Política

Bolsonaro diz que 7 de Setembro é ultimato a 2 ministros do STF e ameaça





O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que as manifestações de seus apoiadores no dia 7 de Setembro serão "ultimato" para dois ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e deu a entender que, se alguém jogar fora do que considera as quatro linhas da Constituição, poderá fazer o mesmo.

Os ultimatos, porém, não dependem da vontade do presidente ou de manifestações. A única forma de impeachment de ministros do STF é através de decisão do Senado. Recentemente, o governo teve um pedido de abertura de impeachment contra Alexandre Moraes rejeitado pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

A ameaça ocorreu em discurso para uma plateia de apoiadores em cerimônia em Tanhaçu (BA) para assinatura de contrato de concessão da Ferrovia Integração Oeste Leste (Fiol).

Bolsonaro não citou a quem se referia especificamente ao falar em ultimato, mas recentemente ele tem concentrado críticas aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), embora também tenha feito críticas a Luís Felipe Salomão, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em falas nas últimas semanas.

"Não podemos admitir que uma ou duas pessoas, usando da força do poder, queiram dar outro rumo ao nosso país. Essas uma ou duas pessoas precisam entender o seu lugar. O recado de vocês nas ruas, na próxima terça-feira, será um ultimato para essas duas pessoas. Curvem-se à Constituição, respeitem a nossa a liberdade e entendam que vocês dois estão no caminho errado, porque sempre há tempo de se redimir", disse o presidente.

Bolsonaro disse a frase após falar em "renovação no Supremo" e que não criticava instituições e poderes. "Somos pontuais", disse.

Bolsonaro tem incentivado os protestos do Dia da Independência com discursos muitas vezes considerados golpistas. Nesta semana, por exemplo, Bolsonaro disse que "nunca uma outra oportunidade para o povo brasileiro será tão importante" ao se referir ao dia 7 de setembro. Em outro discurso, disse que uma guerra não se ganha com flores: "quem quer a paz, se prepare para a guerra".

Ontem, o presidente da República chegou a dizer em live que o Brasil 'estava em paz", ignorando que seus ataques ao Supremo já levaram até o presidente do STF, Luiz Fux, a cancelar uma reunião entre os três Poderes há cerca de um mês.

4 linhas da Constituição

Em outro trecho do discurso, Bolsonaro disse a frase que soa como ameaça golpista diante de manifestações que comportam também pautas antidemocráticas, como o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal).

Inicialmente, manifesto tinha como bandeira a defesa do voto impresso, defendido por Bolsonaro em meio a alegações infundadas de que urnas eletrônicas são passíveis de fraude. Porém, recentemente o presidente passou a se referir aos protestos, nos quais promete comparecer, como em defesa da liberdade.

"Nós não precisamos sair da quatro linhas da Constituição, ali tem tudo que precisamos. Mas se alguém quiser jogar fora destas 4 linhas, nós mostraremos que poderemos fazer também", disse Bolsonaro, para depois de uma pausa para aplausos completar com "valer a vontade e a força do seu povo".

Na sequência, apoiadores presentes no evento gritaram a frase "Eu Autorizo", que marcou manifestações bolsonaristas anteriores e fazem referência a uma frase do chefe do Executivo, que em abril disse que aguardava "uma sinalização" dos brasileiros para "tomar providências" contra medidas de restrição de circulação decretadas por governadores e prefeitos contra a covid-19.

Bolsonaro então complementou, dizendo que quem dá o ultimato é o povo.

"Após o 7 de setembro, que ficará para todos nós com essa demonstração gigante de patriotismo visto em todos os cantos do nosso Brasil, duvido que aqueles um ou dois que ousam nos desafiar, desafiar a Constituição, desrespeitar povo brasileiro, saberá voltar para o seu lugar, Quem dá o ultimato não sou eu, é o povo brasileiro", disse.

"Futuro bem distante"

Em seu discurso, Bolsonaro também falou em entregar "em um futuro bem distante" um Brasil melhor do que recebeu. Ele não explicou se sua referência era a uma eventual reeleição em 2022. O presidente ainda disse que sairá vitorioso.

"Vamos derrotar os que querem nos levar para o caminho da Venezuela. Somos a maioria, pessoas de bem, e respeitamos as regras do jogo, Juntos sairemos vitoriosos", disse.

"Peço uma coisa Deus, além de sabedoria e coragem para decidir, que eu realmente possa no futuro lá adiante, bem distante, entregar um Brasil muito melhor do que recebi. Se essa for a vontade dele, posso dizer que o Brasil, mais do que um país do futuro, é um país do presente", completou.

Ataques a membros do STF e TSE

Bolsonaro tem atacado o ministro Alexandre de Moraes por causa da suainclusão no inquérito das fake news e de prisões recentes de bolsonaristas como o deputado Daniel Silveira e o presidente do PTB, Roberto Jefferson.

Bolsonaro diz que defende uma liberdade de expressão absoluta, ignorando o entendimento majoritário de que os direitos previstos na Constituição não são absolutos quando entram em conflito com outros, cabendo ao juiz sobrepesar caso a caso qual deve prevalecer.

Já Barroso é alvo de ataques desde que Bolsonaro iniciou sua campanha pela implementação do voto impresso, que foi rejeitada pela Câmara dos Deputados.

O corregedor-geral da TSE, Luís Felipe Salomão, também entrou na mira de Bolsonaro depois de determinar a desmonetização de perfis e canais investigados por disseminar fake news sobre as eleições no Brasil.

Não precisamos, mas podemos jogar fora das quatro linhas da Constituição, diz Bolsonaro

Presidente disse ainda que os atos do próximo dia 7 serão um ultimato para 'um ou dois', referindo-se aos ministros do STF, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou aos apoiadores que estarão nas manifestações agendadas para o próximo dia 7 de setembro, quando se comemora o Dia da Independência, que “não precisamos sair das quatro linhas da Constituição, mas podemos jogar fora dessas quatro linhas” caso seja necessário.

Bolsonaro disse ainda que os atos serão um ultimato para “um ou dois”, referindo-se, sem citar os nomes, aos ministros do Supremo Tribunal Federal(STF), Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Ele pediu que os ministros “curvem-se à Constituição e respeitem a nossa liberdade”.

“Nós não precisamos sair das quatro linhas da Constituição. Ali temos tudo o que precisamos. Mas, se alguém quiser jogar fora dessas quatro linhas, nós mostraremos que poderemos fazer também. Vale a vontade e a força do seu povo”, disse.

A declaração foi feita durante evento de assinatura da concessão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), em Tanhaçu, na Bahia, na manhã desta sexta-feira (3).

“Quero dirigir a palavra a todos vocês. O que dirigir a palavra a todos vocês: o que lá [nas manifestações] estarão, estarão não para idolatrar um político, mas lá estarão para mostrar a grandeza de nosso país e a grandiosidade do seu povo”, continuou.

Bolsonaro também reafirmou a participação nas manifestações previstas para o dia 7 de setembro. Segundo discurso, ele que cumprirá agenda pela manhã na Esplanada dos Ministérios e, posteriormente, estará na Avenida Paulista, em São Paulo.

“Perguntam-me onde eu estaria no próximo dia 7. Como sempre, estarei onde o povo estiver. Não existe país melhor do que esse. A nossa liberdade não tem preço. Tudo faremos, mais do que a nossa própria vida pela liberdade. A vida sem liberdade não existe”, disse.

‘Ninguém precisa temer o 7 de setembro’

Na quinta-feira (2), durante cerimônia em Brasília, Bolsonaro tentou amenizar a temperatura e disse “ninguém precisa temer o 7 de setembro”, em referência às manifestações em apoio ao governo que acontecerão na data.

A posição de Bolsonaro aconteceu após fala do ministro Luiz Fux, presidente do STF. Mais cedo, na quinta-feira, durante abertura de sessão da Suprema Corte, Fux afirmou que a “liberdade de expressão não comporta violência e ameaça”.

Bolsonaro afirmou ainda que “alguma ou outra autoridade precisa reconhecer que extrapolou”.

“O Brasil está em paz, a meu ver. Está faltando uma ou outra autoridade ter a humildade de reconhecer que extrapolou e trazer a paz ao Brasil. Ninguém precisa temer o 7 de setembro. Pretendo ocupar um carro de som na Paulista, que deve ter umas 2 milhões de pessoas. Ao que tudo indica, vai ser um recorde de pessoas”, afirmou o presidente.

Mostraremos que “Supremo é o povo brasileiro”, diz Onyx sobre 7 de setembro

Ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni Sérgio Lima/Poder360 - 21.ago.2019

Às 11h20 desta 6ª feira (3.set.2021), começou o discurso de Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência, na CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora, na tradução do inglês), realizada no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. No início de sua fala, convocou um coro a partir do slogan de campanha de Jair Bolsonaro: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

Com lágrimas nos olhos, Onyx discursou ao longo de 20 minutos fazendo críticas aos governos do Partido dos Trabalhadores, chamando a covid-19 de “vírus chinês” e mostrando slides de antes e depois do governo Bolsonaro.

“O Brasil, a partir da caminhada de 2018, nasce. [Nasce] um que mostra o lado certo do Brasil, o lado direito”, disse, complementando que “não foi bem que nós [governo bolsonaro] recebemos o Brasil.”

Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência, discusou na CPAC Brasil Gabriela Oliva/Poder360

“Os últimos 2 anos e meio da senhora [Dilma] que gostava de estocar vento, o Brasil perdeu 2,5 milhões de empregos. Em meio à pandemia, que o mundo está aprendendo a lidar, geramos 2,8 milhões de empregos”, afirmou.

Este é o 1º dia da 2ª edição brasileira do CPAC Brasil 2021, realizado de 3 a 4 de setembro de 2021. O tema do encontro de conservadores é “Liberdade não se ganha, se conquista”.

O evento acontece há poucos dias do 7 de setembro, Dia da Independência. Para a data, estão marcadas manifestações pró-Bolsonaro e de oposição ao governo federal.

Na CPAC, Lorenzoni reforçou a importância dos atos pró-governo no dia 7 de setembro.

“No dia 7, nós vamos todos parar a rua. No dia 7, nós vamos de verde e amarelos. Vamos levar nossos filhos e filhas, nossos avós, netos, levar nossa alma e coração para que fique muito claro que Supremo é o povo brasileiro”, disse o ministro, fazendo referência à tensão com o STF.

Logo após, convocou um coro com o refrão do Hino da Independência.

“Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil”.

O CPAC (Conservative Political Action Conference) é o maior encontro de conservadores do mundo. Lançado em 1974, o evento reúne diversas organizações, ativistas e líderes conservadores.

Fonte: UOL - CNN Brasil - Poder360