Economia

Guedes ignora indicadores e diz que economia 'está bombando'





Apesar de indicadores econômicos ainda vacilantes, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na noite de ontem, que a economia brasileira está "bombando" e "voando".

"O Brasil está bombando, esses 5,5% (de crescimento) não é brincadeira. E os mesmos que previram que o Brasil iria cair 10% e caiu 4%, que previram o Brasil iria ficar lá embaixo e voltou em V, que previram que esse ano não iria ter crescimento e nós vamos crescer 5,5%, eles estão fazendo rolagem da desgraça. Desgraça agora é o ano que vem, ano que vem o Brasil não vai crescer nada. Vão estar errados de novo", disse

"Essa ideia de que o Brasil não vai crescer no ano que vem é política, é blá blá blá", disse o ministro no V Fórum Nacional do Comércio, promovido pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).

"Nós voltamos em V", voltou a afirmar o ministro. "Eu acho que a economia está voando. Ela está vindo com força, os juros vão subir um pouco, para tentar frear a inflação, mas as duas coisas são indissociáveis, o crescimento está contratado".

Contudo, o país ainda tem 14,4 milhões de desempregados, a inflação já passou dos dois dígitos no acumulado em 12 meses até a metade de setembro — o IPCA-15 registrou alta de 10,05% no período.

A situação econômica em meio à dificuldade de lançar o Auxílio Brasil, inclusive, já faz com que o governo tenha passado a discutir a possibilidade de prorrogar o auxílio emergencial, como revelou o Broadcast.

De acordo com projeções do mercado compiladas pelo mais recente boletim Focus, divulgadas na última segunda-feira (27), o índice oficial de preços do país, o IPCA, deve chegar a 8,45% em 2021; a desocupação deve fechar em 13% e o avanço do PIB deve ser de 5,04%.

A escalada inflacionária foi reconhecida pelo ministro, mas que jogou a responsabilidade no colo do Banco Central. "A inflação está subindo? Gaveta 18, BC independente, é o gato que caça esse rato", declarou.

Guedes também afirmou no evento que os programas criados pelo governo durante a pandemia são muito elogiados no exterior. "Do fundo do poço até hoje, criamos 3 milhões de empregos", ressaltou o ministro.

"A pandemia foi terrível. Muito medo, muito receio, não se sabia o que era o futuro", acrescentou. Guedes lembrou ainda que o país vive uma crise hídrica "quando saiu", nas palavras dele, da segunda onda da pandemia.

O chefe da Economia também reconheceu a participação do Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal) na criação de mecanismos para enfrentar os impactos econômicos da covid-19.

"Não faltou dinheiro para saúde, mas não houve abuso, não virou gasto permanente", defendeu Guedes, que também chamou os empresários de "a força do Brasil".

O ministro ainda afirmou que as reformas econômicas foram mantidas, apesar da dificuldade do governo em avançar com os projetos da tributária e da administrativa, além dos projetos de privatizações.

"Não vamos parar, vamos seguir fazendo reformas até o último dia", afirmou. "Estamos tomando medidas estruturais que são necessárias", disse.

- Deputado protocola pedido para instaurar CPI da Petrobras

Em reação à nova alta do diesel anunciada pela Petrobras, o deputado Nereu Crispim (PSL-RS) protocolou pedido para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados para apurar a política de preços da Petrobras.

“Precisamos desvendar com urgência o 'segredo' dos aumentos desenfreados dos combustíveis e do gás de cozinha", afirma o parlamentar.

Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que a importação de diesel cresceu 57,2% em abril de 2021 na comparação com março. Foram 1,4 milhão de metros cúbicos trazidos de fora, o maior valor para o mês desde 20133. Essa importação ocorre em razão da política de preços de paridade de importação. Para um litro de diesel vendido a R$ 4,64 na bomba, R$ 2,45 são destinados à Petrobras.

Crispim, que é presidente da frente parlamentar mista dos caminhoneiros autônomos e celetistas, diz que os sucessivos aumentos anunciados pela petrolífera são atos antieconômicos e lesam a ordem econômica, o consumidor brasileiro e o território nacional. O parlamentar critica ainda a omissão do Executivo, representado na figura do Ministério de Minas e Energia, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

"O fato é que existe solução para equilibrar esses preços, o que falta é uma administração coerente. Se a Petrobras praticasse o preço de paridade internacional, as refinarias estariam operando a plena carga e as importações dessa ordem não seriam necessárias”, argumenta.

Além de colher as assinaturas para instaurar a comissão no Congresso, o deputado defende ainda a criação de um fundo de estabilização dos preços dos combustíveis, criado com recursos do imposto de exportação de petróleo bruto. A proposta já foi apresentada na Câmara, mas a matéria ainda não foi pautada.

"Considerando a alta do dólar e que atualmente, as tarifas são resultado da cotação do barril no mercado internacional e da taxa de câmbio, é indispensável que se crie uma reserva monetária ou um fundo para reduzir a volatilidade e baixar os preços cobrados das distribuidoras nacionais. Com o Fundo de Estabilização, as eventuais necessidades de importação destes derivados receberiam subvenção econômica", explica.

- País faz diplomacia paralela com extrema-direita, Opus Dei e negacionistas

A queda de Ernesto Araújo do comando do Itamaraty não desmontou a estratégia de política externa do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) de ampliar alianças com grupos ultraconservadores, principalmente na Europa.

No início de setembro, coube à Secretária Nacional da Família do ministério comandado por Damares Alves realizar uma turnê por vários países, participando de debates e reuniões com grupos religiosos. Ângela Gandra passou por países como Ucrânia, Portugal e Espanha.

Oficialmente, o Ministério da Família, Mulheres e Direitos Humanos informou à reportagem que Angela Gandra tirou férias entre os dias 2 e 12 de setembro. «Portanto, ela estava afastada das funções públicas», disse. Mas o governo não respondeu ao ser questionado sobre quem teria pago pela viagem da secretária. A pasta tampouco explicou o que foi tratado em cada uma das paradas da secretária.

Em suas redes sociais, porém, a brasileira divulgou fotos de sua participação, em Kiev, da Prayer Breakfast, uma tradição que começou nos EUA em 1935 e que envolve a reunião de políticos e movimentos ultraconservadores cristãos poderosos.

O movimento ganhou notoriedade ainda quando um documentário na Netflix, The Family, revelou a dimensão do poder de seus membros e como atuam para manobrar o destino de leis e governos. Um de seus lemas é manter "uma diplomacia cristã invisível".

Angela Gandra, em suas redes sociais, indicou que defendeu valores conservadores em suas intervenções e indicou como ouviu "de várias pessoas que encontram inspiração no Brasil".

Nas redes sociais, a deputada ucraniana Anna Purtova agradeceu as visitas estrangeiras ao evento e qualificou o Brasil como um "parceiro estratégico" para o "sucesso da Ucrânia".

Apesar de estar oficialmente de férias, no dia 7 de setembro, a secretária esteve na festa na embaixada do Brasil em Kiev pelo dia da Independência. Ela ainda publicou fotos com parlamentares ucranianos.

Na capital ucraniana, o evento é liderado por pessoas como Pavlo Unguryan que, quando deputado, apresentou vários projetos de lei para "banir a propaganda homossexual". Unguryan atua em parceria com a Aliança Ucrânia pela Família e tem vínculos com a direita religiosa norte-americana, mantendo relações com Mike Pence, vice-presidente dos EUA sob o governo de Donald Trump.

Ele também mantém estreita relação com Sam Brownback, embaixador geral da iniciativa para Liberdade Religiosa Internacional, coalizão da qual o governo brasileiro faz parte desde sua criação em janeiro de 2020.

A visita da brasileira à Ucrânia ocorre no momento em que o país vê a criação de uma sessão local do Ordo Iuris, uma organização ultracatólica que está vinculada à rede europeia da TFP. O grupo assinou um acordo com o Vsi razón, um movimento anti-LGBT.

Discurso de Angela Gandra em Kiev - Reprodução - Reprodução

Discurso de Angela Gandra em Kiev

Imagem: Reprodução

Na Espanha, encontro com magistrado da Opus Dei

Na Espanha, a secretária participou de um encontro com políticos católicos, além de discussões sobre "estado de direito". Mas um dos encontros da brasileira foi com o membro do Tribunal Constitucional da Espanha, Andrés Ollero. Antiaborto e apontado por diferentes jornais espanhóis como um representante da Opus Dei, o magistrado votou por recursos para educação segregada.

Há dez anos, quando seu nome foi apresentado para ocupar o cargo, um vasto debate foi iniciado sobre suas declarações sobre temas sensíveis. Num deles, Ollero faz um duro ataque contra mães que abortam.

"Somos muitos os que consideramos que a vida de um ser humano inocente e indefeso é conteúdo inegociável do mínimo êxito de uma sociedade que mereça o nome de humana. É necessário mudar em suas raízes uma sociedade que, para manter sua lógica, vê-se obrigada a permitir, e inclusive a promover, que as mães deixem destroçar seus filhos antes do nascimento », disse.

Ele ainda atacou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. "Falar em matrimônio homossexual não faz sentido algum em termos jurídicos, é algo inconcebível. Está sendo imposta, a partir do poder, uma opção moral e com tal medida somente se aspira que a sociedade deixe de considerar determinadas condutas íntimas - despidas de qualquer relevância jurídica - como imorais", completou.

Ângela Gandra e Andrés Orello, do Opus Dei - Reprodução - Reprodução

Ângela Gandra e Andrés Orello, do Opus Dei

Extrema-direita alemã e teorias da conspiração

Enquanto sua secretária visitava os movimentos ultraconservadores na Europa, Damares Alves concedeu uma longa entrevista para a jornalista alemã Vicky Richter , A repórter é ligada ao Querdenken, movimento negacionista e antivacina que está inclusive na mira de inteligência alemã por ter laços com neonazistas. Ela é ainda cofundadora, com Markus Haintz, do dieBasis, um partido antivacina e negacionista da pandemia que espalha pelas redes idéias conspiratórias.

Entre os dias 6 e 9 de setembro, a jornalista foi recebida por Damares, Jair BolsonaroEduardo Bolsonaro e Bia Kicis.

Na conversa, a ministra denuncia a "erotização das crianças por meio de música, da arte, do cinema, das festas populares".

Como resposta, a repórter do grupo de extrema-direita afirmou que está "à par das elites que pagam caro para satisfazer suas fantasias" com crianças, além de "ritos de estupros" por comunidades tradicionais.

"O Brasil romantizou muito as práticas culturais. Mas quando vamos às aldeias, não tem nada disso. Tem dor e tortura", respondeu Damares.

Ela, por seu lado, insiste que não é compreendida. "A imprensa fala que eu sou louca, fanática, fascista, nazista, negacionista, maluca", disse a ministra. "Nossa proposta mexe com muitas estruturas. É uma proposta de fortalecimento de família e proposta conservadora", explicou. "Nós nos afastamos de pautas como legalização do aborto, para proteger a mulher de verdade", insistiu. Ela também atacou o "relativismo cultural no Brasil".

"O novo assusta. Eu assusto e não sou compreendida por ter uma visão nova", argumentou a ministra. "Mas eu não sou maluca. Amo as crianças do Brasil", garantiu Damares.

Segundo ela, a "maior violação de direitos humanos" no Brasil é a corrupção. "Os corruptos que estavam governando essa nação também não gostam de mim. Desmontei muitas estruturas de corrupção no ministério", disse.

A ministra explicou aos jornalistas do grupo de extrema-direita que sofre "muitas ameaças de morte". "Eu mexo com interesses financeiros", disse. Mas garante: não sairá do poder. "Não estamos cansados. Só Deus nos impede. Só se não for vontade de Deus que estejamos na condução do Brasil, não vamos continuar", completou.

Alguns dias depois de estar no ar, a entrevista foi retirada das redes sociais. Os jornalistas protestaram, alegando que havia uma conspiração das grandes empresas digitais para impedir que se denunciasse casos de pedofilia.

"Como deve ser o medo das Big Tech e dos globalistas diante da verdade sobre esses crimes silenciosos?", questionou a autora da entrevista.

O motivo, porém, era outro. Os representantes da extrema-direita alemã tinham usado uma música, sem a autorização dos autores, que protestaram e conseguiram derrubar o link.

O encontro ocorreu semanas depois de Bolsonaro receber uma deputada do partido de extrema-direita, AFD, alvo de monitoramento por parte dos serviços de inteligência da Alemanha por suspeitas de minar a democracia.

A deputada, neta de um ministro de Adolf Hitler, também argumentou que sua viagem ao Brasil tinha ocorrido durante seu período de férias.

- TSE abre prazo para alegações finais em ações sobre fake news

O ministro Luis Felipe Salomão, relator dos inquéritos da Lava-Jato no STJ, fala com a  imprensa, sobre o Seminário Internacional de Combate à Lavagem de dinheiro e ao Crime Organizado (Antônio Cruz/Agência Brasil)

O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão, deu prazo de 10 dias para que as partes apresentem suas alegações finais nas ações de investigação judicial eleitoral (Aijes) que apuram a contratação de disparos em massa de mensagens em redes sociais durante a campanha presidencial de 2018.

As alegações são a última etapa antes que as ações possam ser julgadas em plenário pela Corte eleitoral.

Na mesma decisão, o relator deu o mesmo prazo de 10 dias para que as partes acessem as provas sigilosas colhidas em dois inquéritos sobre fake news que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e foram compartilhadas com o TSE.

“Anoto que o prazo [das alegações finais] está sendo concedido em dobro em razão do grande volume de documentos que estão sendo disponibilizados”, escreveu Salomão. O ministro advertiu que os advogados devem velar pelo sigilo das informações, sob pena de “responsabilização criminal” em caso de vazamento.

Os inquéritos no STF, relatados pelo ministro Alexandre de Moraes, apuram a existência de uma organização criminosa de atuação digital – dotada de núcleos político, de produção, de publicação e de financiamento. As atividades do grupo teriam se iniciado antes das eleições de 2018 e “avançado até a campanha de 2020 em diante”, informou o TSE.

O compartilhamento de provas entre o STF e o TSE foi solicitado por Salomão em 3 de agosto, e logo concedido por Moraes.

Além do Ministério Público Eleitoral, devem apresentar as alegações finais as defesas da Coligação O Povo Feliz de Novo (PT/PCdoB/Pros), do presidente Jair Bolsonaro e do vice, Hamilton Mourão. Nas Aijes, a coligação pediu a cassação da chapa presidencial eleita em 2018, por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação.

 

Fonte: UOL - Congresso em Foco - Agência Brasil