Cotidiano

Pessoas com deficiência em 2019 eram 17,3 milhões





Número representava 8,4% da população nessa faixa etária

A 1ª Caminhada Nacional da Luta dos Direitos das Pessoas com Deficiência no Parque da Cidade, em Brasília

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que havia no Brasil, naquele ano, 17,3 milhões de pessoas de 2 anos ou mais de idade com deficiência em pelo menos uma de suas funções. O número correspondia a 8,4% da população nessa faixa etária. Do total de pessoas com deficiência, 14,4 milhões residiam em domicílios urbanos e 2,9 milhões na área rural; 10,5 milhões eram mulheres e 6,7 milhões, homens; 7,8 milhões eram pardas (8,5%), 7,1 milhões, brancas (8%), e 2,1 milhões, pretas (9,7%).

Por região, o maior percentual de pessoas com deficiência foi encontrado no Nordeste (9,9%), seguido do Sudeste (8,1%), Sul (8%), Norte (7,7%) e Centro-Oeste (7,1%). De acordo com o IBGE, todos os estados da Região Nordeste tiveram percentuais acima da média nacional, com destaque para Sergipe (12,3%).

A pesquisa foi feita em parceria com o Ministério da Saúde, com base em amostra de 108 mil domicílios. Ela mostra também que 24,8%, ou o equivalente a 8,5 milhões de pessoas com deficiência, estavam no grupo etário de 60 anos ou mais, enquanto 332 crianças (1,5%) se encontravam no grupo de 2 a 9 anos. As entrevistas ocorreram entre os dias 26 de agosto de 2019 e 13 de março de 2020, embora a data de referência da pesquisa seja 27 de julho de 2019, segundo o IBGE.

Perda de funções

Por volta dos 40 anos de idade, ocorre aumento significativo no percentual de pessoas com deficiência (32,4%), indicando os primeiros indícios do processo de envelhecimento e, em consequência, alguma perda em suas funções visuais, auditivas, motoras e intelectuais.

Tomando por base o nível de escolarização, a sondagem identificou que nas pessoas com 18 anos ou mais com deficiência, o índice da população com nível superior completo era de 5%, contra 17% das pessoas sem deficiência. Em relação ao ensino médio completo ou superior incompleto em 2019, isso incluía 16,6% da população com deficiência, contra 37,2% das pessoas sem deficiência. Mais de 67% (67,6%) da população com alguma deficiência não tinham instrução ou tinham o ensino fundamental incompleto, percentual menor (30,9%) para as pessoas sem nenhuma das deficiências investigadas.

Embora a Lei 13.146, em seu Artigo 8º, assegure o direito ao trabalho para as pessoas com deficiência, a PNS 2019 constatou que o nível de ocupação das pessoas de 14 anos ou mais com deficiência foi de apenas 25,4%, contra 57% na população em geral, atingindo até 60,4% nas pessoas sem deficiência em idade para trabalhar. O desnível entre os dois grupos populacionais foi marcante em todas as regiões. A proporção de pessoas com deficiência em domicílios com renda per capita (por indivíduo) de meio a um salário mínimo foi de 10,7%, caindo para 6,3% nos domicílios com rendimento de mais de dois a três salários mínimos; para 5,8% naqueles com rendimento com mais de três a cinco salários mínimos; e para 4,6% nos domicílios que superavam cinco salários mínimos per capita.

Libras

Segundo o IBGE, 3,4% da população com dois anos ou mais de idade declararam ter muita dificuldade ou que não conseguiam enxergar de modo algum, o que correspondia a 6,9 milhões de brasileiros com deficiência visual, sendo de 2,7% na população masculina e de 4% na feminina. No caso da deficiência auditiva, 2,3 milhões de brasileiros com dois anos ou mais de idade declararam ter muita dificuldade ou não ouvir de modo algum, o que constituía 1,1% da população brasileira no período, atingindo homens e mulheres com 1,1%. Do total, 22,4% disseram conhecer a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A PNS investigou, pela primeira vez, se brasileiros, independentemente de serem pessoas com deficiência, sabiam usar Libras. Percebeu-se que 2,4% da população com cinco anos ou mais, totalizando 4,6 milhões, sabiam usar a língua. As pessoas com deficiência nos membros superiores ou inferiores somavam 4,9% da população em 2019, ou o equivalente a 10,1 milhões. A maior concentração de pessoas com deficiência física era na população fora da força de trabalho (10%),enquanto 1,2% (2,5 milhões de pessoas) apresentavam deficiência mental.

Envelhecimento

O envelhecimento da população foi objeto também da pesquisa do IBGE e Ministério da Saúde, tendo em vista o aumento da expectativa de vida, que passou de 74,9 anos, em 2013, para 76,6 anos, em 2019. As pessoas com 60 anos ou mais foram estimadas, em 2019, em 16,4% da população, atingindo 34,4 milhões, contra 13,2% ou o correspondente a 26,3 milhões, em 2013.

A PNS revela ainda que 9,5% (ou 3,3 milhões) das pessoas de 60 anos ou mais tinham dificuldade para realizar suas atividades diárias, como comer, tomar banho, ir ao banheiro, vestir-se, andar em casa de um cômodo para outro no mesmo andar, deitar-se ou levantar-se da cama sozinho. Todas as grandes regiões apresentaram níveis semelhantes à média nacional. O percentual de mulheres nessas condições (10,6%) superou o dos homens (8,2%).

A pesquisa identificou que quanto mais elevada a idade, maior a proporção de pessoas com limitações, variando de 5,3% para as de 60 a 64 anos, até 18,5% para as de 75 anos ou mais. Sobre o nível de instrução, constatou-se que quanto mais elevado ele era, menor era o indicador investigado: para as pessoas sem instrução, os maiores de 60 anos com limitações representavam 16%; com fundamental incompleto, 9,7%; e com fundamental completo ou mais, 6,3%.

Medicamentos

Outra abordagem se referiu ao uso de medicamentos. A estimativa foi que 75,4% das pessoas de 60 anos ou mais faziam uso regular ou contínuo de algum medicamento receitado por médico. Desse total, 81,1% eram mulheres e 67,8%, homens. Na população parda, o percentual alcançou 72,2%, contra 77,5% e 76% nas populações branca e preta, respectivamente. Os grupos de idade mais avançada registraram percentuais mais elevados (19%) que os de menor idade (3,3%). Por regiões, Norte (61,7%) e Nordeste (72,7%) apresentaram proporções abaixo da média nacional.

A vacina contra a gripe foi tomada por 72,3% das pessoas de 60 anos ou mais de idade nos 12 meses anteriores à data da entrevista. A população de 60 a 64 anos apresentou estimativas mais baixas que as dos demais grupos etários, com um percentual de vacinação de 66,3%, enquanto os grupos de 65 a 74 anos e de 75 anos ou mais registraram adesão de 74,4% e 75,8%, respectivamente. Para as pessoas que disseram não ter tomado a vacina, o principal motivo (41,8%) foi não achar necessário ou raramente ficar gripado, seguido de medo da reação por 19,8%.

Entre os idosos de mais de 60 anos, 15,5% sofreram alguma queda nos 12 meses anteriores à entrevista e 34,6% foram diagnosticados com catarata.

As informações da PNS 2019 serão utilizadas para subsidiar a formulação de políticas públicas nas áreas de promoção, vigilância e atenção à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), devendo seus resultados fomentarem a resposta e o monitoramento de indicadores nacionais e internacionais, informou o IBGE.

IBGE: mulheres somavam 52,2% da população no Brasil em 2019

Dados são da Pesquisa Nacional de Saúde divulgada hoje pelo instituto

População usa máscaras nas ruas do Rio de Janeiro, desde ontem (23) a prefeitura tornou o uso obrigatório através de decreto.

As mulheres correspondiam, em 2019, a 52,2% (109,4 milhões) da população residente no Brasil, além de serem maioria entre a população idosa (56,7%). É o que revela a Pesquisa Nacional de Saúde 2019 (PNS), divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A sondagem foi realizada em parceria com o Ministério da Saúde. Foram entrevistadas mulheres de 15 anos ou mais de idade na pesquisa. Em 2013, o alvo da sondagem foram mulheres a partir de 18 anos de idade.

Preventivo de câncer

O exame preventivo de câncer de colo de útero, conhecido como Papanicolau, foi feito por 81,3% das mulheres de 25 a 64 anos de idade há menos de três anos da data da entrevista; e em 2013, foram 78,7%. Os maiores percentuais foram encontrados nas regiões Sul (84,8%) e Sudeste (84,1%), enquanto as regiões Norte (79%), Centro-Oeste (78,8%) e Nordeste (76,4%) ficaram abaixo da média nacional.

O percentual nacional foi maior para as mulheres com ensino superior completo (90,4%) do que para o grupo sem instrução até o nível fundamental incompleto (72,5%). Pela análise do rendimento, a pesquisa apurou que o percentual de mulheres que fizeram o exame variou de 72,9% (sem rendimento até um quarto do salário mínimo) até 93,8% (mais de cinco salários mínimos).

Entre as mulheres de 25 a 64 anos de idade, 6,1% revelaram nunca ter feito o exame preventivo, 45,1% declararam não achar necessário, 14,8% disseram não terem sido orientadas a fazer o exame e 13,1% declararam ter vergonha de fazê-lo. Outras 7,3% das entrevistadas afirmaram não ter feito o exame por dificuldades em relação ao serviço de saúde.

Mamografia

Cerca de 58,3% das mulheres de 50 a 69 anos fizeram mamografia há menos de dois anos da data da entrevista, percentual mais alto que o de 2013 (54,3%). Metade destas fez o exame no Sistema Único de Saúde (SUS).

O maior percentual de mulheres que realizaram o exame de mamografia foi encontrado no Sudeste (65,2%), resultado semelhante ao de 2013. Em contrapartida, a PNS constatou que apesar da melhora frente a 2013, nas regiões Norte (43,2%) e Nordeste (49,5%), menos de 50% das mulheres de 50 a 69 anos haviam realizado a mamografia no período de menos de dois anos. O percentual de mulheres dessa faixa etária que fizeram mamografia aumenta conforme a renda é maior: 83,7% para renda acima de cinco salários mínimos, contra 42,9% para mulheres sem rendimento até um quarto do salário mínimo.

Entre as mulheres sexualmente ativas nos últimos 12 meses, de 15 a 49 anos de idade, cerca de 80,5% usavam algum método para evitar gravidez. Dessas, 40,6% usavam pílula como método mais eficaz, 20,4% a camisinha masculina, 17,3% haviam feito laqueadura, 9,8% usavam injeção, 5,6% adotavam a vasectomia do parceiro, 4,4% DIU, 1,2% usavam tabelinha ou outro método anticonceptivo tradicional, como coito interrompido, e 0,6% adotavam outro método moderno, como a camisinha feminina, por exemplo.

As mulheres que disseram querer engravidar ou não se incomodavam de engravidar na faixa etária de 15 a 49 anos de idade somavam, em 2019, percentual de 47,3%.

No Brasil, 4,7 milhões de mulheres de 15 anos ou mais de idade deram à luz entre 29 de julho de 2017 e 27 de julho de 2019. No parto, 87,2% delas foram atendidas por médico(a), 10,4% por enfermeiros(as) e 1% por parteiras. Do total, 98,2% afirmaram ter realizado consulta pré-natal, o que corresponde a 4,6 milhões de gestantes que tiveram consulta pré-natal durante a gravidez, mostrou o IBGE.

Alimentação

A pesquisa investigou também os hábitos alimentares, vacinação e exames neonatais de 4,7 milhões de crianças nascidas entre 29 de julho de 2017 e 27 de julho de 2019, correspondendo, naquele ano, a 2,26% da população menor de 2 anos de idade.

O levantamento mostrou que 27,8% das crianças com idade inferior a 6 meses de idade na data de entrevista, no Brasil, foram alimentadas exclusivamente com leite materno. Apurou ainda que 57,8% das crianças com menos de 2 anos de idade comiam à época biscoitos, bolachas ou bolo; 25% comiam doces, balas ou outros alimentos com açúcar; 11,5% tomavam refrigerante e 16,9% haviam ingerido suco artificial.

O teste do pezinho, usado para detectar precocemente doenças metabólicas, genéticas ou infecciosas nos bebês, realizado por meio da análise de amostras de sangue coletadas do calcanhar da criança, foi efetuado no país, em 2019, por 73% das crianças com menos de 2 anos de idade até o quinto dia após o nascimento. As maiores proporções ocorreram nas regiões Sul (88,5%), Sudeste (83,5%) e Centro-Oeste (78,5%), enquanto as regiões Nordeste (57,7%) e Norte (54,9%) apresentaram proporções abaixo da média nacional. Na área urbana, a proporção foi maior (75,6%) do que na área rural (60,1%).

Segundo a PNS 2019, 64,4% das crianças com menos de 2 anos de idade receberam três doses da vacina pentavalente, que evita tétano, hepatite B, coqueluche, difteria e meningite, e outras infecções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo B.

Em relação à imunização contra poliomielite, ou paralisia infantil, a PNS estimou que em 2019, 64,2% das crianças com menos de dois anos de idade receberam três doses dessa vacina e 42,7% das crianças com menos de dois anos de idade tinham tomado uma dose da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.

Homens

Em 2019, cerca de 64,6% dos homens com 15 anos ou mais de idade já eram pais. A idade média deles, quando o primeiro filho nasceu, era de 25,8 anos. Entre os homens de 15 a 29 anos, o percentual de homens com filho foi de 19%. Na faixa de 30 a 39 anos, o número variou de 67,5% na área urbana a 76,9% na área rural. Já nas faixas de idade de 40 a 59 anos e de 60 anos ou mais, o percentual atingiu 85,3% e 91,4%, respectivamente. Entre os homens com 40 anos ou mais de idade, mais de 80% já haviam tido pelo menos um filho, independente da região onde se encontravam.

O número médio de filhos foi de 1,7 para os homens que tinham 15 anos ou mais de idade em 2019. Esse valor variou segundo a faixa de idade. Entre os homens com 15 a 29 anos, que estão no início da vida reprodutiva, o número médio de filhos foi de 0,3, subindo para 1,3 filho no grupo de 30 a 39 anos. Para os homens de 40 a 59 anos, a média foi de 2,1 filhos tidos, com 2 filhos na área urbana e 2,6 filhos na área rural amplia. Já os homens com 60 anos ou mais, além de apresentarem o maior número médio de filhos (3,6), foram também os que apresentaram a maior diferença entre urbano (3,3) e rural (5).

A PNS perguntou sobre a vontade de ser pai aos homens cuja parceira estava grávida ou o último filho tinha menos de 6 anos. No grupo etário dos 15 aos 34 anos, cerca de 27,3% dos consultados afirmaram que gostariam de ter esperado mais para ter o filho. Entre aqueles com 35 anos ou mais, 10,4% não queriam ter filho ou não queriam ter mais filhos.

As entrevistas para a PNS 2019 foram feitas entre os dias 26 de agosto de 2019 e 13 de março de 2020. 

Fonte: Agência Brasil