Cotidiano

Dia Nacional de Combate ao Fumo alerta para abandono do tratamento na pandemia





Durante o ano de 2020, houve uma redução de 66% no número de fumantes em tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), diz estudo

O consumo de cigarro é um problema de saúde pública responsável por quase 8 milhões de mortes por ano no mundo. Diante da pandemia de Covid-19, organizações sanitárias alertam que o abandono do tratamento pode levar ao aumento do número de vítimas. Neste 28 de agosto, o Dia Nacional de Combate ao Fumo ressalta a importância do combate ao tabagismo.

Dados do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) indicam que, durante o ano de 2020, houve uma redução de 66% no número de fumantesem tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) em relação a 2019. Entre as regiões brasileiras, a maior queda provocada pela pandemia foi no Sudeste, com 68%. A região Nordeste registrou 66%, seguida do Centro Oeste (63%), Sul (62%) e Norte (59%).

Segundo a psicóloga Vera Borges, da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a pandemia interferiu diretamente no tratamento desses pacientes, que deixaram de ir aos hospitais. “Com as unidades de saúde atendendo quase que exclusivamente casos de Covid-19, algumas pessoas evitaram a ida e a permanência em instituições de saúde”, apontou.

Estratégias podem ajudar a parar de fumar

cigarro contém substâncias químicas que são altamente viciantes, como a nicotina. O efeito da substância no cérebro é parecido com o de um neurotransmissor chamado acetilcolina, que ajuda a controlar os movimentos musculares e outras funções cerebrais.

Quando a nicotina se liga aos receptores de acetilcolina, o organismo libera dopamina, uma substância ligada ao bem-estar. No entanto, quando a dopamina diminui, surge novamente a vontade de fumar.

Algumas estratégias podem ajudar a parar de fumar, o que pode trazer benefícios para a saúde a curto e longo prazos.

1- Foco em se manter longe do cigarro

O objetivo não deve ser parar de fumar, mas como permanecer firme nesse propósito, de acordo com Panagis Galiatsatos, diretor da Clínica de Tratamento do Tabaco do Hospital Johns Hopkins. Ele conta que já atendeu pacientes que pararam de fumar várias vezes, mas não conseguiram manter isso por muito tempo.

Para evitar recaídas, o especialista aconselha criar pequenas metas em vez de uma mais difícil de alcançar. Para isso, é preciso identificar quais são os gatilhos que fazem com que você tenha vontade de fumar e eliminá-los aos poucos.

2- Aprenda com os erros

A maioria das pessoas que fuma tenta largar o cigarro de 8 a 12 vezes antes de conseguir abandonar de vez o vício, diz Jonathan Bricker, professor da divisão de ciências em saúde pública do Centro de Pesquisas em Câncer da Universidade de Washington. O especialista recomenda a seus pacientes que tirem uma lição dessas experiências.

“As coisas que mais escuto são: ‘Aprendi o quanto é difícil passar pela crise de abstinência’ ou ‘Descobri que ver outras pessoas fumando é um gatilho para mim’ ou “Percebi que o estresse é o meu maior gatilho’”, diz Bricker.

Segundo ele, quanto mais as pessoas extraírem ensinamentos sobre suas tentativas fracassadas, maiores as chances de conseguir largar o cigarro de vez.

3- Use a tecnologia

Bricker recomenda a utilização de algum dos diversos aplicativos disponíveis no mercado que oferecem recursos para ajudar a parar de fumar como uma das formas de combater o vício (o que não dispensa o acompanhamento médico).

4- Procure ajuda médica

Bricker recomenda às pessoas que querem parar de fumar consultar um especialista médico, que irá oferecer diferentes possibilidades de tratamentos e estratégias, de acordo com as necessidades de cada um.

“O médico pode prescrever remédios que diminuem as crises de abstinência, o que é uma boa estratégia de curto prazo para ajudar a treinar o cérebro a ficar sem a substância”, complementa Bricker. Ele explica que a medicação prescrita vai depender do nível do vício de cada paciente.

5- Como ajudar alguém a parar de fumar

Galiatsatos diz que nunca conheceu um paciente que não soubesse que fumar faz mal à saúde. Por esse motivo, ele não recomenda usar esse argumento para tentar convencer alguém a parar de fumar. “Se você quer mesmo ajudar alguém a abandonar o vício, a melhor estratégia é ser pró-fumante e contra o cigarro”, afirma.

Isso significa não ter uma atitude de julgamento ou estigma. “Se a pessoa se sentir julgada, ela vai ser reativa e a tendência é que ela minta, dizendo que parou de fumar mesmo quando isso não for verdade”, conclui.

Fonte: CNN Brasil 

Cartilha auxilia profissionais de saúde no combate ao tabagismo

"A melhor escolha é não fumar". A frase marca a campanha de combate ao tabagismo realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) deste ano. No Dia Nacional de Combate ao Fumo, lembrado neste domingo (29), a ação dá continuidade à campanha Comprometa-se a parar de fumar, cujo objetivo é reforçar as ações nacionais de conscientização sobre os danos sociais, de saúde, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

Na campanha de combate ao tabagismo deste ano, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) preparou cartilhas para profissionais de saúde, que incluem um questionário básico a ser respondido pelos pacientes com perguntas relativas ao hábito de fumar.

O documento é parte das ações estratégicas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para estimular o cidadão a deixar o cigarro. Na  cartilha estão incluídas orientações para o profissional de saúde sobre como orientar um paciente fumante a parar com o hábito. A abordagem pode ser feita em poucos minutos e em qualquer atendimento - seja em uma consulta médica, psicológica, nutricional, assistencial, odontológica, de atividade física ou estética. Acesse a cartilha.

Dados da OMS indicam que cerca de 60% dos usuários de tabaco em todo o mundo querem parar, mas apenas 30% da população mundial tem acesso a serviços apropriados para deixar o vício.

"Quando comparadas com as situações em que nenhum aconselhamento é dado ao fumante, abordagens com, no máximo, três minutos podem aumentar as chances de cessação de fumar" explica a cartilha.

Razões para largar o cigarro

De acordo com Inca, todos os produtos derivados do tabaco, incluindo os dispositivos eletrônicos para fumar, são nocivos à saúde. A fumaça do tabaco contém mais de 7 mil compostos químicos. Estudos indicam que no mínimo 69 dessas substâncias provocam câncer.

Os fumantes têm até 22 vezes mais probabilidade de desenvolver câncer de pulmão ao longo da vida do que os não fumantes. O tabagismo é a principal causa da doença, causando mais de dois terços das mortes por câncer de pulmão em todo o mundo. Conheça aqui 100 razões listadas pela OMS para parar de fumar.

Segundo o instituto, a fumaça do tabaco danifica as artérias do coração, causando o acúmulo de placas e o desenvolvimento de coágulos sanguíneos, restringindo o fluxo sanguíneo e levando a ataques cardíacos e derrames.

Para as mulheres, o hábito de fumar pode antecipar a menopausa em 1 a 4 anos porque o hábito reduz a produção de óvulos nos ovários, resultando em uma perda da função reprodutiva e, consequentemente baixos níveis de estrogênio.

De acordo com o Inca, ao parar de fumar os benefícios à saúde são quase imediatos:

Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.

Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue.

Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.

Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.

Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida.

Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora.

Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.

Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.

Mortes

No Brasil, o tabagismo mata 162 mil pessoas por ano e tem custo anual de R$ 125 bilhões aos cofres públicos para cobrir despesas com doenças causadas pelo cigarro. Esse custo equivale a 23% do que o Brasil gastou, em 2020, com o enfrentamento à covid-19, informou o Inca, por meio de sua assessoria de imprensa.

O alto custo do tabagismo não inclui os gastos do SUS para tratar a dependência de nicotina, considerada uma das medidas médicas mais efetivas quando comparada com o tratamento das doenças causadas pelo uso de produtos do tabaco.

Fonte: Agência Brasil