Política

Presidente do CFM passa a ser investigado por CPI da Covid





O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou hoje que passou o presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Mauro Luiz de Brito Ribeiro, à condição de investigado pela comissão.

"Em função dos fatos verificados na investigação, eu queria elevar, e comunico a vossa excelência, à condição de investigado desta Comissão Parlamentar de Inquérito o senhor Mauro Luiz de Brito Ribeiro, que é presidente do Conselho Federal de Medicina. Pelo apoio ao negacionismo, pela maneira como deu suporte à prescrição de remédios ineficazes —e os defendeu publicamente— e pela omissão diante de fatos evidentemente criminosos", declarou Renan.

O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) criticou a decisão e disse que passar o presidente do CFM à condição de investigado equivale a "enquadrar todos os médicos brasileiros que atuam dentro da sua liberdade". "Há aqueles que defendem um protocolo e aqueles que defendem outro protocolo dentro desse campo de liberdade", completou.

Segundo Marcos Rogério, o que Brito Ribeiro vem defendendo é somente a autonomia médica de prescrever aos pacientes os medicamentos que julgar adequados.

A decisão de Renan vem na esteira de série de denúncias contra a Prevent Senior de que esta pressionava seus médicos a prescreverem remédios do chamado kit covid, como cloroquina e ivermectina, que não têm eficácia comprovada contra a covid-19.

Apesar de diversas entidades médicas terem se posicionado contra o uso desses medicamentos, o CFM tem ressaltado que defende a decisão individual do médico e do paciente.

Ao longo de 2020, Mauro Ribeiro encontrou-se com Bolsonaro para debater o uso da hidroxicloroquina contra a covid. Bolsonaro também já publicou um vídeo de Ribeiro atacando governadores do Nordeste que defendiam trazer médicos estrangeiros para ajudar na linha de frente dos hospitais na pandemia.

O conselho não se manifestou em relação à compra de vacinas contra a covid-19 e só publicou apoio aos imunizantes após pressão da opinião pública e de uma carta assinada por cerca de 20 médicos, ex-presidentes e ex-conselheiros do CFM. A carta pedia que o conselho se manifestasse a favor das vacinas e contra os tratamentos alternativos para covid-19.

Mais inclusões na lista de investigados

Mais cedo, Renan anunciou a inclusão de mais quatro pessoas na lista formal de investigados do colegiado do Senado. São eles: Otávio Fakhoury (empresário bolsonarista), Allan dos Santos (blogueiro conservador), Marcos Tolentino (dono da Rede Brasil de Televisão e apontado como sócio oculto do FIB Bank) e Danilo Trento (executivo da Precisa Medicamentos).

Agora, a lista de investigados pela CPI da Covid chega a 37 pessoas. Renan deve propor ao Ministério Público o indiciamento de vários desses personagens na elaboração do texto final da comissão. A previsão é que o documento seja apresentado e lido em plenário entre 19 e 20 de outubro. A votação deve ocorrer na semana seguinte.

- ANS arquivou pelo menos 50 denúncias por tratamento precoce

CNN teve acesso à relação de queixas feitas por consumidores contra planos de saúde por prescrição de medicamentos

CNN teve acesso à relação de queixas feitas por consumidores contra planos de saúde por prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina, a ivermectina e a azitromicina.

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) arquivou desde março do ano passado pelo menos 50 reclamações de consumidores de planos de saúde sobre prescrições por profissionais de saúde de medicamentos do chamado “Kit-Covid”.

A lista foi obtida pela CNN  por meio da Lei de Acesso à Informação. A ANS não informou o teor das reclamações, argumentando que são processos sigilosos.

As denúncias foram feitas tanto por telefone como pela internet e envolvem diferentes planos de saúde, entre eles a Prevent Senior, que está no alvo da CPI da Pandemia.

As denúncias foram provenientes de estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Bahia, Ceará, Sergipe, Pará e Amazonas. Elas envolvem a prescrição de medicamentos como a hidroxicloroquina, a ivermectina e a azitromicina, todos sem eficácia contra o coronavírus.

Nas justificativas para o arquivamento ou finalização do processo, a agência reguladora aponta, entre outros motivos, a inexistência de indício de infração ou falta de resposta no prazo estipulado dos consumidores que fizeram a reclamação.

Em depoimento nesta quarta-feira (6) à CPI da Pandemia, o diretor-presidente da ANS, Paulo Roberto Rebello, disse que não cabe à agência reguladora fiscalizar a conduta dos médicos que receitarem medicamentos do chamado “Kit-Covid”.

Procurada pela CNN, a ANS ainda não respondeu à reportagem. A Prevent Senior nega que profissionais de saúde tenham prescrito medicamentos como ivermectina ou hidroxicoloroquina sem o consentimento dos pacientes ou de seus familiares.

Fonte: UOL - CNN Brasil