Cotidiano

Cabul: Voos são retomados após invasão, mortes e queda de civis de avião





A tomada de Cabul, capital do Afeganistão, pelo grupo extremista Taleban ampliou o cenário de tensão no país. Com o tumulto, os voos do aeroporto da região ficaram suspensos por algumas horas, mas logo foram retomados. Na tentativa de fugir do país, civis tentaram embarcar na parte externa de um avião militar, mas caíram após a decolagem. Ao menos sete pessoas morreram.

A aeronave partia de Cabul com funcionários da embaixada dos Estados Unidos. Informações divulgadas pelo Pentágono apontam que soldados norte-americanos mataram dois homens que estavam armados no aeroporto.

Ainda não há um balanço oficial de vítimas. Porém, oficiais militares dos Estados Unidos relataram à agência AP que ao menos sete pessoas morreram no local.

O grupo de militares não soube especificar se as mortes foram causadas por tiros ou pisoteadas durante o tumulto. Já o jornal norte-americano The Wall Street Journal fala em três mortos por armas de fogo. Também não é especificado se na conta estão os mortos que tentaram se agarrar à fuselagem do avião e que acabaram caindo.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram milhares de pessoas aguardando na pista do aeroporto.

A maior parte das pessoas que tentava sair do país eram jovens que, em um ato de desespero diante do avanço dos conflitos no país, se agarraram a escadas para tentar embarcar em um avião.

O governo dos Estados Unidos tomou o controle do tráfego aéreo em Cabul e afirmou que a prioridade do país é garantir a segurança do local, que se tornou sede temporária da representação diplomática do país. Por conta do conflito que deixou mortos, os EUA suspenderam os voos de evacuação.

ONU se reúne para discutir situação do Afeganistão

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) se reuniu hoje para tratar da situação do Afeganistão. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu moderação aos talebans, mas havia adiantado, horas antes, que a situação no país estava "saindo do controle".

"A comunidade internacional deve se unir para garantir que o Afeganistão nunca mais seja usado como plataforma ou refúgio de organizações terroristas", disse Guterres durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança sobre a crise afegã.

Guterres também chamou atenção principalmente para o fato de civis estarem no alvo dos extremistas e pelo retrocesso nos direitos das mulheres e das crianças que moram no país.

Fundamentalistas tomam capital do Afeganistão

16.ago.2021- Soldado americano aponta arma para um passageiro afegão no aeroporto de Cabul, no Afeganistão - Wakil Kohsar/AFP - Wakil Kohsar/AFP
16.ago.2021- Soldado americano aponta arma para um passageiro afegão no aeroporto de Cabul, no Afeganistão
Imagem: Wakil Kohsar/AFP

O grupo fundamentalista Taleban tomou ontem a capital do Afeganistão. O ato foi a maior movimentação do grupo em quase 20 anos e a tomada foi feita sem muita resistência, de acordo com relatos vindos do país.

Até o sábado (14), os extremistas haviam conquistado províncias que ficavam localizadas ao redor da capital, como uma forma de montar um cerco estratégico para avançar até Cabul.

Esta é a primeira vez desde outubro de 2001 que o grupo volta à capital. O risco de tomada de Cabul já era alertado por especialistas, que viam com apreensão a saída total das tropas americanas do Afeganistão depois de 20 anos de ocupação.

Presidente e vice deixam Afeganistão

presidente Ashraf Ghani e seu vice, Amrullah Saleh, deixaram o país horas após a entrada do Taleban em Cabul, de acordo com relatos de um funcionário de alto escalão do Ministério do Interior do governo.

Ghani teria embarcado para o Tajiquistão, segundo informações da agência Reuters. O local não foi confirmado pelo funcionário por motivos de segurança.

Em uma publicação feita ontem nas redes sociais, Ghani disse ter deixado o país para evitar "um banho de sangue".

"Hoje, deparei-me com uma escolha difícil; deveria suportar e enfrentar os talebans armados que queriam entrar no palácio ou sair do país que dediquei a minha vida a proteger os últimos vinte anos."

Segundo a agência Reuters, o grupo tem o "controle do palácio presidencial afegão". Mais cedo, fontes ouvidas pela CNN afirmaram que oito pessoas do Taleban haviam entrado no palácio. Imagens exclusivas da Al Jazeera mostram integrantes do grupo no palácio presidencial.

Jato afegão é abatido no Uzbequistão

Um jato militar afegão foi abatido hoje pelas forças armadas do Uzbequistão. A aeronave caiu após cruzar a fronteira com o país ontem, segundo informações divulgadas pelo Ministério da Defesa do país. O jato caiu na província de Surxondaryo, no extremo sul do Uzbequistão, adjacente ao Afeganistão.

"As forças de defesa aérea do Uzbequistão impediram uma tentativa de um avião militar afegão de cruzar ilegalmente a fronteira com o Uzbequistão", disse o porta-voz do Ministério da Defesa, Bahrom Zulfikorov.

Não foram divulgadas informações sobre quantas pessoas estariam a bordo ou se houve algum sobrevivente após a queda.

Bekpulat Okboyev, médico em um hospital da região, afirmou à AFP que dois pacientes com uniforme afegão foram internados no hospital no ontem à noite. Um deles se ejetou do avião de paraquedas, disse, antes de informar que os dois sofreram fraturas.

  • Integrantes do Taleban fazem patrulha nas ruas de Herat - Stringer/Reuters
     

    Cresce o número de refugiados no Afeganistão. Caritas teme pela presença cristã no país

    Para a Caritas Italiana, “a instabilidade da situação levará à suspensão de todas as atividades, enquanto crescem os temores em relação à possibilidade de manter uma presença no futuro, bem como pela segurança dos poucos afegãos de fé cristã”. “A comunidade cristã é uma comunidade pequena, mas significativa, que nos últimos anos tem testemunhado a atenção para com os mais pobres e vulneráveis”.

    “Depois de uma guerra de vinte anos com custos humanos incalculáveis ​​e bilhões de euros em gastos, a retirada das forças armadas dos Estados Unidos está deixando o país em um abismo trágico”: é o que comenta a Caritas Italiana sobre os acontecimentos no Afeganistão, onde, após a retirada das tropas estadunidenses, após cerca de vinte anos em missão, o Talibã retomou o poder. No domingo, 15, a tomada do palácio presidencial em Cabul.

    “Como sempre, serão os mais fracos a pagar o preço mais alto, já em dezenas de milhares de pessoas que fogem das zonas de combate”, diz um comunicado da Caritas que hipotetiza o retorno forçado, juntamente com o pessoal das embaixadas, também de sacerdotes, religiosos e religiosas que estão na capital.

     

    Nessas horas, uma massa crescente de refugiados foge das zonas de conflito, aumentando a pressão em direção aos países vizinhos, de modo que hoje, no Paquistão, a Caritas fará um balanço da situação na região de Quetta, na fronteira com Afeganistão.

    “A comunidade cristã é uma comunidade pequena, mas significativa, que nos últimos anos tem testemunhado a atenção para com os mais pobres e vulneráveis”, especifica a Caritas Italiana, comprometida no país desde os anos noventa e desde o início de 2000, envolvida em uma grande Programa de ajuda de urgência, reabilitação e desenvolvimento, que apoiou a construção de quatro escolas no vale do Ghor e o regresso de 483 famílias de refugiados ao vale do Panshir com a construção de 100 habitações tradicionais para os mais pobres e assistência aos deficientes.

    Entre junho de 2004 e dezembro de 2007, dois operadores da Caritas italiana se revezaram no país com o objetivo de coordenar e facilitar as atividades e, sobretudo, ajudar os menores mais vulneráveis. Para a Caritas Italiana, “a instabilidade da situação levará à suspensão de todas as atividades, enquanto crescem os temores em relação à possibilidade de manter uma presença no futuro, bem como pela segurança dos poucos afegãos de fé cristã”.

    Fonte: UOL - Vatican News