Política

Auditor diz que o pai enviou documento inacabado sobre mortes a Bolsonaro





O auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, do TCU (Tribunal de Contas da União), autor de um documento com dados inconclusivos sobre as mortes por covid-19 no Brasil, disse, nesta 3ª feira (17.ago.2021), à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, que enviou o arquivo não oficial a seu pai e que este o encaminhou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O pai dele é o coronel do Exército Brasileiro Ricardo Silva Marques.

Alexandre Marques afirmou que a alteração do documento, que reapareceu com a marca do TCU e contornos oficiais, foi posterior ao envio para Bolsonaro. Ele, entretanto, disse que não pode afirmar quem teria feito essa mudança no documento, mesmo que tenha considerado irresponsabilidade do presidente ter divulgado o texto.

“Isso eu não tenho como confirmar, que foi falsificado, que o que ele [Bolsonaro]utilizou foi falsificado. Eu recebi, acho que circulou nas redes sociais, no WhatsApp, uma versão em PDF desse arquivo e com a inscrição do Tribunal de Contas da União no cabeçalho”, afirmou.

“A minha indignação foi pelo fato de ter sido atribuído ao Tribunal de Contas da União a responsabilidade por um documento que não era um documento oficial, que não era uma instrução processual, que não era nada do Tribunal de Contas da União. Então, vincular o nome do Tribunal de Contas da União a um arrazoado de duas páginas não conclusivo, eu achei irresponsável.”

Marques é investigado por uma comissão do TCU que avalia possíveis irregularidades cometidas pelo auditor. Ele foi afastado de suas funções. Segundo Alexandre Marques, ele enviou o arquivo em 6 de junho a seu pai. O coronel reformado Ricardo Silva Marques foi colega de turma do presidente Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras.

Em 7 de junho, Bolsonaro afirmou que o TCU havia produzido um relatório que mostrava que, aproximadamente, 50% das mortes, cujas causas foram registradas como covid-19, não tiveram o vírus como motivo principal.

Segundo o TCU, o documento jamais foi incluído no sistema do órgão e foi produzido em caráter pessoal pelo funcionário, que também foi o responsável pela divulgação.

Questionado pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), o auditor afastado declarou que as únicas diferenças que identificou no documento que teria sido alterado da versão enviada a seu pai seriam marcações no texto e a marca do TCU. Não teriam, segundo ele, mudanças no texto em si. 

Fonte: Poder360