Cotidiano

Com alta da energia, idosos devem sofrer mais com a inflação em 2021





Fipe lança nesta 4ª feira (7.jul.2021) o IPC 60+, para medir a inflação de quem tem mais de 60 anos

Especialistas preveem que a bandeira vermelha seja acionada até o fim do ano por causa da crise hídrica Sérgio Lima/Poder360

Os brasileiros com 60 anos ou mais comprometem 77,7% da renda com despesas de habitação, alimentação e saúde. Os demais consumidores gastam 61,7%. Por isso, os idosos devem ser mais afetados pela inflação nos próximos meses, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

A Fipe lançou nesta 4ª feira (7.jul.2021) um indicador que mede a inflação das famílias compostas por pessoas acima dos 60 anos. Chamado de IPC 60+, o indicador analisa os preços para as famílias que recebem de 1 a 10 salários mínimos na cidade de São Paulo. Eis a íntegra do IPC 60+ de junho.

De acordo com o IPC 60+, a inflação subiu 5,95% para o grupo da população que tem mais de 60 anos em 2020. Para as demais famílias, os preços medidos pelo IPC subiram 5,62%. Hoje, o IPC está acima do IPC 60+. Os preços subiram 8,95% no acumulado em 12 meses até junho para a população como um todo e 8,69% para quem tem mais de 60 anos.

Segundo a Fipe, o IPC superou o IPC 60+ recentemente por conta da alta dos combustíveis, pois os gastos com transporte pesam mais para quem tem menos de 60 anos. Porém, a expectativa é que a inflação dos mais velhos acelere com a alta da energia elétrica e supere novamente a inflação geral no ano de 2021.

“Esse grupo gasta uma parcela maior da renda com habitação e essas despesas devem continuar pressionadas por conta da alta da energia elétrica. Além disso, a alimentação deve voltar a subir por conta de questões sazonais e porque os custos da indústria estão elevados. Já os preços dos transportes, que vinham puxando a inflação, devem estabilizar, com a safra do álcool. Então o IPC 60+ deve subir mais que o IPC convencional em 2021”, afirmou o economista e coordenador dos índices de preços da Fipe, Guilherme Moreira.

O economista diz que é importante observar a inflação de quem tem mais de 60 anos porque os idosos representam uma parcela cada vez maior da população brasileira e a inflação está elevada. Hoje, são 40 milhões de pessoas acima de 60 anos no país, o equivalente a 18,9% da população, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O mercado espera uma alta de 6,07% do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2021, segundo o Boletim Focus. Se as projeções se confirmarem, o IPC 60+ será ainda maior.

“As despesas de habitação devem subir muito e essa população fica mais tempo em casa. Então, o poder de compra dessa população vai sofrer mais que a média das outras pessoas e ela pode ter que deixar de comprar algumas coisas para fazer frente a despesas mais altas. E essa faixa da população já foi mais impactada na pandemia, porque é do grupo de risco e precisou ficar um tempo em casa, o que, de certa forma, restringiu a renda”, afirmou Guilherme Moreira.

Fonte: Poder360 -