Política

COP26 tem que ser ponto de virada para humanidade, diz Boris Johnson





Para ele, está na hora de o mundo crescer e ouvir os cientistas

Premiê britânico, Boris Johnson

Está na hora de o mundo "crescer" e "ouvir os cientistas", afirmou Boris Johnson em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas. O primeiro ministro britânico definiu a meta da 26ª Conferência sobre as Alterações Climáticas (COP26), que ocorrerá na Escócia daqui a duas semanas, como o ponto de virada na crise ambiental. Ele pediu um esforço global para que o aquecimento do planeta não seja superior a 1,5 grau, por ano. 

COP26

É urgente conter o aquecimento global para menos de 1,5 grau por ano, disse Johnson: "Não estamos falando em deter o aumento das temperaturas - infelizmente é tarde demais para isso -, mas em conter esse crescimento para 1,5 grau. Isso significa que precisamos nos comprometer coletivamente para alcançar a neutralidade de carbono - zero líquido - até a metade do século. E esse será um momento incrível se conseguirmos".

Boris Johnson defendeu que devem ser tomadas medidas urgentes para potencializar o uso das tecnologias com energia verde, tornando-a mais barata e acessível.

Ele também destacou a necessidade do compromisso do presidente norte-americano, Joe Biden, de duplicar o financiamento climático para US$ 11,2 bilhões e garantir que a promessa da China, de interromper o financiamento de centrais termoelétricas no exterior, seja cumprida.

O primeiro-ministro britânico insistiu que mais países devem patrocinar a ajuda para conter as alterações climáticas, a fim de cumprir a meta de US$ 100 bilhões estabelecida há mais de dez anos.

"Unir o mundo para enfrentar as mudanças climáticas" é o lema da 26ª Conferência sobre Alterações Climáticas da ONU, que será realizada na cidade escocesa de Glasgow, entre 31 de outubro a 12 de novembro deste ano.

"O mundo, esta preciosa esfera azul com sua crosta de casca de ovo e um fragmento de atmosfera, não é um brinquedo indestrutível ou uma sala de plástico saltitante contra a qual podemos atirar para o contentamento do nosso coração", disse Boris Johnson a líderes mundiais na 76ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

 "É hora de ouvirmos os avisos dos cientistas - e olhar para a covid-19, se quisermos um exemplo do alerta feito pela comunidade científica, que provou estar certa - e de entender quem somos e o que estamos fazendo".

Johnson advertiu que está na hora de a humanidade "crescer", e comparou o comportamento global a um "impetuoso jovem de 16 anos com idade suficiente para se meter em sérios problemas".

Acrescentou que na adolescência "chegamos a uma idade fatídica em que sabemos mais ou menos como dirigir, como destrancar o armário de bebidas e nos envolver em atividades que são não apenas potencialmente embaraçosas, mas também terminais".

Nessa idade, "acreditamos que outra pessoa vai limpar a desarrumação que fazemos, porque é isso que outra pessoa costuma fazer”, lembra Johnson. Para ele, a adolescência da humanidade está chegando ao fim. "Devemos unir-nos numa maioridade coletiva".

O premiê citou Sófocles para explicar que a natureza humana não é apenas aterrorizante, como o poeta da Antiguidade Grega a caracterizou, mas incrível.

"Somos incríveis no nosso poder de mudar as coisas e incríveis no nosso poder de nos salvar. Nos próximos 40 dias devemos escolher que tipo de incríveis seremos".

"Nós destruímos nossos habitats repetidas vezes, com o raciocínio indutivo de que nos safamos até agora e, portanto, vamos nos safar novamente”, afirmou.

No Twitter, Johnson deixou uma mensagem de esperança e afirmou que a economia verde não tem que ser uma economia pobre.

- Venda de submarinos: Macron e Biden buscam restabelecer confiança

França enviará embaixador de volta a Washington

Joe Biden e Macron

A França vai enviar seu embaixador de volta a Washington, depois de o presidente Emmanuel Macron ter tido uma conversa com o presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, sobre a ultrapassagem dos norte-americanos na venda de submarinos à Austrália. Em declaração conjunta, após o telefonema que durou cerca de meia hora, os dois líderes concordaram em avançar com consultas aprofundadas para reconstruir a confiança perdida com o pacto Aukus.

Há poucos dias, os EUA, em conjunto com os britânicos, anunciaram um acordo com a Austrália para o fornecimento de submarinos ao país. A notícia deixou os franceses enfurecidos porque esse era um negócio de muitos bilhões que já estava fechado há algum tempo com Paris. Além disso, Macron só teria tido conhecimento desse acordo horas antes de ele ter sido anunciado. 

Macron e Biden tiveram agora uma conversa, por telefone, que, de acordo com comunicado divulgado ao final, serviu para reafirmar os laços de amizade entre os dois países. 

A França concordou em enviar de volta o embaixador para Washington, e a Casa Branca reconheceu que errou ao negociar um acordo para a Austrália comprar aos EUA os submarinos sem consultar Paris.

"Os dois líderes concordaram que a situação teria sido benéfica se tivessem existido consultas abertas entre aliados sobre questões de interesse estratégico para a França e os parceiros europeus", diz o comunicado conjunto.

Os dois concordaram também em lançar consultas aprofundadas para reconstruir a confiança. Ficou acertado que o presidente norte-americano vai encontrar-se com o francês na Europa, no fim de outubro.

De acordo com a agência Reuters, Washington também se comprometeu com o aumento do apoio às operações de combate ao terrorismo no Sahel, conduzidas por Estados europeus.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o seu homólogo francês, Jean-Yves Le Drian, encontraram-se paralelamente à reunião nas Nações Unidas e devem voltar a se encontrar.

- Países do G4 pedem reforma do Conselho de Segurança da ONU

Alemanha, Brasil, Índia e Japão são candidatos a assento permanente

O ministro de Relações Exteriores, Carlos França, durante cerimônia de assinatura de acordo com os EUA para participar do Programa Lunar Nasa Artemis.

O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, se reuniu ontem (22) com os demais chanceleres dos países do G4, grupo formado por Alemanha, Brasil, Índia e Japão, durante a 76º sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. Em comunicado conjunto, eles defenderam a urgência da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Para eles, as mudança no órgão podem torná-lo “mais legítimo, eficaz e representativo, ao refletir a realidade do mundo contemporâneo, incluindo países em desenvolvimento e os principais contribuintes”. O conselho é um importante órgão da ONU responsável pela segurança coletiva internacional.

No biênio 2022-2023, o Brasil ocupará um assento não permanente na entidade, mas os países do G4 são candidatos a uma cadeira definitiva. Atualmente, o Conselho de Segurança é integrado apenas pelos Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia e China.

De acordo com o comunicado, os ministros do G4 confirmaram o comprometimento de todos os chefes de Estado e governo em “injetar vida nova nas discussões sobre a reforma do Conselho de Segurança” e celebraram, ainda, a prontidão do secretário-geral da ONU, António Guterres, em oferecer o apoio necessário à reforma. O documento de elementos, preparado pelas cofacilitadoras das Negociações Intergovernamentais, também apresentou avanços, com atribuições parciais das posições e propostas dos Estados-membros do conselho.

A determinação do grupo, agora, é trabalhar para o lançamento, “sem delongas”, das negociações e de um documento único e consolidado, que servirá de base para projeto de resolução. “Os ministros decidiram intensificar o diálogo com todos os Estados-membros interessados, incluindo outros países e grupos alinhados à defesa da reforma do conselho, com o objetivo de buscar conjuntamente resultados concretos em um prazo determinado”, fiz o comunicado.

Para os ministros do G4, a reforma do Conselho de Segurança da ONU deve acontecer por meio do aumento de ambas as categorias de assentos, permanentes e não-permanentes, “de modo a habilitar o conselho a lidar com a complexidade e os crescentes desafios à manutenção da paz e segurança internacionais, e assim, exercer seu papel de maneira mais efetiva”.

Além de França, participaram da reunião, o ministro Federal do Exterior da Alemanha, Heiko Maas; o ministro dos Negócios Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar; e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Motegi Toshimitsu.

- Alemanha: sucessor de Angela Merkel será escolhido no próximo domingo

Eleições deverão ser as mais concorridas dos últimos anos

Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em Berlim

A Alemanha vai às urnas no próximo domingo (26) para escolher o sucessor da chanceler Angela Merkel. As pesquisas indicam vitória do SPD, de Olaf Scholz.

Estas deverão ser as eleições mais concorridas dos últimos anos no país. A questão ambiental é uma das que mais tem marcado a campanha eleitoral.

As greves climáticas no país têm sempre muita participação e vários movimentos têm colocado o tema nas ruas para que não seja ignorado. O “Fridays for future” é um desses movimentos e Leonie Bremer é uma das ativistas que mais se tem destacado na luta contra as alterações climáticas.

São três os candidatos que podem ocupar o lugar que vai ser deixado por Angela Merkel. Com as pesquisas a separá-los por pouco pontos, nenhum parece entusiasmar muito os alemães, que estão divididos entre Armin Laschet, da CDU de Merkel, Olaf Scholz, do SPD, atual ministro das Finanças no governo de coligação, e Annalena Baerbock dos Verdes.

Nos últimos três debates entre os principais candidatos, Olaf Sholz foi considerado vencedor numa pesquisa feita imediatamente após a discussão.

Ganhe quem ganhar, parece ser certo que vão ser necessários pelo menos três partidos para formar governo, já que dificilmente se repetirá a coligação que agora está no poder entre a CDU e o SPD.

Democratas cristãos e sociais-democratas parecem não se entender e procuram aliados.  Os Verdes aparecem como boa solução, nos dois casos, mas ainda não se sabe quem será o terceiro partido a fazer parte do governo.

Sete partidos têm representação parlamentar. A Alemanha tem uma espécie de cláusula de barreira sobre a entrada na câmara de debates, e os partidos precisam atingir 5% dos votos para evitar que partidos extremistas, por exemplo, consigam eleger parlamentares.

- Imigrantes deportados dos EUA: as cenas de caos e revolta na chegada de haitianos a aeroporto

Algumas das pessoas deportadas para o Haiti tentaram voltar para a aeronave

Reuters

Algumas das pessoas deportadas para o Haiti tentaram voltar para a aeronave usada pelo governo dos EUA

O principal aeroporto do Haiti foi tomado por revolta e caos durante a chegada de migrantes deportados dos Estados Unidos para o país.

Diversas pessoas correram de volta para o avião em que haviam chegado à capital Porto Príncipe nesta semana, e outras jogaram sapatos na aeronave.

No fim de semana passado, os EUA começaram a deportar imigrantes de uma área de fronteira no Texas, que teve um grande fluxo migratório nas últimas semanas. Cerca de 13 mil pessoas se reuniram sob uma ponte que liga Del Rio, no Texas, a Ciudad Acuña, no México, para tentar a travessia.

Além disso, há milhares de relatos de pessoas presas, a maioria de haitianos, perto da fronteira entre a Colômbia e o Panamá. Parte delas seguiria em direção aos EUA.

 

Caos no aeroporto e luta com agentes

 

A confusão teve início no aeroporto Toussaint Louverture quando um homem tentou embarcar novamente na aeronave oriunda dos EUA. A tripulação do avião precisou correr para fechar as portas do jato antes que ele conseguisse entrar, relata a agência de notícias Reuters.

Imagens de vídeo registradas no aeroporto mostram pessoas lutando para pegar seus pertences pessoais depois que as bagagens foram jogadas de dentro do avião oriundo dos EUA. Há relatos de que alguns migrantes não foram informados de que seriam enviados de volta ao Haiti.

De acordo com um comunicado divulgado pelo Departamento de Segurança Interna dos EUA, houve dois incidentes relacionados aos voos que levaram os haitianos de volta.

A emissora de televisão NBC News apurou que os pilotos de um dos voos foram agredidos na chegada ao Haiti e que três oficiais da imigração dos EUA também ficaram feridos.

Pessoas buscam seus pertences em aeroporto haitiano

Reuters

Pertences dos deportados foram jogados da aeronave que os trouxe dos EUA

Em um incidente separado no estado americano do Texas, um grupo de haitianos teria lutado contra guardas de fronteira do governo dos EUA e tentado escapar após perceber que seriam deportados. Eles estavam sendo transportados em um ônibus da cidade de Brownsville para Del Rio.

"Quando os migrantes descobriram que seriam enviados de volta ao Haiti, tomaram o ônibus e fugiram", disse Brandon Judd, presidente do Conselho Nacional de Patrulha de Fronteira.

A deportação de migrantes foi criticada pela Partners In Health, ONG que atua no país.

"Durante um período desafiador e perigoso para o Haiti, é inconcebível e cruel mandar homens, mulheres e crianças de volta para o que muitos deles nem mesmo chamam mais de 'casa'."

Muitos haitianos deixaram o país após um terremoto devastador em 2010, e um grande número dos que estavam no campo vivia no Brasil ou em outros países da América do Sul e viajou para o norte depois de não conseguirem encontrar empregos ou situação legal.

Este ano trouxe mais dificuldades para o país empobrecido. O presidente do Haiti foi assassinado em julho, e no mês seguinte o território haitiano sofreu mais um terremoto devastador.

 

Deportações podem aumentar

 

Cerca de 4.000 pessoas foram deportadas ou transferidas para outros centros de detenção, de acordo com o governo dos EUA. E as deportações devem aumentar, com até sete voos diários, segundo o jornal Washington Post.

A agência de notícias Associated Press também informou que autoridades de outros países também estão liberando migrantes haitianos para seguirem para os EUA "em uma escala muito, muito grande".

Por outro lado, o governo colombiano disse que cerca de 19.000 migrantes, principalmente do Haiti, estão presos perto da fronteira com o Panamá. Eles costumam cruzar para o Panamá e prosseguir a pé como parte de uma longa viagem ao norte em direção aos EUA.

Segundo um alto funcionário colombiano, muitos migrantes agora estão presos perto da fronteira por causa de um acordo entre os dois países que restringe o número de migrantes que cruzam o Golfo de Urabá para o Panamá a apenas 250 pessoas por dia.

Ele acrescentou que muitos migrantes têm arriscado suas vidas ao tentar cruzar o golfo ilegalmente, à noite, em barcos sem segurança adequada.

Agente da fronteira a cavalo

Reuters

Maioria dos imigrantes detidos na fronteira americana nesta semana era haitiana

Aqueles que conseguiram chegar por fim aos EUA e acabaram detidos enquanto cruzavam a fronteira agora aguardam a decisão em um acampamento improvisado sob temperaturas de 37°C. Há muitas reclamações sobre alimentação e saneamento inadequados.

A maioria dos que estão no acampamento são haitianos, mas há também cubanos, peruanos, venezuelanos e nicaraguenses. Não há informações oficiais sobre a presença de brasileiros.

Dados do órgão de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA revelam que o número de brasileiros cruzando ilegalmente a fronteira sul dos EUA bateu recorde ao longo dos últimos dez meses. De outubro de 2020 a agosto deste ano, 46.410 brasileiros foram detidos — seis vezes mais do que um período semelhante anterior.

Só em agosto, 9.098 tentaram a travessia, a maior marca desde o início do ano fiscal de 2021 (que vai de 1º de outubro de 2020 a 30 de setembro de 2021).

 

A 'terrível' caçada a haitianos com cavalos

 

Os vídeos e imagens de vários agentes da fronteira dos EUA a cavalo perseguindo e atacando migrantes com um suposto chicote próximo ao Rio Grande, em área limítrofe ao pequeno município de Del Rio, no estado americano do Texas, geraram debate no país.

Agente de fronteira agarra camiseta imigrante no Texas

Getty Images

Casa Branca chamou registros de "terríveis"; na imagem, agente de fronteira agarra roupa de imigrante no Texas

Nas imagens, os agentes são vistos segurando instrumentos que alguns descreveram como "chicotes", embora as autoridades garantam que são "rédeas" usadas para "garantir o controle do cavalo".

"Havia um fluxo contínuo e (os agentes) diziam: 'Não, você não pode entrar. Volte para o México'. Mas as pessoas diziam 'mas minha família está lá'", disse fotógrafo Paul Ratje, da agência de notícias AFP, ao jornal Washington Post.

Isso ocorreu porque alguns migrantes cruzaram para o México para comprar comida e água para eles e suas famílias, que eram escassos no lado americano, e voltaram para o acampamento improvisado sob uma ponte no município de Del Rio.

A congressista democrata Ilhan Omar descreveu as ações dos agentes de fronteira como "abusos aos direitos humanos" e como "cruéis, desumanos e uma violação das leis nacionais e internacionais".

O secretário de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorkas, garantiu que os fatos seriam investigados, descrevendo a situação dos migrantes como "desafiadora e dolorosa".

No entanto, ele emitiu um aviso: "Se você vier ilegalmente para os Estados Unidos, será devolvido. Sua viagem não será bem-sucedida e você estará colocando sua vida e a de sua família em perigo."

Fonte: BBC News e Agência Brasil