Política

70 cidades brasileiras esperam atos pró-Bolsonaro





Diversas cidades brasileiras têm manifestações a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) agendadas para esta 3ª feira (7.set.2021). O chefe do Executivo pretende usar a data para uma demonstração de força nas ruas. Ele disse que vai comparecer a protestos em Brasília e em São Paulo.

Ao menos 70 atos foram convocados por movimentos bolsonaristas. Os principais deles, que contarão com caravanas de outros estados, são:

  • Brasília, em frente ao Congresso Nacional, às 10h;
  • São Paulo, Avenida Paulista, às 14h;
  • Rio de Janeiro, Avenida Atlântica, às 10h.

Atos convocados em outros cidades:

Centro-Oeste

MS – Campo Grande – Praça do Rádio Clube sentido Comando Militar do Oeste | às 9h;

MT – Matupá Portal dos Lagos – Portal dos Lagos | às 8h;

MT – Sinop – Praça da Bíblia | às 16h;

Nordeste

AL – Maceió – Espaço Vera Arruda (Orla de Jatiúca) | às 9h;

BA – Itabaúna – Praça Jardim do Ó | às 8h30;

BA – Porto Seguro – do Fórum até a Av. Beira Mar | às 10h;

BA – Porto Seguro – BR367 em frente a Aeronáutica, às 10h;

BA – Salvador – Farol da Barra | às 9h;

CE – Fortaleza – Arena Castelão | às 9h;

CE – Senador Pompeu – carreata/motociata em frente a rodoviária em construção e final da igreja Matriz | às 17h;

MA – Colinas – no Posto Ipiranga | às 17h;

MA – Pinheiros – Praça dos Moraes | às 9h;

MA – São Luis – concentração na loja Havan da Av. Daniel de La Touche | às 9h;

PB – João Pessoa – Busto de Tamandaré | às 15h30;

PE – Petrolina – Parque de Eventos de São João em concentração na orla | às 8h;

PE – Recife – Av. Mascarenhas de Moraes em frente ao Banco do Brasil, carreata até Boa Viagem | às 10h;

PE – Recife – concentração em frente a padaria, Av. Boa Viagem 2846, seguindo até o Segundo Jardim, às 10h;

PI – Floriano – na Praça Sebastião Martins | às 10h;

PI – Parnaíba – concentração em frente ao Tiro de Guerra | às 16h;

PI – Picos – concentração na Churrascaria Novo Horizonte | às 9h;

PI – Teresina – Praça Olímpica | às 10h30;

PI – Teresina – Posto Texano Carreata | 16h

RN – Macaíba – Praça da Igreja Matriz | às 8h;

RN – Natal – Praça Cívica | às 11h; 

SE – Formosa – no Arco da Orla, praia Formosa | às 14h;

Norte

AM- Manaus – Praça do Congresso | às 15h;

AM- Manaus – Ponta Negra | às 15h;

PA – Belém – Av. Presidente Vargas, saída da Escadinha | às 8h30;

PA – Canaã dos Carajás – Av. Weyne Cavalcante | às 9h;

RO – Ji-Paraná – Beira Rio Cultural | às 15h;

RO – Pimenta Bueno – concentração na Av. Curitiba, bairro Nova Pimenta | às 16h;

RO – Porto Velho – no Espaço Alternativo | às 9h;

Sul

SC – Balneário Camboriú – Praça Almirante Tamandaré | às 14h;

SC – Blumenau – em frente à Prefeitura | às 10h;

SC- Florianópolis – Trapiche da Beira Mar Norte, às 10h;

SC – Itajaí – Praça Beira Rio | às 15h;

SC – Joinville – Praça da Bandeira | às 9h;

SC – Joinville – concentração no km 25, próximo Polícia Rodoviária Federal | às 14h;

SC – Lages – Praça da Bandeira | às 14h;

SC – Tubarão – saída da Arena Multiuso até o centro da cidade | às 15h;

PR – Apucarana | às 15h (aguardando mais informações);

PR – Curitiba – Centro Cívico | às 14h;

PR – Foz do Iguaçu – Praça do Mitre | às 9h;

PR – Francisco Beltrão – Praça Central de Francisco Beltrão | às 8h;

PR – Iporã – Praça Nações Unidas | às 9h;

PR – Londrina – Parque Ney Braga | às 8h

PR – Maringá – Praça da Catedral | às 15h;

PR – Umuarama – Praça Miguel Rossafa | às 16h;

RS – Bento Gonçalves – em frente ao Quartel | às 15h;

RS – Cachoeira do Sul – Posto Marina, às 15h30;

RS – Canoas – Praça do Avião, Centro | às 10h;

RS – Porto Alegre – Parcão (Parque Moinhos de Vento) | às 15h;

RS – São Lourenço do Sul – em frente do Sindicato Agropecuário | às 10h30;

RS – Vassouras – Posto Texano | às 16h;

Sudeste

ES – Guarapari – Radium Hotel | às 10h;

ES – Vila Velha – concentração na rua lateral do posto Moby Dick | às 11h;

MG – Belo Horizonte – Av. Juca Stockler, bairro Aclimação| às 9h30;

MG – Belo Horizonte – carreata saindo do Mineirão em direção a Praça da Liberdade | às 10h;

MG – Montes Claros – concentração em frente ao Senac – Av. Sanitária | às 9h;

MG – Poços de Caldas – Praça Pedro Sanches | às 10h;

MG – Salinas – Passarela da Alegria | às 8h;

SP – Bauru – Parque Vitória Régia | às 9h30;

SP – Campinas – Largo do Rosário | às 9h;

SP – Piracicaba – Praça José Bonifácio, às 10h;

SP – Santos – Praça da Independência | às 14h;

SP – Taubaté – concentração na Av. Bandeirantes atrás do Summit Hotel, às 9h;

RJ – Itaperuna – em frente ao 29ª Batalhão da PM | às 15h;

RJ – Niterói – Praia de Icaraí, em frente à Reitoria da UFF| às 10h;

RJ – Nova Friburgo – Via Expressa | às 14h30;

RJ – Petrópolis – Espaço Vera Arruda, Praça Dom Pedro | às 14h;

RJ – Rio das Ostras – Residencial Praia Ancora, em frente a loja Leandro Bombas | às 10h;

RJ – São Gonçalo – Alcântara, concentração no Prédio do Relógio | às 9h;

RJ – Teresópolis – concentração na Casa de Cultura | às 9h;

Entre as principais pautas dos manifestantes estão: liberdade de expressãoimpeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), voto impresso, entre outras.

GOLPE

Desde que os atos passaram a ser compartilhados nas redes sociais, a busca pelo termo “golpe 7 de setembro” disparou no Google, segundo o Google Trends.

Bolsonaro, no entanto, rechaça a possibilidade de golpe. “Muitos querem que eu tome certas medidas. Eu acredito, creio, que nós vamos mudar o destino do Brasil e tenho certeza dentro das 4 linhas da nossa Constituição“, disse ele.

A apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, o presidente zombou das suspeitas de que estaria articulando um golpe para o Dia da Independência. “Estão dizendo que quero dar golpe. São idiotas, já sou presidente“, falou o chefe do Executivo.

O presidente também afirmou que os atos desta 5ª devem ser “extremamente pacíficos“. As manifestações terão revistas e um esquema especial de segurança. Os prédios do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso Nacional, em Brasília, também terão a segurança reforçada.

Os três pontos que motivam o apoio da polícia a Bolsonaro

Dois policiais fardados de costas, com braços para trás

Getty Images

Nas últimas semanas, profissionais da área de segurança pública, especialmente policiais militares da reserva, convocaram a população para protestos a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) marcados para 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil.

Um ano antes das eleições presidenciais e em um cenário de piora das expectativas da economia, os atos marcados para ocorrer em todas as capitais brasileiras servirão como termômetro para medir a popularidade de Bolsonaro.

Policiais militares da reserva e da ativa, civis, guardas municipais e especialistas em segurança pública ouvidos pela BBC News Brasil disseram que a maior parte dos trabalhadores da segurança apoia Bolsonaro. Questionados, eles disseram que o principal motivo é ideológico, mas reforçam que apenas os mais radicais manterão apoio caso problemas na economia não sejam amenizados até as eleições em 2022. 

Um dos aspectos da economia que vem tendo maior peso sobre as famílias brasileiras é a inflação - que deve chegar a 7,58% neste ano, segundo estimativa do mercado financeiro. 

Entre os argumentos usados por quem defende Bolsonaro estão a defesa da família e bons costumes, o medo de um possível retorno do PT ao poder e a necessidade de manter uma representatividade da categoria do Palácio do Planalto. Esse apoio ganhou força nos últimos meses.

De acordo com um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cresceu de 30% para 38% a participação de agentes de segurança pública em redes sociais bolsonaristas em 2021, em comparação com o ano anterior.

 

1. Ideologia

 

Reuters

Ideologia explica parte significativa do apoio de profissionais da segurança pública a Bolsonaro, dizem especialistas

Ex-investigador e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Guaracy Mingardi disse que o apoio de policiais a Bolsonaro é uma "questão meramente ideológica, nada prática".

"O Bolsonaro é um adepto do uso da força, da violência. E com esse argumento ele justifica as ações que levam policiais a matar. Isso faz com que alguns deles (policiais) o apoiem e influenciem outros. Além de que normalmente policiais, no mundo inteiro, são mais conservadores que a média da população", afirmou.

Agentes de segurança da ativa ouvidos pela BBC News Brasil disseram, na condição de anonimato, que comparecerão ao ato a favor do presidente da República - os que estiverem de folga. Ao contrário do que temem as forças de segurança estaduais, eles disseram que irão desarmados, mas garantem que a população os identificará com facilidade.

Esses policiais, e até guardas municipais, dizem que concordam com as ideias de Bolsonaro e afirmam que ele não consegue gerir o país porque o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) não permitem.

No entanto, a maior parte reconhece que o governo fracassou em alguns setores, principalmente na economia. Os policiais disseram que o protesto de 7 de Setembro será uma demonstração de apoio vital para que o presidente se reerga e ganhe força para aplicar novas políticas públicas.

Policiais ouvidos pela reportagem dizem que também apoiam Bolsonaro porque ele "defende os valores cristãos e da família", além de ter sido o único político que conseguiu tirar o PT e a esquerda do poder. Eles temem que uma queda de Bolsonaro signifique o retorno de Lula e da esquerda à presidência.

 

2. Abandono e representatividade no governo

 

O cientista político da Universidade Estadual do Rio (UERJ) e major da reserva da Polícia Militar do Rio de Janeiro Luiz Alexandre Souza da Costa disse que Jair Bolsonaro e os filhos dele souberam explorar o "abandono dos policiais" deixado pelas gestões anteriores e levar a categoria para o lado deles.

"Policiais sempre foram órfãos de gestores públicos. Policiais morrem muito no Brasil, têm salários, em geral, bem baixos, e em muitos Estados têm péssimas condições de trabalho. São uma categoria, em geral, conservadora, que lida com a violência. Bolsonaro, e depois seus filhos, souberam explorar muito bem esse sentimento de abandono dos policiais, notadamente os militares, por gestores públicos de diversos espectros políticos".

Os policiais apoiam o governo porque veem representantes da categoria deles ocupando cadeiras importantes no alto escalão da gestão Bolsonaro, incluindo boa parte dos ministérios.

Além da representatividade no governo, o professor da UERJ diz que Bolsonaro quer vitimizar o policial e valorizar a classe, ao fazer discursos de que "bandido bom é bandido morto" e "condecorar quem mata 10, 15, 20".

"Bolsonaro conseguiu, através dos anos, fazer um curral eleitoral nas polícias do Rio de Janeiro. Os policiais olhavam para o lado e não viam quem os representava. Isso mudou um pouco nas últimas eleições, em que vários PMs foram eleitos. E entenderam que isso foi possível somente graças a Bolsonaro", afirmou.

3. Reforma da Previdência

 

Mão levanta um boneco de papel de grupo com dezenas de figuras semelhantes

Getty Images

Policiais militares foram poupados da Reforma da Previdência

Luiz Alexandre Souza afirma que os policiais militares também são fiéis a Bolsonaro por terem sido poupados da Reforma da Previdência.

"A reforma afastou policiais civis e federais de Bolsonaro. Mas não os PMs, que se sentiram 'priorizados', pois não caíram na vala comum dos civis. Eles apenas tiveram a mesma mudança aplicada aos militares federais, ou seja, cinco anos a mais. A diferença é que os militares federais ganharam um grande aumento salarial por esses 5 anos, mas mesmo assim se sentiram agradecidos", afirmou.

Para o professor, isso deu aos policiais militares um sentimento de que eles estão numa posição privilegiada, pois entenderam que não foram comparados a policiais civis e federais.

"Hoje, na PM, vejo um grupo bolsonarista raiz, que se identifica totalmente com o presidente. Um grupo que não gosta do governo, mas vota em Bolsonaro em 2022, pois entende que a esquerda é pior. É um pequeno grupo que entende o quanto o governo é ruim e o risco que Bolsonaro representa. Esses grupos não diferem muito da sociedade", disse o professor.

Fonte: Poder360 - BBC News Brasil