Política

Presidente defende diálogo entre os Três Poderes





Afirma que não ataca o STF, mas Barroso e Moraes; declara que ministros não podem continuar com “peruada”

O presidente Jair Bolsonaro disse que é direito do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fuxcancelar a reunião com os chefes de Poderes. Afirmou, porém, que não critica o tribunal, mas, sim, especificamente os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Olha, prezado ministro Fux, o senhor se basear na imprensa brasileira, o senhor está desinformado. Há velho ditado que vale para o Brasil: se não lê jornal, não tem informação. Se lê, está desinformado”, disse Bolsonaro em live transmitida em suas páginas oficiais nas redes sociais.

Fux cancelou uma reunião entre os chefes dos Três Poderes depois de o presidente Jair Bolsonaro afirmar que “a hora” de Alexandre de Moraes “vai chegar” e voltar a colocar em dúvida a segurança do processo eleitoral. O anúncio foi feito durante a sessão plenária do Supremo realizada nesta 5ª feira (5.ago), horas antes da “live”. 

É um direito dele [Fux] fazer a nota. Ele havia me convidado para a reunião de chefes de Estado. Sem falar comigo, resolveu cancelar. Deixar bem claro, ministro Fux, na minha palavra aqui não tem nenhum ataque ao Supremo Tribunal Federal, zero”, disse. 

E completou: “Se o senhor não tiver alguém para te informar do que eu falo aqui, eu lamento”.

Na transmissão ao vivo, o chefe do Executivo não poupou críticas a Moraes e Barroso, mas disse que não estava atacando os ministros.

Não vou desqualificar o Ministro Barroso, mas a gente sabe que ele é antagônico à minha pessoa. As posições dele enquanto ministro, suas votações, é o direito de todo mundo que quiser criticar critique, se quiser elogiar elogie. Sabemos que ele deve favores ao PT”, disse. 

Sobre Moraes, declarou: “Eu não ataco pessoalmente a honra de Alexandre de Moraes. Critico o inquérito dele. Ora, meu Deus do céu. Ele abre o inquérito, investiga e pune. Que negócio é esse? Qual é o respeito para com a democracia, a constituição?”

Bolsonaro pediu para os ministros do STF não darem “peruadas”, isso é, palpites nas ações do Executivo e do Legislativo. “Os senhores têm que entender que não são donos do mundo, não são donos da verdade. Não foram eleitos para decidir futuro do povo. Quem foi eleito: eu e o Congresso brasileiro. Vocês foram eleitos para interpretar constituição. É o lugar de vocês. Não podem continuar legislando, dando peruadas, interferindo, dizendo o que eu ou parlamento devemos fazer”.

DIVERGÊNCIAS

Há semanas o ministro Luís Roberto Barroso e o presidente Jair Bolsonaro trocam declarações divergentes sobre a adoção do voto impresso. 

O estopim do conflito entre os 2 aconteceu na última 5ª feira (29.jul), quando o chefe do Executivo fez uma live para defender a nova modalidade de voto.

A página do TSE no Twitter contestou na ocasião, em tempo real, as falas do presidente sobre supostas fraudes nas eleições.

O mandatário disse que usaria sua transmissão para apresentar o que chamou de “prova bomba” de irregularidades no processo eleitoral. Apresentou o que chamou de indícios e afirmou que não tinha provas. 

Desde então, todos os dias Bolsonaro critica Barroso. Nesta 5ª feira (5.ago), também criticou de forma mais incisiva Alexandre de Moraes.

O presidente do Supremo, então, subiu o tom. Citou Bolsonaro. Disse que “quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteiro”, em referência aos ataques do presidente a Alexandre de Moraes e Roberto Barroso. 

Cancelou a reunião entre os chefes de Poderes –adiada quando Bolsonaro havia sido internado. 

Bolsonaro chamou Moraes de “ditatorial” e disse: “A hora dele vai chegar”. O ministro aceitou na 4ª feira (4.ago) pedido do TSE para incluir Bolsonaro no inquérito das fake news por declarações contra as eleições.

Eis outros destaques da live semanal, transmitida nesta 5ª feira (5.ago):

  • Inflação: “O Brasil tem problemas. Uma inflação nos alimentos está alta, muita gente perdeu sua renda, não perderam os servidores públicos e aqueles que tinham carteira assinada numericamente falando”;
    Crise hídrica: “Praticamente não tem mais água no reservatório ou um percentual muito pequeno. Isso traz problemas na geração de energia”;
  • Milícias & voto impresso: “Vem o Ministro Barroso, para confundir, tentar me associar a milícias dizendo que o Brasil não pode ter voto no papel por causa das milícias, crimes organizados e PCC. Ninguém vai levar para casa o papel nem vender o voto dele”;
  • Discussões: “O que ele ou alguns julgam no supremo, no STJ, nos TJs eu tenho que concordar? Eu tenho que ficar quieto? Como presidente ou cidadão. Sabemos a posição do Ministro Barroso. Ele é favorável ao aborto, ele que decide isso. Eu não concordo”;
  • Imprensa & Fux: “”Lamentavelmente Fux se alimenta dela para fazer uma nota […] Olha, prezado ministro Fux, o senhor se basear na imprensa brasileira, o senhor está desinformado”;
  • Relatório da PF: “Vamos acreditar na nossa PF ou no Barroso? Por que o Barroso não quer lisura nas eleições, voto democrático, contagem publica? O que está acertado para 2022?”
  • Moraes: “Eu não ataco pessoalmente a honra de Alexandre de Moraes. Critico o inquérito dele. Ora, meu Deus do céu. Ele abre o inquérito, investiga e pune. Que negócio é esse?”
  • Diálogo com Barroso: “Mil vezes essas mentiras não vai colar, ministro Barroso. Falar mil vezes não vai se transformar em verdade. E estou pronto para dialogar com Vossa Excelência. Caso queria, posso conversar na Presidência ou no STF, não tem problema nenhum”

O presidente Jair Bolsonaro defendeu o diálogo entre os Três Poderes durante a live semanal nas redes sociais. O presidente disse que está à disposição para conversar e também reafirmou a defesa do voto impresso para garantir "eleições democráticas e transparentes" no ano que vem, por meio de contagem pública de votos.  

Segundo Bolsonaro, a proposta não significa que o eleitor vai levar um comprovante de votação para casa após votar na urna eletrônica. "Ninguém vai levar para casa o papel, nunca foi discutido isso. Uma impressora imprime [o voto] através de uma placa transparente, e se a pessoa concordar que foi impresso de acordo com tela, aperta um botão, aquilo cai em um saco de lona e vai ser aberto depois das eleições. As eleições continuam sendo apuradas de forma eletrônica, só que se faz também, imediatamente após o fim das eleições, a contagem pública dos votos", disse. 

Durante a transmissão, o presidente comentou a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, que desmarcou uma reunião entre os chefes dos Três Poderes que estava sendo articulada para os próximos dias. A reunião estava prevista para ocorrer no mês passado, mas Bolsonaro foi internado e o encontro não ocorreu. 

"O que precisa, aproveitando a nota do ministro Fux, ele tem razão em muita coisa aqui, é o diálogo entre os poderes. Até em guerra, os comandantes de Exército adversários conversam, até para saber se o outro quer armistício. Da minha parte, conversar com Vossa Excelência, ministro Fux, está aberto o diálogo, não tem problema nenhum. Só nós dois, ou chama também o Rodrigo Pacheco [presidente do Senado], convida também o Arthur Lira [presidente da Câmara], nós quatro, sem problema nenhum. Vamos nós quatro rasgar o verbo, com um compromisso de não sair dali, tagarelar para a imprensa. Estou à disposição. O meu dever, a minha obrigação é trazer felicidade para o povo brasileiro, não é medir força eu e o Supremo", disse o presidente. 

Fonte: Agência Brasil- Poder360