Cotidiano

Brasil perde, vê Colômbia fazer história, mas é campeão sul-americano





Seleção feminina é dominada por donas da casa, que carimbam vaga inédita no Mundial de 2022. Vitória na terceira parcial, porém, garante a 22ª conquista continental para time de Zé Roberto

O roteiro se indicava previsível. Tão absoluto na América do Sul, o Brasil parecia ter uma missão quase protocolar para garantir seu 22° título continental. Para isso, bastava um set. A Colômbia, porém, quis assumir o protagonismo e escrever os passos de sua própria história. Ao vencer as duas primeiras parciais da decisão, o time da casa carimbou uma vaga inédita para o Mundial de 2022. Chegou a flertar com a conquista, mas viu o Brasil vencer o terceiro set e garantir o troféu em Barrancabermeja. No fim, arrancou a vitória para celebrar uma noite de sonhos. Motivos para festa dos dois lados, mas com um gosto de anticlímax para as brasileiras: 3 sets a 1 para as colombianas, parciais 25/19, 25/23, 24/26 e 25/23. 

O feito da Colômbia é histórico. A seleção confirma a evolução dos últimos anos sob o comando do brasileiro Antônio Rizola e vai ao seu primeiro Mundial. A equipe precisava vencer dois sets para passar a Argentina na pontuação e garantir o lugar na competição do próximo ano, na Polônia e na Holanda. Foi além e conquistou sua primeira vitória sobre o Brasil em um Sul-Americano. Há dois anos, nos Jogos Pan-Americanos de Lima, já havia derrubado as rivais na semifinais rumo à prata inédita. 

O Brasil, que só havia perdido um set na competição até este domingo, precisava vencer apenas um para ficar com o título. A vaga no Mundial já havia sido garantida na partida anterior, contra o Chile. Não foi um bom jogo. O troféu veio com uma parcial sofrida, quase desperdiçada depois de a Colômbia chegar ao empate em 24/24. Ainda que a atuação não tenha sido das melhores, a seleção de Zé Roberto confirmou o favoritismo ao garantir o 22° troféu sul-americano, o 14° em sequência. O Peru, com 12 títulos, é a única outra seleção a ter fincado a bandeira no topo do continente. 

A seleção fechou a competição com três vitórias e uma derrota. Terminou com o mesmo número de pontos da Colômbia, mas levou a melhor pela média de sets vencidos. Confira a tabela final. Na lista de melhores da competição, três brasileiras. Gabi foi eleita a MVP, enquanto Carol Gattaz, central, e Ana Cristina, oposta, entraram na seleção. 

1° set: Brasil entra em ritmo lento e sai atrás

Ao acelerar o passo e já soltar uma pancada pela ponta, Gabi abriu a conta na partida. Mas, com a matemática feita na cabeça pelo sonho do título ou da vaga antecipada para o Mundial, o time da casa fez força para se impor. Em um ponto de Margarita, passou à frente pela primeira vez em 4/3. Pouco depois, em um ataque para fora de Natália, as colombianas abriram dois pontos, marcando 6/4. Na sequência, um erro de recepção do Brasil fez com que a bola sobrasse livre para Amanda ampliar a vantagem. Zé, então, parou o jogo pela primeira vez. 

A Colômbia, porém, se manteve na dianteira. Em dois erros seguidos de Gabi, as donas da casa abriram 10/5 no placar. Quando a conta chegou a 12/5, Zé Roberto decidiu mexer e mandou Rosamaria e Roberta à quadra. O time até ensaiou uma reação, mas viu a Colômbia manter a vantagem: 14/7. Aos poucos, o Brasil encostou. Natália, de bloqueio, fez a diferença cair para apenas três pontos, em 16/13. A reação parou por ali. A Colômbia voltou a abrir e fechou o primeiro set em 25/19 em uma pancada de Dayana. 

2° set: Colômbia se impõe e garante vaga no Mundial

O Brasil quis reagir. Na volta à quadra, abriu 3 a 0 na marra. Mas as colombianas não demoraram a buscar o empate. A virada veio em um saque de Yeisy, sem recepção para Gabi, marcando 5/4. As colombianas voltaram a se empolgar. Amanda fez o placar marcar 10/7 para o time da casa. Zé Roberto, então, parou a partida mais uma vez. Yeisy, no bloqueio, ampliou na volta à quadra. Àquela altura, a situação só não era pior para o Brasil por conta dos erros de marcação da arbitragem - foram três pontos tirados das colombianas em sequência. 

A torcida ditava o ritmo, e a Colômbia seguia o embalo. Ao ver o placar marcar 13/8 para as rivais, Zé Roberto mudou. Mandou Roberta à quadra e tentou buscar um jogo mais seguro. Mas nada parecia funcionar. Em um erro de dois toques da levantadora reserva, as colombianas dispararam e marcaram 17/11. Margarita, com mais uma pancada, explorando o bloqueio, fez a conta ampliar. 

Ana Cristina, de volta à quadra, engatou uma boa sequência no saque e fez o Brasil voltar ao jogo. A diferença, que chegara a ser de sete pontos, caiu para 18/15. O empate só veio na reta final do set, depois de um toque de Valerin na rede. A torcida, àquela altura, gritava: "Sí, se puede" ("Sim, é possível"). Tinham razão. Em um ponto histórico, Valerin parou Ana Cristina no bloqueio para fechar o set e garantir a vaga no Mundial: 25/23. 

3° set - Brasil sofre, mas vence set e garante título

O Brasil melhorou na volta à quadra, à medida que a Colômbia se perdeu em meio ao feito alcançado no set anterior. Pela primeira vez, a seleção de Zé Roberto abriu vantagem na volta à quadra. Chegou a 9 a 6 até com certa tranquilidade. Mas as donas da casa retomaram a consciência e passaram a acreditar em um feito ainda maior. Em busca do título, chegaram ao empate em 9/9. Na passagem de Roberta pelo saque, no entanto, a seleção voltou a abrir e marcou 13/10 na conta. 

A Colômbia voltou a encostar. O Brasil, porém, viu Natália se reerguer e chamar a responsabilidade. A seleção abriu vantagem mais uma vez. Em um ace de Roberta, abriu 21/17 e pareceu se encaminhar rumo ao título continental. Rizola pediu tempo e tentou arrumar a casa para manter a Colômbia na briga pelo troféu. Funcionou. Depois de um erro de levantamento de Roberta, Gabi mandou para fora, e as donas da casa diminuíram a diferença para apenas um ponto: 21/20. 

O Brasil abriu 24/22 e parecia ter tudo resolvido. Não foi bem assim. A Colômbia foi ao limite e chegou ao empate em um bloqueio sobre Natália. A seleção, no entanto, conseguiu se recuperar a tempo para fechar a parcial e garantir o título em uma pancada de Gabi: 26/24. 

4° set - Colômbia vai além e bate o Brasil

Com quase tudo resolvido, ainda faltava definir o resultado final. O Brasil tentou manter o ritmo e saltou à frente. Mas, com dois erros de Natália em sequência, a Colômbia retomou a dianteira em 12/11. Para o desespero de Zé Roberto, a seleção voltou a se perder em erros e viu as rivais abrirem 14/11. O Brasil chegou a tomar a frente, mas viu a Colômbia abrir 20/18. Lorenne, com dois pontos em sequência, deixou tudo igual. Gabi, pouco depois, com um ace, abriu 22/21. Mas as colombianas queriam mais. Engatou mais uma reação, virou o placar e garantiu uma vitória histórica: 25/23.

Fonte: Globo Esporte