Cultura

O Papa no Angelus: Jesus é a Palavra, se não paramos para ouvi-lo, Ele passa





Somos cristãos, mas quem sabe entre as milhares de palavras que ouvimos todos os dias, não encontremos alguns segundos para fazer ressoar em nós poucas palavras do Evangelho. Jesus é a Palavra: se não paramos para ouvi-lo, ele passa. Mas se dedicarmos tempo ao Evangelho, encontraremos um segredo para nossa saúde espiritual.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

“A cada dia um pouco de silêncio e de escuta, alguma palavra inútil a menos e alguma palavra de Deus a mais”, pois “a cura do coração começa pela escuta” (...), e dedicando diariamente um tempo ao Evangelho, “encontraremos um segredo para nossa saúde espiritual."

A cura do surdo-mudo narrada no Evangelho de Marcos foi a ocasião para o Papa Francisco recordar que a surdez do coração é pior que a surdez física, e que podemos pedir a Jesus para tocá-la e curá-la, ao mesmo tempo que devemos aprender a parar, ouvir quem está próximo de nós e ouvir a Ele, pois “Ele é a Palavra”, e se não o fizermos, “Ele passa”.

Dirigindo-se aos fiéis reunidos na Praça São Pedro, Francisco começa sua alocução chamando a atenção para “a forma como o Senhor realiza este sinal prodigioso: ele afasta-se com o surdo-mudo, para fora da multidão, “coloca os dedos nos seus ouvidos e com a saliva toca a língua dele, depois olha para o céu, suspira e diz: ‘Efatà’, isso é ‘Abre-te!’”

Surdez, também um símbolo

 

“Em outras curas, para enfermidades igualmente graves, como paralisia ou lepra – observou -  Jesus não realiza tantos gestos. Por que agora faz tudo isso, não obstante tenham lhe pedido somente para impor a mão no doente?”, pegunta.

Porque talvez – explica – “a condição daquela pessoa tenha um particular valor simbólico. Ser surdo-mudo é uma doença, mas é também um símbolo. E este símbolo tem algo a dizer a todos nós (...). Trata-se da surdez”. E Jesus, para curar a causa do seu mal-estar, “coloca primeiro os dedos nos ouvidos, depois na boca. Mas antes nos ouvidos”, salienta o Papa:

Todos nós temos ouvidos – todos! - mas muitas vezes não conseguimos ouvir. Por que? Irmãos e irmãs, existe de fato uma surdez interior, que hoje podemos pedir a Jesus para tocar e curar. A surdez interior é pior do que aquela física, porque é a surdez do coração. Tomados pela pressa, por mil coisas a dizer e fazer, não encontramos tempo para parar e ouvir quem fala conosco. Corremos o risco de nos tornar impermeáveis ​​a tudo e de não dar espaço a quem tem necessidade de ser ouvido: penso nos filhos, nos jovens, nos idosos, em muitos que não têm tanta necessidade de palavras e de pregações, mas de serem ouvidos.

A cura do coração começa pela escuta

 

Neste sentido, o convite do Santo Padre a nos perguntamos “como está minha escuta”:

Eu me deixo tocar pela vida das pessoas, sei dedicar tempo às pessoas que estão próximas de mim para escutá-las? Isto é para todos nós, mas em modo especial para os padres, para os sacerdotes. O sacerdote deve escutar as pessoas, não ter pressa. Escutar e ver como pode ajudá-las, mas depois de ter ouvido. E todos nós, antes ouvir, depois responder”.

O Papa cita situações na vida familiar, onde se fala muito antes de ouvir, “repetindo os próprios refrões sempre iguais! Incapazes de ouvir, dizemos sempre as mesmas coisa ou não deixamos que o outro acabe de falar, exprimir-se...e nós o interrompemos:

O renascimento de um diálogo, muitas vezes, passa não pelas palavras, mas pelo silêncio, não se impor, pelo recomeçar com paciência a ouvir o outro, ouvir as suas fadigas, aquilo que traz dentro de si. A cura do coração começa pela escutaIsso cura o coração. “Mas padre, tem gente muito chata que sempre diz as mesmas coisas...”. “Escute-os. E depois que acabarem de falar, diga a tua palavra, mas ouça tudo”.

Se não pararmos para ouvir Jesus, Ele passa

 

O mesmo – chamou a atenção o Papa - vale em relação ao Senhor. “Fazemos bem em inundá-lo de pedidos, mas faremos melhor colocando-nos primeiro à sua escuta. Jesus pede isso”. De fato, quando no Evangelho perguntam a Ele qual é o primeiro mandamento, responde: "Ouça, Israel”, acrescentando a seguir: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração [...] e o teu próximo como a ti mesmo”. “Mas antes de tudo Ele diz: "Ouça!". E Francisco pergunta: “Recordamo-nos de nos colocar à escuta do Senhor?”:

Somos cristãos, mas quem sabe entre as milhares de palavras que ouvimos todos os dias, não encontremos alguns segundos para fazer ressoar em nós poucas palavras do Evangelho. Jesus é a Palavra: se não paramos para ouvi-lo, Ele passa. Se não pararmos para ouvir Jesus, Ele passa. Santo Agostinho dizia: "Tenho medo do Senhor quando Ele passa". E o medo era de deixá-lo passar sem ouvi-lo”.

Um segredo para a saúde espiritual

 

Mas – é a receita de Francisco - se dedicarmos tempo ao Evangelho, encontraremos um segredo para nossa saúde espiritual:

Eis o remédio: a cada dia um pouco de silêncio e de escuta, algumas palavras inúteis a menos e alguma palavra de Deus a mais, sempre com o Evangelho no bolso, que nos ajuda tanto.”

O convite então, é para – como no dia do Batismo -  ouvir aquela palavra de Jesus: “Efatà, abre-te!”:

Abre-te os ouvidos, Jesus, desejo abrir-me à tua Palavra, Jesus, abrir-me à Tua escuta. Jesus, cura o meu coração do fechamento, cura o meu coração da pressa, cura o meu coração da impaciência.

Ao concluir sua alocução, antes de rezar o Angelus, o Papa Francisco pediu “que a Virgem Maria, aberta à escuta da Palavra, que nela se fez carne, ajude-nos todos os dias a escutar o seu Filho no Evangelho e os nossos irmãos com um coração dócil, com um coração paciente e com coração atento”.

Refugiados afegãos entre os apelos do Papa no Angelus

Atento aos acontecimentos ao redor do mundo, o Papa pediu que os refugiados afegãos possam "viver com dignidade em paz e em fraternidade". Francisco também felicitou os judeus pelas festas que se aproximam, em particular o Ano Novo Judaico, rezou pelas vítimas da tempestade Ida nos Estados Unidos e recordou Santa Madre Teresa de Calcutá e o "serviço heroico" das Missionárias da Caridade.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

“Nestes momentos agitados, em que afegãos procuram refúgio, rezo pelos mais vulneráveis ​​entre eles”. Após recitar o Angelus, o Papa Francisco fez um apelo pelos refugiados do Afeganistão, país em que os acontecimentos das últimas semanas despertam preocupação em todo o mundo:

Rezo para que muitos países acolham e protejam aqueles que buscam uma nova vida. Também rezo pelos deslocados internos, para que tenham a assistência e a proteção necessárias. Que os jovens afegãos possam receber educação, um bem essencial para o desenvolvimento humano. E que todos os afegãos, tanto na pátria, como em trânsito e nos países anfitriões, possam viver com dignidade, em paz e fraternidade com seus vizinhos.

Vítimas de tempestade nos Estados Unidos

O Santo Padre também elevou orações pelos atingidos pela tempestade Elsa, que castigou os Estados Unidos. Os mortos são ao menos 45.

Asseguro a minha oração pela população dos Estados Unidos da América atingida por um forte furacão nos últimos dias. Que o Senhor acolha a alma dos falecidos e sustente os que sofrem com esta calamidade.

Festas judaicas

O Pontífice também dirigiu felicitações aos judeus pelas festas dos próximos dias

Nos próximos dias é celebrado o Ano Novo Judaico, Rosh Hashanah. E depois as duas festas do Yom Kippur e Sukkot. Dirijo os meus votos mais sinceros a todos os irmãos e irmãs da religião judaica: que o novo ano seja rico de frutos de paz e de bem para todos os que caminham fielmente na Lei do Senhor.

Santa Madre Teresa de Calcutá

Pouco antes de concluir seus apelos e saudações, um momento especial na Praça São Pedro, com efusivos aplausos quando o Papa recordou da festa litúrgica de Santa Madre Teresa de Calcutá:

Hoje é a memória de Santa Teresa de Calcutá, para todos Madre Teresa. Um belo aplauso! Dirijo a minha saudação a todas as Missionárias da Caridade, comprometidas em todo o mundo em um serviço muitas vezes heroico. Penso, em particular, nas Irmãs do «Dom de Maria», aqui no Vaticano.

Papa: Hungria e Eslováquia, adoração e oração no coração da Europa

No Angelus, o Papa pediu orações por sua Viagem Apostólica à Hungria que terá no próximo domingo e se concluirá na Eslováquia na quarta-feira. Francisco também recordou frei Mamerto Esquiú, bispo argentino beatificado no sábado: "Finalmente um Beato argentino!"

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Falta uma semana para a chegada do Papa em Budapeste, onde no domingo próximo, 12 de setembro, presidirá a Missa que concluirá o 52º Congresso Eucarístico Internacional. Mas seu coração já está na Hungria e na Eslováquia, para onde irá logo após o final da celebração. Uma peregrinação - disse Francisco no Angelus - que terminará “na outra quarta-feira com a grande festa popular da Virgem das Dores, Padroeira daquele país”:

 

Serão dias marcados pela adoração e pela oração no coração da Europa. Enquanto saúdo com afeto quantos prepararam esta Viagem - e agradeço a vocês -, e quantos me esperam e que eu próprio desejo encontrar, peço a todos que me acompanhem com a oração e confio as visitas que farei à intercessão de tantos confessores heroicos da fé, que testemunharam o Evangelho naqueles lugares em meio a hostilidades e à perseguição. Que ajudem a Europa a testemunhar ainda hoje, não tanto com palavras, mas sobretudo com os fatos, com obras de misericórdia e de acolhida, o bom anúncio do Senhor que nos ama e nos salva. Obrigado!

"Finalmente um Beato argentino!"

Mas logo após rezar o Angelus, antes de fazer alguns apelos, a primeira referência foi à Argentina, onde no sábado, 4,  foi beatificado frei Mamerto Esquiú:

Ontem, em Catamarca (Argentina), foi beatificado Mamerto Esquiú, frade menor e bispo de Córdoba. Finalmente um Beato argentino! Foi zeloso anunciador da Palavra de Deus, para a edificação da comunidade eclesial e também civil. Que o seu exemplo nos ajude a unir sempre a oração e o apostolado, e a servir a paz e a fraternidade. Uma aplauso ao novo Beato!

Erdő: o Papa em Budapeste, um sinal de renascimento após mais de um ano de pandemia

De 5 a 12 de setembro, a capital húngara acolherá o 52º Congresso Eucarístico Internacional, selado pela presença de Francisco. O primaz da Hungria apresenta o programa do evento que inclui numerosos encontros, liturgias, momentos musicais e conferências, também na presença de representantes ecumênicos: "Será uma ocasião para rezar pela unidade da Igreja".

Agnes Gedo - Cidade do Vaticano

Missas, orações, testemunhos, encontros, conferências, pronunciamentos de patriarcas e representantes ecumênicos e também momentos musicais, entre os quais uma celebração na língua dos Roms europeus, que culminarão com o evento mais esperado: a celebração do 12 de setembro com o Papa Francisco.

O programa do 52º Congresso Eucarístico Internacional, que de 5 a 12 de setembro reunirá em Budapeste representantes de todas as Igrejas do mundo, inclusive de países em conflito, promete ser muito rico. Adiado no ano passado devido a restrições impostas pela Covid, o Congresso será oficialmente concluído pelo Papa Francisco com uma Missa celebrada na Praça dos Heróis da capital húngara.

Antes da celebração, o Pontífice terá uma manhã repleta de encontros. Inicialmente com o presidente da República e o primeiro-ministro, depois com a Conferência Episcopal Húngara e representantes do Conselho Ecumênico de Igrejas e algumas das comunidades judaicas locais. Depois da Missa, o Papa se transfere para a Eslováquia.

Erdö: o Congresso Eucarístico, símbolo de esperança

 “A chegada do Santo Padre será um grande sinal de esperança, mesmo depois de um ano e meio de pandemia”, afirmou ao Vatican News o cardeal Péter Erdő, arcebispo de Esztergom-Budapeste e primaz da Igreja Católica da Hungria, fazendo-se porta-voz da Igreja húngara e da população do país.

 

Na véspera do evento, o purpurado apresenta o Congresso Eucarístico cujo lema é "Todas as minhas fontes estão em Ti", extraído do Salmo 87, em referência à água que jorra de Budapeste dividindo-se em quatro rios: a imagem, portanto, da Boa Nova transmitida pelos quatro evangelistas.

Enquanto o logotipo é representado por um cálice encimado pela hóstia, dentro do qual está impressa a cruz, também um símbolo do sacrifício de Cristo celebrado no altar. Antecipado por conferências e simpósios, o Congresso - sublinha o cardeal Erdö - será também uma oportunidade para recordar as raízes cristãs da Europa e a antiga unidade entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente.

Eminência, a Missa de inauguração do Congresso Eucarístico será celebrada pelo cardeal Angelo Bagnasco, enquanto a Missa de encerramento será celebrada pelo Papa Francisco. Que significado tem para a Hungria a presença do Sucessor de Pedro?

Será um grande sinal de esperança, mesmo depois de um ano e meio de pandemia. Um sinal de abertura, de renascimento e também um sinal de que a providência divina não nos deixa só. Será, portanto, um evento jubiloso. A celebração do Santo Padre será a Statio Orbis, ou seja, a Missa que simbolicamente reúne e une toda a Igreja de Cristo e expressa a nossa unidade. Será um grande símbolo em torno de Jesus Cristo e do sucessor de São Pedro.

Já teve início um simpósio teológico nas proximidades de Budapeste, na sede arquiepiscopal, com vários convidados internacionais. O que o senhor pode nos dizer a este respeito?

 

Participam cerca de 300 pessoas. Duas palestras de abertura já despertaram muito interesse do público. O teólogo Monsenhor Pierangelo Sequeri falou da Eucaristia como fonte da vida cristã, que retoma o lema do Congresso "Todas as minhas fontes estão em Ti". Em seguida, o bispo camaronês Joseph-Marie Ndi-Okalla falou sobre as especificidades da liturgia eucarística na África. Não falou sobre isso a nível folclórico, mas destacou os aspectos teológicos que a liturgia africana enfatiza de maneira especial. Verdadeiramente um aprofundamento da nossa fé na Eucaristia. Entre os palestrantes estará também um professor que representará a comunidade das Igrejas não católicas presentes na Hungria, que fazem parte do Conselho Ecumênico de Igrejas, e que ilustrará a sua visão teológica sobre a Eucaristia. Evidentemente, existem posições diferentes: daquela da ortodoxia às correntes do protestantismo. Todavia, nos ajuda muito olhar para essa vasta gama de posições, mesmo porque no passado houve contrastes ecumênicos.

Estarão presentes, portanto, representantes ecumênicos?

Certamente, teremos o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, que participará da Missa de 11 de setembro em frente ao Parlamento e, em seguida, da Santa Missa celebrada pelo Santo Padre em 12 de setembro. Na celebração do dia 11, será dado certo destaque também ao contato que o povo húngaro tem com a Eucaristia e com o cristianismo em geral. É neste contexto que surge o relatório introdutório do Patriarca Bartolomeu: foi ele que no ano 2000 canonizou como santo, também para a Igreja Ortodoxa, o nosso primeiro Rei Santo Estêvão, que era Apóstolo dos Húngaros, tendo de fato batizado a nação. Vamos repensar, portanto, as raízes comuns quando o cristianismo do Oriente e do Ocidente ainda estavam unidos. Também será uma oportunidade para rezar pela unidade da Igreja.

Eminência, durante a semana do Congresso Eucarístico estão previstos momentos musicais, incluindo um muito particular relativo à minoria cigana....

Sim, em 2008 publicamos, com a aprovação da Conferência Episcopal, toda a Bíblia em língua Romani, que é a língua mais difundida entre os Roms da Europa. Essa língua não tinha, entretanto, um texto litúrgico para a Missa. Encorajados pelo Papa Francisco, começamos a preparar uma tradução e conseguimos chegar a um texto maduro do Ordinário da Missa que será cantado nesta língua. Alguns músicos compuseram belas músicas baseadas nas tradições musicais dos povos ciganos de toda a Europa, adequadas para a Missa. Esperamos que desta vez possamos enfatizar a plena comunhão com eles também em torno do altar do Senhor.

Beatificado Frei Mamerto Esquiú, franciscano e bispo argentino

A cerimônia de beatificação foi realizada em Piedra Blanca, Argentina, cidade onde nasceu o novo beato, há 195 anos. E foi o cardeal argentino Luis Héctor Villalba, nomeado legado apostólico, quem presidiu a celebração.

Adriana Masotti - Cidade do Vaticano

A Missa com a cerimônia de beatificação de Fr. Mamerto Esquiú, franciscano da Província de Catamarca, Argentina, foi celebrada às 10 horas (horário local) do sábado, 4 de setembro, na esplanada da Igreja de San José em Piedra Blanca, cidade natal de Esquiú.

Por conta da Covid não houve uma participação massiva que, como informa um comunicado, teria sido "o desejo do povo e de todos que esperaram por este grande acontecimento por mais de um século", mas muitos puderam acompanhar a celebração pela rádio, mídias digitais e redes sociais.

Para a beatificação do frade franciscano, os postuladores apresentaram para exame da Congregação para o Causas de Santos a suposta recuperação milagrosa, atribuída à intercessão do frade, de uma menina com “osteomielite aguda com evolução crônica e artrite séptica”. A cura ocorreu em janeiro de 2016 na Argentina.

Villalba: segui-lo na sua vontade de ser Santo 

A Missa foi presidida pelo legado apostólico Luis Héctor Villalba, cardeal argentino, arcebispo emérito de Tucumán, acompanhado por um grupo de bispos do país.

Mamerto Esquiú como religioso, como sacerdote, como bispo “é um modelo a ser imitado”, disse o cardeal, “é um intercessor por nós”. “A Igreja diz-nos, beatificando-o, que podemos invocá-lo e rezar a ele, porque ele já participa da felicidade eterna”.

A sua beatificação, prosseguiu, é um convite a todos para caminhar "nas pegadas abertas por Jesus Cristo", isto é, "um convite para caminhar para a santidade". E Frei Mamerto Esquiú queria ser um Santo e em sua vida procurou, antes de tudo, fazer a vontade de Deus, a todo custo.

Mamerto Esquiú também era um sacerdote de profunda oração, acrescentou o cardeal. “Foi um bispo missionário que se dedicou a visitar todas as comunidades da sua extensa diocese”, e foi também “um bispo pastor que se distinguiu pela sua humildade, pela pobreza e pela austeridade da sua vida”.

Esquiú "era um pastor que se doava aos pobres no estilo de São Francisco. Era incansável na assistência aos enfermos e na administração dos Sacramentos". “O beato Mamerto Esquiú - disse ainda o legado apostólico, descrevendo a figura do novo beato - é reconhecido como uma das grandes figuras de nosso país por seu patriotismo exemplar. Ele iluminou a ordem temporal com a luz do Evangelho, defendendo e promovendo a dignidade humana, a paz e a justiça".

Quem foi Mamerto Esquiú

O novo beato nasceu em 11 de maio de 1826 e fez a profissão religiosa como frade menor na Província franciscana da Assunção da Virgem do Rio de la Plata em 14 de julho de 1842. Em 18 de outubro de 1848 foi ordenado sacerdote e, a partir de 1850, passou a lecionar no seminário de Catamarca, exercendo também a função de pai espiritual.

Estimado pela sua piedade e integridade moral, entre 1855 e 1862 exerceu os cargos de deputado e membro do Conselho Deliberativo de Catamarca. Em 1862 mudou-se para a Bolívia como missionário e, em 1864, foi nomeado professor do seminário de Sucre. O Papa Leão XIII o nomeou bispo de Córdoba na Argentina. Recebeu a ordenação episcopal em 12 de dezembro de 1880. Na sua diocese distinguiu-se pela intensa vida de oração, ajuda espiritual e material aos pobres, zelo e caridade pastoral, formação dos seminaristas, fundação de irmandades e associações de fiéis, pregação ao povo e cursos de exercícios espirituais. Mamerto Esquiú morreu em 10 de janeiro de 1883 em Posta del Suncho, Argentina. O decreto sobre suas virtudes heroicas foi promulgado em 16 de dezembro de 2006.

Uma vida espiritual intensa e proximidade com as pessoas

Entrevistado pela redação de língua espanhola do Vaticano News, frei Pablo Reartes, estudioso da vida de frei Mamerto Esquiú, destaca que o novo beato desempenhou inúmeros ofícios e tarefas eclesiásticas e civis: foi jornalista, professor, deputado da Província de Catamarca, legislador e também escreveu cinco sermões patrióticos em diversos momentos difíceis da história da República Argentina. Mas o mais importante, diz ele, foi sua vida espiritual, seguindo o exemplo de São Francisco de Assis.

A herança pastoral deste frade franciscano vive ainda hoje no seio da Igreja argentina, que o recorda como um bispo próximo ao povo por quem era muito amado e que continua a ser dedicado a ele. “Estamos felizes por termos chegado a esta fase de beatificação - conclui frei Pablo Reartes - porque a vivemos como uma graça, um dom e é um privilégio estar aqui presentes e ser testemunhas da obra de Deus no nosso querido irmão”.

 

Fonte: Vatican News