Política

Não acreditamos em racionamento, diz Bolsonaro sobre crise hídrica





Presidente avaliou, em entrevista à CNN, que o Brasil "está se saindo bem" apesar do contexto da pandemia

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, em entrevista exclusiva à CNN nesta quinta-feira (30), que o governo federal “não acredita em racionamento” no Brasil.

Segundo ele, o país foi “obrigado” a decretar uma bandeira acima da vermelha para “pagar a conta” devido à crise hídrica.

“Pedimos a Deus que mande uma chuva para gente, porque a crise hídrica é a maior dos últimos 91 anos. Não acreditamos em racionamento, mas sempre pedimos à população que dá para apagar um ponto de luz aí na sua casa”, disse.

O presidente participava de evento dos mil dia de governo em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde sancionou um projeto de lei para o metrô da capital mineira.

À CNN, Bolsonaro ressaltou que o governo federal “sabe dos problemas” da Represa de Furnas, um dos principais reservatórios da região Sudeste.

Furnas é responsável pela geração de 17% de toda a energia elétrica do país e opera hoje com 14% do volume útil. Segundo o presidente, a usina não “tem como atender as pessoas que estão naquela região, pois o curso da água tem que continuar”.

Ainda na entrevista, Bolsonaro avaliou que a situação poderia estar pior caso o governo não agisse assim que assumiu a Presidência.

“O governo trabalha desde 2019, antes da crise, diminuindo o valor das placas solares como solução. Estamos fazendo muito, desde antes da pandemia, e graças a isso — a visão de antecipar problemas — o Brasil não está em uma situação mais complicada do que vive no momento”, concluiu.

Expectativas para o PIB

Durante entrevista exclusiva, Bolsonaro comentou ainda sobre a situação do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o presidente, o PIB do país “foi bem” em 2020, durante a pandemia, em comparação a outros países.

“Ano passado perdemos 4% do PIB, onde pensavam que seria 10% [de queda]. Países na Europa perderam -10, o Brasil, -4. Fomos bem, dado as situações”, disse.

Na visão do presidente, o governo federal vem trabalhando de maneira integrada, em que “todos conversam entre si para chegar em soluções”.

“O Brasil é o país que menos sofreu economicamente com a pandemia”, afirmou.

O presidente avaliou também que o país ainda “está se saindo bem” no que ele chamou de “pós-pandemia”.

Bento Albuquerque reafirma que não haverá retorno do horário de verão

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, reafirmou, nesta 5ª feira (30.set), que o governo não voltará a adotar o horário de verão. A declaração foi dada durante o evento de inauguração da termelétrica GNA I, no Porto do Açu, em São João da Barra-RJ. O Ministério de Minas e Energia afirma que o ONS (Operador Nacional do Sistema) realizou um novo estudo sobre a medida, mas nunca mostrou o documento. Desde o dia 30 de agosto, o Poder360solicita o estudo, tanto para o operador quanto para o ministério, sem resposta.

“O ministério fala pelo lado da economia de energia. O horário de verão não se faz necessário no que diz respeito a economia de energia. Então, nesse tocante, o horário de verão não se aplica a essa situação. O horário de verão não foi renovado em 2019 e permanece da forma como está“, disse Bento.

Empresários do turismo, bares e restaurantes pediram ao governo federal a volta do horário de verão. Defendem o retorno a partir do dia 15 de outubro ou 1o de novembro, afirmando que ajudaria a reduzir a demanda de energia nos horários de pico.

Kamyla Kigali, coordenadora de eficiência energética do iCS (Instituto Clima e Sociedade), conta que o instituto enviou um estudo no dia 13 de setembro para o gabinete do Ministro Bento Albuquerque que mostra que o horário de verão poderia reduzir a demanda de energia entre 2% e 3% nos horários de pico, diminuindo muito o risco de apagões. Nunca houve resposta.

“A gente tem visto uma crise nunca antes vista. É um resultado pequeno? É. Mas, no que estamos vivendo hoje, isso é economia. O governo não adota mais por teimosia, para não dar o braço a torcer. Mas não dá para ignorar“, disse a coordenadora.

O estudo também sugere a reformulação de algumas políticas, incluindo programas de eficiência energética, como o Procel. 

Fonte: CNN Brasil - Poder360