Esporte

Brasil domina a China e conquista ouro inédito no goalball em Tóquio





Seleção bate rivais na final por 7 a 2 e alcança o topo olímpico pela primeira vez em sua história

O ouro, enfim, está em mãos brasileiras. Nesta sexta-feira, o Brasil ignorou qualquer pressão para fincar os pés pela primeira vez no topo paralímpico. Em uma atuação perfeita, bateu a China por 7 a 2 e garantiu o título nos Jogos de Tóquio. Leomon e Parazinho, três vezes cada, e Romário lideraram a seleção à vitória e à medalha de ouro nas Paralimpíadas. 

O Brasil deixa o Japão com uma campanha quase perfeita. Foram seis vitórias e apenas uma derrota. Dono de dois títulos mundiais, a seleção, enfim, chega à medalha que faltava. O ouro, então, se junta à prata de Londres 2012 e ao bronze do Rio 2016 na galeria de conquistas do time brasileiro. 

Brasileiros festejam ouro no goalball em Tóquio — Foto: Reprodução

Brasileiros festejam ouro no goalball em Tóquio — Foto: Reprodução 

O Brasil quase abriu o placar logo no início. Parazinho arremessou forte, a defesa chinesa fez a primeira defesa, mas a bola ia entrando quando Yang conseguiu salvar em cima da linha. Mas foi um início equilibrado. Os chineses também pressionavam, com uma boa variação de arremessos. A seis minutos do fim do primeiro tempo, uma nova chance para os brasileiros, com Lai salvando de novo em cima da linha. 

Brasil, de Romário, conquista o ouro inédito no goalball — Foto: Lisi Niesner/Reuters

Brasil, de Romário, conquista o ouro inédito no goalball — Foto: Lisi Niesner/Reuters 

A China ainda teve uma boa chance logo depois, mas foi o Brasil quem abriu a contagem. Romário, em um belo arremesso, marcou 1 a 0 a pouco mais de dois minutos para o fim do primeiro tempo. Dava tempo para mais. Parazinho ampliou com um arremesso pelo meio, abrindo 2 a 0 na reta final da parcial. 

Na volta à quadra, não demorou para que o Brasil ampliasse. Depois de uma penalidade chinesa, Leomon converteu e marcou 3 a 0. Os chineses responderam da mesma forma, diminuindo com Yang pouco depois. Mas, a pouco menos de dez minutos para o fim, Leomon ampliou em uma pancada, marcando 4 a 1. 

Yang voltou a diminuir ao arremessar no canto do gol brasileiro. O time do Brasil sabia que não podia abrir espaço para a reação chinesa. Parazinho, então, soltou o braço e contou com o desvio na defesa chinesa para que a bola entrasse devagar: 5 a 2. Mais tarde, em nova penalidade, Leomon ampliou a conta para 6 a 2 e praticamente fincou o lugar do Brasil no topo paralímpico. 

A China, então, foi para o desespero. Obrigou Parazinho a fazer duas boas defesas na reta final. O jogador brasileiro teve mais uma chance de ampliar, em nova penalidade, mas desperdiçou. Não fez tanta falta. A partir dali, a seleção manteve o ritmo e segurou os ataques chineses. O próprio Parazinho aumentou o placar e garantiu o ouro em Tóquio no fim: 7 a 2. 

Festa no ouro do Brasil no goalball — Foto: Reprodução

Festa no ouro do Brasil no goalball — Foto: Reprodução

 

Silvana Fernandes fatura bronze na estreia do parataekwondo em Tóquio

 

Medalha vem um dia após Nathan Torquato faturar ouro no masculino

 

Silvana Fernandes é bronze no parataekwondo - Paralimpíada

 

A paraibana Silvana Fernandes faturou, nesta sexta-feira (3), medalha de bronze na categoria até 58Kg, da classe K44 no parataekwondo, modalidade estreante no Jogos de Tóquio (Japão). A conquista da  brasileira veio após vitória contra a turca Gamze Gurdal por 26 a 9, no Centro de Convenções Makuhari, na cidade de Chiba. A classe K44 agrega atletas com amputação unilateral do cotovelo até a articulação da mão, dismelia unilateral, monoplegia, hemiplegia leve e diferença de tamanho nos membros inferiores. A última brasileira a estrear na modalidade será Débora Bezerra de Menezes, à 1h30 (horário de Brasília) deste sábado (4).

 

O parataekwondo brasileiro já havia garantido ontem (2) um ouro com o paulista Nathan Torquato, da categoria até 61kg (classe K44), 

 

Por ser a quinta atleta mais bem ranqueada da competição, Silvana iniciou a trajetória na Tóquio 2020 nas quartas de finais. A adversária foi a norte-americana Brianna Salinaro, que foi derrotada por 15 a 2. Em seguida, a atleta de 22 anos perdeu para a dinamarquesa Lisa Gjessing por 8 a 6. Consequentemente, em seguida, foi para a disputa do bronze.

 

Natural de São Bento (PB), a atleta tem má formação congênita no braço direito e iniciou no esporte paralímpico aos 15 anos, no atletismo. Entretanto, em 2018, ela conheceu o parataekwondo pela internet e começou a praticá-lo. No ano seguinte, a paraibana foi convocada pela seleção brasileira pela primeira vez. 

 

 

Thiago Paulino puxa pódio duplo, e Brasil iguala recorde de ouros de Londres

 

Campeão mundial desbanca chinês no arremesso de peso F57, e Marco Aurélio Borges é bronze

 

Foi preciso esperar 2h30 e 14 adversários até entrar em ação. Uma vez posicionado, Thiago Paulino deixou todos para trás. No arremesso de peso da classe F57, para cadeirantes, o bicampeão e recordista mundial cravou 5,10m e conquistou o ouro nas Paralimpíadas de Tóquio com recorde do evento. No pódio, terá a companhia do compatriota Marco Aurélio Borges, bronze com 14,85m. O chinês Guoshan Wu foi prata. 

 

O ouro de Thiago Paulino é o nono do atletismo brasileiro e o 21º do Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio, igualando o recorde histórico de títulos do país nos Jogos, alcançado em Londres 2012. Ele coloca o Brasil temporariamente na sétima colocação geral, somando 61 medalhas - 14 pratas e 26 bronzes fecham a conta. 

A noite de gala do Brasil começou a se desenhar com a entrada de Marco Aurélio Borges na competição. 12º a competir, o veterano de 43 anos assumiu a liderança logo no primeiro arremesso, com 13,98m. Ele acertaria dois dos cinco arremessos restantes, fazendo 14,85m na terceira tentativa, novo recorde paralímpico. Como faltavam apenas mais três atletas, incluindo outro brasileiro, era possível cravar que o país conquistaria no mínimo um bronze. 

O polonês Janusz Rokicki, que veio na sequência, conseguiu um máximo de 13,53m e ficou fora da zona de medalhas. O chinês Guoshan Wu, campeão paralímpico na Rio 2016 e penúltimo atleta a competir, elevou o sarrafo. Na quarta tentativa cravou 15m, novo recorde paralímpico, e assumiu a liderança da prova. Ele queimou as duas últimas chances e ficou no aguardo do brasileiro. 

Thiago Paulino começou muito bem, com 14,77m na primeira tentativa. Na segunda foram excelentes 15,10m, mais do que suficientes para garantir o ouro e o novo recorde paralímpico, o terceiro da noite na prova. A explosão foi emocionante, e o mesmo com o título garantido o brasileiro seguiu em busca do recorde mundial. Depois de queimar a quarta e a quinta tentativas, ele abriu mão da última. Não era preciso. O ouro estava na mão. 

Jardênia quebra recorde das Américas

Jardênia Felix representou o Brasil na final do salto em distância da classe T20, para deficientes intelectuais. Teve um excelente início de prova, com 5,29m, novo recorde das Américas, o que lhe deixava na terceira colocação. A brasileira manteve a regularidade, com três dos cinco saltos seguintes acima de 5,25m. Suas adversárias, porém, cresceram na competição, e Jardênia terminou em quinto. A campeã foi a polonesa Karolina Kucharczyk, que quebrou o recorde paralímpico com 6,03m. 

O Brasil também participou das eliminatórias de provas de velocidade. Nos 200m feminino T12, para atletas de baixa visão, tanto Viviane Soares quanto Ketyla Teodoro fizeram suas melhores marcas na temporada, mas chegaram em quarto lugar em suas respectivas baterias e não avançaram na competição. Viviane cobriu a distância em 26s61, e Ketyla fez 26s74. A mais veloz foi a cubana Omara Durand, com 23s40. 

Nos 200m masculino T37, para paralisados cerebrais, o Brasil teve três representantes. Vitor de Jesus fez 24s79, melhor tempo dele na temporada, mas ficou em sexto na primeira bateria e não avançou. 

Na segunda bateria, Ricardo Mendonça sobrou tanto que desacelerou demais no fim, permitindo a ultrapassagem de Andrei Vdovin, do Comitê Paralímpico Russo, e passou em segundo com 22s96. Christian Gabriel, apesar da quinta colocação, pegou a última vaga para final por tempo após cravar 23s89. 

Ricardo Gomes de Mendonça fica em segundo na segunda bateria dos 200m T37, Christian Gabriel termina em quinto - Paralimpíadas de Tóquio 

Rodrigo Parreira se lesiona, mas termina 100m mancando

Nos 100m T36, também para paralisados cerebrais, Aser Ramos fechou a primeira bateria em quarto lugar e conseguiu avançar à final com o sexto melhor tempo, 12s25, o melhor dele na temporada. 

Rodrigo Parreira, bronze na prova no Mundial de Londres 2012, sofreu uma lesão muscular logo após a largada da segunda bateria e ficou para trás. Apesar da dor, ele se levantou e fez questão de cruzar a linha de chegada após 1m18s. Depois foi retirado da pista de cadeira de rodas. O vencedor da tomada de tempo foi Mohamad Ridzuan Puzi, da Malásia, com 12s06. 

 

 

Wendell Belarmino cresce no fim e leva bronze nos 100m borboleta em Tóquio

Velocista consegue recuperação improvável para conquistar terceira medalha nas Paralimpíadas no Japão

Parecia que o última dia de finais da natação não traria medalhas para o Brasil, mas na penúltima prova da programação no Centro Aquático de Tóquio Wendell Belarmino obteve um bronze heroico, nos metros finais, nos 100m borboleta da classe S11 (para deficientes visuais). Foi a 23ª medalha nacional na modalidade nesta edição. 

Wendell Belarmino comemora bronze em Tóquio — Foto: Miriam Jeske/CPB

Wendell Belarmino comemora bronze em Tóquio — Foto: Miriam Jeske/CPB 

Wendell marcou 1min05s20 e desbancou na reta final o holandês Rogier Dorsman (1min05s67), que se manteve entre os três primeiros ao longo de quase todo o percurso. O ouro e a prata foram para o Japão: Keiichi Kimura (1min02s57) bateu em primeiro, seguido de Uchu Tomita (1min03s59). 

Foi a terceira medalha do nadador de 23 anos no Japão. Ele tem uma de cada cor: foi ouro nos 50m livre S11, prata no revezamento 4x100m livre misto até 49 pontos e bronze agora nos 100m borboleta S11. 

O primeiro nadador brasileiro a cair na piscina do Centro Aquático de Tóquio foi Gabriel Souza, que terminou os 100m borboleta da classe S8 (deficientes físicos) em oitavo lugar, com 1min05s38. 

Gabriel Souza em ação em Tóquio — Foto: Miriam Jeske/CPB

Gabriel Souza em ação em Tóquio — Foto: Miriam Jeske/CPB 

O norte-americano Robert Griswold foi o primeiro (1min02s03), seguido pelo chinês Feng Yang (1min03s20) e pelo ucraniano Denys Dubrov (1min03s32). 

Em seguida, foi a vez de Cecilia Araújo cair na água para disputar a versão feminina da prova. A potiguar fechou em sexto lugar (1min26s26). A vitória foi da americana Jessica Long (1min09s87), que conquistou sua 16ª medalha de ouro em Paralimpíadas. 

Cecília Araújo em ação em Tóquio — Foto: Miriam Jeske/CPB

Cecília Araújo em ação em Tóquio — Foto: Miriam Jeske/CPB 

A russa Viktoriia Ishchiulova veio pouco atrás de Jessica, com 1min10s80, e a colombiana Laura Rodríguez foi a terceira colocada (1min20s93). 

Ronystony da Silva acabou em oitavo lugar nos 50m costas da classe S4 (deficientes físicos). Com o tempo de 46s95, o brasileiro ficou bem atrás do campeão, o russo Roman Zhdanov (40s99, novo recorde mundial). O tcheco Arnost Petracek levou a prata (41s26) e o mexicano Ángel Ramírez, o bronze (43s25).  

Nos 200m medley da classe SM5 (também para deficientes físicos), Esthefany Rodrigues foi a sétima na final. A brasileira registrou 3min47s92, enquanto a chinesa Dong Lu levou o ouro com 3min20s53. A China também levou a prata, com Jiao Cheng (3min20s80), e a italiana Monica Boggioni amealhou o bronze (3min39s50). 

A participação foi encerrada no revezamento 4x100m medley masculino até 34 pontos. Andrey Garbe, Ruan Souza, Phelipe Rodrigues e Talisson Glock marcaram 4min24s61 e ficaram na sétima posição. O Ouro ficou com o Comitê Paralímpico Russo (4min06s59), a prata com a Austrália (4min07s70) e o bronze com a Itália (4min11s20).

Brasil perde dos EUA e vai disputar o bronze no vôlei sentado feminino das Paralimpíadas

Brasileiras são superadas pelas atuais campeãs paralímpicas e vão tentar repetir terceira colocação dos Jogos do Rio 2016

As brasileiras tentaram, mas viram o sonho da inédita final das Paralimpíadas parar no forte bloqueio das americanas. Nesta sexta-feira, o Brasil perdeu dos Estados Unidos por 3 sets a 0 na semifinal do vôlei sentado feminino - parciais de 25/19, 25/11 e 25/23. Bronze na Rio 2016, as brasileiras ainda vão ter a chance de repetir o resultado nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, no sábado, às 4h30 (de Brasília). 

Atuais campeãs paralímpicas e vice-campeãs mundiais, as americanas novamente foram a barreira no caminho do Brasil, que estava invicto em Tóquio. As rivais continentais foram algozes das brasileiras também na semifinal da Rio 2016 e na final dos Jogos Parapan-Americanos. 

Foram 14 bloqueios americanos que fizeram a diferença, além dos ataques potentes de Heather Erickson e Jillian Williams, maiores pontuadoras do jogo com nove acertos cada. Nathalie Silva foi a maior pontuadora do Brasil, com seis acertos. 

O adversário da disputa de bronze vai sair do confronto entre China e Canadá ainda nesta sexta-feira. 

Brasileiras perdem dos Estados Unidos — Foto: Wander Roberto CPB

Brasileiras perdem dos Estados Unidos — Foto: Wander Roberto CPB 

O jogo começou muito equilibrado, com as duas equipes bem na virada de bolas. Só que os erros brasileiros começaram a pesar, e os Estados Unidos abriram 11 a 8. O Brasil tentou uma reação, mas voltou a cometer muitos erros, principalmente de "lifting", falta de tirar as nádegas do chão no momento do ataque ou do bloqueio. As americanas fecharam o primeiro set em mais um erro do Brasil, um toque na rede de Jani. 

Os Estados Unidos cresceram e montaram um bloqueio forte que parou as brasileiras quatro vezes para abrir 9 a 0. As brasileiras ensaiaram uma reação e diminuíram a desvantagem para 12 a 6. Foi quando Erickson entrou numa sequência de saques e puxou a arrancada americana (19 a 6). As brasileiras salvaram três set points, mas já era tarde, e os Estados Unidos fecharam a parcial em um erro de saque de Jani: 25 a 11. 

O Brasil começou melhor no terceiro set, abrindo 3 a 0 com direito a dois aces de Duda. Só que os Estados Unidos não demoraram a tomar conta do placar e abrir 12 a 6. As brasileiras não jogaram a toalha e conseguiram uma sequência de cinco pontos seguidos para encostar no placar (13 a 12). O Brasil chegou ao empate em um ace de Adria (19 a 19) e virou em um ace de Duda (23 a 22). Só que as americanas foram precisas na reta final e venceram por 25 a 23.

Fonte: Globo Esporte