Política

Lira: Bolsonaro é o único a perder se houver tumulto na manifestação





Presidente da Câmara pede respeito às instituições nos atos do 7 de Setembro

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse esperar que as manifestações programadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para o Dia da Independência sejam pacíficas e alertou que eventuais episódios de violência só tendem a manchar a imagem do chefe do Executivo. 

"A polêmica está criada e nós só superaremos ela depois do dia 7 de setembro, com muita tranquilidade. Acho que não há motivo, como venho dizendo, para que se cause espanto de agressão às instituições. O presidente sabe da responsabilidade dele com relação a isso e sabe que é o único a perder se por acaso houver tumulto na manifestação", opinou o deputado, nesta quinta-feira (2/9).

Segundo o parlamentar, por mais que as manifestações sejam legítimas, é fundamental que não haja nenhuma tentativa de depredação do patrimônio público. Ao longo das últimas semanas, organizadores do ato que acontecerá na Esplanada dos Ministérios falaram em invadir o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), o que fez a Corte pedir ao Governo do Distrito Federal um reforço na segurança.

"É de se esperar que todos venham, os que vierem para a rua, e façam a sua manifestação com faixas, com cartazes, às vezes com boneco, é da democracia. Não tem problema com relação a isso. Agora, respeito às instituições e com o estado democrático de direito, isso é fundamental", frisou Lira.

"Nós esperamos sim que as manifestações ocorram num clima pacífico, de normalidade, de respeito às instituições, ao estado democrático de direito. Manifestação, eu já disse diversas vezes, elas são normais no Brasil desde 2013, nós estamos acostumados a elas. Desde que elas venham pacíficas e respeitosas, não há em absoluto nenhum problema", completou.

Febraban reafirma apoio a manifesto em defesa da democracia

Entidade diz que documento defende harmonia entre poderes e que respeita decisão de Caixa e BB, que ameaçaram deixar federação

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) emitiu nota em que reafirma o apoio ao manifesto “A Praça é dos Três Poderes", que defendia a harmonia institucional no país.

O documento, elaborado nas últimas semanas, reunia assinaturas de mais de 200 entidades e tinha previsão para ser publicado até a última terça-feira (31). A coordenação da coleta de adesões e divulgação estava a cargo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mas o presidente da entidade, Paulo Skaf, adiou a sua publicação.

O manifesto desagradou ao governo, que via no texto críticas à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) –que vem aumentando os ataques à democracia e, em especial, ao STF (Supremo Tribunal Federal)–, e fez Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil ameaçarem abandonar a Febraban caso o documento fosse divulgado com a assinatura dos bancos públicos.

A decisão de Skaf é atribuída por empresários a um gesto dele a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados. Ele estaria em débito com o parlamentar, que acatou pleitos do setor na reforma do Imposto de Renda.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, tentou deter a adesão institucional do setor bancário ao texto. Fausto Ribeiro, presidente do Banco do Brasil –e que faz parte do conselho diretor da Febraban, assim como Guimarães–, apoiou a posição da Caixa, elevando a pressão dentro da entidade, até que a divergência se tornou pública no sábado (28).

Desde então a divulgação do manifesto passou a ser uma incógnita. Em nota oficial divulgada nesta segunda-feira (30), a Fiesp afirmou ter adiado a publicação do texto para dar mais tempo para entidades aderirem ao texto.

Apesar da pressão contrária dos bancos públicos e do adiamento da divulgação oficial, a Febraban, em nota, reiterou o apoio ao documento "cuja única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no país".

"A Febraban considera que o conteúdo do manifesto, aprovado por sua governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia do país, cumprindo sua finalidade. A federação manifesta respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto", afirmou.

Na nota, a entidade disse que, em seu âmbito, o assunto está encerrado e "não ficará mais vinculada às decisões da Fiesp, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto".

"A Febraban confirma seu apoio ao conteúdo do texto que aprovou, já de amplo conhecimento público, cumprindo assim o seu papel ao se juntar aos demais setores produtivos do Brasil num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa", finaliza a nota.

Entre aliados de Bolsonaro, a avaliação é que a defesa de harmonia entre os Poderes às vésperas do 7 de setembro seria uma sinalização ruim, pois poderia dar a impressão de que o setor produtivo está contra o governo ou mesmo ser interpretado como um desembarque de empresários da base de apoio de Bolsonaro.

Como a Folha mostrou, a insatisfação dos empresários e banqueiros com o andamento da segunda fase da reforma tributária, relacionada ao Imposto de Renda, serviu de mola propulsora para a manifestação que pedia a harmonia entre os três Poderes da República.

O texto final da reforma foi aprovado nesta quinta na Câmara.

Nas palavras de um executivo que acompanhou as discussões na Fiesp, foi a “junção da fome com a vontade de comer”: os empresários insatisfeitos com a reforma, tentando se recompor dos efeitos da pandemia, preocupados com o planejamento dos negócios em 2022, que começa agora em setembro, assistindo aos Poderes travarem um cabo de guerra em Brasília.

O recuo de Skaf, porém, irritou executivos. O presidente de uma das entidades que havia aderido ao documento qualificou a atitude de Skaf como falta de deferência institucional, mas outros usaram palavras mais duras. Chamaram a decisão de manobra política unilateral e até covarde. No caso da indústria automotiva, há executivos falando em traição.

Já a construção civil e incorporadoras ficaram divididas sobre o documento. A Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) avisou publicamente que não iria assiná-lo. A Abrainc, associação que reúne as 20 maiores incorporadoras do país, prefere nem falar sobre o tema.

Folha apurou que mesmo lideranças que já assumiram posicionamentos críticos ao governo Jair Bolsonaro definiram que não assinarão o manifesto para evitar fechar portas no governo.

O anúncio de que Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil deixariam a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) acendeu um alerta para as entidades. O sinal foi o de que participar de qualquer movimento, mesmo de caráter brando, poderia representar o fim do diálogo com ministros e secretários de pastas estratégicas para o setor.

Minas Gerais

Nesta quarta (1º) empresários de Minas Gerais lançaram um outro manifesto em defesa da democracia, após a Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) soltar documento com críticas ao Judiciário.

A ACMinas (Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais) publicou nesta quarta o "2º Manifesto dos Mineiros ao Povo Brasileiro", defendendo a democracia e reformas estruturais no país.

O texto já vinha sendo elaborado há seis meses e estava previsto para ser oficialmente divulgado no próximo dia 7 de setembro. “Ele foi antecipado porque o Brasil está derretendo”, diz o presidente da associação, José Anchieta da Silva, em referência à deterioração que enxerga no quadro institucional e político do país nas últimas semanas.

Já o documento da Fiemg faz menção a investigações de sites acusados em inquéritos contra as fake news e diz que “impor sanções sem o devido processo legal, contraditório e ampla defesa é uma precipitação, além de inequívoca afronta à Constituição Federal”.

​Leia o comunicado da Febraban

A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) reafirma o apoio emprestado ao manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, cuja adesão se deu, desde o início, dentro de um contexto plurifederativo de entidades representativas do setor produtivo e cuja única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no país.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) assumiu a coordenação do processo de coleta de assinaturas e se responsabilizou pela publicação, conforme e-mail dirigido a mais de 200 entidades no último dia 27 de agosto.

A FEBRABAN considera que o conteúdo do manifesto, aprovado por sua governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia do país, cumprindo sua finalidade. A Federação manifesta respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto.

Diante disso, a FEBRABAN avalia que, no seu âmbito, o assunto está encerrado e com isso não ficará mais vinculada às decisões da FIESP, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto.

A FEBRABAN confirma seu apoio ao conteúdo do texto que aprovou, já de amplo conhecimento público, cumprindo assim o seu papel ao se juntar aos demais setores produtivos do Brasil num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa.

Fonte: Correio Braziliense - Folha