A OMS (Organização Mundial da Saúde) lança um alerta sobre a situação da pandemia da covid-19 no mundo e aponta para um aumento no número de novos casos de contaminação de 11,5% em apenas sete dias. Para a entidade, é "hora de ser honestos" e admitir que não se sabe quando a pandemia vai terminar.
"Estamos numa situação muito perigosa", disse Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS, nesta segunda-feira em Genebra. "Ainda vemos aumento de mortes e casos", afirmou. Além do aumento da transmissão, os óbitos nos últimos sete dias tiveram uma expansão de 1% no mundo. "Estamos nos distanciando do fim da pandemia", lamentou. Para ela, o vírus continua a manter o controle sobre sua disseminação.
Questionados sobre o fim da pandemia, os representantes da OMS admitiram: não há como saber quando isso vai ocorrer. "Temos de ser honestos com os pacientes: não sabemos", admitiu Mike Ryan, diretor de operações da agência. "O que sabemos é que, se fizermos as coisas certas, vamos terminar com a pandemia mais cedo", disse. Para ele, deve haver maior distribuição de vacinas se o mundo quer ver o fim da crise.
Por enquanto, porém, os números continuam a crescer. No Sudeste Asiático, o aumento de novos casos em uma semana foi de 12%, contra 21% na Europa.
Nas Américas, a alta em contaminações foi de apenas 0,5% e houve uma queda de mortes de 5%. Mas a OMS alerta que não existe nada a ser comemorado. "Foram quase 1 milhão de novos casos nas Américas e 22 mil mortes. Portanto, ainda estamos longe do fim nas Américas", disse Maria van Kerkhove.
Ela destacou a existência de 300 mil novos casos no Brasil e apontou como certos países estão "presos" numa situação de "elevada intensidade de transmissão" e não conseguem promover uma queda mais drástica da contaminação. "Isso é preocupante, já que os instrumentos existem", disse.
Mike Ryan também destacou como a região sul-americana tem vivido um prolongado período de intensa transmissão. Ele também destaca como, diferentemente da Europa, a vacinação ainda não garantiu uma queda importante no número de mortes na região.
Segundo ele, governos não podem depender apenas da vacina para desacelerar o vírus. "As vacinas funcionam. Podem não funcionar perfeitamente. Mas quem está imunizado tem chance muito menor de morrer", disse Ryan.
Mas, segundo o representante da OMS, o mundo está distante de conseguir uma cobertura suficiente para evitar contaminações e mortes. "Só a vacina não funciona", insistiu.
Ryan ainda criticou governos que, há um ano, optaram por abrir suas economias. "Foi um tiro no pé", alertou. Sem citar nomes, o representante da OMS insistiu que a evolução da doença mostrou que apenas com o controle do vírus é que a economia pode voltar a crescer.
Ele admite que certos governos tiveram de abrir suas economias como forma de garantir a renda de sua população. Mas alertou contra líderes que usaram a economia como justificativa. "Isso é uma tolice", criticou. "Se precisar abrir a economia, faça com os olhos abertos, avaliando os riscos", apelou.
A recente alta no número de casos, segundo a OMS, vem ainda da proliferação de novas variantes do vírus. Para a agência, a mutação Delta caminha para ser a versão dominante do coronavírus no mundo, já presente em mais de cem países. Mas a OMS deixa claro que, no atual ritmo de contaminações, essa não será a última mutação.
Além da mutação, a proliferação de aglomerações e o uso errado de medidas sociais, como distanciamento, máscaras e testes, estão contribuindo para uma pandemia que não dá sinais de terminar. A desigualdade no acesso às vacinas ainda é outro fator, considerado como fundamental.
Fonte: UOL