Economia

Dólar sobe 0,93%, a R$ 5,331, com temor sobre Evergrande; Bolsa tomba 2,33%





Em sessão marcada pela aversão ao risco, o dólar fechou a segunda-feira (20) em alta de 0,93%, cotado a R$ 5,331 na venda — puxado pelo receio generalizado sobre o endividamento da gigante chinesa Evergrande. Com a nova valorização, a terceira seguida, a moeda americana chegou hoje ao maior valor em quase um mês, desde 23 de agosto (R$ 5,382).

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), despencou 2,33% na sessão, chegando aos 108.843,74 pontos. É a quinta queda consecutiva registrada pelo indicador e o menor patamar alcançado desde 23 de novembro de 2020 (107.378,92 pontos).

Em setembro, o dólar já soma ganhos de 3,08% frente ao real, enquanto o Ibovespa registra perdas de 8,37%. O cenário se repete em 2021, com a moeda em alta acumulada de 2,75% e o indicador, queda de 8,55%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Temor sobre Evergrande

Além da inflação alta e o crescimento abaixo do esperado nas maiores economias do mundo, que já preocupam investidores há semanas, o mercado agora está atento às movimentações da incorporadora chinesa Evergrande, à medida que se aproxima o prazo de vencimento de sua dívida bilionária e crescem os temores de calote.

A Evergrande tem se esforçado para levantar recursos e pagar seus muitos credores, fornecedores e investidores. Operadores alertam que seus US$ 305 bilhões em passivos podem gerar riscos maiores para o sistema financeiro da China se não forem estabilizados, o que causa um temor generalizado no mercado.

"O que estamos observando nos últimos dias são sinais preocupantes de contágio da situação da Evergrande para outras empresas do setor na China. (...) Obviamente que o cenário na China é extremamente desafiador para o Brasil, que ainda precisa lidar com suas peculiaridades locais", escreveu em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos.

Expectativa por juros

Paralelamente, a semana com reuniões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil também ajuda a manter tom de cautela entre os investidores.

O Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) encerra sua reunião de dois dias na quarta-feira (22), e dados econômicos têm embaçado as perspectivas dos investidores sobre a manutenção dos estímulos à economia do país — embora a maioria espere que um eventual corte nas compras de títulos deva ficar para novembro ou dezembro.

No Brasil, o Banco Central também anuncia no próximo dia 22 sua decisão de política monetária, e o consenso do mercado é de que os juros básicos da economia (Selic) serão elevados em 1 ponto percentual, de 5,25% para 6,25% ao ano.

Juros altos no Brasil tendem a favorecer o real, uma vez que aumentam a rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico, mas a inflação cada vez mais pressionada tem gerado temores sobre a manutenção do atual ritmo de ajustes na Selic.

O risco é perder o controle sobre as expectativas para a inflação no horizonte relevante e reduzir a eficácia da política monetária.Estrategistas da Genial Investimentos, em nota

Fonte: UOL com Reuters

Crise da Evergrande cria caos no mercado de ações de Hong Kong

Bancos, incorporadoras e seguradoras chinesas também tiveram perdas nesta segunda-feira (20) 

A crise devido ao endividamento da Evergrande continua abalando investidores na Ásia e aumentando os temores sobre um potencial calote por parte do conglomerado chinês, que pode respingar em outras partes da economia.

As ações do Grupo Evergrande caíram 10% em Hong Kong na segunda-feira (20), atingindo 2.228 dólares de Hong Konh (US$ 0,29) por ação. O papel despencou 84% em 2021, ficando abaixo do preço definido no seu IPO (Oferta Pública Inicial) em 2009, de 3.5 dólares de Hong Kong (US$ 0.45).

O Índice Hang Seng caiu 3,3% na segunda-feira, sofrendo a sua maior queda em quase dois meses, em meio a recuos de bancos, seguradoras e outras empresas imobiliárias chinesas.

A Evergrande também foi alvo de algumas manchetes importantes nesta semana. Ela deveria ter pago os juros de alguns empréstimos bancários na segunda-feira, segundo a Bloomberg. O veículo recentemente informou que autoridades chinesas disseram para grandes bancos que eles não vão receber esses pagamentos.

A empresa não respondeu aos pedidos da CNN Business por um comentário sobre os pagamentos.

Além disso, pagamentos de juros que somam mais de US$ 100 milhões deveriam ocorrer no final desta semana, de acordo com dados da plataforma Refinitiv.

Mas ainda não está claro quanto, ou se, a Evergrande será capaz de pagar. O grupo é a incorporadora mais endividada da China, com mais de US$ 300 bilhões em passivos. Nas últimas semanas, ela avisou investidores sobre problemas com o fluxo de caixa, afirmando que ela poderia dar um calote se não conseguisse arranjar dinheiro rapidamente.

dívida da Evergrande é tão grande que alguns analistas alertaram que os riscos podem se espalhar pela China. A empresa possui cerca de 6,5% da dívida do setor de propriedade da China, segundo estimativas da UBS.

O índice de Propriedades Hang Seng, que segue as principais incorporadoras listadas na cidade, afundou 6,7%, chegando ao nível mais baixo desde maio de 2016.

A queda pode ter sido exacerbada por uma informação da Reuters na tarde de sexta-feira (17), que citou afirmações de fontes anônimas de que Pequim teria pedido aos grandes investidores de propriedades para destinar recursos e influência para apoiar os interesses do governo.

As incorporadoras de Hong Kong New World Development e Chinese Estates Holdings, conhecidas como aliados antigos da Evergrande que geralmente apoiam a companhia ao comprar dívidas ou parte das ações, caíram 12,3% e 8,5%, respectivamente. Outra incorporada chinesa, Country Garden, perdeu mais de 6%.

As vendas se espalharam para as ações de bancos e companhias de seguro chinesas. A Ping Na Insurence – a maior seguradora do país e um dos maiores investidores em propriedades – recuou quase 6% na segunda-feira, atingindo o menor nível desde 2017.

As perdas severas ocorreram mesmo após a Ping An dizer na sexta-feira que tinha “zero exposição” na Evergrande, enquanto riscos para seus outros investimentos em propriedades eram “controláveis”, de acordo com a mídia estatal chinesa.

O mercado de ações e de dívidas da China foi fechado na segunda-feira devido a um feriado, e deve reabrir na quarta-feira (22).

Analistas do Goldman Sachs alertaram para “riscos crescentes” do mercado imobiliário chinês.

“Preocupações com a Evergrande estão aumentando, e os sinais de dificuldades financeiras se espalhando por outras incorporadoras estão subindo”, disseram em um relatório no domingo (19).

O governo chinês precisa “gerenciar com cuidado” o potencial calote ou reestruturação da Evergrande, e precisa ter uma mensagem clara para ajudar a “aumentar a confiança e parar os efeitos colaterais”, disseram.

A Evergrande tem cerca de 200 mil funcionários, com mais de US$ 110 bilhões em vendas no último ano e mais de 1.300 projetos, de acordo com a companhia. Seus grandes passivos ficam com instituições financeiras, investidores de varejo, compradores de casas e fornecedores no setor de construção, materiais e indústrias de design.

Os problemas na incorporadora endividada já estavam esquentando no último ano. Em agosto de 2020, Pequim começou a conter o endividamento excessivo do setor imobiliário em uma tentativa de evitar um superaquecimento do mercado imobiliário e evitar o crescimento de dívida.

A crise de liquidez da Evergrande piorou nas últimas semanas, desencadeando uma queda ainda maior nas ações e títulos de dívida da empresa.

No começo da semana passada, o veículo chinês Caixin informou que centenas de pessoas que investiram em um produto de gerenciamento de riqueza da Evergrande cercaram a sede da empresa em Shenzhen, exigindo o retorno do dinheiro.

Eles também questionaram um executivo sênior da empresa, que segundo eles teria retirado seu investimento há alguns meses, sugerindo que ele sabia do tamanho dos problemas antes de avisar os investidores.

A empresa alertou na sexta-feira que seis executivos podem enfrentar “punições severas” por lucrar com a retirada de investimentos no produto de gerenciamento. No sábado (18), a Evergrande disse que começará a pagar os investidores com propriedades.

Fonte: CNN Brasil