Cotidiano

Na pandemia, brasileiros ficam mais de 10 horas por dia na frente de telas





O contato dos brasileiros com as telas, como televisão, computadores, tablets e celulares, aumentou mais de 60% durante a pandemia da covid-19. Um estudo elaborado por pesquisadoras de universidades federais de Minas Gerais revelou que a exposição dos brasileiros às telas durante a pandemia aumentou de 6,5 horas para 10,5 horas por dia. 

A pesquisa foi realizada com objetivo de avaliar mudanças nos hábitos diários, escolhas alimentares e estilo de vida de brasileiros adultos durante a crise sanitária. O estudo foi publicado pela revista Public Health Nutrition e também indicou prejuízos à alimentação e à prática de atividades físicas durante a pandemia.

Infelizmente, o aumento no tempo de tela tem sido uma realidade em outras populações durante a pandemia, já demonstrada em canadenses e iranianos e está relacionado ao aumento do estilo de vida sedentário”, afirma o estudo.

A prática de exercícios caiu de 120 para 80 minutos semanais. O recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é entre 150 e 300 minutos de prática leve ou moderada de exercícios.

Houve aumento do consumo de alimentos processados, refeições instantâneas e lanches, além de uma queda no consumo de frutas e vegetais. A pesquisa indicou ainda uma mudança na rotina dos voluntários, especialmente nos hábitos alimentares.

O aumento da frequência no consumo de bebidas alcoólicas e cigarros também foi observado pelo estudo –mesmo com alertas de autoridades sanitárias sobre o tabagismo e alcoolismo estarem associado a um aumento de possíveis complicações para pacientes com covid-19.

A pesquisa foi conduzida pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFLA (Universidade Federal de Lavras), UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e UFV (Universidade Federal de Viçosa).

O estudo começou cerca de 5 meses depois do início de medidas de distanciamento social no país. A pesquisa foi respondida por 1.368 pessoas com 18 anos ou mais de agosto a setembro de 2020.

- Remuneração do professor no Brasil pode variar em até R$ 3,3 mil a depender do estado

Pesquisa realizada pela plataforma Catho sobre os profissionais da rede particular de ensino mostra as diferenças do vencimento médio nas 27 unidades da Federação. O do DF é o mais bem remunerado, enquanto o potiguar é o que tem o menor rendimento

Um levantamento realizado pela plataforma Catho sobre os profissionais de ensino, e divulgado ontem, no Dia do Professor, mostra a dura realidade da vida daquele profissional que é responsável pela formação e pelo futuro de gerações de cidadãos. Isso porque as médias salariais daqueles que atuam na rede de ensino privado variam de modestos R$ 1,7 mil a até R$ 5 mil. Um deputado federal, por exemplo, recebe, mensalmente, R$ 33.763 pelo exercício do mandato, sem incluir cotas como a de exercício para atividade parlamentar ou de contratação de pessoal — que podem levar os vencimentos para mais de R$ 100 mil.

Segundo o estudo, as unidades da Federação que oferecem a maior média de remuneração, atualmente, são Distrito Federal (R$ 5.167,64), Pará (R$ 4.341,34) e Maranhão (R$ 4.223,44). O Rio Grande do Norte é o estado que oferece a menor média de remuneração (R$ 1.798,51) aos educadores.

Quando a pesquisa divide por grau de ensino, os professores universitários são os que têm o salário mais elevado: de R$ 8.761,33. Os profissionais do ensino médio vêm bem abaixo, com remunerações de R$ 3.861,64 — para práticas pedagógicas — e de R$ 3.749,40 — para o ensino de línguas estrangeiras. Os que atuam no ensino fundamental recebem entre R$ 2.941,30 e R$ 3.035,21 para lecionar, respectivamente, educação física e matérias regulares.

Dados sobre a carreira de professorDados sobre a carreira de professor (foto: editoria de ilustração)

A discrepância se acentua quando se coloca, lado a lado, a média remuneratória do professor brasileiro e a da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nos anos finais do ensino fundamental, apresentam os piores salários entre 40 países avaliados em um estudo divulgado em setembro.

Um brasileiro recebe R$ 131.407 (US$ 25.030) por ano no nível pré-primário; R$ 133.171 (US$ 25.366), no primário; R$ 135.135 (US$ 25.740), no secundário inferior geral; e R$ 140.301 (US$ 26.724), no secundário superior geral. As mesmas faixas nas nações da OCDE são R$ 213.711 (US$ 40.707), R$ 239.856 (US$ 45.687), R$ 251.937 (US$ 47.988) e R$ 271.682 (US$ 51.749) — respectivamente, no pré-primário, no primário, nos secundários inferior e superior. Mesmo os professores universitários, que no Brasil recebem salários maiores, têm vencimentos 48,4% inferiores em relação à média da organização econômica.

Segundo o professor Thiago Aquino, autor de livros sobre Educação, Educação Física e Gestão, os fatores políticos e sociais de cada estado interferem na média salarial da profissão. “´É um processo histórico, mas que os governos precisam olhar com um pouco mais de intensidade, frente às condições de valorização deste profissional extremamente importante. As condições de salário estão também intimamente ligadas com o PIB e per capta e o desenvolvimento humano do estado. Cada vez mais devemos olhar para as condições de trabalho, a remuneração salarial e a formação continuada”, explicou.

Para o deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF), um dos membros da Frente Parlamentar de Educação, mesmo nos estados onde os salários dos profissionais são considerados mais altos, o valor ainda assim não é suficiente. “O Distrito Federal tem um custo de vida muito alto e tem uma renda per capita muito maior do que São Paulo, que está em segundo lugar. Por isso, o salário dos professores do DF tem a aparência de ser muito mais alto do que a média nacional. Mas, em poder de compra, isso não é verdade”, alerta.

Saúde mental

Além da desvalorização detectada pela pesquisa, o pedagogo e psicanalista pela Sociedade Internacional de Psicanálise de São Paulo, Geraldo Peçanha de Almeida, avalia que os desafios da proifissão impactam a saúde mental dos professores. “Há, sim, uma desvalorização social, política, laboral, profissional e salarial em relação ao professor. Na Universidade Brasília, o professor Vanderlei Kodo, que é um dos maiores pesquisadores da saúde mental da profissão no Brasil, colheu números assustadores: dos dois milhões e meio de professores, metade, pelo menos, tem Síndrome de Burnout ou Síndrome de Desistência da Profissão”, explicou.

Segundo Peçanha, grande parte dos profissionais da área acaba desistindo da função quando se depara com a realidade do ofício. “Nessa hora é que a gente vê um número tão grande, ou seja, 50%, pelo menos, dos professores, estão desistindo da profissão. Isso não é só porque o ambiente é desgastante. A gente se pergunta: por que o professor está tão cansado, estressado, desistindo da profissão e adoecendo? A maioria dos professores entra na profissão iludida”, explica.

- GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA AFETA DESENVOLVIMENTO DA AMÉRICA LATINA

Uma audiência na Corte Interamericana de Direitos Humanos expôs um problema que atinge a América Latina. Paola del Rosario Albarracín, então com 14 anos, era estudante de um colégio público no Equador e começou a apresentar baixo rendimento escolar. O vice-reitor da instituição ofereceu passá-la de ano, com a condição de manter relações sexuais com ela. Aos 16 anos a jovem se suicidou, por sua gravidez na adolescência. O Estado do Equador foi considerado culpado pela vulneração de direitos de Paola, entre eles o de uma vida livre de violência sexual no âmbito educativo, tendo em conta disposições da Convenção Interamericana para Prevenir, Sancionar e Erradicar a Violência contra a Mulher e da Convenção sobre os Direitos da Criança, documentos que visam garantir o respeito aos direitos humanos. 

Unicef aponta que 80% das violências sexuais na América Latina são cometidas em meninas de 10 a 14 anos, sendo que 90% dos casos se repetem. A região é a segunda em mais casos de gravidez em adolescentes de 15 a 19 anos: 62 casos para cada 1000 jovens. Entretanto, este número oscila entre os países. Enquanto Chile tem 41 casos, Equador conta com 111, considerando a mesma faixa de análise. Brasil está na média do continente, o que não é um bom sinal. Os dados são do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que analisou os números por 10 anos. 

 

Um levantamento feito pela reportagem mostra que a desigualdade no ensino e nas práticas de educação em sexualidade na América Latina explica a disparidade no ranking de gravidez na região. Como consequência, podem-se verificar outros problemas sociais: entre os 25 países com mais episódios de feminicídio e bullying no mundo, 14 e 10, respectivamente, estão na América Latina (dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe e da ONG Bullying Sin Fronteras, respectivamente). 

A Unesco considera a educação sexual como forma de crianças e adolescentes receberem informações que permitam a tomada de decisões responsáveis na sexualidade e relações interpessoais. O relatório “Diretrizes Técnicas Internacionais sobre Educação Sexual” apresenta uma abordagem baseada em evidências de escolas e profissionais com um programa de sexualidade voltado para estudantes de 5 a 18 anos. O documento mostra que a educação sexual é elemento fundamental para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), redução de episódios de gravidez na adolescência (com maior conhecimento dos métodos contraceptivos), contribui para retardar o início da vida sexual e reduz casos coercitivos de violência. 

Mas os benefícios vão além dos direitos individuais. Estima-se que os países latino-americanos perdem, em média, 0,35% do Produto Interno Bruto devido à gravidez na adolescência (UNFPA). O número ajuda a traçar os benefícios que programas de educação sexual poderiam trazer, principalmente em se tratar de uma região com baixo Índice de Desenvolvimento Humano. Segundo o Banco Mundial, Brasil teria produtividade igual ou superior a 3,5 bilhões de dólares se mulheres adolescentes atrasassem a gravidez até os 20 anos de idade. A UNFPA apontou que mulheres que tiveram filhos na adolescência ganham em média 24% menos em comparações com as que foram mães na fase adulta. Estes dados contribuem, segundo a organização, a aumentar o ciclo de pobreza na América Latina.

O informe do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas de 2018 enfatizou a importância de que os países promovam acesso universal à educação sexual. Entretanto, ainda há resistência. Em 2020, uma resolução do México ao mesmo conselho abordou a importância da educação sexual no âmbito escolar, mas países foram contra, como Egito, Arábia Saudita, Rússia, Catar, Bahrein, Paquistão, Iraque e Brasil. 

Os recuos sobre esta temática no Brasil podem ser observados em recentes momentos do país. Em 2011, o Governo Federal anunciou a criação de um kit chamado “Escola sem homofobia”. O material abordaria situações relacionadas à diversidade sexual, também como forma de diminuir a violência contra a comunidade LGBTQIA+. O projeto foi suspenso quando deputados ameaçaram obstruir votações na Câmara e propor uma CPI. A presidente Dilma Rousseff declarou que o projeto não continuou pois o considerou inadequado. Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro solicitou o recolhimento de cadernetas de saúde para adolescentes onde continham imagens de como prevenir a gravidez e ISTs. No ano seguinte, os ministérios da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e da Saúde anunciaram a campanha “Adolescência primeiro, gravidez depois – tudo tem o seu tempo”. Especialistas concluíram que a inciativa sugeria a abstinência sexual como melhor forma de evitar uma gravidez na adolescência e reconhecem que este não é o método mais indicado para tratar do tema. 

Leis de educação sexual nos países da América Latina 

A Unesco mapeia políticas de educação com o intuito de traçar informações estatísticas sobre as situações sociais e educacionais da região. Após a reportagem analisar aproximadamente 500 documentos disponibilizados pela organização, foi possível avaliar a atenção dada à educação sexual na região. 

As leis de Argentina, Chile, Costa Rica e Uruguai são as que mais se aproximam do ensino sugerido nas convenções internacionais. Como resultado, as três últimas têm alguns dos menores índices de gravidez na adolescência na América Latina. Isso significa um sistema de saúde menos congestionado, menor evasão escolar por parte de mães jovens e menos crianças em famílias sem estrutura básica. 

A Argentina vem desenvolvendo ações de educação sexual nas escolas, pois estudo apontou a forte relação do suicídio na adolescência com assuntos relacionados a gênero, abuso sexual, orientação sexual e bullying, temas também abordados em uma educação sexual integral.

Há situações em que tragédias promoveram o debate e mudança de pensamento. Em 2014, o colombiano Sergio Urrego, 16, decidiu tirar a própria vida após ter sofrido discriminação por profissionais da escola onde estudava, devido à sua orientação sexual. Dias antes do crime prescrever, a psicóloga do colégio foi declarada culpada e a mãe da vítima criou um instituto para ajudar familiares e jovens que passam por situações semelhantes. 

O tema ainda é controverso. Algumas escolas e pais apresentam resistência sobre o assunto e acham que abordar a educação sexual na escola pode causar uma erotização do sexo e antecipar experiências. Segundo a especialista Mary Neide Figueiró, autora de quatro livros sobre o tema, além de trabalhar conceitos de sexualidade na biologia e fisiologia, “a educação sexual tem como foco a formação integral da criança, adolescente e jovem, desenvolvendo valores como respeito a si e ao outro, justiça, igualdade, amor, fraternidade, empatia, o que contribui para reforçar a humanidade nas pessoas e torná-las aptas a contribuir com um mundo de paz”.

- Democracia e racismo estrutural

O racismo estrutural da sociedade brasileira induz a mídia a situar  sempre um cidadão preto  como criminoso, como fez uma jornalista  ao entrevistar Martinho da Vila , cidadão brasileiro, portador de poesia, musicalidade, identidade  , sabedoria e  que traz em seu nome artístico um território que toca o coração dos cariocas: Vila Isabel. Neste bairro, onde viveu Noel Rosa, encontramos a escola de samba Unidos de Vila Isabel, situada no Boulevard 28 de setembro, dia da Lei do Ventre Livre  e que homenageará  Martinho no próximo carnaval.

Criada em 1871 por José Maria da Silva Paranhos,  a Lei do Ventre Livre trazia a proposta de abolir gradualmente a escravidão no país, determinando que os filhos de escravizadas nascidos a partir daquela data seriam considerados livres. Tal proposta criou dois cenários para dar a liberdade , pois previa que a mãe ficasse com os filhos até os 8 anos. Após esta idade, até 21 anos, poderia ser entregue a uma instituição do estado com direito a uma indenização pelos anos   trabalhados  ou ficar com a mãe aos cuidados do senhor.

Martinho da Vila é um dos sambistas que mais tem lutado contra o racismo, seja em suas composições musicais, suas produções artísticas e sua literatura. Com mais de quinze livros publicados, estabeleceu uma relação de aproximação da cultura negra do Brasil com os cantares e a literatura de Angola, fazendo uma verdadeira ponte entre o Brasil e os países africanos de expressão portuguesa. Através de seu projeto Kizomba- -encontro, confraternização- estabeleceu um contato da sociedade brasileira com a arte de artistas angolanos, moçambicanos  e congoleses, trazendo, também, espetáculos de teatro e dança da África do Sul, do Quenia e dos Estados Unidos. Conseguiu criar um elo profundo entre o Rio de Janeiro e Angola, apresentando na Sala Cecilia Meireles um espetáculo de música angolana: O Canto Livre de Angola. Em seus discos introduziu ritmos angolanos e moçambicanos, além de palavras em quimbundo, língua falada pelos escravizados que aqui chegaram.. Acreditando no poder da educação fez um CD com Rildo Hora intitulado  Você não me pega  , dedicado ao seu filho Preto Ferreira, por acreditar que todas as crianças pretas precisam conhecer suas origens africanas, jogando capoeira, dançando jongo ;se  orgulhando de seus ancestrais.

A  preocupação de Martinho com a educação brasileira é legitima. É preciso mudar as leis,  transformando a mídia, que precisará encarar seriamente a questão racial, respeitando os pensadores pretos como ele, Emicida, Muniz Sodré e muitos outros. Se faz necessário cumprir leis como a 10639/03 que determina o ensino de cultura negra nas escolas.  A educação é visceralmente política e o nosso modelo de educação tem que se estruturar em uma educação descolonizada, pautada em nosso povo. Um país como o Brasil tem como desafio reinventar uma forma própria de educação.

As escolas de samba mostram um caminho com sua forma peculiar de contar histórias.  Para o carnaval de 2022 elas  refletem sobre suas tradições, como a Mocidade ao evidenciar sua preocupação com o meio ambiente  com seu enredo sobre Oxossi , o orixá das matas. que  caça e preserva a natureza.. Na Portela teremos a manutenção das tradições do samba ao falar do Baobá, árvore sagrada, que mostra  a africanidade  da comunidade preta. Já  a Grande Rio trata da capacidade  de transformação  da sociedade, mostrando o orixá EXU, responsável por comunicação e mudança. Elas sabem que a luta contra o racismo vem de longe, sendo que após 150 anos da Lei do Ventre Livre as mulheres pretas continuam sem ter liberdade para seus filhos, pois ela só é assegurada numa sociedade democrática e equânime, que aceite a diversidade e possibilite oportunidade igual para todos. Por conta disto o Salgueiro traz o enredo Resistência, evidenciando a luta pelos direitos humanos da população preta em nosso país.

A pressão dos grupos econômicos mais poderosos vem sendo exercida desde sempre, apresentando uma lógica política  de que a riqueza do país deve beneficiar quem investe e não as pessoas do povo. Assim, os mais ricos são beneficiados em detrimento da população menos favorecida, basicamente a comunidade preta, não considerada cidadã, apesar de todas as leis criadas incluindo  o 13 de maio e a Constituição de 1988.

A  Constituição de 1988  é conhecida como democrática, mas o Brasil não é uma democracia racial porque a discriminação racial e o racismo  são, ao mesmo tempo, uma prática e uma ideologia que assolam, implacavelmente, o cotidiano das pessoas negras, suas famílias e suas comunidades. . As elites e os brancos pobres não foram preparados para aceitar a mudança racial. Permanece intocada a questão da raça, da relação entre patrões e empregadas/os  e de segurança pública.

Os policiais continuam perseguindo e matando a comunidade negra, como nos anos 30.  Segundo o relatório do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESC) de 2019, intitulado A Cor da Violência: a bala não erra o alvo, nossa sociedade está organizada para usar o racismo como motor da violência. Apresentam em seu relatório números que comprovam que praticamente todos os mortos em ações policiais em cinco estados brasileiros são negros. Assim sendo, o debate de segurança pública em nossa sociedade tem de ser centrado em raça. Segundo nossa Constituição de 1988 todos são iguais perante a lei, mas verificamos que não são tão iguais assim.  Comprovamos tal desigualdade neste momento de pandemia com mais de seiscentos mil mortos, sendo os que mais adoecem e morrem os das comunidades pobres e pretas. Conceição Evaristo  em 2008, no seu Poemas de Recordação e outros momentos, esclarece:

“Os ossos de nossos antepassados

Colhem as nossas perenes lágrimas

Pelos mortos de hoje.

Os olhos de nossos antepassados,

Negras estrelas tingidas de sangue,

Elevam-se das profundezas do tempo

Cuidando de nossa dolorida memória.

A terra está coberta de valas

E a qualquer descuido de vida

A morte é certa.

A bala não erra o alvo, no escuro

Um corpo negro bambeia e dança

A certidão de óbito, os antigos sabem

Veio lavrada desde os negreiros.”

 

Fonte: Poder360 - Correio Braziliense - Congresso em Foco