O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou o plano de vacinação contra a covid-19 para o próximo ano. A campanha prevê mais duas doses a idosos e mais uma para pessoas com até 59 anos. Os imunizantes serão aplicados 6 meses depois da injeção anterior.
O Ministério da Saúde afirmou que disponibilizará 354 milhões de doses no próximo ano. Dessas, 134 milhões são doses compradas em 2021 e remanejadas para 2022.
Serão adquiridas mais 120 milhões de doses da AstraZeneca e 100 milhões da Pfizer. O custo é estimado em R$ 11 bilhões.
As doses da Covax não são consideradas no plano de 2022 do ministério. “A Covax tem tido muita dificuldade de entregar vacina“, afirmou Queiroga.
O Ministério da Saúde confirmou nesta 6ª feira que a CoronaVac não está nos planos da pasta para 2022. Queiroga afirmou que a pasta prioriza vacinas com registro definitivo na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“Se outra vacina, como a CoronaVac, lograr o registro, pode ser incorporada“, disse o ministro.
A pasta informou que não compraria a vacina desenvolvida no Brasil pelo Butantan em 2022. Afirma que o imunizante só foi autorizado para uso emergencial pela Anvisa e pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Dentre os imunizantes contra a covid-19 administrados no Brasil, CoronaVac e Janssen só tem o registro emergencial. AstraZeneca e Pfizer já conseguiram o registro definitivo. A Pfizer ainda pediu à Anvisa que inclua a necessidade de uma dose de reforço na bula do imunizante.
O ministério ainda declarou que o imunizante, desenvolvido no Brasil pelo Instituto Butantan, tem “baixa efetividade entre idosos acima de 80 anos”.
Um estudo preliminar com pessoas acima de 70 anos mostra que a CoronaVac tem efetividade média de 42% para esse grupo depois de 40 dias da 2ª dose. O valor é menor que os 51% de eficácia encontrado nos estudos clínicos realizados pelo Instituto Butantan no Brasil.
A eficácia foi ainda menor entre os que têm mais de 80 anos, 28% depois da aplicação da 2ª dose. Entre os que têm de 75 a 79 anos, ela foi de 49%. Já para o grupo de 70 a 74 anos, a eficácia foi de 62% depois da 2ª dose –índice superior ao do estudo divulgado pelo Butantan.
Queiroga informou que o governo só vai assinar novo contrato com o Butantan para compra da CoronaVac se a vacina conseguir o registro definitivo junto à Anvisa.
“A Anvisa concedendo o registro definitivo, o Ministério da Saúde considera essa ou qualquer outra vacina para fazer parte do PNI [Programa Nacional de Imunização]”, disse ele.
- Queiroga diz ser contra obrigatoriedade e compara máscara a preservativo
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, discursou contra a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção contra a covid-19 e comparou o item a preservativos.
“Em relação a máscaras, minha posição é clara: o cuidado é individual, o benefício é de todos. Ocorre que existem leis que querem obrigar as pessoas a usar máscaras. Essas leis são absolutamente ineficazes, o que nós temos que fazer é com que as pessoas se conscientizem para usar as medidas não farmacológicas”, afirmou em entrevista à imprensa sobre o Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19 para 2022.
“Preservativo, por exemplo, diminui doenças sexualmente transmissíveis, vou fazer uma lei para obrigar as pessoas a usar preservativo?”, disse ainda.
Segundo Queiroga, o Ministério da Saúde está trabalhando para flexibilizar o uso de máscaras ao ar livre “o mais breve possível”.
“Às vezes a pessoa está andando de bicicleta sozinha e tem que usar máscara. Sujeito dentro de um carro sozinho e de máscara. Qual o objetivo disso?”, questionou.
Comentou ainda sobre um jantar durante sua viagem a Nova York em que não usou máscara, e disse que o uso da proteção trata-se de uma narrativa. “Eu quero saber como é que eu posso comer pizza com máscara? [Tem que] acabar com essa narrativa. O nosso problema não é máscara. A gente tem é que desmascarar determinadas pessoas aí, que ficam com narrativas que não se sustentam em absoluto”, afirmou.
Durante a ida para os Estados Unidos, em que foi acompanhar o presidente Jair Bolsonaro na 76ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Queiroga anunciou a contaminação pelo novo coronavírus e precisou cumprir isolamento por 14 dias.
Queiroga já havia dito ser “absolutamente contrário” ao uso obrigatório de máscaras e à exigência de passaporte de vacinação.
O Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), no entanto, pediupara que os gestores de saúde de todo o país mantenham a obrigatoriedade das máscaras.
“A vacinação da população, a testagem e o consequente monitoramento dos casos detectados e de seus contatos, somam-se ao uso de máscaras, à lavagem frequente das mãos e a utilização de álcool em gel como medidas indispensáveis para a superação da pandemia”, diz em nota.
- Vacinação de crianças no Brasil está no plano de imunização contra Covid de 2022
O Ministério da Saúde planeja vacinar crianças contra a Covid em 2022 caso a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprove a a imunização. Para esse público, a previsão é de 70 milhões de doses.
A declaração foi dada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em coletiva de imprensa.
Além das duas doses que seriam aplicadas por criança, o planejamento é distribuir apenas dose de reforço no público de 12 a 59 anos, e uma dose por semestre para a população com idade superior e imunossuprimidos.
Ainda não há pedidos na Anvisa para que libere a aplicação de doses em crianças. A Pfizer pediu a FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, a autorização de uso emergencial de sua vacina contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.
A vacinação será realizada por faixa etária, começando pelos mais velhos e terminando nos mais novos.
Como a Folha já tinha adiantado, o Ministério da Saúde prioriza a compra de doses das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca para a campanha de imunização contra a Covid-19 em 2022.
A pasta planeja utilizar cerca de 340 milhões de doses para o próximo ano. Para isso, usaria 134,9 milhões de vacinas que seriam da sobra de 2021.
A ideia é garantir mais 100 milhões de doses da Pfizer, podendo ampliar para mais 50 milhões de doses.
Já da AstraZeneca o planejamento é de 120 milhões, podendo aumentar para mais 60 milhões de doses.
Rodrigo Cruz, secretário-executivo do Ministério da Saúde, disse que o investimento estimado é de R$ 11 bilhões.
“A gente está discutindo com o Ministério da Economia a possibilidade de abrir um crédito extraordinário para firmar o contrato agora e a gente vai calibrar. Mas a mensagem que o Ministério da Economia passa é que não faltará orçamento para essas despesas”.
Como a Folha tem mostrado, há apenas R$ 3,9 bilhões reservados no projeto de orçamento de 2022 para a compra de vacinas da Covid-19, dentro de um bolo de R$ 7,1 bilhões direcionados às ações contra a pandemia.
Queiroga ressaltou que pode considerar o uso da Coronavac no próximo ano caso o Instituto Butantan obtenha o registro definitivo da vacina. Atualmente, o imunizante tem apenas o registro emergencial na Anvisa.
“Se outra vacina, como a da Coronavac, lograr o registro definitivo, pode ser considerada. Precisa ser avaliada pela Conitec. A vacina da Janssen também, se lograr o registro definitivo, pode ser incorporada pela Conitec”, afirmou.
O Instituto Butantan disse, em nota, que a Anvisa recebeu dados de imunogenicodade da Coronavac, documentação necessária para oficializar o pedido de registro definitivo da vacina do Butantan, em 20 de novembro.
“A partir desta data, iniciou-se a discussão sobre as metodologias utilizadas, o que fez com que houvesse esse atraso nos resultados dos testes de imunogenicidade. Se houvesse tido consenso nos métodos propostos pelo instituto, o processo já estaria concluído e o registro definitivo da Coronavac já teria sido concedido", informou o instituto em nota.
Já a Anvisa disse foram apresentadas duas propostas de metodologia para imunogenicidade pelo Instituto Butantan. As propostas não foram consideradas adequadas pela Anvisa, pois não cumpriam com as exigências e parâmetros científicos para avaliação de imunogenicidade de uma vacina.
“O critério utilizado pela Anvisa na avaliação da Coronavac foi o mesmo utilizado para todas as demais vacinas autorizadas no Brasil”, disse a agência reguladora.
O ministro da Saúde avaliou na coletiva que o próximo ano pode ser o fim do período pandêmico.
“Eu não disse que previa o fim da pandemia, eu disse que era possível. Quem fez esse tipo de avaliação foram técnicos da Fiocruz. Do ponto de vista terminativo, quem reconheceu a pandemia foi a OMS e seria ela também que reconheceria o caráter do período pandêmico”.
Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, explicou que compete ao Ministério da Saúde determinar o fim da declaração de emergência internacional.
No entanto, existem critérios, como taxa de incidência, taxa de internação hospitalar, situação da pandemia no país e no mundo.
“Finalizando a emergência vai finalizar entre aspas a pandemia [no Brasil]” O vírus vai acabar? Provavelmente, não. Ele vai pular de um determinado status para outro. Isso que a gente colocou no desafio de se realizar um planejamento”.
O ministro da Saúde chegou a dizer que planeja flexibilizar o uso de máscara no Brasil em breve. Segundo ele, leis que obrigam o uso de máscara são ineficazes, o ideal é conscientizar a população.
“Quando cheguei eu falei em pátria de máscara. Hoje temos uma situação bem mais equilibrada e já podemos pensar, desde que o contexto vá cada dia melhorando e que a campanha vá ampliando, em flexibilizar o uso de máscara ao ar livre, por exemplo”
“Para quando? Espero que o mais breve possível, estamos trabalhando para isso. O nosso problema não é máscara, a gente tem é que desmascarar determinadas pessoas que ficam com narrativas que não se sustentam.”
Fonte: Poder360 - Folha