O Governo Federal e a Johnson & Johnson, fabricante da vacina de dose única da Janssen, confirmaram que o contrato entre as partes será cumprido. Além da antecipação de 1,8 milhão de doses em junho, 36,2 milhões serão entregues até o final do ano pela J&J.
O Brasil recebeu outros 3 milhões de doses em julho, por meio de doação do governo dos Estados Unidos.
Questionado pela CNN, o Ministério da Saúde ainda não respondeu como esse novo lote de imunizante será utilizado, já que a Janssen é dose única e só está autorizada em adultos.
A empresa informou à CNN que os estudos mostraram que quando um reforço da vacina foi administrado seis meses após a dose única, os níveis de anticorpos aumentaram nove vezes após uma semana e continuaram a subir para 12 vezes mais após quatro semanas a partir do reforço.
Já com o reforço administrado dois meses após a primeira dose, os níveis de anticorpos aumentaram de quatro a seis vezes mais do que os observados após a dose única.
A companhia forneceu os dados disponíveis para a Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês), dos EUA, órgão correspondente à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). E planeja enviar os dados para o governo brasileiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Grupos Técnicos Consultivos Nacionais sobre Vacinação (GTCVs ou NITAGs) em todo o mundo para auxiliar na tomada de decisão e estratégias locais de administração de vacinas, conforme necessário.
Mas apenas 4,8 milhões de brasileiros poderiam receber a possível dose de reforço, número recebido e aplicado no país. Não existem estudos divulgados sobre a intercambialidade (mistura de diferentes imunizantes).Sobrariam 31,4 milhões de doses. A validade da vacina, a partir da fabricação, é de 2 anos quando armazenada a -20 graus Celsius, e apenas seis meses quando refrigerada a temperaturas entre 2 e 8 graus Celsius, que é o que acontece na imensa maioria dos municípios brasileiros.
Até o momento, a Janssen só conseguiu autorização pra uso emergencial junto a Anvisa. A empresa informou também que “Segue trabalhando em estreita cooperação com a Agência nesse processo para obter todas as certificações necessárias e avançar com o pedido de registro definitivo de sua vacina contra a COVID-19 para indivíduos com 18 anos ou mais até o final de 2021”.
A reportagem também questionou à Anvisa e o Ministério da Saúde sobre o registro definitivo e se a doação de vacinas da Janssen é uma possibilidade. A Anvisa disse que ainda não recebeu pedido de registro definitivo por parte da empresa.
Na última semana o ministro da Saúde Marcelo Queiroga confirmou que pode doar a vacina da Janssen pra outros países caso ela não consiga o registro definitivo da vacina junto à ANVISA.
“Acredito que a Janssen não vai ter dificuldade nenhuma para obter um registro definitivo. Mas qualquer dose, se nós tivemos um excedente de doses, uma das possibilidades a se considerar é apoiar alguém que precise mais do que nós” disse Queiroga, que já afirmou que em 2021 só vai fazer parte do PNI vacinas com registro definitivo, hoje caso apenas de AstraZeneca e Pfizer.
A CNN apurou que o principal motivo para que o Governo opte apenas por vacinas com registro definitivo é que a “autorização de uso emergencial” só vale até o Ministério da Saúde decretar o fim do estado de emergência em saúde no país, o que pode acontecer quando a Organização Mundial da Saúde decretar o fim do estado pandêmico da covid-19. Ou seja, com o fim da pandemia, as vacinas que tem apenas o uso emergencial não poderiam ser aplicadas.
O Governo e a Janssen não divulgaram a data de entrega do próximo lote do imunizante no Brasil.
- Ministério da Ciência aposta em spray anti-Covid para mãos à base de nióbio
Uma startup mineira desenvolveu um spray anti-Covid à base de nióbio que, segundo os criadores, pode proteger as mãos por até 24 horas contra o novo coronavírus.
Uma parte do financiamento do projeto foi custeada com recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Cerca de R$ 500 mil foram recebidos por meio de um edital específico de combate à Covid-19.
Segundo Luiz Carlos Oliveira, sócio da Nanonib e professor do departamento de Química da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o spray, chamado Innib 41, foi produzido a partir de uma molécula desenvolvida antes da pandemia. Ela tem ação contra vírus e também 18 tipos de bactérias resistentes, ele conta.
O produto já foi submetido para a avaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e ainda aguarda parecer. No processo, ao menos quatro reuniões foram feitas com o órgão regulador.
A Anvisa disse, por nota, que está avaliando a segurança e eficácia do ativo antisséptico em processo enviado pela Nanonib. Esta é uma etapa anterior ao processo de autorização do produto final que busca verificar o funcionamento e segurança do novo componente.
"A depender do resultado desta avaliação, o ingrediente poderá compor, no futuro, produtos cosméticos utilizados para a higiene das mãos. Todos os processos relacionados ao enfrentamento da Covid tem sido avaliados com prioridade pela Anvisa", disse em nota.
O começo da produção deve ocorrer somente depois da resposta da agência, de acordo com os pesquisadores. Para essa etapa, eles contam com outros investidores, além dos recursos do ministério.
Antes de ser submetido à Anvisa, o spray passou por pesquisa em laboratório e foi testado em 300 pessoas. Oliveira explica que o spray não é tóxico pelo fato de usar baixa concentração de nióbio, minério que é o 41º elemento da tabela periódica .
"Submetemos o produto a uma empresa especializada em testar toxicidade em moléculas novas com metodologia reconhecida internacionalmente. Todos os estudos de segurança e eficácia foram feitos e mostraram que o produto não é tóxico, podendo ser usado também em crianças", conta o pesquisador.
Segundo Oliveira, o projeto foi pensado para Covid para ajudar principalmente as pessoas que não conseguem higienizar as mãos com muita frequência, como operadores de caixa de supermercado e motoristas de aplicativos.
A remoção, em caso de necessidade, pode ser feita apenas com água —sabão não é essencial para isso, de acordo com o cientista.
A Nanonib é uma startup criada dentro da UFMG pelos professores Oliveira, Jadson Belchior e Cinthia de Castro. A empresa é especializada em produtos à base de nióbio.
Os responsáveis começaram a trabalhar com esse minério pelo fato de o Brasil ser o maior produtor e exportador de nióbio do mundo. "Nós vimos que essa seria uma oportunidade de achar aplicações diferentes para o nióbio", afirma Oliveira.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é um entusiasta do nióbio. Ele citou o elemento químico antes e durante a campanha eleitoral de 2018. Já eleito, ele também não deixou que fosse esquecido.
Em visita ao Japão em 2019, por exemplo, ele disse que o Brasil aproveita mal o metal, que pode ser usado em gasodutos, turbinas e até em foguetes espaciais e reatores nucleares.
Na semana passada, Bolsonaro participou da abertura da 1ª Feira Nacional do Nióbio, em Campinas (SP), ao lado do ministro Marcos Pontes (Ciência). Na ocasião, o chefe do Executivo destacou a importância do mineral para o país.
- Cerca de 30 milhões de brasileiros aptos ainda não se vacinaram, diz Sbim
O Brasil ultrapassou a marca de 100 milhões de pessoas com imunização completa contra a Covid-19 entre vacinados de duas doses (Pfizer, AstraZeneca e Coronavac) e dose única (Janssen). Apesar disso, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Juarez Cunha, há um número expressivo de pessoas que já poderia ter completado seu esquema vacinal ou recebido a primeira dose, mas que ainda não foram aos postos de saúde.
“É claro que a gente tem que festejar estes quase 50% da população com a dose plena, com duas doses ou dose plena, e os 71% que já receberam a 1ª dose. Ao mesmo tempo, nos preocupa que, se nós temos 151 milhões de pessoas que receberam a 1ª dose, significa que temos cerca de 30 milhões de pessoas que poderiam ter se vacinado e ainda não se vacinaram”, ressaltou o executivo em entrevista à CNN.
Cunha detalha que estes indivíduos estão incluídos no público-alvo da campanha, ou seja, não fazem parte do número de crianças menores de 12 anos, que ainda aguarda a autorização de uma vacina contra a Covid-19 para as faixas etárias mais baixas. “Precisamos melhorar ainda mais nossas coberturas vacinais, lembrando que a proteção do indivíduo também impacta a proteção do coletivo”, defendeu.
O presidente da Sbim acredita, contudo, que o Brasil chegará a uma alta porcentagem de vacinados entre a população uma vez que, segundo ele, “o brasileiro acredita e confia nas vacinas”, disse Cunha. “Nós temos certeza que o Brasil será o país com os maiores níveis de cobertura vacinal do mundo”, completou.
Atitudes como a do presidente Jair Bolsonaro, que disse que não vai se vacinar, colaboram para essa dispersão, mas os efeitos do discurso negacionista tem sido apenas relativo. “Apesar de alguns recados, inclusive dos governantes, serem ao contrário, o brasileiro está aderindo de forma bastante importante à vacinação”, diz o representante da instituição.
Bolsonaro diz que seu índice de IgG (proteínas do sistema imunológico) está alto por conta de já ter se infectado com a Covid-19. No entanto, Cunha explica que ainda não há na literatura um estudo que diga qual nível de IgG um indivíduo deve ter para ser considerado como isento do risco de reinfecção. “Ainda não temos resposta para dizer que a pessoa que tem um IgG de 900 está protegida.”
O presidente da Sbim afirma que a vacina e a proteção natural conferem diferentes tipos de imunidade, e que aqueles já vacinados têm chances menores de transmitir Covid-19 para os demais. “Então, é uma decisão muito egoísta não se vacinar. Você pode até ter algumas restrições e dúvidas, mas você está colocando os outros em risco”, diz.
- Rússia ultrapassa mil mortes por Covid por dia pela primeira vez desde o início da pandemia
A Rússia registrou, neste sábado (16), 1.002 mortes por coronavírus. É a primeira vez que o país ultrapassa mil óbitos em um único dia desde o início da pandemia. No total, 22.315 faleceram na Rússia em razão da doença.
Já os novos casos de Covid-19, confirmados nas últimas 24 horas, também atingiram recorde. Foram relatados 33.208 infectados, segundo a força-tarefa russa contra o coronavírus. Com isso, o número total de casos confirmados saltou para 7.958.384.
Fonte: CNN Brasil - Folha