Cotidiano

Dose de reforço para todos requer mais dados, diz infectologista





A indicação de uma dose de reforço das vacinas contra covid-19 para toda a população ainda requer mais evidências, avaliou hoje (11) o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e diretor clínico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Alberto Chebabo, que afirma não ter dúvidas dessa necessidade no caso dos idosos. O infectologista participou da Jornada Nacional de Imunizações e apresentou estudos sobre o que se sabe até agora sobre a duração da imunidade conferida pelas vacinas contra o SARS-CoV-2.

"Ainda não estou convencido de que uma terceira dose vai ser necessária para toda a população. Neste momento, não tenho dúvida de que vai ser importante para a população com mais de 60 anos e imunossuprimidos. Para os demais, precisa de evidências, precisa de dados, para a gente poder tomar uma decisão melhor", disse Chebabo, que acrescentou que essa dose poderia ser estendida aos profissionais de saúde para reduzir as infecções hospitalares e afastamentos do trabalho. 

O infectologista explica que as vacinas usadas atualmente têm cumprido o papel de reduzir a mortalidade e as internações por covid-19, mas ainda não conseguiram interromper a circulação do vírus, principalmente diante do surgimento de novas variantes. 

Outros países

Chebabo apresentou estudos realizados no Reino Unido e em Israel que indicam que a proteção das vacinas contra casos leves na população em geral tende a diminuir seis meses após a segunda dose, enquanto a proteção contra casos graves e hospitalizações é aparentemente mais duradoura.

Diante disso, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia argumenta que há dúvidas se uma terceira dose conseguirá produzir imunidade duradoura contra casos leves ou se a queda da proteção contra a covid-19 leve irá se repetir meses depois da aplicação e manter um cenário propício à circulação do vírus. 

"Países importantes para a gente avaliar seriam Israel e Reino Unido, que têm estratégias diferentes", apontou Chebabo, que também destacou o Chile, onde a CoronaVac foi a principal vacina utilizada.

Israel aplicou somente a vacina da Pfizer, com um intervalo de três semanas entre as doses. Quando detectou uma alta nos testes positivos para covid-19, o país decidiu reforçar a imunização de toda a população com mais uma dose de Pfizer - seis meses após a segunda dose.

Já o Reino Unido usou Pfizer e AstraZeneca, ambas com 12 semanas de intervalo entre as doses. Especialistas investigam se a diferença no intervalo entre a primeira e a segunda dose pode explicar disparidades na efetividade das vacinas contra casos leves da variante Delta, já que um dos estudos apontou proteção menor entre os vacinados de Israel, em uma comparação que considera somente quem tomou Pfizer no Reino Unido e no Canadá.  

"A gente vê que, provavelmente, quando a gente estica esse intervalo de avaliação, com 12 semanas a gente consegue uma melhor proteção", comentou o infectologista, que ponderou que o estudo analisado foi publicado em preprint e ainda precisa ser avaliado por outros cientistas. 

Imunidade de rebanho

O infectologista participou de uma mesa de discussão com o professor de infectologia da Escola Paulista de Medicina e diretor clínico do Grupo Fleury Celso Granato, que destacou que o vírus SARS-CoV-2 exigirá um percentual alto de população imunizada para parar de circular.

"Estabelecer imunidade de rebanho para um vírus que sofre mutação em transmissão respiratória é muito complexo", avaliou. "Existe, para qualquer doença infecciosa, uma imunidade de rebanho, mas o nível é muito mais alto do que aquele que a gente imaginava, muito provavelmente 80%,  90%, algo muito mais próximo do sarampo do que de outras doenças menos infecciosas".

Para ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Francieli Fantinato, o trabalho de planejar a campanha de imunização contra a covid-19 deixa lições, como a importância de um grupo assessor forte e disponível para discutir novas evidências e atualizações do Plano Nacional de Operacionalização de Vacinação contra a Covid-19, que já está em sua nona versão devido às constantes descobertas sobre a doença e as vacinas.

Pfizer entrega 8, 97 milhões de novas doses ao Brasil

vacina contra Covid-19 Pfizer/BioNTech

A Pfizer Brasil entrega ao Ministério da Saúde, entre os dias 8 e 12 de setembro, 8,97 milhões de doses da vacina ComiRNAty, contra a covid-19, produzida em parceria com a BioNTech. Sete voos que sairão do Aeroporto Internacional de Miami, nos Estados Unidos (EUA), com destino ao Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas.

A previsão é que a Pfizer envie 200 milhões de doses do imunizante ao país até o fim de 2021, por meio de dois contratos de fornecimento da vacina. O contrato fechado em com o Ministério da Saúde em 19 de março prevê a entrega de 100 milhões até o fim de setembro.

Já o segundo contrato, assinado em 14 de maio, prevê a entrega de mais 100 milhões de doses entre outubro e dezembro. As doses do imunizante que estão chegando ao Brasil são produzidas em duas fábricas nos EUA, Kalamazoo e McPherson, além de uma fábrica na Europa, em Purrs, na Bélgica. 

Após chegarem no Aeroporto Internacional de Viracopos, as vacinas seguem para o depósito do Ministério da Saúde, em Guarulhos, e depois são enviadas aos mais de 38 mil postos de vacinação espalhados pelo país. 

De acordo com o fabricante, já foram enviados mais de 1,2 bilhão de doses da vacina para mais de 120 países, incluindo o Brasil. A Pfizer apresenta uma taxa de sucesso de 99,9% em enviar lotes da vacina ao seu destino, dentro de todos os parâmetros pré-estabelecidos. Com base nas projeções atuais, a Pfizer e a BioNTech estimam que podem fabricar até 3 bilhões de doses da vacina no total, até o fim de 2021. Para 2022, a produção estimada é de 4 bilhões de doses.

Fonte: Agência Brasil