Cultura

Papa manifesta tristeza por abusos de menores pela Igreja na França





O papa Francisco manifestou hoje (5) "profunda tristeza" após a publicação de um relatório sobre abusos sexuais de crianças e outros menores pela Igreja Católica francesa, dizendo que "tomou conhecimento dessa terrível realidade".

"O pensamento do papa dirige-se, em primeiro lugar, às vítimas, com imensa dor pelas feridas e gratidão pela coragem de denunciar. Dirige-se também à Igreja da França, para que, ao tomar consciência dessa terrível realidade, possa empreender o caminho da redenção", declarou o porta-voz do Vaticano, Matteo Brun, aos jornalistas sobre a reação do papa ao relatório.

Também hoje, o episcopado francês expressou "vergonha" e pediu "perdão" às vítimas de crimes de pedofilia, após a divulgação de um relatório que revela que mais de 300 mil menores foram abusados pela Igreja Católica francesa durante 70 anos.

Elaborado por uma comissão independente e apresentado nesta terça-feira em Paris, o relatório concluiu que mais de 300 mil menores foram abusados e agredidos em instituições da Igreja Católica francesa, responsabilizando diretamente clérigos e religiosos por 216 mil vítimas, entre 1950 e 2020.

"O meu desejo neste dia é pedir o vosso perdão, o perdão de cada um de vós", disse o bispo Eric de Moulins-Beaufort, presidente da Conferência Episcopal Francesa.

De acordo com o relatório, cerca de 216 mil crianças ou adolescentes foram abusados ou agredidos sexualmente por clérigos católicos ou religiosos.

O número de vítimas sobe para 330 mil, quando considerados "agressores leigos que trabalham em instituições da Igreja Católica", especialmente nos trabalhos de assistência religiosa, professores nas escolas católicas ou em movimentos juvenis, segundo o presidente da Comissão Independente sobre os Abusos da Igreja (Ciase, na sigla em francês), Jean-Marc Sauvé, durante a apresentação do relatório à imprensa.

"Esses números são mais do que preocupantes, são condenáveis e não podem de forma alguma ser ignorados", disse Jean-Marc Sauvé, acrescentando que a estimativa revelou que cerca de 80% são vítimas masculinas.

"As consequências são muito graves", disse Sauvé, adiantando que "cerca de 60% dos homens e mulheres que foram abusados sexualmente revelam grandes problemas na sua vida sentimental ou sexual".

O relatório de 2.500 páginas identifica cerca de 3 mil abusadores - dois terços dos quais padres - que trabalharam na Igreja francesa no período.

Para a comissão, as conclusões do relatório revelam fenômeno de "natureza sistêmica", cuja responsabilidade a Igreja Católica deve reconhecer, assegurando "reparação" financeira a todas as vítimas.

De acordo com Sauvé, há 22 alegados crimes que ainda não prescreveram e foram encaminhados às autoridades judiciais.

Mais de 40 casos antigos para serem processados, mas que envolvem suspeitas sobre abusadores ainda vivos, foram encaminhados para análise dentro da própria Igreja.

Olivier Savignac, líder da associação de vítimas "Parler et Revivre", que contribuiu para a investigação, destacou que a elevada proporção de vítimas por agressor é particularmente "aterradora para a sociedade francesa e para a Igreja Católica".

O relatório surge depois do escândalo que envolveu o agora ex-padre Bernard Preynat, condenado, no ano passado, por abuso sexual a uma pena de prisão de cinco anos, por ter abusado de mais de 75 rapazes durante décadas.

- Três guardas suíços do Vaticano pedem baixa por causa de vacina obrigatória de covid-19

Três guardas suíços se demitiram por causa da obrigatoriedade de se vacinar contra covid-19 imposta no Vaticano. Três outros guardas estão suspensos até que cumpram a ordem de se vacinar. A Guarda Suíça, encarregada da proteção do papa, exigiu que todos os 135 guardas fossem vacinados.

A exigência vai além da obrigatoriedade de mostrar certificado provando que a pessoa tomou a vacina, ou teve covid-19 e está imunizada, ou tem um teste negativo de coronavírus de menos de 48 horas.

A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), órgão da Santa Sé responsavel pela doutrina, declarou em dezembro de 2020 que, embora todas as vacinas tenham sido produzidas ou testadas usando células derivadas de bebês abortados nos anos 1970, elas são moralmente aceitáveis, porque o aborto está distante no tempo e não foi feito para a produção das células especificamente. Mesmo assim, disse a CDF, a vacinação não é um imperativo moral e, portanto, não deve ser obrigatória.   

O tenente Urs Breitenmoser, porta-voz da Guarda Suíça, disse ao jornal suíço Tribune de Genève que os guardas saíram voluntariamente. Ele defendeu a exigência da vacina como “uma medida alinhada com as que foram adotadas em outros corporações militares do mundo”.

Desde 1º de outubro, todos os visitantes e trabalhadores que queiram entrar na Cidade do Vaticano e seus territórios têm que mostrar o certificado de vacina.

O cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé, emitiu decreto em 28 de setembro segundo o qual empregados e servidores que não seguirem a regulamentação não terão permissão para entrar em seus lugares de tabalho e devem ser considerados “ausentes sem justificativa”. Os dias ausentes sem justificativa não serão pagos.

O cardeal Giuseppe Bertello, que deixou neste mês o cargo de presidente do Conselho do Estado da Cidade do Vaticano, disse que a regulamentação foi implementada por ordem do papa Francisco, que pediu às autoridades “para tomar tods as medidas apropriadas para prevenir, controlar e combater a emergência de saúde pública corrente no Estado da Cidade do Vaticano”.

Segundo as novas regras, católicos que vão à missa ou confissão na basílica de São Pedro ou outras igrejas do território do Vaticano não precisam apresentar passe de covid-19.

Fonte: Agência Brasil- ACI Digital