Cotidiano

EUA e Reino Unido vão armar Austrália com submarino nuclear contra a China





Países estreitam laço, em mais um passo de Biden para pressionar Pequim no Indo-Pacífico

Buscando reforçar seus aliados na disputa contra a China no Indo-Pacífico, os Estados Unidos e o Reino Unido fecharam um pacto militar cujo principal objetivo é armar a Austrália com submarinos de propulsão nuclear.

O acordo foi anunciado pelo presidente Joe Biden e pelos premiês Boris Johnson (Reino Unido) e Scott Morrisson (Austrália), em videoconferência.

Sem muitos detalhes, os líderes disseram que um programa para fabricar as embarcações na ilha-continente será desenvolvido em um ano e meio. Os três reforçaram que se trata de um submarino movido a energia nuclear, e não armado com armas atômicas —que a Austrália nem possui.

Além disso, haverá cooperação nos campos de cibersegurança, inteligência artificial e informações. Mas o foco principal é militar.

Segundo Biden, os aliados "estarão juntos para enfrentar as ameaças do século 21", naturalmente sem citar a China, para garantir o "Indo-Pacífico livre".

A embaixada chinesa em Washington pediu que os rivais “sacudissem a mentalidade de Guerra Fria”.

A aproximação é mais um sinal inequívoco de que Biden resolveu acelerar a estruturação de um arcabouço visando conter estrategicamente a China em seu quintal geopolítico: os mares por onde passam exportações e importações de Pequim.

Lá fora

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A retirada americana do Afeganistão, por caótica que tenha sido e com efeitos ainda insondáveis, também liberou energia para Washington empregar na região asiática.

Na semana que vem, o americano presidirá pela primeira vez um encontro presencial de chefes de Estado dos países do Quad, o grupo que une EUA, Japão, Índia e Austrália. Formado em 2007 e revitalizado dez anos depois, o clube visa cercar estrategicamente a China e suas saídas para o mar.

Biden já havia feito o primeiro encontro de alto nível do Quad virtualmente, em maio. Até aqui, as promessas de cooperação mais estreita e o uso de distribuição de vacinas para Covid-19 a aliados chineses não avançaram.

De todo modo, tudo isso coloca em novo nível a Guerra Fria 2.0 declarada por Donald Trump em 2017. A Austrália vem se estranhando progressivamente com a China, com disputas que vão de direitos de gestão de portos na ilha à presença de estudantes chineses no país.

Subjacente a tudo isso, o temor geopolítico da expansão crescente da ditadura de Pequim. Sob o governo de Xi Jinping, a partir de 2012, o país tornou-se muito mais assertivo, dando peso político à sua posição de segunda maior economia do mundo.

Central para as pretensões chinesas está a manutenção de suas rotas marítimas, a começar pelo mar do Sul da China. A partir de 2014, Xi militarizou atóis e ilhotas, clamando para si 85% das águas da vasta região, no que foi desafiado em fóruns internacionais até agora com sucesso por países como as Filipinas.

Na prática, contudo, a China fincou sua bandeira. Passam por lá o grosso de suas exportações e, tão importante quanto, o influxo energético de petróleo do Golfo Pérsico.

É aí que entra o papel militar previsto para a Austrália. Com Nova Déli crescentemente afastada de Pequim, como o conflito entre os países no Himalaia no ano passado demonstrou, a Índia garante uma frente firme no Índico.

O Japão, por sua vez, está muito próximo e vulnerável em caso de conflito com a antiga rival China. Já a Austrália proporciona uma profundidade estratégica ao arranjo, como uma grande base ao sul —isso sob a ótica americana, claro, dado que os EUA já atuam ativamente nos mares da região.

O apoio de Washington tem impactos de outra ordem. Segundo a imprensa australiana, ainda sem ter detalhes dos termos do pacto, o fornecimento irá enterrar uma compra bilionária feita por Camberra da França.

Trata-se de um projeto de 2016, que prevê a fabricação na Austrália de 12 modelos de propulsão diesel-elétrica franceses, derivados do desenho nuclear Barracuda. A conta do projeto já foi dobrada, chegando a astronômicos R$ 345 bilhões.

Como está em marcha lenta, a construção pode ser jogada fora se a Austrália pagar uma multa de cerca de R$ 2 bilhões ao Naval Group francês —o mesmo que fabrica no Brasil quatro modelos convencionais e no futuro, um nuclear em acordo com a Marinha.

Biden até assoprou, elogiando a "presença da França" no mar do Sul da China e a cooperação entre os países da Otan (aliança militar ocidental). Hoje a Austrália tem seis modelos convencionais de desenho sueco.

Uma embarcação de propulsão nuclear, que pode permanecer submersa por muito tempo e agir em longas distâncias, mudaria o padrão de jogo da Austrália, permitindo patrulhas por exemplo no mar do Sul da China.

Hoje apenas os cinco membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, EUA, Rússia, China, Reino Unido e França, além da Índia, operam modelos nucleares —e todos têm também barcos com capacidade de lançar mísseis balísticos armados com ogivas atômicas, diferentemente do proposto agora.

China, Terra do Meio

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O anúncio causou um ruído com a aliada Nova Zelândia, cuja premiê, Jacinda Ardern, afirmou que se a Austrália tiver um submarino nuclear, isso não mudará a proibição que seu país impõe de trânsito desse tipo de embarcação em suas águas.

Por fim, a presença de Londres no acordo, além de fazer sentido, já que a Austrália faz parte da Comunidade Britânica, confirma a tentativa do governo de Boris de se manter relevante no palco global.

O envio do novo porta-aviões britânico, o HMS Queen Elizabeth, para áreas de interesse chinês foi um sinal inicial desse comprometimento com os EUA.

Aos chineses, por ora sobra o apoio robusto da Rússia de Vladimir Putin, que também tem exercitado suas forças no Pacífico, além de se estranhar com navios americanos por lá.

 

Confira outras as notícias do Brasil e do mundo:

- Tubarão com 'cara de porco' é encontrado em ilha italiana

Oficiais da marinha italiana encontraram um tubarão com "cara de porco" nas proximidades da Ilha de Elba, localizada no Mar Mediterrâneo. O animal, integrante da curiosa espécie Oxynotus centrina, estava boiando, morto, quando foi identificado e sugere ser uma das vítimas acidentais da caça predatória nas águas da região.

As imagens do animal viralizaram e exibiram uma figura estranha, certamente fugindo bastante dos tubarões tradicionais. Isso porque, além de o O. centrina ter um rosto que se assemelha à cara de um porco, apresenta olhos inchados e com o entorno avermelhado, além de emitir um ruído parecido com o rosnado suíno após ser retirado das águas.

(Fonte: Facebook - Isola d'Elba App / Reprodução)(Fonte: Facebook - Isola d'Elba App / Reprodução)

Curiosamente, esse caso não é o primeiro sobre o encontro de tubarõesbizarros no Mar Mediterrâneo, já que em julho de 2019 pescadores locais identificaram um tubarão nu, ou seja, sem pele ou dentes, que vivia uma vida normal até ser retirado da água. Segundo biólogos, a abundante presença dos peixes no litoral europeu é possível graças às barbatanas dorsais espinhosas e corpos relativamente grandes, que permitem a sobrevivência em centros de pesca predatória.

O tubarão-áspero-angular

Com tamanho médio de até 60 centímetros em indivíduos adultos, o tubarão-áspero-angular tem um comprimento corporal achatado em relação aos outros grupos e é capaz de suportar profundidades de até 780 metros. Além de habitar quase todas as costas do Mediterrâneo, o animal se abriga em zonas do Oceano Atlântico ocidental e pode ser encontrado no norte e sul do continente africano, o bicho se alimenta de crustáceos e pequenos animais marinhos.

(Fonte: Facebook - Isola d'Elba App / Reprodução)(Fonte: Facebook - Isola d'Elba App / Reprodução)

De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o tubarão com "cara de porco" é considerado uma espécie vulnerável, e suas populações estão em declínio há décadas, posicionadas em um degrau abaixo do status de ameaçadas.

- Foguete da SpaceX decola para levar 1ª tripulação civil para a órbita

Um foguete da SpaceX decolou da Flórida levando um executivo de comércio eletrônico bilionário e três cidadãos menos abastados que ele escolheu para se juntar a ele na primeira viagem de uma tripulação civil em um voo para a órbita da Terra.

O quarteto de viajantes espaciais amadores, liderado pelo fundador e executivo-chefe da empresa de serviços financeiros Shift4 Payments, Jared Isaacman, decolou às 21h03 (horário de Brasília) do Centro Espacial Kennedy em Cabo Canaveral.

Uma transmissão ao vivo da SpaceX mostrou Isaacman, de 38 anos, e seus companheiros --Sian Proctor, 51, Hayley Arceneaux, 29, e Chris Sembroski, 42-- amarrados na cabine pressurizada da cápsula branca reluzente do SpaceX Crew Dragon, apelidada de Resilience, usando seus macacões de voo e capacetes.

O voo, que não tem astronautas profissionais acompanhando os clientes pagantes da SpaceX, deve durar cerca de três dias entre a decolagem e o pouso no Atlântico.

Isaacman pagou uma soma não revelada, mas que a revista Time estimou em US$ 200 milhões, ao também bilionário e proprietário da SpaceX, Elon Musk, pelos quatro assentos.

- WhatsApp testa no Brasil funcionalidade de indicação de negócios

Recurso é, por enquanto, exclusivo para usuários paulistas

O aplicativo de mensagens WhatsApp anunciou que a cidade de São Paulo foi escolhida para testar uma nova funcionalidade que permite localizar bares, restaurantes, lanchonetes e outros tipos de empreendimento que usam a plataforma para fazer negócios.

A novidade, que será testada exclusivamente no Brasil, será chamada Guia de Negócios e funcionará como uma espécie de mapa de locais recomendados por usuários.

“No momento, o guia está disponível somente para algumas empresas no centro da cidade de São Paulo que vendem produtos e serviços na região, incluindo alimentação, varejo e educação. Com o tempo, esperamos incluir mais categorias e áreas geográficas, e disponibilizar o guia para mais para empresas que usam o app”, informou a empresa em comunicado.

Para as empresas que tiverem interesse em aderir e estejam localizadas no centro da cidade de São Paulo, o WhatsApp disponibilizou um vídeo explicativo para o processo de cadastro. 

Para usuários, a opção estará disponível em uma aba exclusiva que aparecerá com a atualização do aplicativo. Como é focada no mercado paulista, indicações de negócios ainda não aparecerão para os públicos de outras localidades.

Segundo pesquisa da empresa especializada em mercados de aplicativos e internet Statista, o WhatsApp conta com um mercado global de 2 bilhões de usuários, dos quais 120 milhões são brasileiros. O país fica atrás apenas da Índia, que tem 400 milhões de linhas móveis cadastradas no WhatsApp.

Anvisa quer ampliar controle sobre produtos usados em pesquisas

Decisão ocorre após suspensão do uso e importação da proxalutamida

A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a abertura de uma consulta pública para atualizar a norma que trata da importação de produtos e medicamentos para pesquisa científica ou acadêmica. O objetivo, segundo o órgão, é “aprimorar o controle sanitário na importação de produtos utilizados em pesquisa científica com seres humanos e coibir o desvio de finalidade para consumo irregular desses produtos".

A decisão ocorre menos de duas semanas após a agência suspender a importação e o uso de produtos contendo a substância proxalutamida no âmbito de pesquisas científicas no Brasil. De acordo com a Anvisa, a Procuradoria da República no Rio Grande do Sul identificou a realização de estudos com o uso de proxalutamida em seres humanos. As investigações mostraram que unidades hospitalares e clínicas estariam usando o produto à revelia dos estudos científicos aprovados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e, por isso, sua utilização foi proibida.

A proxalutamida é um bloqueador de andrógenos (hormônios masculinos como testosterona) que está em fase de testes contra câncer de próstata. Recentemente, um estudo ainda não revisado apontou redução da mortalidade em pacientes internados com covid-19 após administração da substância. A proxalutamida é fabricada na China e ainda não possui distribuição comercial.   

A consulta pública deverá sugerir alterações nas regras de importação desse tipo de produto, excluindo-se a possibilidade de ingresso no Brasil por remessa postal convencional. Também deverá ser estabelecida a obrigatoriedade de assinatura digital com a utilização de certificados do tipo e-CNPJ ou e-CPF das pessoas ou entidades responsáveis pela importação. Outro tema da consulta será inserção de informações sobre inventário de importações realizadas anteriormente para o mesmo projeto de pesquisa.

De acordo com a Anvisa, a consulta pública será publicada nos próximos dias no Diário Oficial da União e ficará disponível para contribuições por 15 dias a contar da data definida no ato da publicação. O relator da consulta será o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.

Tecidos humanos

Em outra deliberação desta quarta, a Anvisa aprovou a atualização da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 55/2015, que trata dos requisitos de boas práticas para bancos de tecidos humanos. O objetivo, segundo o órgão, é aprimorar as regras de segurança e qualidade dos tecidos humanos, como córnea, osso, pele, entre outro, recebidos por meio de doações e fornecidos para tratamento de doenças.

A norma atualizada inclui novos procedimentos para a realização de testes laboratoriais para a detecção de agentes infecciosos causadores de doenças como HIV e hepatites B e C, bem como os requisitos para triagem clínica e social do doador, visando aumentar a proteção dos receptores (pacientes) de tecidos humanos.

 

Fonte: Folha - Agência Brasil - Mega Curioso