Política

Bolsonaro diz que chora no banheiro por risco de decisão causar sofrimento





O presidente Jair Bolsonaro disse que “chora sozinho no banheiro” da sua casa com o risco de que alguma decisão “mal tomada” possa fazer muita gente sofrer. O chefe do Executivo participou da “Conferência Global 2021 – Millenium”, um evento evangélico em Brasília.

“Quantas vezes eu choro sozinho no banheiro em casa. Minha esposa nunca viu, ela acha que eu sou o machão dos machões. Em parte acho que ela tem razão até”, afirmou o presidente. “Uma decisão minha mal tomada muita gente sofre, mexe na bolsa, no dólar, no preço do combustível”. 

Bolsonaro também voltou a dizer que não manda na Petrobras. “Agora toda vez que aumenta o combustível a culpa cai para mim. Será que temos que privatizar a Petrobras ou não?”. O presidente já tinha falado em privatizar a estatal- 

Durante sua participação no evento, também afirmou que pedirá fim da Bandeira Escassez Hídrica no próximo mês.

“Meu bom Deus nos ajudou agora com chuva. Estava na iminência de um colapso. Não podíamos transmitir pânico para a sociedade. Dói a gente autorizar o ministro Bento das Minas e Energia decretar a bandeira vermelha. Sabemos da dificuldade da energia elétrica. Vou pedir para ele, pedir não, determinar que ele volte a bandeira normal a partir do mês que vem”, declarou.

Confira outras notícias:

- Bolsonaro veta projeto que dá nome de João Goulart para rodovia

Em sua justificativa, o presidente explicou que homenagens a personalidades históricas, como Jango que foi deposto pela ditadura, não podem ser inspiradas "por práticas dissonantes das ambições de um Estado Democrático"

O presidente Jair Bolsonaro vetou um projeto de lei que dá o nome do ex-presidente João Goulart (1918-1976) à quase totalidade da BR-153, mais conhecida como Belém-Brasília. A rodovia federal com cerca de 3.500 km de extensão perpassa as cidades de Marabá, no Pará, e Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul.

A proposta que busca homenagear o presidente deposto pelo golpe militar, é de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e foi aprovada pelo Senado em 2012. Em setembro deste ano, foi aprovada pela Câmara. Com o aval das duas Casas, o texto seguiu para sanção presidencial.

No veto, Bolsonaro afirma que consultou os ministros Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura; e Ciro Nogueira, da Casa Civil. Para ele, por atravessar oito estados, a medida não considera "as especificidades e as peculiaridades de cada estado".

Isso porque "homenagear apenas uma figura histórica poderia representar descompasso com os anseios e as expectativas da população de cada unidade federativa abrangida pela rodovia".

Além disso, o presidente destacou que personalidades históricas do país podem ser homenageadas "desde que a homenagem não seja inspirada por práticas dissonantes das ambições de um Estado Democrático".

Filho de Jango comenta veto de Bolsonaro

João Vicente Goulart, filho de Jango, escritor e filósofo, respondeu a decisão e afirmou que: "(o pai) jamais admitiria ser homenageado por esse atual presidente. Esse veto, partindo de Bolsonaro, é até um elogio. É para colocar no currículo de João Goulart".

Em entrevista ao jornal O Globo, ele ainda afirmou que “é mais um ganho na biografia gigante do Jango".

- Bolsonaro pede mais depoimentos e tenta adiar julgamento no TSE

Pedido pode tirar a relatoria do caso das mãos do corregedor da corte, ministro Luis Felipe Salomão

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no final da noite desta quinta-feira um pedido para que haja novos depoimentos nas ações que pedem que a chapa encabeçada por ele e pelo vice Hamilton Mourão sejam cassadas pela corte.

Na prática, se os pedidos de depoimentos forem aceitos, o julgamento poderá ser adiado e até mesmo o relator atual, Luis Felipe Salomão, ser trocado. Isso porque ele deixa a corregedoria do TSE no final do mês e será substituído por Mauro Campbell.

Foi Salomão, junto com o ministro do STF Alexandre de Moraes, que articulou o compartilhamento de provas do inquérito das fake news após a live de Bolsonaro atacando as urnas eletrônicas. Nas alegações finais apresentadas na noite desta quinta, o presidente pede que sejam ouvidos o empresário Otavio Fakhoury e a jornalista Patricia Campos Mello, autora das reportagens que embasaram a ação promovida no TSE pelo PT.

“É de extrema importância que, uma vez já decidido por esta Egrégia Corte a reabertura da fase instrutória, fase em que nos encontramos no percurso processual, que seja oportunizado, a partir da análise das provas compartilhadas pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, a oitiva do empresário Otávio Oscar Fakhoury, por ter seu nome sido citado por inúmeras vezes nos autos dos inquéritos das Fake News e dos Atos Antidemocráticos como sendo o responsável pela confecção de material de campanha eleitoral, como forma de comprovar os argumentos de defesa deste Investigado, caso esse ponto venha a ser considerado no julgamento, bem como seja a jornalista Patrícia Toledo de Campos Mello obrigada a fornecer os documentos que diz ter respaldado as matérias jornalísticas, como forma de compreender no que se fundam suas alegações, que serviram de base para o ajuizamento da presente ação de investigação judicial eleitoral.”

É Salomão quem decide se ambos devem ser ouvidos. Há uma tendência de que ele rejeite, mas dessa decisão cabe um recurso que pode ser julgado apenas quando Campbell já tiver assumido o cargo.

As ações no TSE apontam que houve abuso de poder econômico pela dupla nas eleições de 2018 em razão do financiamento para que houvessem disparos em massa a seu favor via WhatsApp.

Na ação, assinada pela advogada do presidente, Karina Kufa, Bolsonaro menciona que a acusação nunca foi comprovada.

“O processo inteiro, portanto, foi fundado em argumentos que refletem mero viés de confirmação, ou seja, os documentos apresentados nunca comprovaram as alegações e tais alegações eram preexistentes, sendo que todas as tentativas de fundamentar as acusações possuíam claro objetivo de conduzir este Tribunal ao resultado desejado pela parte, e não aquele auferido pelo escorço probatório, que jamais teve a capacidade de demonstrar os direitos alegados.”

Também afirma que o compartilhamento dos inquéritos dos atos antidemocraticos e das fake news promovidos neste ano pelo STF para ajudar a reforçar as ações não obtiveram sucesso por se tratarem de fatos posteriores às eleições.

“Ora, Excelência, o primeiro ponto que desqualifica por completo as provas compartilhadas pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal é a distância que o conteúdo possui dos elementos aqui debatidos, porque os fatos investigados nos inquéritos 4.828 e 4.781 possuem como linha de corte o período pós-eleições de 2018, posterior, portanto, à campanha presidencial. Querer encontrar elementos que se conectem ao período aqui debatido é anacrônico.”

Bolsonaro chega a citar o julgamento da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer pelo TSE em 2017 como exemplo de que o objeto da ação inicial não pode ser estendido durante o curso da ação. Naquela ocasião se discutiu a possibilidade de inclusão de provas colhidas pela Lava Jato. Ele porém faz a ressalva de que, segundo ele, havia provas robustas contra Dilma-Temer ao contrário dele.

“Essa decisão, inclusive, se coaduna com precedente desse Egrégio Tribunal quando do julgamento da chapa Dilma-Temer (autos 7- 61.2015.6.00.0000), definindo-se que os fatos delineados na inicial não poderiam ser alargados durante a instrução para análise de ilegalidades ocorridas no pleito. Importante destacar que nesse julgamento, ao contrário do que se apurou na instrução dos presentes autos, as provas eram robustas, devidamente demonstradas por meio da comprovação de caixa dois eleitoral e abuso do poder político e econômico, porém os autores somente tiveram conhecimento do esquema de corrupção eleitoral após a deflagração da operação Lava-Jato. Assim, acompanhando precedente histórico, que deve servir de parâmetro interpretativo à presente controvérsia, o conteúdo dos inquéritos 4.828 e 4.781, por possuírem em seu núcleo probatório exclusivamente supostos fatos não previstos na inicial, devem ser completamente descartados.”

O presidente também, por meio de sua advogada, critica o material compartilhado nos inquéritos.

“Ocorre que, para a surpresa das partes, vieram aos autos inúmeros documentos que não nutrem qualquer pertinência com a temática aqui debatida, constando, inclusive, conteúdo de natureza íntima, como discussões de casais por aplicativos de mensagens, diálogos sobre o cotidiano de indivíduos – por exemplo, o que será servido no jantar – dentre inúmeros outros pontos que merecem o total desprezo e desconsideração como prova.”

- MPE se manifesta contra ações que pedem cassação da chapa Bolsonaro-Mourão

MPE (Ministério Público Eleitoral) se manifestou  pela rejeição de duas ações que pedem a cassação da chapa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do seu vice, Hamilton Mourão (PRTB), pelo suposto impulsionamento ilegal de mensagens em massa via WhatsApp nas eleições de 2018. Os processos tramitam no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

De acordo com o vice-procurador-geral Eleitoral Paulo Gustavo Gonet Branco, não há elementos suficientes para apontar irregularidades na campanha de Bolsonaro. Eis a íntegra da manifestação (665 KB).

“Os elementos carreados aos autos não são suficientes para a procedência dos pedidos veiculados nas ações de investigação judicial eleitoral. É certo que o abuso de poder econômico e o uso indevido dos meios de comunicação social, para justificar a gravosa sanção de cassação do registro ou diploma e a inelegibilidade, devem ser comprovados por prova robusta e convergente do ilícito perpetrado. Esse ônus, que recai sobre o representante, não pode ser dado como atendido na espécie”, diz o documento.

Gonet Branco também cita decisões recentes do TSE. Em fevereiro, a Corte eleitoral julgou improcedentes duas ações semelhantes movidas contra Bolsonaro e seu vice.

“Em resumo, o Tribunal assentou não estarem comprovados nem a contratação de
empresas de marketing digital para disparos em massa, nem as mensagens com conteúdo falso, nem os disparos em massa. Afirmou-se não demonstrada a compra de base de dados de usuários fornecida por empresas de estratégia digital para disseminar notícias inverídicas de conteúdo eleitoral”, afirmou.

A manifestação foi feita em ações movidas pela coligação “O Povo Feliz de Novo”, formada por PT, PC do B e Pros. De acordo com os processos, Bolsonaro cometeu abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Eventual condenação levaria a cassação da chapa de Bolsonaro e poderia tornar o presidente inelegível.

No último dia 29, o ministro Luis Felipe Salomão, relator dos casos no TSE, deu prazo de 10 dias para que Bolsonaro, Mourão, os autores da ação e o MPE apresentassem alegações finais nos processos. As alegações são a última etapa antes de as ações serem julgadas pela Corte.

- O impeachment teria hoje 140 votos a favor, afirma cientista político

Os cientistas políticos André Sathler e Ricardo Braga fazem coro quando o assunto é o impedimento ou não do presidente Jair Bolsonaro: não apostem  um centavo no impeachment! Essa é a conclusão a que os  responsáveis pela produção, coleta e análise dos dados do Painel do Poder chegaram com base nas análises realizadas junto aos parlamentares no Senado e na Câmara dos Deputados. O Congresso em Foco Talk foi mediado pelo jornalista Rudolfo Lago.

"O impeachment, hoje, teria na faixa de 140 votos e, para isso, são necessários 352 votos. Essa realidade está muito distante", cravou André Sathler ao falar sobre os humores de deputados e senadores em relação ao assunto. Cerca de 8 em cada 10 parlamentares são contra o impeachment do atual chefe do Executivo.

 

Até mesmo entre os congressistas que se identificam como terceira via, de olho nas eleições de 2022, a intenção de interromper o mandato de Bolsonaro não vinga, de acordo com Ricardo Braga.

"Existe toda uma conversa que a eleição tenha uma terceira via, mas ela é contra o impeachment. A terceira via tem muito mais possibilidade [nas eleições] se Bolsonaro se enfraquecer ou sair da disputa", explica Braga.

Mas o que poderia mudar o rumo e o humor dos parlamentares para que o impeachment entrasse na pauta? Tanto para André Sathler quando para Ricardo Braga parece não haver nada que possa abalar a inércia  do Congresso.

"A moralidade no Brasil é de conveniência. Se nós precisarmos de mais agressões morais para um impeachment nós bateremos recorde. Questões de corrupção, de pandemia não têm mais poder de alavancar um processo de impedimento", analisa Braga.

Fonte: Poder360 - Congresso em Foco - Correio Braziliense - CNN Brasil