Política

Sem provas, Bolsonaro insinua fraude e ameaça eleição de 2022





O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a fazer hoje novas ameaças às eleições de 2022, insinuando sem provas que suspeitas sobre o processo eleitoral. A declaração foi feita nesta manhã em conversa com apoiadores em Brasília.

Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleiçõesJair Bolsonaro, que deve tentar a releição no ano que vem

Ontem, o presidente afirmou que se o Congresso não aprovar o voto auditável nas eleições de 2022 haverá "problemas" para os parlamentares.

"Se esse mesmo (sistema) continuar, sem a contagem pública, eles vão ter problema porque algum lado pode não aceitar o resultado. Esse algum lado, obviamente, é o nosso lado. Nós queremos transparência", disse ele, em entrevista a rádio Guaíba, com sede em Porto Alegre.

Bolsonaro tem feito a defesa da adoção do voto eletrônico com impressão de cédulas, apesar de nunca ter havido qualquer tipo de fraude comprovada nas urnas eletrônicas em mais de 20 anos de uso no país.

Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve nenhuma comprovação de fraude nas eleições. Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE, mas também por investigações do MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos matemáticos e estatísticos independentes.

Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou "votação paralela"). Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria.

O mandatário também tem atacado o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, em função do tema. Na última terça-feira (6), Bolsonaro afirmou que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) articula para que a mudança não seja aprovada. 

Nesta semana, Barroso voltou a argumentar contra a implementação do voto impresso no País e apresentou como argumento contra o sistema a logística envolvendo o transporte dos votos "no País do roubo de carga", além da dificuldade de implementação da modalidade.

Ele citou também o risco de judicialização devido a possíveis divergências em uma recontagem. Para Barroso, o voto impresso não é mecanismo a mais de auditoria, "ele é um risco para o processo eleitoral".

Portaria sobre armas

Na conversa com apoiadores na manhã de hoje, Bolsonaro disse ainda que três novas portarias que tratam de armas estão "prestes a ser publicadas".

"Mandei checar 3 portarias do Exército para a gente clarear mais e facilitar mais ainda a compra de armas, porque está na lei. A arma dá uma coisas sagrada para você, que é, além da segurança, a garantia da sua vida, porque o Estado não tem como dar garantia a sua vida 24 horas por dia", disse.

CPI da Covid

Bolsonaro também criticou o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, e o acusou de desviar R$ 260 milhões do Amazonas. O presidente disse que "não tem cabimento" denúncias apresentadas contra ele.

"Só na cabeça de um cara que desvia do seu estado R$ 260 milhões, como Omar Aziz desviou, que pode falar isso aí. Só um cara que tem 17 inquéritos no STF, como Renan Calheiros, faz. Virou CPI da cloroquina, CPI do ministério paralelo, CPI do orçamento secreto, é isso que os caras fazem. Não tô reclamando não, sabia que ia ser assim", disse.

O presidente disse ainda que a CPI não contribuiu para diminuir o número de mortos pela covid-19. "Só fofoca o tempo todo e tenta desgastar o governo."

Aziz, por sua vez, disse que o mandatário não vai parar os trabalhos da comissão e pediu que o presidente responda se são falsas as acusações de corrupção em contratos de vacinas.

"Lhe acuso de ser contra a ciência, de não fazer propaganda para a vacinação do povo brasileiro, de tentar desqualificar as vacinas que estão salvando vidas porque isso é verdade", disse o parlamentar. "Não lhe acuso de ser ladrão, de fazer parte de rachadinha e de outras acusações, como genocida. Mas presidente, sua palavra é forte, Vossa Excelência me acusa de uma coisa que eu não cometi. Por isso te faço um desafio: procure uma denúncia contra mim ou se sou réu em alguma acusação. O senhor já mandou seus agentes vasculharem minha vida toda, não tem dúvida. Não há fatos que comprovem absolutamente nada contra minha pessoa."

Fonte: UOL