Cotidiano

As preocupantes conclusões sobre o clima no Brasil no relatório da ONU





Em um estudo histórico, cientistas da Organização das Nações Unidas (ONU) mostraram como os humanos aquecerem a atmosfera, o oceano e o solo de forma "inequívoca"

As contínuas emissões de gases do efeito estufa já causaram consequências severas para o planeta e causarão problemas ainda piores caso não sejam reduzidas, de acordo com o relatório divulgado nesta segunda (9/8) pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU).

O Brasil não sai ileso das consequências apontadas no relatório. O texto prevê aumento de temperaturas na América do Sul em taxas maiores que a média global, mais chuvas no sul e sudeste do Brasil, mais seca no Nordeste e aumento de seca agrícola e ecológica.

No país e em outros países da América do Sul e América Central, as "temperaturas médias provavelmente aumentaram e continuarão a aumentar em taxas maiores do que a média global", diz um resumo do relatório do IPCC dividido por diferentes regiões do mundo

O texto para essas regiões afirma que "haverá mudanças na precipitação média", com aumento de chuvas no sudeste da América do Sul - que inclui a região sul do Brasil e parte do sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro. 

No Sul, em São Paulo e no Rio, "aumentos na precipitação média e extrema são observados desde 1960", aponta o estudo, por causas internas e externas, incluindo o aumento de gases de efeito estufa, aerossóis e a destruição da camada de ozônio.

Por outro lado, haverá menos chuvas no Nordeste. 

Os pesquisadores têm "alta confiança" de que haverá um aumento de dias mais secos e da frequência da seca no Norte. No Nordeste, há "alta confiança" no crescimento de duração da seca.

"Projeta-se que a intensidade e frequência de precipitações extremas e inundações pluviais aumentem" no caso de aumento de 2° C no aquecimento global.

Além disso, nas últimas três décadas, em comparação ao nível médio global, o nível relativo do mar (que é observado em relação a um referencial terrestre) aumentou em uma taxa mais alta no Atlântico Sul e no Atlântico Norte. 

Um brasileiro cruza o fundo lamacento do Rio Negro, um importante afluente do rio Amazonas, na cidade de Manaus, em 26 de outubro de 2010. Uma forte seca fez com que o nível dos rios na região amazônica do Brasil atingisse níveis recordes, deixando comunidades isoladas dependente de ajuda de emergência e milhares de barcos encalhados em leitos de rios ressecados

REUTERS/Euzivaldo Queiroz

No pior cenário previsto, o número de dias por ano com temperaturas máximas superiores a 35° C aumentaria em até mais de 150 dias até o final do século 21 na Amazônia

E, com isso, é "é extremamente provável que o aumento relativo do nível do mar continue nos oceanos ao redor da América Central e do Sul, contribuindo para o aumento das inundações costeiras em áreas baixas e para o recuo do litoral ao longo da maioria das costas arenosas".

Por fim, o relatório aponta que as "ondas de calor marinhas também devem aumentar em toda a região ao longo do século 21". As ondas de calor marinhas são regiões do oceano com temperatura da água anormalmente altas por um longo período de tempo.

 

Monção na América do Sul

 

O relatório também analisou o sistema de monção da América do Sul. Uma monção é uma reversão sazonal na direção do vento que causa transição entre períodos, como o seco para o chuvoso. 

O estudo do IPCC projetou um atraso no regime de monções durante o século 21. Também previu maior "seca agrícola e ecológica" para meados do século 21, com o nível de aquecimento global em 2° C.

"Aumentos em um ou mais aspectos entre seca, aridez e clima de incêndio afetarão uma ampla variedade de setores, incluindo agricultura, florestas, saúde e ecossistemas", mostrou o estudo.

O texto diz que, no pior cenário previsto, "o número de dias por ano com temperaturas máximas superiores a 35° C aumentaria em até mais de 150 dias até o final do século 21 na Amazônia'

Fonte: BBC News Brasil