Cultura

Papa: ser cristão é superar discriminações. O batismo confere igual dignidade a todos





"As diferenças e os contrastes que criam separação não deveriam existir entre os fiéis em Cristo. Pelo contrário, a nossa vocação é tornar concreta e evidente a chamada à unidade de toda a raça humana", disse o Papa Francisco na Audiência Geral, comentando mais um trecho da Carta aos Gálatas.

Fonte: Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

“Somos filhos de Deus”: este foi o tema da catequese do Papa Francisco esta quarta-feira (08/09), na Sala Paulo VI, dando continuidade ao ciclo sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas. O Apóstolo insiste com aqueles cristãos para que não se esqueçam da novidade radical que supõe o batismo na vida dos fiéis.

“Nós, cristãos – comentou o Papa -, damos frequentemente por certa esta realidade de ser filhos de Deus. Ao contrário, é bom recordar sempre com gratidão o momento em que nos tornamos tais, o do nosso batismo, para viver com maior consciência o grande dom recebido.”

Como já fez em inúmeras ocasiões, o Pontífice reforçou a importância de saber a data em fomos batizados e recordá-la todos os anos. “Se hoje eu perguntasse quem de vocês sabe a data do batismo, creio que poucos levantariam a mão”, brincou Francisco, recomendando que os fiéis celebrem esta memória. 

Cristo faz toda a diferença

A filiação de que fala Paulo contém uma particularidade, ele afirma que a fé permite ser filhos de Deus «em Cristo» (3, 26). É este “em Cristo” que faz a diferença, explicou Francisco. Pela sua encarnação, Ele tornou-se nosso irmão, e pela sua morte e ressurreição reconciliou-nos com o Pai.

Nas suas Cartas, São Paulo refere-se várias vezes ao batismo. Para ele, ser batizado equivale a participar de modo efetivo e real no mistério de Jesus. Portanto, não é apenas um rito externo. Aqueles que o recebem são transformados nas profundezas do seu ser, no seu íntimo, e possuem uma nova existência, precisamente a vida que lhes permite dirigir-se a Deus e invocá-lo com o nome de “Aba, pai”.

Superação das diferenças

Francisco define como audaciosas, chocantes e revolucionárias as afirmações do Apóstolo na época, pois, através do batismo, a filiação divina prevalece sobre as diferenças culturais, sociais e religiosas: “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher".

Sobre estes conceitos, o Papa afirmou com pesar que, no caso da escravidão, esta existe ainda hoje: “Milhões de pessoas sem direito a comer, à educação, ao trabalho. São os novos escravos, que estão na periferia, explorados por todos. Ainda hoje existe a escravidão, pensemos nisto”.

Quanto à diferença entre homens e mulheres, o Pontífice condenou expressões de desprezo ao gênero feminino. “Homem e mulher têm a mesma dignidade. E tem na história hoje uma escravidão das mulheres, as mulheres não tem as mesmas oportunidades que os homens.”

Unidade da raça humana

Paulo afirma a profunda unidade que existe entre todos os batizados, qualquer que seja a sua condição, pois cada um deles, em Cristo, é uma criatura nova. Toda distinção torna-se secundária no que diz respeito à dignidade de ser filho de Deus. O Papa então concluiu:

“As diferenças e os contrastes que criam separação não deveriam existir entre os fiéis em Cristo”, acrescentou o Papa, citando situações “inconscientes” que fazemos inclusive dentro da Igreja, dando prioridade a pessoas bem vestidas e ignorando quem se apresenta maltrapilho.

“A nossa vocação é tornar concreta e evidente a chamada à unidade de toda a raça humana. Tudo o que exacerba as diferenças entre as pessoas, muitas vezes causando discriminação, tudo isto, perante Deus, já não tem qualquer substância, graças à salvação realizada em Cristo. O que conta é a fé que age seguindo o caminho da unidade, indicado pelo Espírito Santo. A nossa responsabilidade consiste em percorrer decisivamente este caminho da igualdade. Mas a igualdade que é sustentada pela redenção de Jesus.”

A saudação do Papa aos brasileiros e cubanos

"Peçamos a graça de poder viver os nossos compromissos batismais como verdadeiros imitadores de Jesus", disse Francisco à comunidade Nossa Senhora Aparecida.

No final da Audiência, ao saudar os fiéis de língua portuguesa, o Papa se dirigiu aos brasileiros residentes em Roma.

“Dirijo uma cordial saudação aos fiéis de língua portuguesa, particularmente à Comunidade brasileira ‘Nossa Senhora Aparecida’ em Roma. Queridos amigos, no batismo fomos santificados no nome da Santíssima Trindade. Peçamos a graça de poder viver os nossos compromissos batismais como verdadeiros imitadores de Jesus, o Filho de Deus, guiados pelo Espírito Santo, para a glória do Pai. Obrigado.”

A Comunidade estava acompanhada de seu capelão, Pe. Diógenes Casaril.

Vida e sonhos dos cubanos

Os cubanos receberam uma saudação especial do Papa Francisco esta quarta-feira.

O Pontífice recordou que nesta dia 8 de setembro Cuba celebra sua Padroeira e Mãe, Nossa Senhora da Caridade do Cobre.

A data foi uma ocasião para o Santo Padre relembrar sua peregrinação ao seu Santuário, em setembro de 2015: “Quero apresentar novamente aos pés da Virgem da Caridade a vida, os sonhos, as esperanças e dores do povo de Cuba. Onde quer que haja hoje um cubano, que experimente a ternura de Maria, e que Ela conduza a todos a Cristo, o Salvador.

Fonte: Vatican News