Vacinação contra a Covid-19 em Macapá, no Amapá — Foto: Marcelo Loureiro/GEA/Divulgação
A prefeitura de Macapá informou que já identificou "20 casos de pessoas que burlaram o sistema de vacinação e tomaram diferentes marcas de imunizante contra a Covid-19". Seis deles são usuários que foram imunizados três vezes (leia a íntegra da nota mais abaixo).
As irregularidades foram identificadas num cruzamento de dados e os nomes não foram divulgados. Os casos foram encaminhados para investigação do Ministério Público (MP) do Amapá
Em 14 desses casos, as pessoas foram vacinadas com algum tipo de imunizante na 1ª dose e, para completar o ciclo de imunização, na 2ª dose foi aplicada vacina de farmacêutica diferente. Nos outros 6, os usuários, que já haviam recebido duas doses da AstraZeneca ou CoronaVac, teriam recebido mais uma dose de outra marca de imunizante.
Há menos de uma semana, na quinta-feira (8), a prefeitura já havia identificado três casos em que usuários foram cadastrados recebendo 3 doses, sendo a última da Janssen. No caso desse trio, a vacinação ocorreu no “Dia D” voltado para os profissionais da educação, promovido pelo governo do Estado, no dia 26 de junho.
Na semana passada, o titular da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), Dorinaldo Malafaia, declarou que essa é uma nova modalidade de "fura-fila", que o Estado pode prestar auxílio jurídico para responsabilizar os que burlam a vacinação.
Ele pontuou ainda que os municípios estão passíveis de ter esse problema em função de como ocorre hoje a alimentação dos dados da campanha no sistema do Ministério da Saúde.
Vacina Janssen contra a Covid-19 — Foto: Júnior Aguiar/Secom
Em Macapá, quem busca a vacina apresenta alguns documentos e é imunizado caso integre o grupo que tenha sido convocado pela prefeitura. Só depois é que as informações são preenchidas manualmente numa plataforma on-line do Ministério da Saúde.
Esse sistema, inclusive, é uma das causas apontadas pelo Estado e pela prefeitura para que o Amapá esteja como a unidade federativa que menos vacina no país.
O Município identificou o problema quando cruzou as informações das fichas de vacinação manuais enviadas pelo governo estadual com os dados já cadastrados no sistema do Plano Nacional de Imunização (PNI). Conforme a prefeitura, essas pessoas podem responder civil e criminalmente pela prática, caso ela seja confirmada.
A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) ressaltou que não há comprovação científica de que uma terceira dose proporciona mais proteção ou risco à saúde do vacinado. Além disso, a prática atrasa a imunização das demais pessoas. O Ministério da Saúde não autoriza o recebimento de uma vacina diferente da que foi ofertada na 1ª dose, ou seja, mistura de imunizantes.
As vacinas da AstraZeneca e Pfizer são aplicadas em 2 doses, com intervalo de 90 dias entre elas; a da CoronaVac também é feita em duas etapas, no entanto com intervalo menor, de 2 a 4 semanas. Já a Janssen é aplicada em dose única, não sendo necessária a dose de reforço.
Leia a íntegra da nota encaminhada pela prefeitura:
A Prefeitura de Macapá já identificou até o momento 20 casos de pessoas que burlaram o sistema de vacinação e tomaram diferentes marcas de imunizante contra a Covid-19. Destes, 14 casos são referentes a pessoas que já haviam iniciado o esquema vacinal e procuraram os postos em busca de outro imunizante. Seis casos são referentes a pessoas que tomaram três doses da vacina.
A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) encaminhou as situações levantadas ao Ministério Público Estadual para desdobramentos de investigação e medidas cabíveis.
Fonte: G1 Amapá