O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Christiano Vieira, 48 anos, afirmou ao Poder360 que o governo pretende apresentar ainda neste mês o programa de incentivo financeiro para indústrias que economizarem energia nos horários de pico.
“Nós estamos fazendo essa discussão técnica para poder abrir uma consulta pública e apresentar esse programa para sociedade. […] A nossa expectativa é concluir esse trabalho ainda em julho”, declarou.
Apesar disso, o governo não avalia um mecanismo de descontos para a população em geral. Segundo o secretário, medidas já adotadas –como o direcionamento de recursos para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) previsto na medida provisória da capitalização da Eletrobras– devem amenizar o impacto desse aumento. Os efeitos, porém, serão sentidos apenas nos reajustes anuais de cada distribuidora que forem feitos após a privatização.
O engenheiro eletricista ressaltou que a matriz elétrica brasileira mudou desde 2001, quando houve apagão. “Nós tínhamos uma dependência bastante acentuada 85% da nossa matriz elétrica era composta por usinas hidrelétricas. Quando a gente olha 2021 esse percentual está reduzido para 61%. […] O nosso planejamento indica que a participação da fonte hidrelétrica em 2030 ela cairá para 49%”, explicou.
Ele afirmou ainda que haverá forte expansão das fontes de energia eólica e solar, mantendo a característica de uso de fontes renováveis do país.
Os defensores do uso da energia hidráulica apontam que a fonte é limpa e sofre menos com as intermitências na natureza, como no caso da solar e da eólica. Reclamam da opção por usinas hidrelétricas a fio d’água (sem reservatórios) nos últimos 20 anos. Para Vieira, o tema precisa ser discutido. “Entendemos que reservatórios de regularização são componentes importantes também nas estratégias e a sua presença tem que ser rediscutida e até estimulada”, avalia.
Entre as iniciativas do governo para atender a demanda está a importação de energia da Argentina e do Uruguai desde outubro. Segundo o secretário, embora o Brasil consiga atender sua própria necessidade, a medida ajuda a lidar com o encarecimento da geração.
“Se eu tenho uma térmica que custa R$ 1.000/MWh (megawatt-hora) e eu tenho a importação que vale R$ 930/MWh, é melhor não acionar térmica do Brasil e adquirir essa energia via importação”, citou.
Essa importação, portanto, deve ser mais significativa a partir de setembro já que, nos meses de inverno, o sistema desses países é pressionado para garantir o aquecimento.
Questionado sobre o impacto da privatização da Eletrobras –grande intermediária nessas operações– poderá afetar essas relações, Vieira negou. “Hoje em dia nós temos um arcabouço normativo para o qual é indiferente a questão da propriedade do ativo se estatal ou privado”, explicou.
Fonte: Poder360