Cotidiano

Nossa Senhora Aparecida, Mãe da Esperança





Em seu pontificado, inúmeras foram as referências de Francisco à Padroeira do Brasil. Em 2017, nos 300 anos do encontro da imagem, afirmou que “em Aparecida aprendemos a conservar a esperança, a deixar-nos surpreender por Deus e a viver na alegria".

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Que cada brasileiro encontre Nossa Senhora “em seu coração, assim como os pescadores A encontraram no rio. Busquem nas águas de seus corações e a encontrarão, porque Ela é mãe” (outubro de 2018).

Em seu pontificado, inúmeras foram as referências de Francisco à Padroeira do Brasil.

Em visita à Casa da Mãe, em 2013, o Papa inclusive mencionou um fato que o impressionou ainda como Cardeal, por ocasião da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe: “ver como os Bispos – que trabalharam sobre o tema do encontro com Cristo, discipulado e missão – eram animados, acompanhados e, em certo sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que vinham diariamente confiar a sua vida a Nossa Senhora”.

O Santuário Nacional, afirmou Francisco na ocasião, “faz parte da memória do Brasil” e “serve de exemplo: três pescadores, depois de um dia sem conseguir apanhar peixes, nas águas do Rio Parnaíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição".

“Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende.”

Brasileiros, não desanimem

Na mensagem pelos 300 anos do encontro da imagem (2017), o Pontífice afirmou que “em Aparecida, aprendemos a conservar a esperança, a deixar-nos surpreender por Deus e a viver na alegria. Esperança, querido povo brasileiro, é a virtude que deve permear os corações dos que creem, sobretudo, quando ao nosso redor as situações de desespero parecem querer nos desanimar”.

“Não se deixem vencer pelo desânimo. Não se deixem vencer pelo desânimo. Confiem em Deus, confiem na intercessão de nossa Mãe Aparecida. No Santuário de Aparecida e em cada coração devoto de Maria podemos tocar a esperança que se concretiza na vivência da espiritualidade, na generosidade, na solidariedade, na perseverança, na fraternidade, na alegria que, a sua vez, são valores que encontram a sua raiz mais profunda na fé cristã.”

No dia 12 de outubro de 2019, no âmbito dos trabalhos do Sínodo dos Bispos para a Amazônia o Papa Francisco gravou uma mensagem ao povo brasileiro:

“No dia de Nossa Senhora Aparecida, trago no coração o povo brasileiro e envio uma saudação. Que Ela, pequenina e humilde, continue os cobrindo e acompanhando em seu caminho: caminho de paz, de alegria, de justiça. Que Ela os acompanhe em suas dores, quando não podem crescer por tantas limitações políticas ou sociais ou ecológicas, e de tantos lugares provêm. Que Ela os ajude a crescer e a se libertar continuamente. Que os abençoe.”

Mas voltemos ao ano de 2013, com o Ato de Consagração a Nossa Senhora:

Ó Maria Santíssima, pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, em vossa querida imagem de Aparecida, espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil.

Eu, embora indigno de pertencer ao número de vossos filhos e filhas, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis; consagro-vos a minha língua para que sempre vos louve e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas.

Recebei-me, ó Rainha incomparável, vós que o Cristo crucificado nos deu por Mãe, no ditoso número de vossos filhos e filhas; acolhei-me debaixo de vossa proteção; socorrei-me em todas as minhas necessidades, espirituais e temporais, sobretudo na hora de minha morte.

Abençoai-me, ó celestial cooperadora, e com vossa poderosa intercessão, fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda eternidade. Assim seja!

Arcebispo de Aparecida: 'Para ser pátria amada não pode ser pátria armada'

O arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes, afirmou hoje que o Brasil, "para ser pátria amada não pode ser pátria armada", durante uma missa para celebrar o dia de Nossa Senhora Aparecida.

Para ser pátria amada seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos os irmãos construindo a grande família brasileira Dom Orlando Brandes

A fala do religioso foi aplaudida pelos presentes.

"Pátria amada" é o slogan do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Dom Orlando não citou o nome do mandatário, mas facilitar o acesso às armas e munições é uma bandeira de Bolsonaro desde a época em que ele era deputado federal.

No mês passado, o presidente voltou a reforçar, em conversa com apoiadores, o seu discurso armamentista e afirmou saber que um fuzil custa caro, mas pediu a quem não quer comprar a arma que não "encha o saco" daqueles que desejam. 

Também em agosto, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes incluiu o presidente na investigação para apurar a disseminação de notícias falsas.

Os ministros da Cidadania, João Roma, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, acompanharam a missa. O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e o secretário estadual de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, também estiveram no Santuário. Bolsonaro passa o feriado no Guarujá, litoral paulista.

'Brasil enlutado' e 'vacina sim'

Durante sua fala, Dom Orlando também pediu que o povo "abrace o Brasil enlutado" pelas mais de 600 mil mortes pela covid-19. Segundo levantamento do consórcio de imprensa do qual o UOL faz parte, o país registrou ontem 219 novas mortes em decorrência da doença e com isso acumula 601.266 óbitos desde o início da pandemia. 

No sermão, o religioso também defendeu a vacina e a ciência. "Mãe Aparecida, muito obrigado porque na pandemia a senhora foi consoladora, conselheira, mestra, companheira e guia do povo brasileiro que hoje te agradece de coração porque vacina sim, ciência sim, e Nossa Senhora Aparecida juntos salvando o povo brasileiro."

Ontem, Bolsonaro pediu para não ser "aborrecido" ao ser questionado sobre a marca de 600 mil mortes por covid-19 no Brasil, atingida na última sexta-feira (8).

Quero pedir que cada um de nós abrace o Brasil. Abrace o nosso povo. A começar pelo povo mais original. Vamos abraçar os nossos índios, primeiro povo dessa terra de Santa Cruz. Vamos abraçar os negros, que logo vieram fazer parte desta terra. Vamos abraçar os europeus que aqui chegaram (...) Vamos abraçar nossas crianças, porque hoje é o dia da criança, vamos abraçar nossos pobres e abracemos também nossas autoridades para que juntos construamos um Brasil pátria amada Dom Orlando Brandes

Fome

Dom Orlando também falou sobre a fome, lembrando o caso de brasileiros que buscam restos de carne em ossos para se alimentar e pediu união, diálogo, empatia e democracia.

"Vamos todos ser aliados do bem em comum. Que nenhum brasileiro e brasileira possa catar no lixo ossos para sobreviver. Aliados na verdade que liberta, na justiça social, que tanto agrada à mãe que rezou 'os famintos serão saciados e os pequeninos serão elevados'".

Histórico de críticas

No ano passado, o arcebispo de Aparecida condenou as queimadas que devastam a Amazônia e, principalmente, o Pantanal. Ele pediu à Nossa Senhora que não deixasse o Brasil se perder em chamas e atribuiu a responsabilidade pelo desmatamento à ação humana.

Em 2019, Brandes falou em "dragão do tradicionalismo" e disse que a direita é "violenta" e "injusta". 

Missas presenciais

Pela primeira vez desde o início da pandemia, os devotos puderam ir às missas de celebração a padroeira do Brasil, no Santuário Nacional, em Aparecida (SP). No ano passado, o acesso foi restrito a funcionários do local.

Os fiéis têm que respeitar os protocolos sanitários contra a covid-19. O uso de máscara é obrigatório tanto na Basílica quanto na área externa, assim como distanciamento social.

Este ano, as missas acontecem com capacidade reduzida: 2,5 mil pessoas — a Basílica acomoda 35 mil — e a capacidade por banco é limitada a três pessoas.

 

Confira outras notícias:

Como a fé e a devoção influenciam nossa mente

 

O neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre como a fé e a religião podem influenciar o nosso cérebro de maneira positiva.

 

Hoje, é celebrado o Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e o Santuário Nacional em Aparecida, no interior de São Paulo, atrai milhares de religiosos na data todos os anos. O médico explicou que, atualmente, a neurociência caminha muito próximo do conceito de “inteligência existencial”.

 

“A religião representa um grande exemplo disso, na qual você passa a tocar o intangível e permite que seu cérebro funcione em um outro formato, pois, de fato, ter fé faz bem”, disse.

 

“Isso porque existe o estímulo do circuito de recompensa cerebral — e, aqui, falamos da fé de verdade, da pessoa que acredita e se entrega. Com isso, o poder de resiliência aumenta, a ansiedade diante dos problemas acaba sendo reduzida e decisões melhores acontecem”, completou Gomes.

 

Para ele, o momento atual da pandemia, que impôs muitos desafios e perdas para grande parte da população, é uma oportunidade de se conectar espiritualmente, independente da religião. “Acaba sendo uma estratégia do ponto de vista científico, e quiçá religioso, para que possamos ter mais saúde mental na nossa vida.”

- Mais de 24 mil romeiros peregrinam até Santuário Nacional em Aparecida

Homenagens à padroeira do Brasil acontecem de forma presencial, mas com restrições 

No feriado em que é celebrado o Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, mais de 24 mil romeiros peregrinam até o Santuário Nacional, que fica no interior de São Paulo, na cidade de Aparecida.

A peregrinação acontece desde o fim de semana. Para este ano, a expectativa dos organizadores é que cerca de 30 mil fiéis compareçam ao local.

No ano passado, a maior parte das celebrações aconteceu de forma online por causa da pandemia e, mesmo assim, aproximadamente 17 mil pessoas foram até Aparecida celebrar a data.

Em 2021, cuidados preventivos contra a Covid-19 seguem válidos. É preciso usar máscara dentro da basílica, que realizará um maior número de missas com limitação de público para que os fiéis consigam fazer distanciamento entre si.

 

- Papa Francisco aos católicos na Rússia: é preciso dar testemunho do Evangelho

O Papa Francisco marcou o 30º aniversário do estabelecimento destas Administrações Apostólicas com uma mensagem encorajando os católicos de rito latino na Rússia a darem testemunho do Evangelho.

"Meu desejo é que esta comemoração estimule toda a comunidade católica na Federação Russa a ser uma semente evangélica que, com alegria e humildade, ofereça uma visão clara do Reino de Deus", escreveu o papa na mensagem publicada em 10 de outubro.

"Desejo que vocês sejam uma comunidade de homens e mulheres, crianças e adultos, jovens e idosos, sacerdotes e leigos, pessoas consagradas e pessoas em busca de uma vocação, lutando pela comunhão com todos, a fim de dar testemunho com simplicidade e generosidade, na vida familiar e em todas as áreas da vida cotidiana, do dom da graça recebida". Isto é sumamente agradável a Deus e contribui para o bem comum de toda a sociedade".

Três décadas depois da queda da União Soviética, os católicos ainda constituem uma minoria religiosa na Rússia. A imensa maioria da população russa é membro da Igreja Ortodoxa Russa.

Em sua mensagem, o papa Francisco pediu aos católicos na Rússia que partilhassem a solidariedade e tomassem medidas para a unidade com os cristãos ortodoxos orientais.

"No contexto da tradição cristã oriental em que vivem, é importante continuar caminhando junto com todos os seus irmãos e irmãs cristãos, sem cansar-se de pedir a ajuda do Senhor para aprofundar o conhecimento mútuo e avançar, passo a passo, no caminho da unidade", disse o papa.

"Orando por todos e servindo aqueles com quem partilhamos a mesma humanidade, que Jesus uniu a si de forma inseparável, nos redescobriremos como irmãos e irmãs numa peregrinação comum em direção à meta da comunhão, que Deus nos indica em cada celebração eucarística".

A mensagem do papa, assinada em 16 de setembro e divulgada no passado 10 de outubro, dias depois da visita do Metropolita Hilarion Alfeyev, um líder da Igreja Ortodoxa, ao Vaticano.

O Metropolita ortodoxo russo de Volokolamsk participou de um encontro inter-religioso no dia 4 de outubro no Vaticano para emitir um apelo conjunto pedindo "zero emissões de carbono o mais rápido possível".

Hilarion, que atua como presidente do Departamento de Relações Externas da Igreja do Patriarcado de Moscou, disse em uma entrevista após sua audiência particular com o papa em 6 de outubro que ele acha que outro encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill de Moscou acontecerá, mas que uma potencial viagem papal à Rússia seria "impossível no momento".

O metropolita russo disse ao jornal italiano Corriere della Sera que embora os cristãos na Rússia não enfrentem mais os obstáculos que existiam na União Soviética por 70 anos, muitos cristãos batizados na Rússia de hoje ainda não conhecem realmente o Evangelho.

"Na universidade de que lhes falei, provavelmente 90% dos alunos são batizados, mas apenas um em cada quatro haviam lido o Evangelho. Eles não são pagãos, eles se consideram cristãos ortodoxos, mas se eles não leram o Evangelho significa que esta é uma ortodoxia nominal, não uma verdadeira ortodoxia", disse Hilarion.

"Creio que esta é a tarefa principal para todos: fazer com que as pessoas vejam Cristo".

- Cristo Redentor completa 90 anos

O Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ), completa 90 anos hoje, 12 de outubro. O monumento foi construído com a mobilização dos católicos brasileiros, sobretudo dos cariocas, sob a articulação do então arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Sebastião Leme. Na inauguração da estátua que anos mais tarde se tornaria símbolo do Brasil, o cardeal Leme consagrou o país a Cristo Rei.

Embora tenha sido construído entre 1922 e 1931, a história do Cristo Redentor remonta à época do Império. Desde 1859, o padre lazarista francês Pierre-Marie Boss olhava para o Corcovado da janela da Igreja do Colégio da Imaculada Conceição, na Praia de Botafogo, e foi inspirado a construir ali um monumento religioso. Ele deixou seu sonho registrado em um poema no prólogo da edição de 1903 do livro Imitação de Cristo: “Ó Corcovado! Lá se ergue o gigante de pedra alcantilado, altaneiro e triste, como interrogando o horizonte imenso: ‘Quando virá? Há tantos séculos espero. Sim, aqui está o pedestal único no mundo. Quando virá a estátua colossal, imagem de quem me fez?’. Ai, Brasil amado! Acorda depressa, levanta naquele cume sublime a imagem de Jesus Salvador! Nem todos, por causas diversas, lerão o Livro, ao passo que em todas as línguas e linguagens a imagem dirá ao grande e ao pequeno, ao sábio e ao analfabeto…”

Paroquiana do padre Boss, a princesa Isabel sabia desse desejo do sacerdote. Depois assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravidão em 1888, quiseram homenageá-la com uma estátua dela no Corcovado. Ela, porém, preferiu que a imagem fosse do Sagrado Coração de Jesus, “verdadeiro redentor dos homens”. Com a derrubada do Império e a proclamação da República, em 1889, houve a separação entre Igreja e Estado e o projeto não seguiu em frente.

Anos mais tarde, em 1921, com os preparativos para o centenário da independência do Brasil, o Círculo Católico, uma associação que reunia leigos católicos, decidiu dar prosseguimento ao sonho. Um concurso para escolha do projeto apontou o engenheiro Heitor da Silva Costa como vencedor. Seu projeto era de uma imagem de Jesus sobre um pedestal, segurando uma grande cruz com a mão esquerda, e o globo com a mão direita.

O então arcebispo do Rio de Janeiro, dom Sebastião Leme, promoveu uma grande campanha a fim de arrecadar fundos para a construção contando com a colaboração da comunidade católica do país todo. A ideia era que o Cristo Redentor fosse construído apenas com dinheiro proveniente de doações dos brasileiros.

Dom Sebastião Leme também pediu ao engenheiro Heitor da Silva Costa um novo projeto, de maior significado religioso e que pudesse ser visto a grandes distâncias. Ao observar as enormes antenas de radiotelefonia sobre o Corcovado, o engenheiro teve a ideia de construir uma imagem em que o corpo do Cristo formasse uma cruz, com o tronco ereto e os braços abertos.

Uma das solicitações feitas por Dom Sebastião Leme ao engenheiro foi que o Sagrado Coração de Jesus fosse colocado. Assim, um discreto coração foi moldado no peito do Cristo, única parte interna revestida de pedra-sabão.

Feito de concreto armado e revestido de pedra-sabão, o Cristo Redentor tem 30 metros de altura e fica sobre um pedestal de oito metros. Os braços da imagem se estendem por 28 metros de largura. O projeto foi concebido com a colaboração do escultor francês Paul Landowski e do engenheiro francês Albert Caquot. As peças da cabeça e das mãos do Cristo foram moldadas, em tamanho real, em Paris, na França. Vieram para o Brasil em dezenas de partes enumeradas: 50 da cabeça e oito das mãos, para que a montagem fosse feita no local.

O monumento do Cristo Redentor foi inaugurado no dia 12 de outubro de 1931, dia que atualmente é celebrada Nossa Senhora Aparecida. Naquela época, porém, a padroeira do Brasil não era celebrada nesta data. O 12 de outubro foi estabelecido como dia de Nossa Senhora Aparecida apenas em 1953 durante Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Anteriormente, a festa da padroeira foi celebrada em diferentes datas, como 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição; quinto domingo após a Páscoa; primeiro domingo de maio, o mês de Maria; e 7 de setembro,  Dia da Pátria.

Na cerimônia de inauguração do Cristo Redentor, dom Sebastião Leme fez a consagração do Brasil a Cristo Rei, com uma oração composta por madre Maria José de Jesus, priora do Convento de Santa Teresa (a oração de consagração pode ser lida no final desta matéria). O arcebispo abençoou o monumento com as palavras: “Cristo vence! Cristo reina! Cristo impera! Cristo proteja de todo mal o seu Brasil!”.

Em 2006, no 75° aniversário de inauguração, cardeal Eusébio Oscar Scheidt, arcebispo do Rio de Janeiro, criou o Santuário Arquidiocesano do Cristo Redentor do Corcovado. No ano seguinte, o Cristo Redentor foi eleito uma das sete maravilhas do mundo moderno, em votação por internet e telefone promovida por iniciativa da New 7 Wonders Foundation, criada em 2001, pelo antigo produtor suíço Bernard Weber. As outras seis maravilhas modernas são: a Grande Muralha da China, as ruínas de Petra, na Jordânia, a cidade de Machu Picchu, no Peru, a pirâmide de Chichén Itzá, no México, o Coliseu Romano, na Itália, e o Taj Mahal, na Índia.

Ao celebrar os 90 anos do Cristo Redentor, o atual arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta, afirmou que esta “é uma oportunidade para todos nós agradecermos aos nossos antepassados que fizeram o monumento e a todos que contribuíram”. “Somos todos chamados a agradecer por esses 90 anos e a olhar para frente e pedirmos ao Senhor que continuemos buscando a comunhão, a unidade, deixando Cristo reinar no coração de cada um de nós”, disse.

Segundo dom Orani, “o monumento do Cristo Redentor é um ícone do Brasil”. “Ao completar 90 anos, os braços abertos simbolizam o acolhimento do Brasil a todos os povos e pessoas. E, ao mesmo tempo, colocar no alto do monte o Cristo Jesus recorda nossas raízes cristãs”, afirmou.

A seguir, confira a oração rezada por dom Sebastião Leme na inauguração do Cristo Redentor:

“Senhor Jesus, Redentor nosso, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que sois para o mundo a única fonte de luz, de paz, de progresso e de felicidade.

Ó Salvador, que nos remistes com o sacrifício da vossa vida, eis aos vossos pés, representando o Brasil, a Terra de Santa Cruz, que se consagra solenemente a vosso Coração Sacratíssimo e vos reconhece, para sempre, por seu único Rei e Senhor.

Vós, que esculpistes no céu brasileiro a vossa cruz, de onde jamais poderá ser apagada, aceitai e abençoai esta imagem, que será entre nós o símbolo da nossa fé que reina em nosso espírito, de vosso amor que reina em nossos corações.

Oh! Reinai, Senhor Jesus, reinai sobre a nossa pátria! Queremos que o Brasil viva e prospere sob vossos olhares; queremos que o nosso povo seja sempre iluminado pela verdade do vosso Evangelho.

Reinai, ó Cristo-Rei; reinai ó Cristo Redentor! Ser brasileiro seja crer em Jesus Cristo, amar a Jesus Cristo!

E esta sagrada imagem seja o símbolo do vosso domínio, do vosso amparo, da vossa predileção, da vossa bênção, que paire sobre o Brasil e sobre os brasileiros, como penhor de que – tendo sido vossos na terra – vossos serão eternamente no céu. Amém”.

- Dia das Crianças: o que elas esperam do futuro pós-pandemia

Especialista recomenda que momento é para focar em atividades lúdicas

As estudantes Letícia, de 8 anos de idade, e Maitê, de 7 anos, estudam na mesma sala do 2º ano do ensino fundamental de uma escola da zona leste de São Paulo. Elas estão entre as milhares de crianças que enfrentaram o primeiro ano da pandemia com aulas online e afastadas de parentes e amigos da escola. 

Este ano, elas voltaram a estudar presencialmente, mas ainda não é como antes, conta a Maitê Bellentani Bento. “Não pode abraçar, nem dar as mãos para fazer aquela brincadeira de ficar girando”. 

Maitê voltou às aulas em agosto, depois de muito insistir com a mãe. “Meu primeiro dia foi bem legal. Quando cheguei me cumprimentaram com alegria. Porque quando eu fazia aula online, eu ficava implorando para minha mãe deixar eu voltar para a escola. Aí, ela me deu uma oportunidade e eu fui para a escola”, disse entusiasmada. 

Mesmo com a volta à escola, algumas atividades ainda estão restritas, o que deixa Maitê entristecida.  “Já faz dois anos que meus amigos não vêm nos meus aniversários, também tenho saudade de sair com meus primos e saudade das minhas amigas aqui na minha casa”.

Letícia Oliveira de Paula também sente falta de uma festa. “Não pode fazer festa, não pode chamar meus amigos aqui em casa”, lamenta. Da escola, ela sentiu saudade de conversar com os amigos, de perto, “e sentir que eles estão lá!”. Ela voltou às aulas presenciais em fevereiro, quando foi autorizado o retorno com 35% dos alunos por dia nas salas de aula.

As meninas relembram o início do isolamento social.  “Eu não gostei porque não podia ver meus primos, ir na quadra e na piscina. A única coisa legal era quando eu ligava de vídeo para minhas amigas e a gente brincava de boneca [online]”, conta Maitê. 

“O isolamento foi difícil, fazer aula online não é muito legal, porque na escola tem a professora para ver a gente e também não fica travando!”, disse Letícia em tom de brincadeira. Mas, mesmo indo às aulas e seguindo os protocolos sanitários, tem uma coisa que Letícia sente vontade, e quer fazer quando puder. “Tirar a máscara, é o que eu mais tenho vontade!”.

Vacina

Apesar do medo de ficar com o “braço doendo”, a estudante Letícia não vê a hora de se proteger com a vacina contra a covid 19. “Tenho medo de meu braço ficar mole como uma slime [massinha de modelar caseira], mas também estou ansiosa porque vou estar protegida da covid!”. 

Maitê também diz que quer logo tomar a vacina e sabe muito bem porque é necessária. “Quero tomar logo, porque quanto mais gente for tomando, mais essa covid vai embora. Tchau, tchau, covidinha!!!”, brinca a menina.

Um mundo melhor

Para essas meninas, o mundo pós-pandemia será melhor e mais feliz. “As pessoas vão poder sair e viajar juntas, fazer encontros, abraçar umas às outras, tomar sorvete juntas, ir nos aniversários uma das outras, brincar juntos. E sem usar as máscaras. O mundo vai ser assim, mais  feliz!”, disse Maitê. 

Letícia torce por um mundo diferente quando acabar a pandemia. “Estará bem melhor, porque todo mundo vai poder se ver, falar sem máscara, e vai poder se abraçar, falar pertinho, isso também vai ser melhor”. E completa, “acho que o mundo vai ficar melhor, porque vai ter a lição que a pandemia aconteceu, e as pessoas não vão mais ficar tossindo em cima das outras, vai tentar não ter muita aglomeração e ficará essa lição de que não foi legal e não vai querer ter uma pandemia de novo”. 

Apesar de todos os pontos negativos da pandemia, uma lembrança boa ficará na memória da Letícia. “Vou lembrar de ficar mais perto da minha mãe. Eu ficava na na aula online, no escritório com ela”. 

E quando for decretado o fim da pandemia, Letícia diz que quer abraçar tanta gente que nem sabe quem será a primeira. “Mas eu queria muito poder abraçar as minhas amigas da escola! Também estou com muita saudade de ficar viajando para os lugares”.

Retomada das atividades

O que essas duas crianças descrevem mostra a esperança em um futuro pós-pandemia e que aos poucos as atividades estão sendo retomadas, mas ainda é preciso ir devagar com  o retorno às atividades coletivas, e ser feita respeitando a individualidade e a característica de cada criança, orienta a psicóloga e psicoterapeuta positiva Luciana Deutscher. 

“Os pais podem ajudá-las conversando antes para saber como ela se sente com essa volta, com esse retorno para escola, com essa nova socialização, e como é que eles se sentem revendo os amigos. Por menor que a criança seja, se você explicar, conversar com ela na linguagem dela, ela sempre vai entender. Temos uma questão cultural, às vezes, de não conversar com as crianças, mas o diálogo e a conversa são sempre a melhor alternativa”, orienta a psicóloga.

Mesmo que a criança apresente esta vontade de tirar logo a máscara, como a Letícia se manifestou, é preciso explicar para a criança que ainda é preciso continuar com os cuidados como o uso do álcool gel e da máscara. “Mas que ela vai poder estar no mesmo lugar que a professora, com os amigos, e que vai poder voltar a visitar a casa dos avós”, disse Luciana Deutscher.

Atividades lúdicas 

O desenvolvimento cognitivo na infância exige atividades lúdicas, em grupo e com contato. A pandemia interrompeu esse processo, prejudicando o progresso de grande parte das crianças. Além disso, a alta exposição às telas pode ter causado dependência. Para mudar esse cenário, a psicóloga defende que as escolas deveriam aproveitar o momento para focar nas atividades lúdicas. 

“Vejo no meu consultório os pais reclamando que as escolas estão dando muita importância ainda para a questão do conteúdo e muito pouco para essa questão de lazer das crianças e mesmo dos maiores. Principalmente as crianças pequenas reclamam que não querem ir para a escola porque não podem fazer nada, não podem brincar, e tudo é realizado dentro da sala de aula, sem atividades externas por conta da pandemia, quando na verdade sabemos que basta ter criatividade e paciência!”, disse Luciana.  

Para a especialista, é preciso dosar as atividades na escola, em casa, com os primos e amigos que respeitem os protocolos sanitários. “Devemos inserir o lúdico no meio disso tudo! E nisso eu percebo que as escolas estão ligando muito mais para o conteúdo do que para a diversão e lazer, e isso, na minha percepção, é muito errado! Agora não devia ser uma época para encher criança pequena de lição de casa, de tarefa, e manter dentro da sala o tempo inteiro. Devia ser uma época onde deveríamos estar em ambientes externos, com uma roda com distanciamento, onde faríamos atividades a mais com lazer durante o dia para poder trabalhar com a ansiedade das crianças”. 

Novo normal

O “novo normal” traz junto atividades que foram necessárias durante o isolamento social, como o uso de telas pelas crianças. E para chamar a atenção das crianças para outras  atividades, é preciso explicar aos pequenos e incentivá-los, aconselha a psicóloga. 

“Para as crianças que são muito dependentes das telas de celular e computador,  é necessário regrar essa convivência. Agora é explicar que voltamos às atividades na escola, que as coisas estão voltando para o presencial, que, se antes ela podia ficar mais tempo no videogame, porque ela não tinha todas as atividades, agora ela está retomando as essas atividades e precisa planejar o tempo. E se se deu essa liberdade durante a pandemia, foi para ela poder conversar com os colegas online, e que ela ficou mais à frente da tevê, porque ela não tinha esse espaço fora e até porque a mãe e o pai precisavam trabalhar dentro de casa”, explica a psicóloga. 

O momento foi de adaptação das atividades escolares com as atividades profissionais dos pais, acrescenta a psicóloga, que é criadora do Protocolo de Apoio Psicológico Pós-Covid específico, tendo acompanhado mais de 250 pacientes pós-covid 19.

“A gente nem sempre faz tudo que gostaríamos de fazer, precisamos ser flexíveis e principalmente nos adaptarmos a essa flexibilidade, e essa adaptação ainda vai continuar. O corte não pode ser dado repentinamente, com essa retomada do convívio social. Então, por isso, é fundamental o diálogo. As crianças entendem conforme vamos explicando e conforme vamos repetindo”, disse Luciana Deutscher.  

Assim como citaram as meninas Letícia e Maitê, a especialista acredita que o que as crianças mais querem fazer quando a pandemia for contida, é mesmo poder se abraçar com liberdade e conviver socialmente. 

“Acredito que também os maiores anseios é quando essa pandemia for contida vai ser de poder abraçar, beijar, de não ter essa liberdade tolhida do convívio social. Poder fazer uma festa de aniversário com mais gente, como a gente fazia antigamente, poder ir ao cinema, ao teatro, pode mesmo conviver mais socialmente. Eu acho que o que as crianças pedem por esse futuro pós-pandemia, que não está tão longe”, disse.  

Neste Dia das Crianças, Letícia, Maitê e tantas outras crianças ainda não poderão se abraçar longamente e brincar como antes da pandemia. Mas, Maitê espera que isso aconteça logo. “Vamos brincar juntos, sem usar as máscaras. O mundo vai ser assim, mais feliz!”.

Fonte: Vatican News - UOL - ACI Digital - Agência Brasil - CNN Brasil