Cotidiano

Talibã diz que não haverá democracia no Afeganistão: Seguiremos a Sharia





Talibã afirmou nesta 5° feira (19.ago.2021) que não há possibilidade de existir uma democracia no Afeganistão com um sistema eleitoral para escolher representantes. O anúncio foi dado Waheedullah Hashimi, um dos principais comandantes do grupo extremista.

O país deve ser governado por um conselho que seguirá a Sharia, a lei islâmica. O sistema também foi adotado quando o Talibã governou o Afeganistão de 1996 a 2001.

“Não haverá nada como um sistema democrático porque isso não tem nenhuma base no nosso país, nós não vamos discutir qual será o tipo de sistema político que vamos aplicar no Afeganistão porque isso é claro: a lei é Sharia, e é isso”, afirmou Hashimi.

O Talibã realiza uma interpretação radical da Sharia. Segundo o grupo extremista, o direito das mulheres serão respeitados dentro do código religioso.

Na última 3° feira (17.ago.2021), o Talibã declarou “anistia geral” e requisitou que as mulheres voltem a ocupar seus postos no governo em um discurso mais moderado. Quando governaram o afeganistão no final da década de 1990, as mulheres eram proibidas de estudar e trabalhar.

No dia 15 de agosto, o Talibã reassumiu o controle do Afeganistão depois de 20 anos.  O ex-mandatário afegão, Ashraf Ghani, deixou o país para, segundo ele,“evitar um banho de sangue”.

Contexto

O Talibã governou o Afeganistão de 1996 a 2001, com a imposição de um regime baseado numa interpretação radical da lei religiosa islâmica. Foi retirado do poder por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, após os ataques de 11 de setembro de 2001.

O acordo assinado em fevereiro de 2020, em Doha, pelos talibãs com o governo dos Estados Unidos, estabeleceu a retirada de todos os soldados estrangeiros do Afeganistão e o impedimento dos insurgentes de executar ataques nas grandes cidades afegãs.

Porém, com os avanços dos talibãs nas grandes cidades, as tropas dos Estados Unidos, que devem concluir a retirada do Afeganistão no fim de agosto, intensificaram os ataques aéreos.

Várias pessoas são mortas no Afeganistão em protestos contra Talibã

Foi o primeiro ato de oposição popular aos grupos que tomou Cabul

Manifestantes carregando bandeiras foram a várias cidades afegãs nesta quinta-feira (19). Várias pessoas foram mortas quando combatentes do Talibã dispararam contra uma multidão, disse uma testemunha. Este foi o primeiro ato de oposição popular aos militantes desde que eles tomaram a capital Cabul.

"Nossa bandeira, nossa identidade", gritava uma multidão de homens e algumas mulheres, acenando com bandeiras nacionais pretas, vermelhas e verdes em Cabul, mostrou um vídeo divulgado nas redes sociais.

Uma mulher caminhava com uma bandeira sobre os ombros. O Afeganistão comemora a independência do controle britânico, conquistada em 1919, no dia 19 de agosto.

Um porta-voz do Talibã não estava disponível de imediato para comentar.

Em Asadabad, capital da província de Kunar, várias pessoas foram mortas durante uma manifestação, mas não ficou claro se as baixas resultaram de disparos ou da debandada causada pelos tiros, disse a testemunha Mohammed Salim.

"Centenas de pessoas saíram às ruas", contou Salim. "De início, fiquei assustado e não queria ir, mas quando vi que um dos meus vizinhos participava, tirei a bandeira que tenho em casa."

"Várias pessoas foram mortas e feridas na dispersão e pelos disparos do Talibã", disse ele.

Manifestantes também foram às ruas de Jalalabad, cidade do leste afegão e um distrito da província de Paktia.

Nessa quarta-feira (18), combatentes do Talibã atiraram em manifestantes que acenavam com uma bandeira em Jalalabad e mataram três, relataram testemunhas e a mídia.

Em alguns lugares, manifestantes arrancaram bandeiras brancas do Talibã, de acordo com a mídia, que também citou cenas semelhantes em Asadabad e Khost, outra cidade do leste, ainda na quarta-feira.

O primeiro vice-presidente Amrullah Saleh, que está tentando congregar a oposição ao Talibã, expressou apoio aos protestos.

"Saúdem aqueles que carregam a bandeira nacional e assim defendem a dignidade de nossa nação", disse ele no Twitter.

Na terça-feira, Saleh afirmou que está no Afeganistão e que é o "presidente interino legítimo", já que o presidente Ashraf Ghani fugiu quando o Talibã tomou Cabul no domingo (15).

A repressão aos protestos cria novas dúvidas sobre as garantias do Talibã de que mudou desde que governou o país entre 1996 e 2001, quando reprimia severamente as mulheres, realizava execuções públicas e explodia estátuas budistas antigas.

Agora o Talibã diz que quer paz, que não se vingará de antigos inimigos e que respeitará os direitos das mulheres nos moldes da lei islâmica

Fonte: Poder360 - Agência Brasil