez mais um ató pró-ministro Paulo Guedes (Economia). Depois de dar declaração conjunta na 6ª feira (22.out.2021) afirmando que Guedes continua no governo, o chefe do Executivo chamou o czar da Economia para outra entrevista a jornalistas, neste domingo (24.out).

Bolsonaro visitou uma feira de expositores de passarinhos no Parque de Exposições da Granja do Torto, em Brasília. Assim que saiu, recebeu Guedes na portaria do salão para falar com a imprensa.

“O Brasil foi um dos países que menos caiu. A gente deve ao Paulo Guedes, à sua competência e à sua liberdade para trabalhar”, disse o presidente.

Na entrevista, da qual também participaram apoiadores de Bolsonaro, Guedes afirmou que o presidente é popular, e não populista, e que ele defende reformas e privatizações.

“Eu acredito [na aprovação da reforma administrativa]. O presidente da Câmara, Arthur Lira, está comprometido com isso, aprovou o Imposto de Renda, que daria um reforço ao Bolsa Família. Ele está comprometido. O presidente da República também sempre apoiou as reformas. Ele é um político popular, mas ele também está deixando a economia ser reformista. Ele não é um populista. Ele fica num difícil equilíbrio.”

Bolsonaro diz que Guedes fica até o fim: “Vamos sair juntos”

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou neste domingo (24.out.2021) que o ministro Paulo Guedes (Economia) permanecerá no cargo até o fim de seu governo.

“A gente vai sair junto, fica tranquilo. Bem lá na frente”, disse o chefe do Executivo em entrevista a jornalistas no Parque de Exposições da Granja do Torto, em Brasília, ao lado do ministro. 

Esse foi mais um ató pró-ministro depois da declaração conjunta na 6ª feira (22.out), 1 dia após a debandada no Ministério da Economia.

Neste domingo (24.out), Bolsonaro visitou uma feira de expositores de passarinhos no Parque de Exposições da Granja do Torto. Assim que saiu, recebeu Guedes na portaria do salão para falar com a imprensa:

“O Brasil foi um dos países que menos caiu. A gente deve ao Paulo Guedes, à sua competência e à sua liberdade para trabalhar”, disse o presidente.

Na entrevista, da qual também participaram apoiadores de Bolsonaro, Guedes afirmou que o presidente é popular, e não populista, e que ele defende reformas e privatizações.

“Eu acredito [na aprovação da reforma administrativa]. O presidente da Câmara, Arthur Lira, está comprometido com isso, aprovou o Imposto de Renda, que daria um reforço ao Bolsa Família. Ele está comprometido. O presidente da República também sempre apoiou as reformas. Ele é um político popular, mas ele também está deixando a economia ser reformista. Ele não é um populista. Ele fica num difícil equilíbrio.”

Confira outras notícias:

- Temer sugere declarar calamidade para não romper teto de gastos

O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) afirmou, em artigopublicado neste domingo (24.out.2021) no jornal Folha de S.Paulo, que o governo poderia usar o artigo 167 da emenda do teto de gastos para aumentar o valor do programa Bolsa Família. É o trecho da lei que trata de calamidades públicas e que foi usado no ano passado devido à pandemia.

Para o ex-presidente, a situação da pobreza, acentuada nos últimos 2 anos pela pandemia, é calamitosa, o que justifica o uso do artifício.

Há sempre a preocupação de que os vulneráveis, acentuada sua pobreza, possam rebelar-se e, em consequência, praticar atos que desagreguem a nação brasileira. Este fato revela a razoável imprevisibilidade e, em consequência, a urgência a que alude o artigo 167, parágrafo terceiro, já mencionado. Acresce que um dos princípios fundamentais da nossa Constituição é a ‘erradicação da pobreza’ a teor do seu artigo 3, III”, escreveu o ex-presidente.

Temer afirma que essa solução traria duas vantagens: permitiria o aumento e enviaria o sinal de que o governo continua levando a questão fiscal a sério.

Sei que estou levando essa interpretação às últimas consequências, mas ela tem duas vertentes sistêmicas: de um lado, reconhece que é ‘calamitosa’ a realidade do pauperismo brasileiro; de outro, aplica regra constitucional que não elimina o teto de gastos públicos. Somente assim demonstraremos ao mercado interno e internacional a nossa seriedade fiscal e a nossa preocupação com a pobreza.

Em 2020 e 2021, o país decretou calamidade pública em função da pandemia do novo coronavírus. Dessa forma, foi possível gastar além do que o teto determinava. O auxílio emergencial foi um dos destinos desse dinheiro.

Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Economia, Paulo Guedes, disseram que irão pedir permissão para gastar além do teto em uma ampliação do Bolsa Família que será levada a cabo em 2022, ano que Bolsonaro deve concorrer à reeleição.

Em pronunciamento conjunto na 6ª feira (22.out), Guedes disse que não “gosta” de furar o teto, mas que se tratava de uma opção para não deixar os pobres desassistidos.

Se está muito feliz que está furando o teto? Não. Eu detesto furar o teto. Eu não gosto furar o teto, mas não estamos aí só para tirar 10 no fiscal”, disse Guedes. Ele falou que lutou até o fim pela manutenção do teto de gastos, mas disse que o país teve que escolher entre “tirar 10 em fiscal e 0 no social”.

Temer foi o presidente que criou o teto de gastos, em 2016. Na época, ao lado do então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, estipularam o prazo de 20 ano para a regra.

- "O Brasil será entregue arrasado", afirma Doria sobre resultado da gestão de Bolsonaro

Pré-candidato tucano crê que a terceira via é o caminho obrigatório para retirar o país da crise, agravada pela conduta de Jair Bolsonaro

A poucas semanas da prévia que definirá o candidato do PSDB à Presidência da República, o governador de São Paulo, João Doria, acredita que a disputa com o colega Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, e o ex-senador Arthur Virgílio fortalece a legenda e a democracia. Ele está convencido de que o nome da terceira via será um tucano. Confia, também, na maturidade dos líderes de outras legendas para chegar a um consenso em torno de um candidato em condições de vencer a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.

Aberto ao diálogo em relação a futuras alianças, Doria é implacável quando se refere ao presidente da República. Considera o governo atual “um desastre completo”, e não apenas pela conduta ante a pandemia. A crise aguda na política econômica, com a confirmação do rompimento do teto de gastos e o encolhimento de Paulo Guedes, resultará em um quadro devastador para o próximo ocupante do Planalto. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Correio, na última sexta-feira.

O partido sairá unido das prévias?

Estamos a menos de 30 das prévias do PSDB. Em 21 de novembro, 1,4 milhão de filiados votarão no candidato que desejam para concorrer à Presidência da República. E estamos a um ano das eleições. Há cinco semanas, não se falava da terceira via do PSDB. Foi o início das prévias do PSDB que colocou o partido dentro do debate sucessório. O valor da prévia é esse. Prévias somam, agregam, promovem e legitimam candidaturas.

Eduardo Leite tem dito que não emprestou o nome dele a Bolsonaro. Como enxerga as diferenças de cada um dos pré-candidatos tucanos em relação ao presidente?

Minha posição é muito clara. Sou oposição ao governo Bolsonaro, e praticamente desde o início. Não me tornei opositor ao governo depois da crise da pandemia. Aliás, foi o maior desastre da história do país o comportamento de um presidente negacionista, que comprou cloroquina e não vacina, que disse que a pandemia era uma “gripezinha”. Negou a gravidade e nega até hoje. Nem se vacinou. Que tipo de exemplo um homem desses dá, que pretende ser o líder do Brasil, que não se vacina, que é contra a vacina, não usa a máscara, tira a máscara de criancinhas? A minha posição é absolutamente contrária a esse governo, que é um fracasso em tudo.

Mas há, no PSDB, uma discussão sobre os erros que teriam sido cometidos em 2018.

É o momento de olhar para frente. Temos que focar nas soluções dos problemas e não na análise do passado. A solução para o desemprego é a ação efetiva do governo federal e de governos estaduais na geração de trabalho. O que vai resolver ficar no errou aqui, errou acolá? Temos que buscar a sintonia das soluções democráticas e por políticas públicas na educação, na saúde, na habitação, no emprego, na proteção ambiental, na reinserção do Brasil no contexto internacional, no respeito à imprensa.

Qual a saída para financiar o Auxílio Brasil e pagar os precatórios?

Diminuir o tamanho do Estado. Fazer a lição de casa, algo que o governo federal não fez. Diminuir o Estado para ter mais recursos para investimento no social. Faça a lição de casa, presidente Bolsonaro. Faça aquilo que prometeu. Reduza o tamanho do Estado, venda estatais. A irresponsabilidade fiscal é tamanha que secretários da Economia pediram demissão, por não confiar em Paulo Guedes por entender que só há um comando nesse governo, o da incompetência de Jair Bolsonaro.

O senhor é a favor da privatização da Petrobras?

Sou a favor da privatização, não para fazer do monopólio público um monopólio privado, e sim uma modelagem que permita à Petrobras ser dividida em várias empresas e ser colocada em leilão internacional na Bolsa de Valores do Brasil. É o mesmo modelo que os Estados Unidos seguiram. Além de uma empresa dividida, defendo a obrigatoriedade da formação de um fundo regulador. Quando houver aumento do petróleo nas cotações do mercado internacional, esse fundo regulador impedirá que o aumento se reflita imediatamente no preço do combustível ou do gás.

E em relação a Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES? O PSDB fará o quê?

Não posso falar em nome do PSDB, mas, se eu vencer, o Banco do Brasil será privatizado. Tem bons profissionais e boa estrutura. Mas não há necessidade de termos dois bancos (a Caixa e o BB). Já o BNDES, não. Pode ser readequado, para que cumpra efetivamente o papel de banco de desenvolvimento econômico e social, principalmente, das micro, pequenas e médias empresas. E que ele passe a ser um regulador.

A crise econômica, agravada com o enfraquecimento de Guedes, terá consequências para o próximo presidente da República. O que mais o preocupa, se eleito para 2023?

O Brasil será entregue arrasado. Esse é o pior governo da história da República. É um desastre completo. Veja a inflação. Aumento do óleo de cozinha, 30%; arroz, 36%; açúcar, 12%; farinha, 15%. Todos com dois dígitos. Não há novos investimentos. Qual a grande política econômica do Brasil? Não há. Não tem projeto, como não tem também para a educação. A saúde é exemplo mundial de inépcia. Vamos para a área ambiental: o Brasil hoje é um país isolado na comunidade internacional pelas suas agressões ao meio ambiente. Terra arrasada. Efetivamente, terra arrasada.

Nessa terra arrasada, em 2023, qual será a prioridade?

Educação, geração de empregos, saúde e proteção ambiental. São quatro prioridades para serem atacadas em harmonia. Vamos precisar ter um pacto pelo Brasil, um pacto social e liberal ao mesmo tempo. Liberal para que possamos desestatizar a economia. E fazer um pacto com outros partidos para garantir a governabilidade.

Mas, antes de chegar lá, é preciso vencer as prévias. O PSDB terá candidato de qualquer jeito?

Vou fazer uma pergunta, bem-humorada: se você fosse uma empresa em busca de um CEO, quem você escolheria? Alguém com experiência, que já tenha administrado empresas e governos, ou alguém sem experiência, embora com boa índole, idoneidade?

Isso é bem diferente quando se fala em eleição. Em 2018, o país escolheu Jair Bolsonaro, que não tinha nenhuma experiência administrativa.

Veja: 52% dos brasileiros não querem nem Bolsonaro, nem Lula. Essa é a sabedoria popular. A construção da terceira via será pelo diálogo e pela consistência de valores. Um erro do passado não justifica um erro do futuro. O Brasil errou elegendo Jânio Quadros, mas acertou elegendo Juscelino Kubitschek e Fernando Henrique Cardoso. É preciso ter confiança no voto, no sistema democrático, na capacidade da população de pensar. Pergunte aos mais pobres se estão felizes por não terem emprego. Essas pessoas sabem que vão precisar de um líder que lhes dê oportunidade, emprego, comida no prato, saúde e educação.

O senhor diz que 52% do eleitorado não querem Lula nem Bolsonaro. Mas há uma profusão de candidatos para a terceira via. Caberá ao eleitor decidir em meio a tanta gente?

Caberá à política. O eleitor terá opção quando a política definir quais são os candidatos. Os extremos, nós já temos: Lula e Bolsonaro. A terceira via estará dentro da candidatura que vencer as prévias do PSDB e da capacidade de dialogar com outros partidos. Será uma demonstração de maturidade dos partidos, que saberão dialogar dentro do centro democrático para, mesmo com diferenças, encontrarem o candidato mais competitivo. Se formos fracionados, não seremos vitoriosos.

O discurso do senhor é altamente polarizado contra Bolsonaro. Como o eleitor vai diferenciar o senhor, candidato da terceira via, de Lula, maior opositor do atual presidente?

Com diálogo e com campanha. Quando Fernando Henrique Cardoso se lançou à campanha presidencial, tinha modestos 3% das intenções de voto. E se elegeu presidente da República. Juscelino Kubitschek tampouco era alguém que vinha do mundo operário. Foi eleito presidente. E foi brilhante, assim como FHC. Campanha: essa é a beleza da democracia.

Mas FHC tinha acabado de lançar o Plano Real. E não vemos um candidato com fôlego para enfrentar os extremos.

Insisto: 10 meses antes da eleição, o pai do Real tinha 3% da intenção de voto. O entusiasmo veio ao longo da campanha, não veio no início. A vacina é o Plano Real de hoje. Ajudou a salvar milhões de vidas. Há algo mais importante do que a vida? Não há. E a vacina foi viabilizada pelo PSDB. Esse é um ativo importante. As pessoas não vão se lembrar disso agora, mas o farão no ano que vem, quando o processo vacinal estiver completo. A vacina é um grande ativo, que terá a sua lembrança no momento oportuno, como foi com o Plano Real.

A CPI da Covid cumpriu o seu papel?

Cumpriu de forma digna e ampla. Produziu um relatório robusto, que indica nove crimes do presidente Bolsonaro, claramente tipificados. A repercussão internacional foi gigantesca. E o efeito disso no governo Bolsonaro ainda será sentido nos próximos meses, não só pelas medidas que terão de ser adotadas. A CPI não pode terminar em um relatório sem que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tome a iniciativa necessária, sob pena de impeachment do próprio procurador-geral. Tenho confiança de que Augusto Aras é um homem digno e terá que conduzir esse processo adiante.

Mas a política é feita de momento. Esse relatório ainda terá importância no ano que vem, no calor da eleição? Ou será esquecido?

Acredito que terá importância, sim. A dor da perda de uma vida não se apaga fácil. Quem perdeu parentes para a covid-19 não esquece. Não tive parentes, mas tive amigos muito queridos que perderam a vida. Poderiam ter vivido mais 20, 30 anos, se não fosse a desídia, a falta da vacina no tempo certo e a incapacidade do governo de defender o isolamento, o uso de máscara. Perdi amigos que tomaram cloroquina, que acreditaram que o kit covid poderia salvá-los. Deixaram viúvas, filhos desalentados. Essas pessoas não se esquecem da perda de um ente querido. Essa memória não se apaga facilmente.

E a questão orçamentária, que está cada vez mais complicada com essas emendas RP9?

Bizarra, absurda, uma subversão da ordem. Pela primeira vez na história da República, o orçamento é controlado pelo presidente da Câmara. Ministros de Estado pedem audiência com o presidente da Câmara Federal para deliberar orçamento. Isso não existe. É inconcebível, para não dizer bizarra, uma circunstância em que o Poder Executivo se submete a ter que dialogar com o presidente da Câmara para estabelecer emendas para habitação, educação, saúde, ciência, tecnologia, meio ambiente. Essa é uma função do Executivo. É um governo enfraquecido, completamente dominado pelo Centrão, entregue ao presidente da Câmara, um governo sem rumo. É uma nau sem rumo no Brasil.

Sobre política social: o que pretende fazer para os milhões em situação crítica?

Pretendo fazer a Bolsa do Povo, como em São Paulo. Mas aqui teve reforma administrativa. Não estamos furando o teto de gastos. A Bolsa do Povo tem R$ 585 por mês para famílias vulneráveis. Em contrapartida, há o trabalho. Fizemos o Vale-Gás, em operação desde março. Fizemos o Dignidade Íntima, comprando R$ 70 milhões em absorventes para meninas de famílias vulneráveis poderem ir à escola mesmo no período menstrual. Fizemos programas de acolhimento a vítimas da covid. São R$ 300 por mês para subvencionar órfãos da pandemia. São políticas sociais sérias, bem executadas, não são projetos para o futuro. Essa será a política que, se avançarmos nas prévias e na eleição, pretendemos praticar em todo o Brasil.

Fonte: Correio Braziliense - Poder360 - UOL - CNN Brasil