Política

Renan: havia disputa na Saúde entre militares e o Centrão





Os depoimentos marcados na CPI da Covid com a volta dos trabalhos após o recesso parlamentar de meio de ano ajudarão na apuração da disputa de poder e dinheiro no Ministério da Saúde entre os grupos ligados aos militares e ao Centrão. Essa é a expectativa do relator da CPI, senador Renan Calheiros(MDB-AL), conforme relatou ao Congresso em Foco.

A preferência que se observa pela busca por fechar contratos com o uso de atravessadores está no cerne dessa disputa. E os depoimentos desta semana centram-se nesses atravessadores. Na terça-feira (3), a CPI ouve o reverendo Amilton Gomes de Paula. A ONG ligada ao reverendo, a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) aparece como intermediária na aquisição de vacinas da AstraZenaca, contratadas junto à empresa Davati Medical Supply. É nesse processo que o cabo da PM Luiz Paulo Dominguetti afirma que o ex-secretário de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias teria lhe pedido uma propina de US$ 1 por dose adquirida.

Na quarta-feira (4), o depoimento previsto aponta para outra intermediação, a da Precisa Medicamentos para aquisição da vacina indiana Covaxin. Irregularidades nesse processo foram denunciadas pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) e por seu irmão Luís Ricardo, funcionário do Ministério da Saúde. Na quinta (5), a CPI segue com foco na Precisa, ouvindo o advogado da empresa, Túlio Silveira.

Ao Congresso em Foco, Renan comenta que há um nome envolvido nessas duas transações e em vários outros momentos já apurados pela CPI: o coronel Elcio Franco. Hoje assessor da Casa Civil, Elcio foi o número 2 do Ministério da Saúde na gestão do general Eduardo Pazuello.

Quando os militares chegaram ao ministério, encontraram ali os grupos já montados do Centrão, remanescentes dos tempos do hoje líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) como ministro da Saúde, diz Renan. Para o senador, houve ali uma disputa de poder entre os dois grupos. “Por isso que o Centrão agiu para demitir Pazuello”, conclui Renan. Os detalhes dessa luta intestina no ministério e suas consequências são um dos focos da investigação da CPI.

Fonte: Congresso em Foco