Política

'Teto é símbolo de austeridade, mas não vamos deixar milhões passarem fome', diz Guedes em pronunciamento com Bolsonaro





O ministro da Economia, Paulo Guedes, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, disse em entrevista coletiva na tarde desta sexta (22/10) que o teto de gastos do governo será flexibilizado por causa do agravamento da crise econômica no país.

Ele fez a afirmação citando a saída de integrantes da equipe econômica no dia anterior que não concordaram com a linha proposta pelo Planalto.

"Nós entendemos os mais jovens (que pediram demissão da equipe econômica) que dizem 'olha a linha é aqui não pode furar o teto'. Nós entendemos a política que diz o seguinte 'olha o teto é um símbolo de austeridade, é um símbolo de compromisso com as gerações futuras, mas nós não vamos deixar milhões de pessoas passarem fome para tirar 10 em política fiscal e tirar zero em assistência aos mais frágeis."

A entrevista foi concedida após grande expectativa de que Guedes deixasse o governo por uma possível discordância sobre o aumento de R$ 100 no Auxílio Brasil (programa que deve substituir o Bolsa Família), o que comprometeria as contas públicas - o valor do benefício subiria para R$ 400.

Ele citou em diversos momentos da entrevista que essa flexibilização não muda a filosofia de responsabilidade fiscal. "Quanto mais próximo da eleição, mais fura-teto tem. É natural. Todo mundo quer ganhar eleição, todo mundo quer gastar um pouco, agora, a nossa função é fazer tudo dentro da responsabilidade fiscal e não deixar isso acontecer a não ser em um episódio muito especial."

Guedes afirmou que "não é confortável para a economia flexibilizar o teto, mas estamos falando de milhões de desemparados (pela pobreza), temos que escolher. Não é irresponsabilidade fiscal. Não estamos aqui para tirar (nota) 10 no fiscal".

Ele também afirmou que em nenhum momento pediu demissão do cargo - em meio a especulações quanto a se seria substituído no Ministério da Economia.

Guedes afirmou que prevê gastos acima de R$ 30 bilhões em face do quadro social.

"Como nós temos que manter a nossa trajetória de consolidação fiscal o que nós estamos fazendo? Gastamos R$ 26,5 bilhões durante a crise. R$ 19,5 bilhões neste ano e em vez de R$ 17,5 bilhões no ano que vem [para] tirar [nota] 10 em [política] fiscal e zero em preocupação social, deixa gastar um pouco mais. E aí eu falava pouco mais de R$ 30 bilhões para atender tudo isso."

Ele agregou que o objetivo é dar "previsibilidade" aos gastos, para dar fim à incerteza que, segundo ele, é o que tem abalado as expectativas do mercado, levando à alta do dólar e da inflação.

O ministro da Economia também comentou o subsídio prometido pelo presidente Bolsonaro para o combustível dos caminhoneiros.

"Não é subsidiar gasolina, diesel, para todos os brasileiros quando nós justamente estamos indo em direção a uma economia verde, digital no futuro. Não é subsidiar o uso de poluentes, é subsidiar quem carrega a comida, quem trouxe a comida para atender supermercados durante a crise. O Brasil roda em cima disso aí. Então se for um número e nós estamos falando de um número um pouco mais de R$ 3 bilhões. Pouco mais de R$ 3 bilhões para ajudar os caminhoneiros a fazer a comida chegar, apesar de subir o curso de transporte", disse

"E mais uns R$ 30 bilhões para o Auxílio Brasil atender a 16 milhões de famílias com um conceito que já no início da campanha política o presidente tinha."

Fonte: BBC News Brasil