Política

Davi Alcolumbre volta a suspender sabatina de Mendonça no Senado





O presidente da CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidiu colocar a sabatina do ex-advogado-geral da União André Mendonça, indicado ao STF (Supremo Tribunal Federal), novamente em suspenso. Trata-se de uma reação direta à iniciativa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de enviar ao Senado um pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Alexandre de Moraes.

Alcolumbre demonstrava resistência ao nome do ex-AGU desde que Bolsonaro oficializou sua indicação, em 13 de julho. Em um jantar na casa de um congressista na semana passada, contudo, havia sido convencido -com a presença do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG)- a pautar a apreciação na CCJ para logo depois do feriado de 7 de setembro.

Ainda assim, Alcolumbre decidiu passar à frente a sabatina do procurador-geral da República, Augusto Aras, já marcada para a próxima 3ª feira (24.ago).

Agora, com a oficialização da ofensiva de Bolsonaro pelo afastamento de Moraes do STF, o presidente da CCJ do Senado comunicou a interlocutores que a data da deliberação sobre Mendonça voltou ao estágio de indefinição. O pedido de impeachment teria sido a “gota d’água”.

A decisão de Alcolumbre desmontou quase imediatamente a estratégia do Planalto para tentar preservar a indicação de Mendonça. Como mostrou o Poder360, a petição levou apenas a assinatura de Bolsonaro, em uma tentativa tanto de não contaminar o humor do Senado sobre Mendonça quanto de personalizar o ato no presidente da República, de modo a não torná-lo uma questão de governo.

O sucessor no comando da AGU, Bruno Bianco, não assinou a peça pelo impeachment de Moraes.

O episódio deflagrado nos bastidores do Senado pela iniciativa de Bolsonaro mostra mais uma vez que Alcolumbre é o principal obstáculo de Mendonça no caminho rumo à vaga no Supremo. O ex-AGU vem se dedicando integralmente a cortejar votos de senadores, mesmo os de oposição. Na Casa Alta, não se considera a possibilidade de o plenário rejeitá-lo.

Líderes do Governo vinham tentando firmar um acordo com o presidente da CCJ e evitavam comentar o assunto nos bastidores, devido à sensibilidade do tema. Reservadamente, senadores de diversas bancadas reclamavam da demora de Alcolumbre para pautar a sabatina.

Na última 4ª feira (18.ago), Pacheco encaminhou a indicação de Mendonça ao colegiado. Com o gesto formal, a realização da sabatina passou a estar unicamente nas mãos de Alcolumbre.

Fonte: Poder360